Pokémon Legends: Arceus – Análise

Terminei Pokémon Legends: Arceus há uma semana. Vi os créditos, prossegui o jogo, terminei as caçadas lendárias e as surpresas do pós-campanha principal. E ao dia em que me arrisco a escrever esta análise, ainda não consegui decidir-me na pontuação final. Ou no que dizer, criticamente, sobre um título que bebe de 25 anos de apostas seguras e, qual um Pokémon, reúne finalmente a experiência necessária para evoluir.

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A Jornada do Herói

Pokémon Legends: Arceus é melhor desfrutado se forem fãs de longa data da série. Não quer dizer que o jogo, mecânica e narrativamente, não possua argumentos suficientes para convencer qualquer tipo de jogador, mas existem demasiadas ligações a iterações passadas (ou, neste caso, futuras), referências, detalhes e personagens que, sem essa intimidade, acabam por passar ao lado.

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Dito isto, somos o primeiro adolescente da saga e, ao invés da introdução por parte do professor, somos instruídos sobre a nossa missão por… Deus. Bom, não literalmente: mas por Arceus, o Pokémon lendário a quem se atribui a criação do universo. Esta introdução, e o resto do jogo, na realidade, vão beber a muitas das inspirações que, em 1996, formaram a base de Pokémon Red & Green.

De resto, a sensação que fica é que, pela filosofia de design introduzida, com imensas inspirações a JRPGs atuais e lendários, este título está mais próximo do espírito de inovação e teste do primeiro título da saga, que dos dois últimos jogos, extremamente seguros e alicerçados em mecânicas narrativas e de jogabilidade sem alterações de fundo.

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Da introdução mais etérea passamos para o tutorial e, num pulo, para a nossa missão: ajudar a população de Hisui a aprender a lidar e trabalhar com Pokémon, para o desenvolvimento social, económico e científico. Para isso, somos encarregues de, através da Galaxy Team, ajudar na catalogação das espécies Pokémon em Hisui. Que é como quem diz: apanhá-los todos.

À primeira vista, parece que estamos a falar do mesmo desafio, igual em todos os títulos da franquia. Porém, neste caso a narrativa global do jogo cresce e avança consoante a nossa dedicação a este tópico.

Apanha-os todos… e depois apanha-os outra vez.

O primeiro momento de narrativa espacial acontece quando apanhamos o nosso primeiro Bidoof. Ao visitarmos o Pokédex, percebemos que a informação não foi atualizada automaticamente. Primeiro, porque Hisui está localizada num passado distante e depois porque, ao contrário da época onde os títulos Pokémon ocorrem normalmente, a informação sobre as várias espécies não é pública, nem popular.

É aí que nos apercebemos do realismo da nossa tarefa: somos, quase literalmente, Darwin nas Galápagos com um bloco de notas na mão e dezenas de instrumentos para capturar e analisar espécies misteriosas. Esta vertente científica e lúdica estende-se ao longo das tarefas que precisamos de concluir para completar cada entrada: dar de comida x vezes, usar determinados golpes ou apanhar x membros de cada espécie.

Este contexto ensina-nos, à priori, que o foco no combate que permeia a saga inicial não será, de todo, o foco deste jogo, até porque estamos num universo onde os casos de pessoas com Pokémon amestrados são raríssimos. Estes pormenores vão crescendo e acumulando ao longo das 20-25 horas do que poderá ser a história principal: de uma aldeia que olha para ti com desconfiança, com receio de Pokémon, passamos, graças às sidequests que vamos realizando, a um espaço vivo, cujos habitantes vão aprendendo lentamente a conviver com os Pokémon e a trabalhar em conjunto.

O loop de jogabilidade vive muito desta visão exploradora: temos 5 mapas principais para navegar, com ciclos de Dia/Noite e condições temporais, que contribuem decisivamente para a distribuição de Pokémon em cada hub. Como todos os Pokémon são visíveis, aprendemos desde cedo a vasculhar o mapa e a decorar os locais onde as espécies têm maior previsão para aparecer. É uma visão refrescante do habitual campo relvado de onde saltam, aleatoriamente, novos Pokémon e ajuda-nos a incorporar, ainda mais, a tarefa científica à nossa frente.

