Nos anos 80 e 90 os filmes de ação e ficção científica tiveram um crescimento incrível e, bons ou maus, muitos marcaram a minha infância, bem como a cultura pop, dos quais saíram uma panóplia de propriedades intelectuais que até ao dia de hoje nos lembramos com muita nostalgia com um “naquele tempo é que era bom!”.
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Filmes como Comando, Rambo, Conan, Terminator têm uma marca indelével nessa época e eram vistos um pouco como série B, com guiões básicos, nem sempre a representação era a melhor, mas o divertimento era a chave do sucesso.
Um dos melhores exemplos que junta os géneros de ação e ficção científica é Robocop, para mim, uma das melhores representações do que era o cinema dessa geração, e como grande fã do polícia do futuro (nome em português do filme), Robocop: Rogue City bateu-me com uma nostalgia muito forte.
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Ponto a Ponto:
O meu nome é Alex Murphy
Ao contrário das fracas sequelas do filme original, Robocop: Rogue City agarra no que fez Alex Murphy uma personagem intrigante e constrói a história à volta disso. Nunca haverá outro momento tão marcante como quando Alex tira o seu capacete, mas o enredo continua a apoiar-se nas relações humanas com Robocop, a divisão criada pela sua construção e do outro lado, o controlo corporativo e da privatização de forças de segurança, sempre representado pela OCP neste universo.
O jogo começa como qualquer história típica de Robocop. Há um novo mauzão em Detroit, a situação piora e há sempre algo associado a planos obscuros da OCP. É tudo focado em Murphy e pela maneira que lidamos com as situações e como a narrativa se desenvolve baseado nas nossas decisões em alguns diálogos.
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Antes de jogar, não acreditei que me poderia divertir sequer com este jogo. A Teyon não é propriamente conhecida por fazer bons jogos, lançaram Rambo: The Video Game que é fraco e Terminator: Resistance que recebeu críticas medianas, mas nota-se que têm um fraquinho por P.I.s de séries de ação. A verdade é que aparte de algumas sequências, deu-me muito gozo encarnar esta personagem e principalmente pela parte que eu acho que ia ser o mais difícil de acertar, a jogabilidade.
Robocop, o destruidor
Como é que se faz um fps com um personagem tão lento como o Robocop? E quase indestrutível que parecemos um tanque semi-humano? Aqui a Teyon conseguiu fazer-nos sentir como a máquina que o protagonista é. Até a parte do visor, ao detetar os inimigos, tem os mesmos efeitos e sons que no filme (destaque para o som icónico dos passos), leva-nos para dentro do capacete de Alex Murphy.
Num fps estamos constantemente a procurar cobertura, atirar, agachar e Robocop não faz algumas destas coisas e outras nem precisa. Não corremos ou nos abaixamos, só precisamos de saber quando eliminar as ameaças antes que nos eliminem a nós, que somos lentos e enormes. Claro que conseguimo-nos esconder em certas salas ou atrás de alguns obstáculos, mas a estratégia é simples. Pode ser estranho ao início, mas rapidamente percebemos que podemos levar muito dano enquanto decidimos o que fazer com uma dezena de inimigos a olhar para nós.
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Podemos usar algumas habilidades como deduction, para abrandar o tempo e escolher quem matar primeiro. Em alternativa, podemos agarrar num inimigo, atirá-lo contra outro, e depois ver-nos livre de um terceiro. É tudo uma gestão de prioridades em conjunto com as habilidades para receber menos dano possível e aí temos por onde escolher. Entre ativar um escudo temporário, hackear turrets, e ativar uma onda de choque entre outros movimentos, tudo para nos manter vivos mais uns segundos até nos curarmos.
À medida que o jogo progride, encontramos tipos de inimigos mais variados que nos obriga a pensar fora da caixa e empregar novas estratégias. Podemos atirar os mais variados objetos, o que ajudar a limpar uns quantos, desde cadeiras, motas, contentores e televisões.
Alex Murphy controla-se muito bem nas sequências de ação, mas quando estamos na esquadra de polícia a interagir com os colegas, o jogo arrasta-se e perde aquele ritmo que tanto nos faz gostar de Robocop: Rogue City.
Em certas missões, ou a caminho delas, estamos numa área semiaberta e de objetivo em objetivo, mexemo-nos a pé. Todos sabemos o quão lento Robocop é e estes momentos são muito cansativos e frustrantes. Aumenta e em muito a longevidade do jogo, mas sem necessidade nenhuma.
Detroit é suja e decadente
O modelo de Robocop é impecável, conseguiram reproduzir fielmente não só a armadura, mas também a cara de Alex Murphy sem o capacete, o que é igualmente bom e estranho de certa forma. Lewis, a colega de Murphy também está bem retratada e até acho que é o melhor modelo do jogo. Peter Weller regressa no papel que o fez famoso no grande ecrã, mas honestamente não fui fã da voz no jogo, mas a frase icónica “Dead or Alive, you’re coming with me”, arrepiou-me entre outras pequenas expressões até de outros personagens trouxeram-me de volta ao filme original.
Detroit também está fiel ao produto original, transpira decadência, graças a todo o seu histórico criminal, e a famosa droga Nuke, está bem presente em todo o lado.
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Infelizmente outros personagens não tiveram tanta sorte no seu tratamento estético, os seus modelos não são tão detalhados e as caras não se mexem tão bem como em outros jogos, inclusive os principais.
Os cenários são os esperados, ambiente cinzento e soturno, mas extremamente destrutíveis, e no meio de uma grande batalha, só vemos detritos a saltar por todo o lado de uma forma espetacular.
Adicionando ao que já falei sobre o som e efeitos sonoros de Rogue City, as armas soam poderosas, principalmente a nossa Auto-9 que pode ser customizada através de novas motherboards e é sempre um gosto ouvi-la disparar. O tema original é usado em algumas sequências e é impossível não sentir entusiasmo quando isso acontece.
Bugs no sistema
Um dos desafios constantes que temos é como este jogo funciona. Ao sabermos do historial da Teyon, sabemos que vamos ter problemas técnicos. Nunca me retirou muito da imersão do jogo porque esperava estes problemas.
Em modo resolução, quando está parado, Rogue City é um jogo bonito, com texturas decentes e reflexos por ray tracing, mas casa vez que mudamos de cena, o carregamento de texturas é constante e as transições são péssimas, com imagens estranhas nas mesmas. Em certas sequências, quando há muitos inimigos no ecrã, tudo fica extremamente lento com muitas quebras de frames, mas voltando ao último checkpoint ajuda um pouco.
De resto encontrei pequenos problemas, como desaparecimento de inimigos, entrarem por paredes dentro, ou npc’s estarem fisicamente no mesmo sítio.
Considerações finais
Eu não tinha grandes expetativas para Robocop: Rogue City. Estamos habituados a algumas franchises serem maltratadas com produtos abaixo do esperado, mas gostei bastante do meu tempo com o jogo. Como Murphy, o jogo também funciona mal a espaços, mas no fim das contas, faz o que tem a fazer.
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Para além de alterar a fórmula dos fps habituais, tem uma componente rpg que ganhamos experiência a completar o maior número de missões e provas dos crimes cometidos. A história é bem escrita apesar dos diálogos serem muito estranhos por vezes, esta Detroit retro futurista funciona muito bem.
Se forem fãs de Robocop, Rogue City é um jogo que vos vai coçar a vontade encarnar Alex Murphy e a nostalgia é real, mas se não ligarem a produto original, tirem uma estrela à pontuação final e testem por vocês mesmos.
N.R.: A análise a Robocop: Rogue City foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo cedida pela Upload Distribution
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