Muitos de nós sabemos que a Nintendo não tem receio de demorar o seu tempo a lançar jogos, combatendo um pouco a tendência da elevada cadência que muitos outros franchises sofrem. Isto garante, na maioria dos casos, que o jogo seguinte tenha alguma qualidade, iterando sobre o bom do jogo anterior. No entanto, este cuidado faz com que os fãs tenham de aprender a exercitar paciência, existindo sempre o risco do resultado não ter valido a espera.
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A série Pikmin foi lançada inicialmente em 2001 para a GameCube, contando atualmente com mais de 20 anos de existência e um grupo de fãs que adoram explorar um mundo diferente, com a ajuda de pequenas criaturas misteriosas com folhas na cabeça. É também uma das séries que leva o especial tratamento da empresa, demorando o seu tempo para lançar novas versões do seu jogo.
Passado 10 anos (quase metade do tempo de existência da série), a 21 de julho de 2023, foi lançada, para a Nintendo Switch, a quarta versão do jogo – Pikmin 4. Fazendo a alegria dos fãs que pacientemente aguardavam a sua chegada. No entanto, a questão que agora se coloca é, valeu a pena a espera?
Ponto a Ponto
Era uma vez…
A história de Pikmin 4 começa com a descrição da história de Olimar, um ser alienígena que após ter um problema com a sua nave despenhou-se num planeta desconhecido, onde tudo é enorme face ao nosso explorador e cheio de criaturas de todos os tamanhos e feitios. Nesse planeta, o amigo Olimar encontrou umas misteriosas criaturas com uma folha na cabeça, a quem decidiu chamar de Pikmin. Estas criaturas são bastante amistosas e sem questionar seguem Olimar, executam os seus comandos e ainda atacam tudo aquilo que for ordenado.
Ao longo da sua exploração, Olimar descobriu que existem Pikmin de formas e cores variadas, com habilidades específicas como resistir a altas temperaturas, respirar debaixo de água ou conseguir ser atirados a distâncias mais longas. Com todas essas propriedades, estas criaturas tem ajudado o nosso navegador a encontrar as diversas peças em falta da sua nave, conseguindo enviar um sinal de socorro para o espaço juntamente com o relatório das suas descobertas.
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Esse sinal consegue alcançar o planeta de origem, onde uma equipa de salvamento é enviada para o planeta do sinal a fim de salvar o companheiro Olimar. No entanto, à chegada ao planeta a nave teve um problema e também de despenhou. Esta situação, levanta a questão de como é que uma civilização avançada o suficiente para viagem interplanetária tem tantos problemas com naves a falhar na entrada de planetas.
Contudo, ainda existe alguém para salvar o dia, um cadete novato que segue para esse planeta e controlado pelo jogador. Ao longo da aventura, além de descobrir um conjunto de mistérios, o jogador irá também ajudar a recuperar a nave da equipa de salvamento, encontrar os membros perdidos e, claro, salvar Olimar.
Mas afinal, o que é para fazer aqui?
Para aqueles que não conhecem o jogo, a melhor forma de o explicar é analisando um dos termos japoneses mais utilizados ao longo de todo o jogo, dandori. De acordo com a sua definição, significa a habilidade de organização e trabalho de forma estratégica a fim de executar um conjunto de tarefas. Esta definição exprime bastante bem a essência de Pikmin, onde o jogador terá de gerir cuidadosamente os seus recursos, neste caso os adoráveis Pikmin, alocando certas quantidades destas criaturas às mais diversas tarefas, de forma a que todas elas sejam realizadas da forma mais eficiente possível antes do final do dia.
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No início do jogo, é possível controlar uma quantidade muito reduzida destas criaturas que vai aumentando conforme se for encontrando novos upgrades para a cebola de onde originam as criaturas. Eventualmente acabamos por encontrar Pikmin de outras cores, com habilidades diferentes que serão essenciais para a exploração do nível. Isto cria uma nova camada de gestão, dado que teremos de decidir no nosso número limitado de Pikmin, quantos é que vamos necessitar de cada cor que nos permita avançar o máximo possível na exploração sem ter de regressar à base para corrigir a situação. Em situações mais avançadas teremos ainda de ter em consideração que estamos limitados a três cores de Pikmin, obrigando a que outras cores tenham de ser colocadas em espera.