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À medida que solucionamos os mistérios por trás das raivas inexplicáveis dos Pokémon Nobres – versões mais fortes e solenes de Pokémon, com um propósito reverencial dentro do folclore em Hisui – e travamos amizade com os dois chefes de clã, Adaman do clã Diamante e Irida do clã Pérola, vamos também conhecendo um pouco mais da mitologia da região e do entendimento, destas duas fações, daquilo que significa… Deus. Perdão, Sinnoh, neste caso.

Explorar mais este elemento e o papel de algumas das personagens secundárias, como Volo, o muito familiar membro da guilda Ginkgo, responsável pelo comércio, ou Cyllene e Kamado, da Galaxy Team, seria irromper numa série de spoilers. Para não vos estragar o prazer nestas pequenas descobertas, deixem que vos diga que a Game Freak prova, em determinados momentos, ser capaz de criar momentos e cenários onde genuinamente sentimos algo.

Há, na realidade, dois momentos onde vemos este amadurecimento narrativo que tanta falta fez nas cutscenes intermináveis em Sun & Moon ou nas absolutamente vazias em Sword & Shield. Um deles aborda um twist na narrativa principal que despoleta um evento traumático para a nossa personagem. À medida que as consequências ocorrem, conseguimos ver nos aldeãos, não só no texto mas nos seus movimentos e expressões, as suas reações: alguns chocados, outros angustiados e alguns preocupados.

Por segundos, conseguimos acreditar naquele universo de forma realista e sentir o mesmo que um adolescente de 15 anos sentiria naquela situação, por muito extraordinária que seja. O outro momento acontece depois de terminarmos o jogo principal e concretiza de forma muito competente e, em momentos, até brilhante, uma série de pequenas pistas narrativas que estão muito bem escondidas ao longo do jogo.

Porém, a nossa história não é escrita em pleno no enredo. É através da jogabilidade que criamos o nosso legado.

25 anos depois, a evolução

Explicar o loop de jogabilidade clássico de Pokémon é tão simples quanto seguro: entras num momento à parte de combate, onde podes utilizar quatro golpes do teu Pokémon contra o adversário, usar itens, apanhá-lo ou fugir se for selvagem. Resumidamente, é isto. E no seu âmago, Pokémon Legends: Arceus ainda é isto. Mas evoluído.

Desde logo porque não somos transportados para um cenário novo. As batalhas acontecem, finalmente, em tempo real, assim que interagimos com um Pokémon selvagem. A interação é, também, mais variada. Podemos lançar uma Pokébola para tentar apanhá-lo sem iniciar uma batalha, podemos lançar comida para o despistar ou itens para nos escondermos e, até, utilizar comida estragada para os deixar indefesos.

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Estes momentos e decisões acontecem em segundos, graças ao excelente trabalho de UI da Game Freak. Temos um menu rotativo, associado ao trigger direito, que conseguimos rodar com um botão para escolher o item que queremos usar. Querem lançar um Pokémon, no entanto? Basta premir o X e o menu muda para a seleção dos Pokémon na equipa.

Se alguma vez se perguntaram como poderia resultar um shooter de Pokémon, esta talvez seja a resposta. A mecânica de lançamento de itens, Pokémon ou Pokébolas é muito semelhante: fazendo pontaria, selecionam a “munição” e pressionam o trigger direito. Para além disto, podem avançar de caras ou seguir agachados para se manterem o mais dissimulados possível.

Cada Pokémon reage de forma diferente e será preciso terem atenção aos pequenos detalhes: os Shinx e Buizel são competitivos e assim que derem por vocês, vão querer lutar. Já Pokémon assustadiços, como os Kricketot ou as Starly, vão fugir assim que derem por vocês. As animações de cada um tornam-os surpreendentemente… vivos. Pode soar estranho, mas dos momentos mais impressionantes de Pokémon Legends: Arceus é quando encontram um Mr. Mime e percebem que, ao invés de apenas andar num loop fechado, ele decide abrir uma cadeira invisível, sentar-se e abrir uma lata invisível.

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O combate vive também destas microreações e, dependendo da natureza de cada Pokémon, podemos ter reações diferentes. Pokémon de natureza Sassy recusar-se-ão a olhar para vocês durante um combate, ao passo que outros de natureza mais afável vão olhar para vocês a aguardar instruções.

