O mundo de Mario e seus compinchas não é um desconhecido nesta onda de divagar entre diferentes áreas de interesse, conseguindo desde há décadas replicar o charme Nintendo aliado a uma boa experiência de jogo quase sempre arcade : o automobilismo, o futebol, os mini-jogos, o ténis e o golfe que aqui se analisa são exemplos máximos disso. Mario Golf: Super Rush aparece mais uma vez como produto das mentes nipónicas e da parceira de longos anos, a Camelot Software, com uma pesada herança de anteriores jogos dedicados à arte de introduzir bolas em pequenos buracos no chão, alguns deles com estatuto de clássicos de anteriores gerações.
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Com este novo título, a Nintendo espera voltar a meter este seu universo no mapa dos jogos divertidos e com substância. Será este um passeio tranquilo e positivo pelo green, ou alguém vai merecer levar com um taco pela mona?
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Taco meio cheio, taco meio vazio
Há uma ambiguidade estranha que é verificada em Mario Golf: Super Rush. Todos os campos, apesar de serem apenas seis, bem como as personagens e as suas originais e divertidas animações, são onde o jogo mais brilha, com tudo aquilo a que já nos habituaram: paisagens bem conseguidas, embora por vezes um pouco vazias, e essencialmente tudo o que faz de um jogo com a marca Nintendo ótimo, com controlos que tornam toda a experiência divertida e contagiante. Diferentes tacadas, diferentes botões, tempos certos quando carregar para tornar as pancadas mais exatas. Tudo aquilo que se esperava.
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Mas sente-se também, no meio de tanta aparente vida no jogo, uma espécie de buraco negro de conteúdo que torna Mario Golf: Super Rush menos entusiasmante do que se esperava, com uma música menos épica do que habitualmente. Mas o que mais aborrece é a falta de complexidade. Há uma série de diferentes pancadas que se aprendem, com um emaranhado de botões para fixar, mas que depois quase não se utilizam. Não são necessárias para ter sucesso no jogo, o que indicia que possivelmente foi dada primazia à conquista de um público-alvo menos exigente e mais simplista, enquanto que se acenava com elementos de RPG à malta mais antiga e já conhecedora. Isto pode ser apenas uma teoria da conspiração, mas a facilidade com que se ultrapassa cada um dos desafios impostos leva a crer isso mesmo…
Modo (passou) à história
Uma das maiores atrações que Mario Golf: Super Rush suscitou nos potenciais compradores foi o modo Golf Adventure, que parecia apresentar aquela mistura de jogo de desporto com elementos pronunciados de RPG que parece fazer as delícias de muitos. Infelizmente, não é isso que acontece com este dececionante modo, que parece servir apenas de tutorial para todos os outros. Depois de uma introdução em vídeo que nos explica com o humor característico em que ponto o novo jogador aparece neste mundo, há uma estória, sim, de um recém-chegado aprendiz de golfista que deseja conquistar o mundo, mas que serve apenas de guia linear para o jogador aprender a exercitar as diversas pancadas e conhecer um pouco de todos os outros modos. É até um modo, para um jogador mais convencional e menos fã da saga e do que representa o seu passado, completamente evitável e supérfluo.
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Aliás, o foco deste modo carreira não é na progressão de uma personagem ou uma estória, mas sim andar de circuito em circuito, quase sempre com um objetivo traçado de forma genérica e que acaba sempre num percorrer de percurso de forma arbitrária, lidando com uma barra de energia, com golpes especiais, em “lutas” contra bosses entediantes e dando uma ênfase demasiado grande num dos outros modos do jogo, o Speed Golf, de que se falará depois. Por vezes, o que um jogador quer somente é apreciar a vista e as personagens, que estão bem conseguidas, como é apanágio da Nintendo e da Camelot Software, e jogar golfe. Sem pressas, sem limites de tempo ou de pancadas. Dá vontade de dizer: “Mario, chill…”.
Partida, Tacada, Fugida!
São nos outros dois modos de jogo principais em que Mario Golf: Super Rush mostra alguma alma e diversão, seja a solo, ou melhor ainda, com amigos e desconhecidos.
Speed Golf, que já foi abordado na análise do modo estória do jogo, permite a competição entre quatro jogadores. Tudo começa como habitualmente: há a primeira pancada… E depois a loucura começa numa mistura de uma partida de golfe com esteroides, envolvendo corridas até ao sítio onde a bola se aloja numa luta contra os outros jogadores e o tempo. O objetivo final continua a ser meter a bola no buraco, mas com a variante de que cada pancada dada acrescenta trinta segundos ao tempo final, sendo o vencedor obviamente aquele que tiver o menor tempo no fim do circuito.
Estas corridas entre pancadas são aquilo que definem como único este modo, pois há que ter em conta a gestão da barra de vitalidade, que se desgasta a cada aceleração, os inimigos, que possuem ataques devastadores bastante divertidos e cheios de personalidade e o próprio caminho a seguir, que não tem que ser numa linha reta: há que antecipar a melhor forma para chegar mais rápido à bola para executar de forma célere mais uma tacada. Uma diversão com amigos que apreciam lançar o caos.
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Por falar em verdadeiro caos, há também Battle Golf. Os jogadores são colocados numa arena com o objetivo final de meter a bola em três buracos em primeiro lugar, que mudam de posição aleatoriamente. A simplicidade termina aqui, pois este modo preza pelas armadilhas que a arena possui, como as famosas personagens da icónica saga Mario, como as Bob-omb que explodem, fazendo desaparecer tanto a bola como o seu jogador, ou até os canídeos Chain-Chomps, que mordem quem perto deles chega.
Para aquele jogador que tem mais prazer em fazer com que os outros percam do que ganhar, existe ainda a possibilidade de lançar ataques especiais: ovos gigantes do Yoshi, Boos que fazem as bolas desaparecer, tudo é permitido nestas arenas onde vale tudo menos arrancar tacos.
Considerações finais
Mario Golf: Super Rush tem como virtudes mais nobres a beleza que o universo Nintendo incrementa a cada passeio pelos curtos seis diferentes mundos criados para esta obra e a exatidão brincalhona que nos faz levar o golfe a sério enquanto experimentamos. Já como aspetos menos positivos tem o modo estória claramente curto e mal-amanhado e a enorme vontade de fazer tudo a correr, de ser caótico e agregador de comunidades online, com alguns modos que têm tanto de divertido como de estranho.
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Ainda assim, Mario Golf: Super Rush não envergonha os seus antecessores e é mais uma prova que qualquer que seja o desporto onde a Nintendo meta esta malta, há garantia de diversão e bons momentos. Embora aqui o conteúdo pareça reduzido, havendo já promessas de atualizações gratuitas (ou não) em breve.
Mario Golf: Super Rush é divertidamente confuso e é claramente um passo numa direção diferente dos jogos que o antecederam. Com menos conteúdo e mais direcionado para a interação em grupos, é um jogo em modo par: não espanta e não defrauda.
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N.R.: A análise a Mario Golf: Super Rush foi realizada numa Nintendo Switch com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Nintendo Portugal.