Resident Evil 4 Remake – Análise

Comprei Resident Evil 4 para a Gamecube no dia de lançamento e lembro-me da excitação que tinha, já que comprei todos os jogos da série até então sempre no primeiro dia. Foi um marco importante para a franquia, não só por ter alterado drasticamente algumas mecânicas relativamente aos anteriores, mas também pela qualidade em todos os segmentos.

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O seu espetacular aspeto para as consolas da altura foi notado e cimentou ainda mais o papel da Capcom na indústria. Nos últimos anos a produtora japonesa refez Resident Evil 2 e 3 com rotundo sucesso e era de caras que o quarto da série, um dos melhores, levasse o mesmo tratamento e carinho que os anteriores.

Resident Evil 4 Remake está aí e é tudo que que queria e muito mais.

O que fazer e para onde ir?

A história nunca foi o forte de Resident Evil, há aquele lore que se foi criando e expandindo o universo da série e isso sim talvez seja a parte mais interessante destes jogos. Resident Evil 4 demarcou-se ainda mais por não ter os zombies tradicionais e um dos inícios mais impactantes no género de ação / survival horror.

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Vinte anos depois do original, voltei a encarnar Leon numa missão para resgatar a filha do presidente que está numa aldeia remota em Espanha, quando começamos a notar que algo está muito errado, quando os aldeões estão agitados, agressivos e quando vemos um deles com uma saca de serapilheira pela cabeça abaixo e com uma motosserra na mão, é altura de dar corda aos sapatos.


Melhorar o que já era bom é complicado

Saber modernizar estes jogos mais antigos implica fazer as escolhas certas nas mecânicas a fazê-lo, já que há coisas que envelheceram pior que outras. Neste remake, Leon é mais rápido e ágil, mas também os nossos inimigos o são. Temos um novo movimento de defesa e parry com a faca (que agora se deteriora até partir) e podemos bloquear quase todos os ataques, incluindo a motosserra, que é tão espetacular como ridículo.

A magia deste soberbo jogo original da Capcom está na maneira em que, em quase 15 horas de jogo, ele atirar-nos tanta coisa para cima, com boas ideias, muitos inimigos e cenários interessantes, e fiquei preocupado se este remake iria diluir isso. A isso digo que só diluiu a novidade do jogo, de resto é maior, parece mais ligado e orgânico (houve secções inteiras que foram retiradas do original), para além que do aspeto gráfico melhorado, a névoa e o ajuste na iluminação tornam o jogo mais tenso e assustador.

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Fora algumas adições e mudanças na jogabilidade, este remake foi cortado e colado da melhor maneira e a Capcom fez o melhor produto para os fãs. A primeira metade do jogo é muito semelhante ao original, mas do meio para a frente, com inimigos alterados, lutas com bosses redesenhados e novos cenários. De salientar os encontros com Krauser, especialmente o último, em que toda a sequência sentimos a tensão no ar.

A série sempre teve combate decente, sentido de sobrevivência e muitos puzzles para resolver e Resident Evil 4 tem tudo isso em diferentes zonas do jogo, o que nos faz estar sempre em alerta porque que entramos numa área, e para quem não conhece o original, não sabemos se é altura de limpar ondas de monstros ou se podemos explorar a nosso prazer.


Bonito aos olhos de quem o vê

Graficamente é o upgrade que todos esperavam. Personagens muito bem trabalhadas, cinemáticas atualizadas com muita qualidade nas animações e cenários que vão dos mais soturnos e obscuros como a aldeia, os fortes e as grutas, aos mais brilhantes e vistosos como o interior do castelo, com salas mais trabalhadas.

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Uma das críticas que tinha no original passou para o remake. Nas zonas mais escuras as texturas das sombras, muros ou casas, são turvas e nada definidas. Joguei maioritariamente em modo performance e o carregamento de algumas texturas, de cenários ou personagens foi sofrível quando aconteceu. Não foi constante, mas o suficiente para se perceber que o problema existia.

De resto, o jogo é cativante neste aspeto com as explosões, monstros de maior proporção, o efeito de nevoeiro, tudo se acumula para o jogador sentir o terror.


Nos ouvidos é só assustador tanto no bom como no mau.

Todos os momentos cinemáticos são acompanhados de uma banda sonora tirada de um filme de ação e o silêncio que existe em partes mais calmas trazem apreensão e arrepios, já que só ouvimos os efeitos sonoros do ambiente. Os nossos passos, um barulho ao longe ou os monstros a balbuciar em espanhol. E aqui está um problema no áudio espacial, nem sempre sabemos onde estão os inimigos. Existem áreas que foi fácil saber se estavam do meu lado direito ou esquerdo, mas em certas zonas eles estão longe, mas parece que estão a nosso lado. Dei por mim a rodar o personagem constantemente e tentar perceber se era uma emboscada ou não. É algo que nesta altura do campeonato, já não pode passar ao lado.

Considerações finais

Resident Evil 4 Remake é um dos melhores remakes que já vi. E este ano tem sido recorrente dizer isto após Dead Space e Metroid Prime (remaster e não remake eu sei), mas tem sido um primeiro trimestre muito interessante de 2023.

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Não é perfeito em tudo, mas foi bem editado face a algumas partes que foram cortadas como fugir da estátua de Salazar, a perseguição de veículos, o corredor dos lasers que foi inspirado no filme original de Resident Evil entre outras situações em que a Capcom conseguiu limar os excessos para que a narrativa fluísse melhor.

Quem jogou o original, como eu, vai adorar este Resident Evil 4 Remake. Quem for jogar pela primeira… agarrem-se bem porque a viagem vai ser arrepiante.


+ Continua o jogo antigo, mas em pele nova
+ O jogo está bem editado e flui muito melhor
+ Pormenores dos personagens e criaturas

– Menos puzzles que o original
– Algumas texturas e o carregamento das mesmas
– O áudio espacial não resulta muito bem.

N.R.: A análise a Resident Evil 4 Remake foi realizada numa Xbox Series X com acesso a uma cópia cedida pela playandgame.pt.

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