Esta construção dum mundo vivo torna-se ainda mais claro quando encontramos Pokémon Alpha: versões mais fortes e agressivas de Pokémon, em linha com o que um animal Alpha representa no seu ecossistema. Apanhá-los, por norma, representa uma evolução grande à equipa disponível, mas também maior risco porque podem perder num instante… se sequer chegarem ao combate.

De querido a perigoso em dois frames

Neste jogo, os Pokémon selvagens podem e vão atacar-vos, existindo a possibilidade de desmaiarmos e perdermos grande parte dos recursos que recolhemos. Ao elemento mais científico de pesquisa de cada espécie, também temos a vertente tecnológica inexistente. Significa isto que os Pokémon Centers são substituídos por tendas onde podemos descansar, as Boxes por ranchos e os Pokémon Mart por artesanato.

Pela primeira vez, estamos responsáveis por recolher plantas, frutos e materiais para construirmos os nossos itens, sejam eles Pokébolas, poções ou até tipos diferentes de comida. Os recursos existem em número elevado e não são difíceis de recolher, tornando a tarefa de crafting mais prática, o que acaba por mascarar as poucas opções diferentes de itens que podemos criar.

Esta não é a única grande mudança ao sistema base. Num mundo onde a tecnologia não evoluiu ainda, não existem, naturalmente, HMs ou TMs para ensinar movimentos aos Pokémon. Portanto, naquela que é debativelmente a mudança mais disruptiva da franquia desde o Special split, já não precisamos de perder o acesso a golpes passados.

Ou seja, assim que aprendem o quinto golpe, o vosso Pokémon não vos pede para esquecer um dos golpes que já tem. Acontece que, como num JRPG tradicional, vão reunindo os golpes como se de Skills transicionais se tratassem, para poderem escolher os quatro golpes que melhor se adequam ao vosso momento de jogo.

Precisam de uma build para apanhar Pokémon mais fracos? Escolham os primeiros golpes. Precisam de vencer Pokémon Alpha? Escolham os golpes mais fortes, mas com menos PP. Num jogo mainline, esta capacidade de criar vários sets de golpes mutáveis em segundos mudaria por completo toda a forma como encaramos, atualmente, a componente competitiva da saga. Mas Pokémon Legends: Arceus não tem vertente competitiva.

Inovar devagarinho

O compromisso narrativo assumido pela Game Freak não se ficou pelo enredo ou pelos detalhes de cada Pokémon. A narrativa espacial é a grande protagonista. O combate, infelizmente, acaba por sofrer com este compromisso porque, novamente: não estamos numa realidade onde a captura, convivência e treino de Pokémon seja um aspecto comum na sociedade.

Isto significa que o combate em si é uma versão muito mais simplificada e, até, básica da componente estratégica e detalhada a que a saga nos habituou. Desde as suas mecânicas mais obscuras, como os Effort Values, agora facilmente manipuláveis através de itens até um máximo pré-definido, até elementos como os itens que funcionavam como os tradicionais acessórios em JRPGs e que estão ausentes deste jogo, bem como as habilidades.

Ou seja, por exemplo, um Bulldoze vai afectar o vosso Bronzong ou Gastly. Por outro lado, o combate por turnos deixou de ser tão estanque na sua ordem e abre o leque para uma vertente mais focada nas ações tomadas. Para este elemento, contribuem os novos Strong e Agile style para cada golpe. À semelhança do que ocorre, por exemplo, com Ruined King, da Riot Games, a força que aplicamos a cada golpe pode dar-nos uma ação a mais ou a menos, o que pode ser fulcral para o sucesso do combate.

Já a ordem das ações funciona num misto entre Final Fantasy X e Grandia: podemos aumentar a ordem de ações ou, de repente, ver o inimigo agir duas ou três vezes de seguida, consoante a posição no combate. Não conseguimos cancelar ações, infelizmente. Este elemento torna o combate muito mais rápido e simples, mas também menos prazeroso.

Com o golpe certo, um Pokémon com quase 20 níveis de diferença pode bater-se de igual contra um Pokémon totalmente evoluído e, por vezes, até lendário. Se numa instância, reveste duma urgência diferente todos os combates, noutro ponto de vista acaba por perder aquele que é o ponto mais forte da franquia, a satisfação estratégica da construção de uma equipa que consiga responder a diversos desafios.

