Análise Monster Hunter Rise

A série Monster Hunter que vai caminhando a passos largos para 20 anos de história, sendo o seu mais recente título Monster Hunter Rise, foi pouco a pouco ultrapassando franquias clássicas como Devil May Cry ou Mega Man, e hoje é mais que evidente que se tornou um dos nomes mais fortes da empresa, juntamente com Street Fighter e Resident Evil. Contudo, a popularidade de Monster Hunter demorou a surgir, sobretudo no Ocidente, principalmente por causa de ter estado agarrado a um estilo demasiado oriental e centrado para um público com hábitos e gostos diferentes.

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Depois de vários anos ligado a consolas portáteis, a série deu um passo em frente com o lançamento de Monster Hunter World, onde para além de se ter mantido em exclusivo para consolas e computadores, foram alteradas uma grande quantidade de mecânicas que já vinham desde a raiz da franquia, tornando o jogo mais acessível e principalmente mais próximo do que séria a ótica contemporânea do jogador ocidental. E o resultado não poderia vir a ser mais positivo. A série não só explodiu em vendas em todas as plataformas em que foi disponibilizado, como também subiu vários degraus em popularidade, sem perder fulgor no seu país de origem.

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Três anos após o sucesso de Monster Hunter World, a Capcom volta a lançar um título da série principal de Monster Hunter, mas desta vez com uma proposta de agrupar o melhor dos dois mundos: juntar aquilo que funcionou nos quase 20 anos de história da franquia, mas também aquilo que fez a série ganhar uma maior consideração de dimensão à escala planetária. O resultado dessa combinação é Monster Hunter Rise, que chega agora à Nintendo Switch.

Aprender e evoluir como caçador

Em Monster Hunter o jogador assume o papel de um caçador de monstros, tal como o próprio nome da série assim o dá a entender, onde poderá derrotar criaturas furiosas por mero sague por sangue, ou caça-las com armadilhas, para angariar partes do seu corpo para fazer armaduras e armas. Não existe uma maneira certa para o fazer, tanto pode ser da forma bruta ou hábil – utilizando utensílios criados pelo próprio jogador e retirando proveito do meio-ambiente para retirar vantagem extra. Todos os monstros têm formas diferentes de se movimentar e de se comportar durante as batalhas, onde o jogador terá de gerir constantemente cuidadosamente cada movimento que executa. Monster Hunter não se trata de um hack and slash, e talvez por isso, num primeiro impacto com a maioria dos jogadores novos na série, lhes transmita a impressão de ser um jogo lento, com movimentos forçados, pouco acessível. O que não é de todo verdade.

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Claro que tudo dependerá fundamentalmente do tipo de arma que o jogador escolha, existindo num total de 14 disponíveis em Monster Hunter Rise, sendo que algumas mais leves, como, por exemplo, o arco e flecha, ou a espada e o escudo, permitem que o jogador tenha um pouco mais de velocidade na forma de se movimentar, mas se for o caso do martelo ou da lança, aí o caso já muda de figura, pois seria obviamente bastante estranho ver a personagem movimentar-se com ligeireza suportando e manejando armas com aquele tipo de peso. E Monster Hunter transmite isso de uma forma excecional, desde o seu primeiro título, em que torna a diferença na jogabilidade de cada arma verdadeiramente, não existindo fraquezas consideráveis em nenhuma delas, com um balanceamento justo tanto de dano, como de movimento, como de acessibilidade. É uma experiência em crescimento, o jogador vai progredindo à medida que vai jogando, conhecendo cada tempo de resposta de cada arma, ao ponto de cada arma quase se tornar um prolongamento do próprio corpo da personagem.

Rodízio de monstros

Monster Hunter Rise traz várias novidades comparativamente com o seu antecessor, mas também traz muito de todos os jogos da série, principalmente monstros, com uma considerável seleção de variedade, que ainda vai ser expandida de forma gratuita através de atualizações por parte da Capcom. A grande estrela de Monster Hunter Rise é Magnamalo, monstro que dá rosto à capa do jogo, e que proporciona um incrível espetáculo em qualquer área de combate.

Cada monstro tem direito à sua própria música, tal como acontecia nos jogos anteriores, e em Rise isso não é exepcção. Monster Hunter Rise traz também cinco novos mapas que podem ser explorados pelo jogador, sem ecrãs de carregamento entre zonas, com imensa vida nativa, muitos objetos colecionáveis, e com muito por escalar e caminhos secretos por desvendar, onde a verticalidade de cada cenário passa a ter uma maior importância, como antes não acontecia na série. Visualmente cada cenário é do melhor que já se viu na Nintendo Switch, e o trabalho da Capcom rapidamente é evidente em pouco tempo de jogo, para além do desempenho formidável durante cada embate, não existindo praticamente quebras de fotogramas, mesmo nas situações mais caóticas.

