Kena: Bridge of Spirits – Análise

Tudo tem um início e um fim. Em Kena: Bridge of Spirits é-nos entregue uma história simples sobre a linha ténue entre a vida e a morte, e aceitação da mesma. Kena: Bridge of Spirits mesmo com as suas imperfeições, é um exemplo de uma essência que se perdeu ao longo dos anos na indústria dos videojogos.

Emberlab é o estudio responsavel por Kena: Bridge of Spirits, sendo este o seu primeiro jogo. Inicialmente eram apenas um estúdio de animação que ficou conhecido com uma curta-metragem fan-made, tributo a The Legend of Zelda: Majora’s Mask. Podem assistir aqui, talvez reconheçam.

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Sendo este o primeiro jogo do estúdio, apenas com 15 pessoas ao volante, será que corresponde às expectativas que a animação incrível dos trailers deu?

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Guia Espiritual

Kena, a personagem principal, é uma Guia Espiritual com o objetivo de ajudar almas perdidas no nosso mundo. Numa floresta consumida por corrupção, teremos que libertar espíritos do seu tormento. Previamente pessoas ambiciosas e com boas intenções, mas levadas por caminhos obscuros devido ao desespero. Esta não é a história de Kena, mas sim a história de quem nos rodeia e que lições aprendemos com cada alma que salvamos na nossa aventura.

Quem nos acompanha nesta jornada, são os nossos pequenos amigos Rot. Criaturas com uma ligação com o mundo dos espíritos tal como Kena, que estão escondidos pelo mapa prontos para serem descobertos e nos ajudar em batalha. Funcionam um pouco como os Pikmin, podendo manda-los transportar objetos para resolver certos desafios. Temos 100 para colecionar e temos que completar todo o tipo de puzzles espalhados pelo mundo de Kena: Bridge of Spirits para encontrar estes nossos companheiros.

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Na versão da PS5, conseguimos ver todos os Rot a seguir Kena conforme os vamos colecionando. Por isso, ao ter todos, vamos ter 100 pequenotes sempre a trás de nós. Adorável não é? Na versão da PS4, devido a limitações do sistema não iremos ver todos ao mesmo tempo no ecrã. E não podia faltar falar dos chapéus. Sim, chapéus. Podemos desbloquear vários tipos de chapéus para os Rot.

De volta à infância

Todos nós temos aqueles jogos que marcaram a nossa infância, e uma das realidades é que existe sempre uma magia ligada a esses videojogos. Kena: Bridge of Spirits transmite essa mesma magia, sentido de descoberta e paixão por um videojogo. A sua simplicidade torna-se mágica nas nossas mãos. O mundo que exploramos, o grafismo e artsyle de deixar qualquer um de boca aberta, uma história leve, mas com camadas por explorar, e a jogabilidade não muito complexa mas com algum desafio criam o balanço ideal.

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Feito por uma equipa de 15 pessoas que claramente ama aquilo que faz e tem controlo criativo que uma equipa de 200 pessoas é capaz de não ter, Kena transpira paixão e emoção em cada pixel apresentado.

Jogabilidade simples ou repetitiva?

O sistema de combate não é o mais complexo, mas será que tem que o ser? Lutamos com a staff de Kena que mais tarde também pode ser utilizado como um arco e flecha. Temos um escudo bolha para nos defendermos e contra-atacar com o timing certo, bombas de energia que têm mais uso fora do combate, e mais que não queremos revelar por ser algo que apenas se obtém no final do jogo, mas que se revela bastante util para quebrar ataques de inimigos.

Não existem combos, apenas ataques leves e ataques fortes. Os Rot também nos podem ajudar, utilizando “coragem” que acumulamos ao longo do combate para fazer ataques especiais com eles, que vamos desbloqueando ao longo do jogo.

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Isto permite criar um leque variado de ataques, ficando sempre a nossa responsabilidade ver o que é mais efetivo contra os vários tipos de inimigos. Nesse aspeto o jogo não nos ajuda de maneira nenhuma. Pode ser comparado a Demon’s Souls, onde aprendemos através de erros (e muitas mortes). Embora esta comparação, Kena: Bridge of Spirits é um jogo muito mais leve e com várias opções de dificuldade.

O combate realmente brilha com os Bosses do jogo. Todos com designs completamente únicos e padrões de ataques diferentes, nunca sabemos o que esperar do que vem a seguir. Se sentirmos que o combate é monótono, provavelmente a culpa é nossa de nos esquecer-mos de usar tudo ao nosso dispor.