Em Pokémon Legends: Arceus, não nos é pedida estratégia, mas mais um foco na nossa capacidade de utilizar bem os golpes de buff e debuff. A sua influência aumenta bastante em comparação com o metajogo atual, porque em vez de aumentarem ou diminuírem determinadas estatísticas por pontos, concedem um aumento geral às estatísticas de ataque e defesa no global.

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Os debuffs também sofrem uma simplificação nesse sentido, mais em linha com, por exemplo, o que ocorre num Dragon Quest, onde a sonolência e o veneno vão produzindo chip damage que acaba por passar, mas que afeta as estatísticas da personagem de uma forma mais global. Pokémon Legends: Arceus baqueia bastante neste aspecto porque o equilíbrio entre a simplificação e a introdução destas novas ferramentas não nos concede o balanço necessário para enfrentar, com confiança, Pokémon Alpha ou múltiplos Pokémon.

Foram várias as ocasiões onde, em bosses ou no mundo aberto, ao ser confrontado com 3 Pokémon adversários ao mesmo tempo, vi a minha ação acontecer 3 golpes depois do inimigo, o que, por norma, serve para derrotar qualquer Pokémon desde que o tipo do golpe esteja alinhado com a nossa fraqueza.

Se, no caso dos jogos até então, tínhamos pelo menos um turno para planear os nossos movimentos e conseguir responder a desafios mais intensos, neste caso, nem temos acesso a golpes que afectem mais que um Pokémon, nem podemos usar mais do que um ao mesmo tempo. A desvantagem é sempre nossa e, de forma injusta, temos bosses a tomar partido desse elemento.

Se neste ponto peca, recupera logo de imediato com a introdução das batalhas com os Pokémon Nobres. E batalhas são o termo certo. Precisamos de aprender os seus padrões de ataque porque, antes de os acalmarmos, o combate é literalmente entre nós e o Pokémon Nobre. Precisamos de diminuir a sua barra de vida através do lançamento de salvas que o acalmam.

São alguns dos momentos mais épicos em toda a franquia e uma necessidade quase obrigatória para incluir em títulos futuros. Permite-nos não só tomar consciência da potência de cada uma destas criaturas fantásticas, como também distingui-las dos nossos Pokémon normais, o que, novamente, contribui para construir uma Hisui viva.

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A utilização dos Pokémon para progredirmos no mapa é ainda mais intuitiva. Se em gerações passadas acontecia de forma pouco natural e até gimmicky, em Pokémon Legends: Arceus, contribui decisivamente para tornar tudo mais vivo. Tal como na navegação para a utilização de itens, não precisamos de abrir menus, estando cada Pokémon associado a um botão. Podemos, tão rapidamente como navegamos na água, saltar e chamar o nosso Braviary para planar os céus e, assim que chegarmos a uma montanha, convocar o Sneasler para trepar. É intuitivo, rápido e muito funcional.

Infelizmente, embora o combate possa ser um caso de gosto pessoal, o ponto gráfico é… inegável. Sem rodeios nenhuns, um mundo tão bem construído como Hisui não merecia a preguiça técnica com que foi presenteado.

Caminhar sobre píxeis

O jogo decorre a uns estáveis 30fps, tanto em modo portátil como na dock, mas até recomendo que o joguem em portátil. Não pelo factor nostálgico – Pokémon é, essencialmente, uma saga que nasceu e cresceu nas portáteis da Nintendo – mas porque o ecrã da Switch permite mascarar as gigantescas falhas gráficas.

Não falo em direção artística, nos pop ins constantes. O problema é apenas um: pouco tempo. A Game Freak, infelizmente, pertence a um conjunto de empresas nipónicas assentes num modelo de Crunch constante, aliado a uma janela de lançamentos constantes. Naturalmente que não colocamos em causa o talento e o brio dos developers que trabalharam neste título.

Porém, este tipo de modelo faz com que, para se obedecer a datas pré-estabelecidas, os jogos sejam lançados com mais ou menos pormenores por limar. E neste caso, graficamente é um jogo incompleto. A água resume-se a píxeis gigantes que se deformam quando nos aproximamos e causam estranheza, os Pokémon aquáticos têm uma metade estruturada e outra desfocada, muitas das texturas na roupa pura e simplesmente não carregam…

Num jogo desta magnitude, nascido da empresa com os direitos da franquia mais rentável do Planeta, não se justifica. Não é uma questão técnica da consola, como outros jogos têm vindo constantemente a provar. É, essencialmente, falta de respeito por parte da liderança da Game Freak para com quem cria, o que acaba por afetar decisivamente a visão artística do produto final.