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Monster Hunter Rise é também um dos jogos mais acessíveis de toda a série, onde reduz consideravelmente o tempo de colheita, descomplicando muito a colheita de itens necessários para forjar armaduras e armas, e também na locomoção (mount – algo novo na série Monster Hunter) com os palamutes, ou “amicães”, dentro e fora dos mapas (locais onde se fazem as quests). Outra das grandes novidades de Monster Hunter Rise, são os wirebugs, criaturas que são invocadas pelo jogador que proporcionam ações que permitem trepar pelas paredes, esquivas mais eficazes ou ataques violentos nos monstros. Mas o melhor dos wirebugs, é que o jogador também poderá controlar qualquer monstro durante pequenos períodos de tempo, podendo utilizá-los para combater contra outros monstros, ou simplesmente atirando-os contra qualquer plataforma, provocando-lhes danos severos.

Rampage Mode também faz parte do lote de novidades de Monster Hunter Rise, funcionando como uma espécie de tower defense, em que o jogador tem de proteger durante alguns minutos, e várias hordas de monstros, a invasão da vila, onde pode e deve posicionar armadilhas, torres e armas estrategicamente montadas, para arrasar e descomplicar cada nova investida de grupo de monstros. Este modo alternativo, vem oferecer outra perspetiva aos jogadores, e uma real sensação de invasão de monstruosidade, é divertido apesar de em pouco tempo se tornar um pouco mais do mesmo.

A vila de Kamura é um pequeno local onde existe tudo

Tal como nos outros títulos de Monster Hunter, Kamura é o centro das operações, um espaço autossustentável com tudo o que a natureza oferece, passado e inspirado num Japão antigo, mas que infelizmente tem sido vítima de ataques constantes do lendário monstro Magnamalo. A narrativa tem vindo a ser cada vez mais frequente na série, e em Monster Hunter Rise a história apesar de ser demasiado simples, é encarado até certa altura como uma espécie de tutorial que facilmente poderá chegar até às vinte horas de jogo para introduzir o jogador às novas mecânicas, e auxiliá-lo em forma de boas-vindas à atmosfera do jogo.

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Na pequena vila de Kamura, para além de visualmente ser lindíssima e de ser animada com músicas de uma qualidade de excelência, preparadas para estarem a ser escutadas durante centenas de horas, o jogador pode-se mover e realizar tudo o que pretender em poucos segundos, sem praticamente ecrãs de carregamento na navegação entre secções. Escolher missões é também muito mais acessível, e explicativo, assim como a facilidade de realizar missões juntamente com outros jogadores no modo online, é também bem mais acessível. Com duas ou três seleções, é possível entrar já numa missão a decorrer, e prestar auxílio a um jogador aleatório, algures espalhado no nosso planeta, ainda que a ausência de um chat por voz, inacessível, no jogo.

Monster Hunter Rise é um jogo extenso, dedicado e carregado de singularidades. Para ser dominado, é necessário centenas de horas, principalmente para se abarcar as mecânicas de cada arma, e conhecer os comportamentos de cada monstro. O progresso é ao fim de algumas foras evidente, transmitindo uma sensação de evolução fantástica ao jogador, e nunca uma caçada é igual à outra, mesmo com os mesmos monstros, e mesmo nos mesmos mapas. Os anos e anos de aperfeiçoamento que a Capcom teve para aperfeiçoar a série Monster Hunter sentem-se com a movimentação e com a inteligência artificial de cada monstro, até mesmo quando batalham ferozmente entre si.

Considerações Finais

Monster Hunter Rise é a consequência de vários anos de trabalho e de dedicação da Capcom, mostrando que está atenta aos novos jogadores, e não só ao público oriental, mas também ao mercado ocidental. Rise é seguramente dos melhores jogos da Nintendo Switch, com uma proposta única, num jogo de ação com elementos de RPG, onde a temática é singular no mercado. A inteligência artificial de cada monstro, o detalhe de cada cenário, a interecção e a jogabilidade das 14 armas, possuindo um equilíbrio muito rigoroso, é obra de excelência, e de carinho com uma série que vai aos poucos caminhando para as duas décadas de história.

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Monster Hunter Rise é o jogo ideal para aproximar novos jogadores, pois está assegurado para introduzir de forma instrutiva a complexidade que Monster Hunter é capaz de oferecer, e ao mesmo segurar os experientes na série, com novos desafios, novos monstros, e dificuldades maiores.


+ Sensação de progressão
+ Inteligência artificial dos monstros incrível
+ Cenários bem elaborados, visualmente fantástico e desempenho formidável
+ Novos movimentos e equilíbrio rigoroso das 14 armas disponíveis
+ Um desmedido volume de conteúdo

– A forma de comunicar com outros jogadores no próprio jogo é débil

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N.R.: A análise a Monster Hunter Rise foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela Nintendo Portugal

Tiago Marafona: Um autêntico fã de RPGs japoneses e um belo apreciador de jogos de plataformas. Nunca diz não aos clássicos Super Mario, The Legend of Zelda e Final Fantasy. É também um acérrimo admirador do trabalho do Ryu Ga Gotoku e da Monolith Soft.
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