Apesar de não ser tão importante como no primeiro jogo, a eficiência na exploração continua a ser importante, dado que temos um tempo limitado antes do final de cada dia. Adicionalmente, quando o tempo de exploração estiver a terminar, temos de num breve período recolher os Pikmin que se encontrem ainda a realizar algumas tarefas ou que estejam perdidos pelo mapa. Caso não seja possível, acabamos por perder estas adoráveis criaturas.
Além dos Pikmin contamos também com a ajuda de Oatchi, um cão espacial que nos acompanha desde o início. Além de executar algumas tarefas de forma semelhante aos Pikmin, como recolher recursos ou atacar, poderá também ser usado como uma montada, permitindo percorrer o mapa de forma mais rápida ou mesmo atravessar àgua, algo que não é possível para a maioria dos Pikmin. Adicionalmente, será possível ensinar novos truques ao corajoso Oatchi permitindo-lhe ser mais forte e rápido a executar as suas tarefas, ganhar novos ataques para enfrentar os inimigos e até indicar ao jogador onde estão tesouros, recursos e membros perdidos no mapa.
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Existe ainda outro conjunto de melhorias onde o jogador poderá utilizar os seus recursos. Entre elas há a possibilidade de ganhar resistências a certos elementos como fogo, gelo ou eletricidade, aumentar a sua barra de vida ou até desbloquear alguns dispositivos que permitirão explorar o mapa ou dar ordens mais globais aos pequenos Pikmin. Conta ainda com a possibilidade de comprar itens consumíveis para ajudar nas aventuras, aumentando temporariamente a velocidade das pequenas criaturas, ou itens para batalhas, como bombas de fogo que danificam qualquer criatura, bombas de gelo para congelar os inimigos ou até trovões portáteis para os atordoar.
Pelo poder do Dandori!
Pikmin 4 foca-se inicialmente no modo de história, um modo onde o jogador irá explorar diferentes mapas, encontrando tesouros, membros da equipa e, eventualmente, Olimar. Contudo, conforme o jogo vai avançando percebemos que tem mais para oferecer, sendo possível categorizar três tipos de jogabilidade, o modo de exploração, os níveis noturnos e os níveis Dandori.
O modo de exploração é aquele que define a essência dos jogos Pikmin. O jogador explora um determinado mapa, usando os diferentes Pikmin para ultrapassar obstáculos e criar caminhos, a fim de recolher tesouros que irão ajudar a recuperar e recursos que serão depois usados para criar novos caminhos e para adquirir upgrades que deverão ajudar no resto da exploração. Durante esse processo existem também diversas criaturas que, além de serem também uma fonte de recursos, não são sempre amigáveis e podem tornar-se uma verdadeira ameaça para o jogador e os seus Pikmin.
Com o avançar da história, haverá a necessidade de recolher um determinado recurso que só existe durante a noite. Este é uma novidade de Pikmin 4, dado que até ao momento a base dos jogos era sempre efetuar a exploração durante o dia. Apesar de termos também de recolher recursos, à semelhança do modo anterior, existem algumas diferenças consideráveis que alteram significativamente o modo de jogo. Em primeiro lugar, não temos à nossa disponibilidade os diversos Pikmin que fomos recolhendo até ao momento, contando com Glow Pikmin para nos ajudar, uma versão espectral que se transporta diretamente para perto do jogador ao contrário das suas versões mais terrenas. Além disso, teremos de defender os ninhos destes Pikmin das diversas criaturas que agressivamente os tentam destruir. Podemos, inclusivamente, considerar que o jogo altera-se para o género de Tower Defense, acabando por ser bastante mais frenético que o modo normal.
