Se há 20 anos o termo roguelike era obscuro e digno de experiências japonesas com pouca visibilidade no Ocidente, na segunda metade da passada década, o género ganhou tração e popularidade, culminando no belíssimo Hades. Sword of the Necromancer, da Grimorio of Games, aposta justamente no mesmo género, trazendo uma mecânica muito interessante para se destacar da restante concorrência: a capacidade de ressuscitar os inimigos vencidos em batalha, para lutarem e nivelarem ao nosso lado.
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Duas vidas separadas…
Acompanhamos a história de Tama e Koko, as duas protagonistas, numa demanda que, sem sabermos o porquê inicialmente, leva a vida de Koko. É esse o catalisador para a personagem que controlamos, Tama, entrar na cripta onde se esconde a Sword of the Necromancer, capaz de ressuscitar os mortos. A narrativa, curta mas eficaz, é narrada entre níveis, que nos permitem observar o aproximar entre as duas personagens e o que, realmente, precipitou a morte de Koko.
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A tão afamada espada é, aliás, a aliada principal para uma sessão de jogo em Sword of the Necromancer. Isto porque, à medida que vão explorando os diversos mapas aleatoriamente gerados, terão uma variedade de inimigos para derrotar que, caso tenham espaço suficiente nas três slots de inventário, poderão reerguer e utilizar como aliados – uma espécie de Pokémon se um dia tiver uma componente mais medieval.
Estes monstros têm várias utilizações, desde o tank Dollahan, lento mas capaz de absorver golpes com o seu escudo, até ao rápido, mas frágil morcego Fleye. Para além disso, vamos descobrindo várias armas e livros de feitiços que nos permitem diversificar o combate, obrigando-nos, assim, a utilizar uma gestão muito criteriosa de recursos: são só três itens, contando com os monstros, e apenas os podemos guardar no inventário depois de cada boss.
Nem tudo o que reluz é ouro…
Os problemas começam imediatamente. Isto porque, de cada vez que perdemos, somos lançados ao hub inicial, onde temos, para além de uma biblioteca com registos que vamos descobrindo aleatoriamente, um espaço onde podemos fazer upgrade às armas que apanhamos.
Isto se as tivermos conseguido guardar antes de morrer, porque o jogo elimina todos os itens e baixa o nosso nível para metade, em caso de Game Over. O que acaba por não ser dramático, porque não só temos a possibilidade de customizar a dificuldade do jogo, como também se queremos ou não perder níveis e itens com cada derrota.
O que acaba por tornar a experiência dolorosa é, infelizmente, o cerne: a jogabilidade. Tama não é a personagem mais ágil de sempre. Se estavam a preparar-se para testar os vossos dodges milimétricos, esqueçam. Têm ao vosso dispor um limite de energia, que vos permite efetuar alguns dashes, para se esquivarem de golpes adversários. Contudo, o tempo entre o fim de um combo duma arma e a possibilidade de se moverem novamente é demasiado grande para evitarem receber dano.
Como se este elemento não bastasse, a premissa dos monstros acaba por ficar aquém das expectativas quando utilizada em modo single-player. A AI fica a cargo dos nossos inimigos / agora amigos, mas é tão errática que, muitas das vezes, dei por mim a lançar alguns para o combate, vendo-os fugir na direcção contrária ao dos inimigos sem grande sentido.
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De realçar que os mesmos nivelam da mesma forma que nós: combatendo contra outros monstros. Se tiverem um amigo para jogar convosco, melhor – a experiência e a premissa de Sword of the Necromancer melhora substancialmente quando um jogador controla o monstro e o utiliza de forma competente.
Mas sozinho? Infelizmente, atrapalha mais do que diverte, o que, em dungeons desnecessariamente longas (não pela quantidade de salas e segredos mas pelos corredores excessivamente grandes), acaba por retirar rapidamente a vontade de ver o resto da história.
Considerações Finais
No final do dia, Sword of the Necromancer apresenta uma premissa muito curiosa para um roguelike, num pacote que, dependendo da vossa disposição e à-vontade com as opções de dificuldade, vos leva ainda algumas horas no total. O grafismo é muito rudimentar, com poucas animações tanto de Tama como dos monstros – cujas influências pululam, nitidamente, entre Final Fantasy, Dragon Quest ou Legend of Zelda.
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A banda-sonora é também muito simples, com muito poucas faixas genéricas, salvando-se no pacote de produção a dobragem (jogámos em japonês), que torna a narração dos textos um pouco mais prazerosa. Contudo, não podemos ignorar que lhe falta muito, muito polimento, não só estrutural, como ao nível da jogabilidade e da apresentação.
É pena, porque a premissa, quando aplicada com um amigo em co-op local, torna o jogo mais divertido. Mas falta-lhe muito, ainda, para poder sequer figurar entre as melhores propostas do género.
N.R.: A análise a Sword of the Necromancer foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela Plan of Attack.