Gostam de raposas? Óptimo.
É meio caminho andado para decidirem experimentar Spirit of the North, um jogo de 2019, desenvolvido por uma equipa de duas pessoas na Infuse Studio, e que é agora lançado em Enhanced Edition para a Xbox Series X|S.
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Inspirado nas deslumbrantes paisagens islândicas e na mitologia nórdica, Spirit of the North segue a história de uma adorável raposa que atravessa diferentes obstáculos e puzzles numa jornada centrada em temas de companheirismo e espiritualidade.
Tirem a vossa roupa de inverno do armário, façam um chá quentinho, e vamos a isso.
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Imersão total
Uma raposa na neve. É isto que vemos imediatamente após selecionarmos um novo jogo no menu principal. Não existe qualquer prompt ou caminho que auxilie o jogador a determinar os primeiros passos ou sequer a perceber se o jogo já começou; é um instinto primal de exploração que acaba por nos fazer experimentar alguns dos botões no comando e caminhar em direcção ao horizonte.
Estes primeiros segundos de jogo reflectem bastante bem as restantes horas passadas na companhia da solidão gelada deste universo. Um ponto positivo para jogadores que valorizam a exploração, sem dúvida, mas o pior pesadelo para uma pessoa com mau sentido de orientação.
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O jogo não comunica com o jogador através de texto ou voz, tornando a experiência o mais imersiva possível. Não há instruções – apenas pistas subtis dadas através de som, luz, ou da vibração no comando. De tempos a tempos surgem ainda indicações visuais X/Y/A/B, junto de determinados objectos com os quais podemos interagir. Mesmo em termos auditivos, o jogo é cuidadoso nos momentos em que escolhe dar-nos o som ambiente de patinhas na neve ou uma melodia calma e peculiarmente emocional.
Avançando um pouco na história, somos apresentados a um espírito vulpino que serve de nosso guia e companheiro. O resto é connosco.
Espírito indomável
Spirit of the North é um jogo imersivo por definição. Mas essa imersão é quebrada quando somos obrigados a regressar ao início de um capítulo e ultrapassar os mesmos obstáculos pela terceira vez porque a raposa decidiu não saltar quando carregámos no jump ou porque bateu numa hitbox invisível na lateral de um penhasco.
É um jogo de puzzles, sim, mas a maior dificuldade acaba por ser, não o próximo quebra-cabeças, mas a jogabilidade platformer, que infelizmente não tem a precisão que se pede de um jogo desta categoria.
Não é apenas no controlo da raposa que encontramos problemas. Os gráficos, apesar de melhorados para as consolas de nova geração, apresentam ainda assim algumas idiossincrasias. A interacção das patas da raposa com a neve, por exemplo, apresenta a mesma subtileza de movimento que a ferramenta de terreno do The Sims 2.
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Spirit of the North: Enhanced Edition é lindíssimo, não me interpretem mal, com paisagens incríveis e uma luz maravilhosa, e tendo a raposa a fluidez de movimento que seria expectável de um jogo que conta com precisão de saltos para avançar a história, seria um pormenor do qual não valeria a pena falar.
Contudo, neste caso em particular, os movimentos imprevisíveis e hitboxes não claras tornam o que poderia ser uma experiência relaxante (com ligeiro desafio mental) num momento de frustração que não me permitiu jogar mais que uma hora de cada vez. Quem diria que uma raposa me colocaria na posição de fazer rage quit?
Versão enriquecida, mas não melhorada
FulI disclosure: infelizmente não tenho horas de jogo de Spirit of the North em Xbox One para utilizar como termo de comparação visual. Mas se forem à procura de imagens ou vídeo do jogo em consolas de geração anterior é claro o upgrade em termos de grafismo e luz. O jogo já era lindíssimo e agora, em 4K e a correr a 60 FPS, integra perfeitamente a qualidade esperada das novas consolas.
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As questões técnicas de jogabilidade, que já tinham sido alvo de crítica aquando das primeiras análises ao jogo na sua versão original, mantêm-se, o que acaba por ter consequências na acessibilidade do título.
Se jogaram a edição original também poderão ficar desiludidos com a falta de conteúdo novo.
Considerações finais
Se não se importarem com jogos de plataforma pouco precisos e forem fãs de jogos indie simples e bonitos, Spirit of the North: Enhanced Edition é definitivamente um jogo que vale a pena experimentar.
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Para mim, no entanto, fã de puzzles e história, a jogabilidade antipática acabou por comprometer a satisfação que retirei a jogar. Gostaria de ter passado mais tempo a resolver desafios de lógica e a embeber o mistério civilizacional do folclore finlandês que o jogo oferece, e menos tempo a tentar saltar para cima de rochas qual um Nathan Drake desajeitado e felpudo. Se forem como eu, sugiro aguardar uma promoção ou experimentar o jogo se um dia entrar no Xbox Game Pass (Caso tenham acesso a uma das consolas Xbox).
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N.R.: A análise a Spirit of the North: Enhanced Edition foi realizada numa Xbox Series X com acesso a uma cópia do jogo gentilmente disponibilizada pela Merge Games.
