Stellar Blade – Análise

Stellar Blade é um daqueles casos que não podemos julgar o livro pela capa. Há uns meses nem tinha interesse nenhum no pouco que se sabia deste título, nem quando saiu um dos trailers iniciais. Mas esse interesse despertou e de que maneira quando joguei a demo no início deste mês e nos deu um cheirinho do que poderíamos esperar desta aventura no seu lançamento.

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A Shift Up, produtora coreana responsável pelo jogo, apenas habituada a desenvolver títulos mobile tirou um coelho da cartola ao anunciar Stellar Blade em 2019, e em 2021, a Sony Interactive Entertainment comprou os direitos de marketing e anunciou a exclusividade para a PlayStation 5 em 2022 deste jogo de ação e aventura em terceira pessoa.

Naytiba, os invasores

O planeta Terra foi invadido por extraterrestres e a humanidade foi escorraçada depois de perder a guerra sangrenta contra os Naytiba. Num esforço para recuperar o planeta do controlo alienígena, as Colónias têm enviado periodicamente esquadrões de agentes com intuito de travar ainda mais o avanço e povoamento da Terra, mas com pouco ou nenhum sucesso.

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Eve, a nossa personagem, tem uma descida conturbada e despenha-se no solo. Ao sair da sua cápsula e a cambalear, numa sequência impressionante inicial, estamos prestes a sucumbir frente a um Naytiba superior, quando somos salvos por sobreviventes da guerra. Logo conhecemos Adam e após concordarem com uma troca de favores, começamos esta aventura por cidades, desertos e territórios inóspitos na nossa missão para salvar a humanidade e salvar a Terra.

Mas nem tudo é linear, e à medida que vamos encontrando mais personagens, documentos e logs, ficamos com a ideia que nem tudo é o que parece. E não é.

Adam e Eve

Encarnamos Eve, a nossa combatente pela liberdade e o detalhe dado a esta personagem é excelente. Sim, é um modelo muito sexualizado, com atributos femininos de destaque, mas todo o jogo tem traços de anime em alguns estereótipos.

Exceto a cara e o corpo de Eve, tudo é personalizável. Tamanho do cabelo, óculos, brincos e muitas roupas, das mais “profissionais”, às mais sugestivas e acreditem que há muito para escolher.

Podemos também customizar as roupas de Adam e de outra personagem, Lily, bem como a pintura do robô que nos acompanha.

Todos os personagens importantes para a história estão superdetalhados, destaco Orcal que é simplesmente impressionante. A inspiração na criação de Stellar Blade é claramente ficção científica, já que há uma mescla de humanos, androides e monstros na população da Terra como a conhecemos, um mundo totalmente pós-apocalíptico. Cidades inundadas, desertos com ruínas, localizações com vistas lindíssimas com resquícios de civilização que se tornaram povoados por monstros Naytiba. Falando dos Naytiba, vamos encontrar uma grande variedade de inimigos e esteticamente bastante diferentes. Encontramos criaturas simplesmente hediondas saídas dos nossos piores pesadelos, o que funciona muito bem em cenários mais fechados, já que em alguns momentos parece que estamos num nível de Dead Space, sustos incluídos. E os bosses…esses não desiludem.

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Passamos pelos mais diversos cenários sem nos esquecermos que é um mundo feito num caco, inóspito e totalmente desfeito pela guerra. Graficamente cumpre bastante bem sem ser o jogo mais bonito que já vimos, mas o estilo sci-fi que tem, faz voar a nossa imaginação. Em certos níveis interiores, fiquei de boca aberta com a estética futurista destas localizações e o ambiente que transmite ao jogador.

Nas intensas batalhas que vão encontrar, podem contar com efeitos visuais espetaculares a acompanhar as soberbas animações de Eve, são vários os poderes e habilidades que vamos conquistando e desbloqueando, cada um com os seus efeitos visuais distintos.

A nível sonoro, Stellar Blade teve um tratamento de luxo por parte dos seus produtores. As canções usadas na banda sonora, e falo canções porque quase todas as músicas são cantadas, todas têm um propósito, escolhidas a dedo para cada momento no jogo. De rock a bossa nova, há gostos para tudo, mas o que é brilhante é onde a Shift Up aloca cada composição. Em áreas mais abertas, como a Wasteland, em que temos combate e muita exploração, toca uma melodia calma que não nos cansa quando estamos à caça de colecionáveis. Em alguns combates mais acesos, não é necessário haver uma música avassaladora, mas uma canção pop que aliados aos soberbos movimentos de Eve, a luta assemelha-se a uma dança, como se uma coreografia se tratasse. Até nos acampamentos, que são pontos de save, podemos alterar o que toca a nosso belo prazer, e atenção para a luta contra o boss Bellal, que tem das melhores bandas sonoras que já ouvi, que torna logo a experiência muito diferente. Shift Up, precisamos da playlist oficial nos serviços de streaming!

