Até nos videojogos temos ciclos. Em certos anos ou há muitos jogos de zombies, muitos shooters ou outro estilo, sempre de acordo com a popularidade dos géneros ou temas que os jogadores mais consomem.
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Nos últimos anos, temos visto os géneros roguelike ou roguelite afirmarem-se como dos jogos preferidos das comunidades e que mais conversa geram à sua volta. Revita é mais um roguelite que é lançado no mercado e com mecânicas muito interessantes para quem gosta do género, mas com ideias diferentes entre os vários jogos.
É um jogo com bastante charme, com um estilo pixel art interessante e as suas músicas excelentes que criam todo o ambiente. Sendo um twin stick shooter, focamo-nos em atirar rápido, gerir recursos, fazer escolhas difíceis e tentar escapar a cada nível.
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A nossa missão é entrar num comboio, ascender a uma torre e também lutamos contra nós próprios nesse caminho, já que os bosses retiram inspiração de estados de espírito ou doenças mentais e introduz uma narrativa que só consigo comparar com Celeste.
A carteira ou a vida
Como bom roguelite que é, temos NPC’s que têm lojas e que podemos comprar perks e habilidades para nos ajudar na aventura. Mas a nossa moeda de troca é a nossa própria vida. Tudo é determinado pela nossa vida, o nosso HP. Dos inimigos que matamos, capturamos as suas almas que são convertidas numa barra que depois podemos usar para encher os nossos corações ou aumentar a nossa barra de vida, um pouco ao estilo de Hollow Knight. O truque é que, encher um dos nossos corações por inteiro leva-nos duas cargas dessa barra e ter um coração totalmente novo leva quatro barras. Se estivermos com a vida no máximo, automaticamente começamos a criar um novo coração.
E é aqui que o fator escolha é a melhor mecânica e a que nos agarra ao jogo. Enquanto que em Returnal temos o fator vida/apanhar itens que não sabemos se são bons ou não, aqui brincamos literalmente com a vida e com o que podemos esperar nas salas que ainda estão para visitar. Compramos coisas ao gastar a nossa vida ou que nos custa o nosso HP máximo que é um sistema risco/recompensa. Um upgrade crucial pode custar-nos três corações ou podemos não gastar e estarmos a penar um pouco mais até chegar ao boss.
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Esta meta em que entregamos a nossa vida ao longo do caminho a percorrer reflete-se na história muito adulta que Revita tem, que é sobre perda, dor e o que é preciso para seguirmos em frente. Nem sempre a história está ali em frente do nosso nariz, mas o que está nas entrelinhas ajuda a construir a atmosfera do jogo.
Sendo um roguelite, cada run faz com que nos sintamos mais fortes e um pouco mais preparados para avançar. As moedas que nos dão para trocas, guardamos entre runs e são usadas para comprar itens em cada dungeon, comprar chapéus para o nosso personagem e armas, até com alguma variedade. Desta maneira, adicionamos ao nosso reportório de habilidades, ganhamos upgrades bastante importantes que nos permitem também descobrir novas salas e ter novos bónus nas áreas certas.
Mais uma run
Revita é um jogo sobre criar builds, memorizar padrões e ter um pouco de criatividade para ter a melhor run possível. Mas as runs por vezes não são tão variadas e divertidas como gostaria. Claro que com a progressão e ao ganhar novas habilidades fica tudo mais aventureiro, mas o grind pode ser bastante lento e os bosses que encontramos não evoluem muito.
A velocidade do jogo aumenta porque ao estarmos melhores ficamos mais audazes, mas pode demorar até chegarmos a esse estado. Neste contexto, com as áreas pequenas que o jogo nos apresenta, os inimigos são muito similares. Alguns movimentam-se rapidamente para nós e nos querem fazer dano enquanto outros preferem atacar à distância. A estratégia é sempre a mesma, saltar sobre eles ou usar um dash em que os podemos “atravessar”. Depois é só matá-los um a um e apanhas as suas almas.
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O movimento divertido e fluido e nunca distrai do que está a acontecer no ecrã. Só tive de mudar os controlos, já que a maneira original de jogar não me estava a prender mesmo ao fim de muitas runs feitas. Ao trocar, o jogo continua a dizer que não aconselha alterar a posição dos controlos, que é para efeitos de imersão. Eu troquei na mesma.
Difícil ou nem por isso?
Uma coisa que Revita faz muito bem é o balanceamento da sua dificuldade. Cada vez que fiquei preso no jogo, só precisava de parar um pouco e reestruturar a minha estratégia e assim tentar seguir em frente mais uma vez. As mortes parecem merecidas e intencionais devido ás escolhas que somos obrigados a fazer.
Pixel art e bem animado
Ajuda e muito que a arte e a banda sonora são excecionais, que são pontos a favor. Nos seus momentos mais bonitos criam uma grande atmosfera bem como nos fazer sentir sozinhos naquele mundo. São expressivos e bonito, mas também vagos o suficiente para nos fazer sentir nostálgicos. Temos visto bastante ultimamente este estilo aplicados a estes jogos, mas mais uma vez é justificável.
Considerações finais
Revita é um roguelite interessante que tem muito para oferecer a quem gosta do género e procura novas mecânicas no mesmo. Os níveis podem ser um pouco vazios por vezes e os bosses familiares demais lá mais para a frente, mas a sua arte, jogabilidade e a mecânica central com a nossa barra de vida, demarca-o dos outros jogos.
N.R.: A análise a Revita foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia do jogo cedida pela Plan of Attack