Within the Blade

Within the Blade – Análise

A guerra civil feudal já foi adaptada milhares de vezes no cinema, bem como no mundo dos videojogos. Within the Blade é mais uma prova documentada de que o fascínio pelo oriente e pelas lutas dramáticas entre clãs e a sede do poder sobre a anarquia vivida em pleno século XVI são uma fonte de inspiração plena.

Entre samurais em busca de honra para o seu clã, caos e sangue, e até a busca por poderes sobrenaturais, esta obra da Ratalaika Games parece querer agregar demasiados temas e sabe-se que isso pode ser prejudicial, ainda por cima falando de um título independente.

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Será Within the Blade merecedor da faixa negra de mérito ou uma obra que mais valia não ter saído do papiro e ter cometido seppuku? (Sim, suicídio que envolve esventramento com um punhal, dói dói grande. Ah, o jogo permite que o jogador o cometa).

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A delicada flor derruba o negro aço…

Mamoru Imai, chefe do clã Steel Claw, procura o poder absoluto em artes mágicas negras no meio de uma guerra pelo poder no Japão feudal, algo que lhe dê uma vantagem sobre todos os outros. As coisas não correm bem e ele acaba por ser possuído pelo espírito de um mestre de guerra implacável, que o força a iniciar uma campanha de ódio e violência sem paralelo, infetando com esta espécie de vírus malevolento todos os territórios por onde passam, dizimando tudo e todos.

Como se isto não fosse suficiente, Mamoru alia-se ainda a nove demónios com poderes incríveis que irão servir como bosses na luta estóica do clã Black Lotus, que através de incursões ao estilo ninja aos diferentes territórios infetados por Mamoru e a sua aliança demoníaca procuram enfraquecer os poderes do mal.

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A premissa complexa e cheia de eventos não é o último acontecimento deste calibre com que o jogador lidará em Within the Blade, sendo a diversidade de abordagens um dos aspetos mais positivos deste jogo. A inspiração em título com a saga Shinobi parece evidente. Within the Blade assemelha-se à primeira vista a um simples jogo de plataformas com inspiração no tempo dos ninjas. Nada mais errado. As plataformas estão lá, mas é muito mais que isto. Pode encarar-se de modo furtivo, com cada inimigo a ter o seu movimento estudado e a calma no assassínio sem som de cada um deles; ou há a possibilidade de deambular o mais rápido possível pelos mini-níveis como se a nossa espada estivesse sedenta de sangue, confundindo-se o jogador com uma máquina debulhadora de corpos.

Essa escolha pode ser feita. No fim de cada nível há sempre um dos fiéis seguidores monstros de Mamoru para ultrapassar e as lutas não são nada mais do que grandiosas, comparáveis a outros grandes títulos, seja na sua intensidade ou dificuldade. A morte em combate é uma honra para ninjas e o jogador será honrado muitas e muitas vezes, sem nunca se sentir frustrado, exatamente pela escolha de abordagem que é dada.

Mexe-te com a leveza da água, luta com o carmesim na face

O tutorial de Within the Blade é fraco. Ficam dúvidas em vários dos movimentos, mas isso é algo bom, pois este jogo vai exigir alguém compenetrado; não facilita para quem espera uma experiência descontraída. Entre saltos e paredes subidas a correr, os controlos são muito sensíveis e um toque no botão fora do tempo certo pode significar o fim. E um novo início.

Há inúmeros golpes para aprender e desbloquear numa enorme árvore de capacidades que se vai revelando ao colecionarmos pontos. Estas competências são essenciais para a progressão no jogo e o jogador sente que os níveis ficam realmente mais acessíveis com quantas mais competências possuir.

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No que diz respeito aos ataques, eles servem-se apenas de um botão para atacar, criando combinações ao premi-lo diferentes vezes, usando também um botão de bloqueio. Simplista, sim. Mas nada simples de dominar. O combate em Within the Blade é muito satisfatório, com comandos responsivos. Os amantes da violência característica da arte deste tempo irão delirar com os sprites de corpos cortados ao meio, em pedaços devido a uma explosão, ataques de fogo, paus pontiagudos, mares de sangue que vão satisfazer os mais sedentos.

Em casa encontrarás a paz para voltar à luta

No fim de cada mini-nível, é dada a possibilidade de voltar à aldeia-mãe, onde há uma multitude de tarefas que se podem fazer para tornar o jogador um melhor e mais eficaz assassino. A saúde é regenerada automaticamente e é em casa que podemos fabricar os nosso próprios mantimentos e novas armas através dos materiais que vamos recolhendo ao longo dos níveis. Existem muitos para recolher e o crafting é bem mais elaborado e completo do que poderia transparecer.

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Depois de explorar e gastar os pontos de habilidade que intensificam as capacidades do jogador, está na hora de voltar à luta. Este recolher a casa torna-se importante pois quando uma luta parece demasiado dura, há que criar novas ajudas para enfrentar os desafios que parecem inultrapassáveis. Desenvolver a personagem e melhorar os itens que se transportam têm uma importância fulcral à medida que o jogo se aproxima do fim e quando a dificuldade sobe exponencialmente. Mas nem aqui se torna obrigatório fazê-lo; mais uma vez é dada a liberdade ao jogador-ninja de enfrentar as forças do mal munido com as armas que ele escolhe…

Considerações finais (em forma de haikku)

A lâmina bela fere

O salto incerto aleija

O encanto tudo perdoa.

Within the Blade é tudo aquilo que um fã de Akira Kurosawa pode querer, com beleza em pixeis, liberdade de interpretação e combate cheio de adrenalina. Tudo isto numa obra independente.


+ Beleza em modo pixelizado
+ Inúmeras skills para desbloquear
+ Bosses emocionantes

– Saltar com precisão é difícil
– Andar pelas paredes também
– Pode não ser para todos os jogadores

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N.R.: A análise a Within the Blade foi realizada numa Nintendo Switch com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela PRHound.