Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii – Análise

Desde a sua estreia na PlayStation 2, Yakuza tem tido os seus altos e baixos na qualidade dos seus lançamentos, mas nos últimos anos, o estúdio Ryu Ga Gotoku tem trabalhado imenso na renovação da série e com resultados bastante bons, reconvertendo e angariando novos fãs. Goro Majima, protagonista na série pela primeira vez, tem cativado pela sua loucura caótica e a sua popularidade explodiu em Yakuza 0, que trouxe um pouco da sua história para este Like a Dragon.

Os eventos de Pirate Yakuza in Hawai têm lugar vários meses depois de Like a Dragon: Infinite Wealth e não é crucial que o tenham jogado, mas se o tiverem feito, percebem melhor alguns dos momentos em Pirate Yakuza e responde a algumas questões sobre elementos secundários criados em Infinite Wealth.

Para ser completamente sincero, eu não tocava num jogo da série Yakuza desde os tempos da PS3, tendo passado completamente à parte de todos os últimos jogos porque honestamente já não me chamam a atenção. Claro que existem vários géneros de jogos Yakuza, de rpg a beat’em up e voltei agora à série para perceber se era algo que me apetecia voltar, já que há muitos jogos disponíveis no mercado e já em promoções.

A aventura surreal de Majima

Encontramos Majima nas areias de uma ilha sem as suas memórias e um jovem de seu nome Noah descobre-o e ajuda-o, levando-o para a sua aldeia onde conhece Jason e Moana, pai e irmã mais velha de Noah. Majima rapidamente descobre que não consegue ter respostas para a sua condição na ilha e começa a explorar maneiras de sair dela.

É esta a introdução a Pirate Yakuza in Hawaii e a narrativa desenvolve-se lentamente entre as escolhas de Majima e os desejos de Noah em querer sair da ilha e explorar o mundo. No papel, esta introdução é curta em tempo, mas arrasta-se na prática servindo de tutorial para os fracos sistemas que o jogo tem para oferecer.

Não vou esconder, as primeiras horas foram um martírio para mim, até conseguimos ter Majima fora da ilha e ser capitão do seu navio.

A maneira que Pirate Yakuza in Hawaii escolhe o ritmo da sua narrativa e o que está a priorizar em cada momento, é algo que me deixa dividido. O segundo capítulo começa assim que temos o nosso navio e gradualmente o jogo vai abrindo, descobrimos mais localizações e pilares de jogabilidade e isto inclui histórias secundárias, minijogos, outros personagens, elementos navais e muito, muito mais.

O que faz Majima um personagem tão interessante é a sua completa loucura e excentricidade. Um Majima com amnésia não diminui necessariamente o interesse na sua personagem, mas há uma certa essência que se perde e senti um pouco um vazio na personalidade do próprio jogo.

A história de Pirate Yakuza in Hawaii foca-se em dois pilares: a relação de poder entre as várias fações que estão à procura do lendário tesouro de Esperanza e a maneira que a família de Noah tem sido afetada por esta caça ao tesouro que tem durado muitos anos. Mas estes pilares são desiguais e no desenrolar da história, podíamos ter mais eventos baseados na família de Noah e senti que havia muito potencial por explorar.

Apesar de ter as minhas queixas relativamente à história principal, faz o seu propósito. Ainda há muito drama à volta da Yakuza no meio da absurdidade de Majima e bastantes arcos secundários que nos ocupem o tempo e acreditem que vão “perder” muito tempo neste jogo se assim o quiserem. Alguns destes arcos secundários são perfeitos para quem vem de Infinite Wealth, já que seguem histórias desse jogo e poderão ter conclusões desses mini arcos. Alguns são mesmo muito estranhos que até a mim me surpreenderam nas conclusões.

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Um contra quantos?

Pirate Yakuza in Hawaii faz com que o estúdio Ryu Ga Gotoku molhe os pés de novo no género beat’em up como fez em The Man Who Erased His Name.

Majima tem dois estilos de luta, uma que representa a sua postura especial (Mad Dog) e uma nova adição, Sea Dog, que podemos usar vários brinquedos. O combate é ágil e rápido mantendo uma fluidez que é necessária neste tipo de género é possível trocar de estilos de luta a qualquer momento no calor da batalha. Uma das adições mais importantes no combate deste jogo é talvez estranhamente um botão de salto. Agora podemos saltar e aumenta consideravelmente as ações que podemos fazer. Alguns ataques fortes lançam o inimigo no ar e podemos automaticamente fazer o follow up para lhe continuar a bater nunca perdendo a combinação e aumentando consideravelmente o dano.