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Confesso que, mais para o fim da minha jornada, já nem reparava nestes detalhes, tal é a imersão que o jogo nos proporciona. E provavelmente a maior parte dos que jogarem este título não verão aqui mais que uma curiosidade. Porém, não seria correcto deixar que este elemento passe incólume.

Até porque o ramalhete audiovisual é muito forte, talvez o mais forte da saga até então. E isso é dizer muito do fabuloso trabalho de Go Ichinose que se superou na remisturagem dos temas da quarta geração, tornando-os mais ambientais, substituindo-lhes os baixos e as sonoridades electrónicas para percussões, cordas e sopros tradicionalmente nipónicos.

Os leit motifs são familiares e ajudam a ligar o universo de Hisui com Sinnoh, contando histórias através da forma como determinados temas icónicos são estabelecidos e utilizados. Sem entrar no campo dos spoilers, há um momento específico onde a estória contada através da reversão da expectativa do tema a tocar é tão profunda, que damos por nós a esquecermo-nos de que estamos a jogar um título Pokémon e a pensar se não será um Trails, um Persona ou um Final Fantasy.

Considerações Finais

Pokémon Legends: Arceus é, resumidamente, a verdadeira sequela das duas primeiras gerações de Pokémon. Não no sentido narrativo, mas mecânico. É o primeiro passo em frente a sério, mais drástico e adulto, para um jogo que consegue recriar, quase na perfeição, para velhos e novos fãs, o sentimento original de aventura, exploração e satisfação a cada Pokémon novo apanhado.

As barreiras de progressão estão diretamente ligadas ao avanço que dão ao vosso Pokédex. Se forem explorando, apanhando e completando o maior número de entradas possíveis na vossa enciclopédia, vão conseguir ganhar as estrelas necessárias para controlar Pokémon de níveis cada vez mais superiores e, ao mesmo tempo, autorização para avançar com a história. No meu caso, o processo foi muito prazeroso e bem mais interessante que a limitação preguiçosa por ginásios, porque nos leva a descobrir mais do mundo e a cumprir a narrativa global: ensinar esta sociedade a conviver com Pokémon.

E no fundo, a maior satisfação nasce dos momentos mais pequenos, como o momento em que ensinam um aldeão a não temer um tímido Wurmple e acompanham a sua jornada, ao longo do jogo, para nomeá-lo (e os nomes são imperdíveis!), vê-lo evoluir para algo que não era a sua expectativa mas que, no final do dia, acaba por ser acarinhado.

Pokémon Legends: Arceus está repleto destas microhistórias que se vão desenrolando à medida que avançam na narrativa principal. Não sendo obrigatórias, estão intimamente ligadas às vossas ações e tornam esta aldeia viva. Ganhamos amizade a estas personagens, aos Pokémon e à ligação entre humano e animal. Mesmo na forma como a nossa personagem navega o mundo com os Pokémon que vão dando apoio, seja para atravessar o mar ou até planar.

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Tudo ocorre de forma natural e englobado numa narrativa espacial: fomos colocados nesta região para promover a cooperação e a evolução da sociedade. Da mesma forma que este jogo é uma aposta muito especial duma equipa a quem não lhe fora permitida sair dos mesmos moldes há 25 anos. Não é o melhor jogo Pokémon de sempre, mas poderá ser o mais importante. E uma experiência tão especial que os seus defeitos técnicos não podem, nem devem ser impedimento para se lançarem à aventura em Hisui.


+ Um mundo vibrante e vivo
+ Foco na componente científica
+ Evolução definitiva da jogabilidade

– Péssimo trabalho de afinação gráfica
– Combate simplificado e, a espaços, injusto

N.R.: A análise a Pokémon Legends: Arceus foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Nintendo Portugal

Carlos Duarte: Adulto de 30 e poucos anos que guarda, dentro de si, o garoto que se apaixonou por videojogos e por um ouriço azul. Escriba profissional de assuntos diversos, jogador dedicado da 1ª à 9º geração de videojogos.
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