Pentiment – Análise

Mesmo que nunca tenham jogado títulos como Heavy Rain, The Dark Pictures, Detroit Become Human ou qualquer outro jogo onde a base é criada pelas escolhas do jogador, de certeza que já ouviram falar em pelo menos um destes jogos. Agora viajem até ao século XVI, foquem-se na arte da época e de épocas vizinhas e conseguem encontrar a nova aposta da Obsidian Entertainment: Pentiment.

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Pentiment é isso mesmo, um jogo onde as vossas escolhas vão moldar a forma como Andreas Maler encara a vida e como a vida o encara a ele. É também um jogo com um aspeto visual forte, uma história que nos é contada (e que vamos criando) com recurso a animações que nos fazem olhar desde ao período medieval até ao início da arte moderna. Andreas, que quer ser artista, no meu caso estudou medicina, mas podia ter estudado teologia… agora, com tudo o que aprendeu ao longo vida, tem que conseguir perceber quem será o culpado neste murder mistery com toques bem assentes de RPG.


Pentiment começa de forma calma, mas sem medo de mostrar, desde os primeiros diálogos, que é um jogo atrevido e que vai deixar cada um dos jogadores moldarem Andreas. As respostas que podemos dar correm o espectro todo: desde a pessoa correta, alguém preocupado com aquilo que mostra ser, até a alguém que pouco se importa com o que os outros acham e estas possíveis escolhas tornam o diálogo bastante divertido.

À medida que avancei na história fui conhecendo os restantes participantes na trama, mas principalmente fui criando o meu próprio Andreas. Alguém irreverente, que quer viver a vida ao máximo, mas sem nunca se esquecer das suas responsabilidades. Se isto me ajudou? Não sei, provavelmente ajudou-me com algumas das personagens, mas deixou-me, certamente, com menos abertura para tirar informações de personagens mais conservadoras.

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Com o desenrolar da narrativa não é só as personagens que vão mudando, ou até o nosso Andreas, também o interesse pelo que este Pentiment representa foi aumentado. Não é um jogo curto, e vai requerer alguma paciência nas primeiras horas, mas não a percam… vai valer a pena. Com o passar das horas a trama vai ficando mais densa e o interesse pela história que Obsidian nos está a fazer ler vai crescer. Cresce ao ponto de dar por mim a dizer “é só mais um dia”.


Mais que gostar de jogar, é importante gostar de ler para entrar em Pentiment. Páginas atrás de páginas… é assim que nos vai ser contada a história, é assim que vamos criar cada uma das suas ramificações.

Foi arriscado fazer algo assim, algo que depois de The Outer Worlds ou até mesmo do mais antigo Fallout: New Vegas pode parecer uma mudança de ritmo drástica. Mas a verdade é que o ritmo desta nova aventura faz todo o sentido, e caso se deixem envolver na história, existem momentos que, com a arte visual que têm à vossa frente, com a música e outros sons que saem do vosso ecrã ou headset, vão-vos transportar para uma qualquer feira medieval. Nunca esperei que um título tão diferente daquilo a que estamos habituados conseguisse um grau tão elevado de imersão.

O ritmo lento do tipo de jogo é cortado por pequenos puzzles ou mini-jogos que nos vão sendo apresentados, algo que no meu caso me fez continuar a história em alturas menos boas onde ponderei parar e deixar o jogo “descansar” até voltar um dia mais tarde. Não o fiz graças a estes “intervalos” e ainda bem.

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Um dos problemas de Pentiment é que este ritmo pode fazer com que em alguns momentos tenhamos vontade de andar para a frente, de avançar rápido demais e esquecer-mo-nos que estamos ali para algo maior que nós. Estamos ali para resolver um mistério, um assassinato… e andara rápido demais pode fazer com que se percam pedaços de informação que acabam por fazer falta para algumas das decisões que temos que tomar.

O mundo criado pela Obsidian está bem-composto no que toca ao número de personagens e quão fundo a história à nossa volta consegue ir. Por vezes a informação pode parecer demasiada, mas não se preocupem: terão sempre à mão um caderno onde notas vão aparecendo. Afinal de contas Andreas não é um artista qualquer, tem também o dom da caligrafia.

Considerações Finais

A aposta nesta aventura em 2D pode deixar alguns jogadores de lado, algo que não aconteceria se o jogo tivesse ido pelo caminho mais fácil, o de se apresentar com jogabilidade em 3D. No entanto, ainda bem que não o fez, se o tivesse feito seria apenas mais um… assim acaba por ser uma lufada de ar fresco vindo do fim da época medieval até ao século XXI.

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Arte, cultura, religião e comunidade: tudo isto está presente em Pentiment e, tudo isto, é apresentado de forma a deixar no ar algumas críticas à sociedade dos tempos modernos e à forma como esta mesma sociedade foi construida.

No fim, Pentiment é um jogo simples de jogar. Por vezes demasiado simples, já que nunca apresentou qualquer tipo de desafio. É um título que não tenta ser mais do que aquilo que é, chegou para apresentar uma boa história e conseguiu fazê-lo sem grandes problemas, sendo um dos melhores dentro do género e um jogo que, quero acreditar, vai inspirar futuras produções.

Clica na imagem para mais informação sobre as nossas classificações

+ Uma boa história contada de forma cativante
+ Consegue ser imersivo mesmo apresentado um estilo muito próprio
+ Mini-jogos e puzzles bem construidos e que aparecem nas alturas certas

– Por vezes a jogabilidade pode ser demasiado simples
– Ritmo lento em algumas partes custa a ser ultrapassado
André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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