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Outra nova adição desta quarta iteração são os níveis Dandori, que se podem dividir em desafios dandori e batalhas dandori. Estes modos são mais competitivos e funcionam como forma do provar quem tem o melhor dandori de todos os jogadores. Os desafios focam-se em níveis contidos onde o jogador terá de colecionar um determinado conjunto de pontos com base nos diferentes tesouros que apanhar. Dependendo da quantidade de pontos, a performance é classificada com base numa medalha (bronze, prata, ouro ou platina). Quando às batalhas, a filosofia é a mesma dos desafios, no entanto aqui o jogador terá de enfrentar um oponente que estará a tentar colecionar mais pontos. Neste modo o ecrã é dividido, sendo que o jogador controla um lado do ecrã e o outro mostra o personagem que o está a desafiar.
O bom Pikmin, o mau Pikmin…
Apesar da sua longevidade Pikmin foi uma série que nunca me conseguiu atrair muito. Possivelmente porque nunca dei a hipótese de me dedicar o suficiente para lhe ganhar o gosto. No entanto, com Pikmin 4 a situação já não se repetiu, tendo finalmente percebido o motivo de tantas pessoas gostarem destas pequenas criaturas, mas necessitando de um ligeiro esforço inicial.
O jogo dedica algum tempo a ensinar o jogador de todas as diferentes mecânicas e elementos que compõem o jogo. No entanto, a forma como o faz acaba por ser tediosa, interrompendo constantemente o jogador durante a primeira hora e cortando a vontade de explorar o resto do nível. No entanto, após ultrapassada esta fase o jogo começa a fluir e começamos a conseguir agarrar o verdadeiro ciclo do jogo.
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Conforme o jogador for avançando, começa a criar as suas próprias estratégias de dandori, ganhando-se a vontade de repetir os níveis para se completar a exploração dos diversos níveis. Para aqueles que gostam de um pouco mais de ação, os níveis noturnos ou mesmo os desafios dandori serão os modos indicados, proporcionando várias horas de pura diversão.
Apesar de também estar incluído, o modo co-op deixa um pouco a desejar, face ao que já se teve disponível em versões anteriores. Apesar do segundo jogador conseguir assistir o jogador principal, não tem muito mais que possa fazer. Alternativamente poderia ser dada a hipótese de ter o seu próprio personagem, como era possível com o Pikmin 3, ou até mesmo, controlar o Oatchi. Adicionalmente, não existe a possibilidade de realizar batalhas dandori entre jogadores, nem online nem em modo local, o que parece uma verdadeira oportunidade perdida.
Dado ser um jogo da Nintendo, poderia ser adicionada alguma compatibilidade com Amiibo, onde poderiam ser dados ao jogador alguns recursos, itens ou até mesmo Pikmin adicionais para o jogo.
Considerações Finais
Pikmin 4 é mais um jogo da Nintendo que tem o tratamento lento e dedicado da empresa, tendo a atenção necessária para que o mesmo funcione sem problemas. A história é interessante, apesar de se desviar ligeiramente da história passada, tornando-se num excelente ponto de entrada para novos jogadores que não conhecem a longa história da série.
As mecânicas encontram-se refinadas, e simplesmente funcionam. Os gráficos são agradáveis e coloridos, com cenários cheios de detalhes interessantes e com vários segredos por todo o lado.
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Os novos desafios tornam esta nova versão muito bem vinda, desde a sua tradicional exploração, passando pelo frenético modo noturno e claro, os desafios dandori que tornam a jogabilidade ainda mais recompensadora.
Apesar de existirem alguns pontos menos positivos, como tutoriais um pouco tediosos ou mesmo o co-op que deixa um pouco a desejar, Pikmin 4 é um jogo merecido e muito bem desenvolvido para todos os fãs da empresa nipónica.
N.R.: A análise a Pikmin 4 foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a um cópia do jogo disponibilizada pela Nintendo Portugal