Um RPG descontraído

Descontraído talvez seja a melhor palavra para descrever Kena: Bridge of Spirits. Tem os ingredientes certos de cada género de medium que se inspira. A exploração e puzzles de Zelda, o combate de Dark Souls, a magia dos filmes do Studio Ghibli, e a narrativa de uma curta saída da Pixar.

E como o RPG que é, temos um sistema de melhorias para as nossas habilidades. Este não é muito complexo, mas ao ritmo que desbloqueamos o que é necessário para ter as melhorias ao chegar ao final do jogo conseguimos obter todas as habilidades.

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Ao longo do jogo vamos abrindo cada vez mais o mapa ao utilizar máscaras correspondestes aos espíritos que temos que ajudar. Essas máscaras permitem-nos criar uma ligação com o espirito e ver os seu passado e os seus tormentos, o que nos mostra como melhor ajuda-los. Isto leva-nos a explorar as áreas onde algo trágico aconteceu a essas almas, lentamente limpando a corrupção até chegarmos ao fundo da razão: o próprio espirito em si. Para os libertar teremos que lutar contra uma versão corrupta do espirito, com designs absolutamente incríveis e únicos.

Videojogo ou filme de animação?

Seria impossível falar de Kena: Bridge of Spirits sem mencionar os gráficos. Aqui, notamos que o estúdio claramente tem experiência em animação e a polir modelos 3D. Tudo no mundo de Kena encaixa perfeitamente e nunca ha objetos que parecem fora do lugar, como acontece em muitos jogos de alta qualidade. Não existem texturas estranhas nem que parece que não pertencem onde estão. Visualmente, foi tudo tratado com imenso cuidado, por vezes parecendo saído diretamente de um filme de animação 3D de alto orçamento.

Como referido, as animações são fluídas e de nível profissional, trazendo-nos ainda mais para dentro do mundo. O único problema aqui, é que EmberLab decidiu encostar-se onde está mais confortável e fazer cutscenes pré-renderizadas a 24 FPS. Isso é o formato ideal para cinema, claro, mas aqui trata-se de um videojogo que tanto corre a 30FPS ou 60FPS (Modo Fidelidade VS Modo Perfomance na PS5).

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Saltar de momentos de jogabilidade a 60 frames para 24 frames torna a experiência visual no mínimo estranh. Por muito que os visuais e as animações estejam incríveis por si só, simplesmente não é uma transição fluida para os nossos olhos, especialmente por 24 não ser divisível por 30 ou 60 frames, fazendo a diferença ainda mais obvio para o nosso cerebro.

Banda Sonora

E claro, um dos pontos mais fortes é então a banda sonora. Junto com o aspeto visual, a música é a primeira impressão que temos logo na abertura do jogo. Leva-nos diretamente para dentro do mundo de Kena com inspiração em música Balinesa, do sudeste da Ásia. Não é a primeira vez que Emberlab trabalha com o compositor Jason Gallaty. Este foi o mesmo que fez a música para a curta que referimos no inicio do artigo, sobre o nome Theophany.

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Não só a música está bem integrada no mundo do jogo, como também foi bem implementada no gameplay, aparecendo em momentos chave da jogabilidade no tempo certo, elevando as emoções transmitidas tanto no combate como nas cinematics.

Considerações Finais

A simplicidade e beleza de Kena: Bridge of Spirits fez-nos reviver memórias de infância cheias de nostalgia. Um bom equilíbrio entre batalhas difíceis e exploração relaxante, e uma história sobre seguir em frente e deixar os erros do passado para trás. Só ficámos a desejar saber mais sobre o passado de Kena, mas talvez isso esteja guardado para uma sequela. A ausência dessa parte da história talvez possa ser considerado um ponto fraco.

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Vendo Kena: Bridge of Spirits com os mesmo olhos e expectativas de quem vê uma curta-metragem independente, é uma aventura inesquecível e especial. Muito importante também é referir o preço ser mais acessível que maior parte dos jogos com a longevidade e qualidade tão boa ou menor que este. Tendo tudo isto em conta, Kena: Bridge of Spirits é um jogo que toda a gente devia experimentar.


+ História simples e bonita
+ Gráficos incríveis
+ Banda sonora rica
+ Exploração e puzzles bons

– História não explora na totalidade a personagem principal
– Diferença de FPS entre momentos de jogabilidade e cutscenes

N.R.: A análise a Kena: Bridge of Spirits foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo disponibilizada pela Emberlab

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