O estilo Mad Dog combina uma variedade de movimentos muito rápidos, murros, pontapés e a habilidade de Majima com a sua faca, bem como os seus golpes especiais e a Madness Gauge, um medidor que permite desencadear uma espécie de ultimate, e neste estilo podemos chamar uns clones por tempo limitado para vir ao nosso auxílio.

O estilo Sea Dog tem tudo a ver com a nossa nova vida de pirata e tudo é centrado nesse tema. Duas cutlass nas mãos (as espadas típicas de um pirata), uma pistola e um grappling hook (um gancho com corrente), são as ferramentas ao nosso dispor e que dão ao combate um sabor especial. As cutlass são muito polivalentes já que podemos bloquear com elas, atacar claro, mas também atirá-las como bumerangues entre outros truques que Majima tem na manga. A Madness Gauge no estilo Sea Dog é representativa de seu nome. Majima pode obter até quatro “dark instruments” ao longo de uma extensa missão secundária e quando esta a Madness Gauge está cheia, podemos escolher um instrumento para tocar e se isto não for esquisito o suficiente, cada instrumento invoca um animal para nos ajudar a dizimar. O primeiro instrumento, o violino, invoca um cardume de tubarões para mastigar os inimigos de Majima. É ridículo e é uma das partes que mais gosto em Pirate Yakuza in Hawaii.

O sistema de combate é bastante bom porque dá bastante escolha ao jogador e à medida que vamos progredindo no jogo, mais opções temos.

De velas ao vento

Um dos grandes focos de um jogo sobre piratas é obviamente o combate marítimo e para clarificar, Pirate Yakuza in Hawaii não é um mundo de mundo aberto, cada área principal tem uma zona mar associada a ela, então temos de atravessar esses mares perto Honolulu e Madlantis até chegar a terra. Há pontos de fast travel nas várias zonas e não temos de velejar para todos o lado se estiverem já desbloqueados.

O combate em si não é excelente, mas também não é sofrível, como tudo em Like a Dragon, tem um toque de jogabilidade arcade e é simples de executar. A proa do navio está armada com metralhadoras que só atiram em frente enquanto a bombordo e estibordo temos canhões para atacar quem nos afronta. A bombordo e a estibordo as armas podem ser diferentes, mas na proa terão de ter sempre metralhadoras ao vosso dispor, mesmo que hajam várias à escolha.

Cada uma destas armas pode ser melhorada e/ou trocada por outro tipo de armamento como turrets a laser ou lança chamas desde que tenhamos os materiais necessários para os desbloquear na loja.

Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii

Like a Dragon para quem é fã

Esta série é indubitavelmente adorada pelos fãs pela sua loucura e pela maneira que vários géneros podem existir dentro dela. Mesmo com o seu estilo gráfico bem demarcado, não deixa de ser um jogo preso no passado para quem nota essas diferenças e há várias escolhas e mecânicas que não sou o maior fã.

Eu tenho a certeza que perdi mais tempo em cinemáticas do que em jogo jogado. Houve alturas que combati um minuto, vi três cinemáticas, mais um curto combate, mais duas cinemáticas, demasiadas vezes para o meu gosto. Para não falar do tempo que perdemos de um lado para o outro, muitas vezes para falar só com um npc e voltar para trás, parecendo que algumas escolhas foram feitas de propósito só para aumentar a longevidade da experiência. O problema é que cansa demasiado para quem quer apenas jogar ativamente um jogo. Acho que há que respeitar o tempo do jogador, mantendo-o ocupado com ações relevantes, mas sem encher chouriços e em Pirate Yakuza in Hawaii não é o caso. É um jogo PS5, mas parece de PS2 nesse aspeto.

Há muito para fazer no jogo, muitas missões secundárias, demasiados minijogos e enquanto que há conteúdo secundário bom e mau, perder tempo em minijogos quebra o ritmo de jogo, mas claro que ficamos a conhecer melhor a personalidade de Majima nestes segmentos.

Considerações finais

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é definitivamente um jogo para os fãs da série. Enquanto nos deixa jogar, combater neste caso, é divertido, com uma boa variedade de movimentos e escolhas a fazer, mas fora isso o jogo arrasta-se e não respeita o tempo do jogador. Se forem fãs da série, vão adorar a história louca, as missões estranhas, as cinemáticas e tudo o que o personagem Majima traz a uma aventura destas, que o distingue dos outros jogos. Se encaixarem nesta última categoria, adicionem uma estrela à nota final porque de certeza vão encontrar algo que vos irá agarrar.

nota 3

+ Loucura de Majima
+ Combate competente
+ Se forem fãs da série não se arrependerão

– Mecânicas paradas no tempo
– Faz-nos perder tempo com escolhas erradas para um jogo contemporâneo