Se há umas semanas atrás me dissessem que a série Ninja Gaiden iria voltar este ano, provavelmente eu iria pensar, talvez um dia, mas não agora. Mas do nada serem apresentados não um, mas dois jogos e Ninja Gaiden 2 Black estar disponível imediatamente, de certeza que não estava nas minhas cartas.
Este ressurgimento no Unreal Engine 5 pela Team Ninja foi uma surpresa tremenda e mesmo que não seja exatamente o que os jogadores quisessem, é um reavivar da série e preparação para Ninja Gaiden 4, que deverá ser lançado mais para o fim de 2025.
Um conto familiar
Os Ninja Gaiden têm história e Ninja Gaiden 2 Black não é exceção, mas para mim é o que menos importa neste jogo de ação. Basicamente dois grupos, o clã Black Spider e os Fiends, querem ressuscitar um monstro hediondo e muito perigoso chamado ArchFiend e claro, espalhar destruição e aterrorizar toda a gente. No meio de muitos ninjas, monstros e bosses bastante bizarros, Ryu Hayabusa está presente para salvar o dia.
Jogabilidade é onde a série brilha
Se a história é o menos importante em Ninja Gaiden, a jogabilidade é o que mais importa e o que mais brilha na série. Em Ninja Gaiden 2 Black, Ryu descobre várias armas com uma extensão enorme de golpes e combinações, que se tivermos mestria, irão ser muito úteis na aventura. Cada uma tem capacidades e alcance diferentes e podemos escolher qual se adapta melhor ao nosso estilo.
Para além da Dragon Sword, a nossa arma inicial, a minha preferida é a Eclipse Scythe, uma foice devastadora e dá imenso dano se conseguirmos conciliar com a maior lentidão do seu manuseamento. Contra grupos de inimigos é muito útil e gratificante e quando dilaceramos ondas de inimigos com poucos golpes é muito satisfatório.
No fim de contas, é a nossa identidade que é o centro da nossa experiência, podemos escolher qualquer arma no nosso reportório e atacar a situação na maneira que estamos mais confortáveis relativamente às combinações mais destrutivas. Claro que algumas armas são melhores corpo a corpo em vez de grupos de inimigos, e quando surgem estes últimos, é muito fácil trocar de armamento e lidar com todo o tipo de circunstância. Cada uma pode ser melhorada individualmente, desbloqueando novos ataques e assim a quantidade de combinações à disposição.
Definitivamente não nos podemos dar ao luxo de envergar só uma arma. Temos de balancear a nossa jogabilidade ou vamos tornar o jogo muito mais difícil do que é necessário e acreditem que Ninja Gaiden 2 Black é muito difícil e vai-vos fazer suar do bigode.
A progressão no combate é extremamente satisfatória e quando entramos no ritmo e dilaceramos hordas de inimigos enquanto usamos todo o nosso leque de movimentos, a sensação é extraordinária.







Ninjas cheios de estilo
Graficamente é um port muito competente e se fosse jogar o original, era assim que queria que se tivesse tornado. Os ninjas inimigos e criaturas estão bem recriados e com boas animações, no contexto de conseguirmos ler bem os seus movimentos para defender e contra atacar. Os níveis são lineares, mas convidam à exploração, sendo subtis os caminhos que nos levam a novos colecionáveis, como os que aumentam a nossa barra de vida. Vale sempre a pena explorar ao máximo cada nível, mesmo que por vezes não sejam os mais apelativos.
Existem muito checkpoints para que não tenhamos de nos preocupar se damos um passo em falso.
Por falar em passos em falso, os jogadores que não estejam familiarizados com a série, vão ter de se habituar à maneira que controlamos Ryu e os outros personagens jogáveis, e principalmente à horrível câmara que nos acompanha. Na questão dos nossos personagens, Ryu e companhia movem-se de uma maneira que primeiro estranha-se, depois entranha-se. Em termos de mobilidade e habilidades, podemos defender e esquivar, que é vital para o combate, podemos correr nas paredes e saltar de parede em parede.
Todos os jogos têm a sua maneira de se jogar, mas isso aliado ao modo cinemático com que temos a câmara a acompanhar a ação, preparem-se para muitas frustrações.
Esta toma decisões muito estranhas, mesmo no calor do combate e em momentos deixamos de ver o nosso personagem ou de onde vêm os ataques. Aprendemos a lidar com isso e já era um problema do original e neste port isso podia ter sido ajustado.
E os bosses?
Em jogos de ação, os bosses são sempre um ponto fulcral do jogo, uma mescla entre mecânicas, padrões e dificuldade. A série Ninja Gaiden sempre foi conhecida por estes desafios e os encontros com os bosses sempre mereceram destaque. Esta entrada da série é inconstante na sua qualidade com alguns a ser comicamente fáceis mesmo nos modos mais difíceis e outros são estupidamente desafiantes. Water Dragon, estou a olhar para ti porque és fácil demais!
Outra coisa inconstante é o desempenho do jogo. Na PS5, a versão analisada, mesmo em modo performance, a frame rate pode baixar momentaneamente sem razão aparente, mesmo sem inimigos no ecrã, e alguns bugs estão presentes. Nada de problemático, mas é estranho num port de um jogo com tantos anos.
Personagens adicionais
Existem mais três personagens para jogar além de Ryu Hayabusa. Rachel, Ayane e Momiji têm capítulos na história que lhes são dedicados, mas têm movimentos mais limitados que o protagonista. As suas listas de combinações de ataques não são tão vastas como as de Ryu e conseguem ser únicas por si próprias.
Considerações finais
Ninja Gaiden 2 Black pode não ser o regresso ideal que os fãs desejavam, porém podemos ver este lançamento como um aquecimento para Ninja Gaiden 4, e tirar a temperatura ao mercado relativamente a expetativas para jogos deste género.
Alguns problemas de performance e uma câmara terrível não o permitem chegar mais além, todavia, o que tem de bom pode ofuscar estes contratempos. O seu combate impressiona, a variedade de armas e combinações e rejogabilidade são pontos de excelência que não podemos evitar falar deles. No que toca ao género de ação, não há muito melhor que Ninja Gaiden.