De lâmina na mão

O combate em Stellar Blade bebe um pouco dos jogos da FromSoftware, mas nem é só o combate.  Não copia, mas é baseado em esquivas, bloqueio e incentiva bastante o parry. Eve tem ataques normais e fortes, que intercalamos em combinações e ainda podemos usar os poderes Beta e Burst, movimentos especiais nos podem salvar quando menos esperamos.

A Beta Gauge enche ao usar parry e a esquiva com sucesso, a qual podemos gastar em habilidades que permitem furar a defesa do inimigo e interromper a sua combinação. A Burst Gauge essa, enche se acertarmos parries e combinações sucessivas, a qual ativamos buffs e ataques mais poderosos. O que não falta são opções de ataques e principalmente estratégias a ter em conta, acreditem que vão precisar. Nunca encontramos grandes grupos de inimigos de forma a lamentar as nossas escolhas de vida, mas em determinados bosses, os Alpha Naytiba, vamos por em prática tudo o que sabemos e mais algum truque. Só mais para o final é que estes se tornam verdadeiramente desafiantes, mas o treino até lá tem de compensar.

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A mecânica mais importante é sem dúvida o parry, até porque está diretamente ligada aos inimigos. Debaixo do seu indicador de vida, existem uns marcadores amarelos que vão diminuindo à medida que defendemos com sucesso os seus golpes e ao sermos bem-sucedidos aplicamos um golpe poderoso, adequadamente chamado Retribution.

Depois de completar a primeira área, Lily é recrutada para a nossa pequena equipa e com os seus dotes mecânicos, altera o robô de Adam, melhorando-o e tornando-o numa arma para o nosso braço esquerdo e aos poucos vamos capacitando-o a receber vários tipos de munição. Honestamente não há grande necessidade para a usar em combate, mas está desenhada para certos níveis em que não nos é permitido o uso da nossa lâmina, alterando assim a jogabilidade, mas sem descaracterizar a visão da Shift Up para Stellar Blade.

Para nos ajudar na parte defensiva, a escolha das habilidades passivas é meio caminho andado na personalização do nosso estilo de luta. Eve tem uma exospine e gear slots, nas quais podemos incorporar diferentes módulos de forma a melhorar alguns aspetos estratégicos na nossa maneira de abordar o combate. Mais poder de ataque ao ter pouca vida, redução de dano e aumento de danos críticos são algumas das opções nas gear slots. Na exospine, há tipos de módulos para escolher, por exemplo o chain type (aumenta o poder de ataque e combinações em percentagem) entre outros, mas aqui temos de usar consumíveis para aumentar de nível cada módulo, melhorando consideravelmente as suas características.

Xion, o último refúgio da humanidade

Antes de entramos na Wasteland, passamos por Xion, a última cidade no planeta Terra e um ponto fulcral na aventura. Xion serve também de hub, onde falamos com mais personagens, habitantes com dramas pessoais ou apenas a precisar de sobreviver neste mundo inóspito, que nos dá uma perspetiva diferente do conflito. É nas ruas de Xion que temos acesso às missões secundárias de Stellar Blade que na sua maioria o seu conteúdo adiciona ao lore da história principal e nos incentiva à exploração tanto na Wasteland como noutras zonas mais lineares. Principalmente nesta zona semi aberta (temos bem mais liberdade e mais vontade de ir a cada recanto desta área) há muito por onde palmilhar, ganhar recursos e descobrir difíceis realidades pelas quais estas pessoas tiveram de passar.

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A Shift Up não deu nenhum meio de transporte a Eve para a ajudar a movimentar-se neste local, mas deu uma boa solução, um boost de velocidade ao fim de dois segundos, que ajuda e muito na jogabilidade.

Considerações finais

Stellar Blade surpreendeu-me e fez algo que não me acontecia aos anos. Terminar o jogo e imediatamente recomeçá-lo de novo. Não só porque queria terminar as missões secundárias todas e explorar melhor todas as áreas (infelizmente o jogo só nos dá uma slot para guardar o jogo e não nos permite ter endgame após o término da aventura), mas porque queria saber mais sobre as histórias detrás dessas missões que ficaram por completar.

Na parte final, aproximadamente nas últimas duas horas, somos brindados com uma sequência de vários bosses seguidos, cada uma mais impressionante que o anterior, subindo a minha adrenalina em vários pontos até ao último segundo do jogo.

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Com semana e meia com Stellar Blade, não me houve nenhum update de software e não tive nenhum bug nem problema técnico, que evidencia o cuidado de produção do jogo por parte da Shift Up que acertou em cheio na aposta do género e a Sony Interactive Entertainment acertou também ao recrutar este título para ser exclusivo da PlayStation 5.


+ Excelente combate com muitas habilidades
+ Das melhores bandas sonoras que um jogo pode ter
+ Sem bugs nem problemas técnicos
+ As animações de Eve

– Só uma slot para guardar o jogo
– Não tem photo mode no lançamento

N.R.: A anáslise a Stellar Blade foi realizada numa PlayStation 5 com uma cópia do jogo cedida pela PlayStation Portugal

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