Hogwarts Legacy – Análise

Anunciado antes do lançamento da PlayStation 5 e adiado duas vezes, chegou a altura de colocar o chapéu de feiticeir@, pegar na varinha mágica, e aprender tudo o que Hogwarts tem para oferecer. O mundo pode ter sido criado para o universo de Harry Potter, mas em Hogwarts Legacy viajamos até aos anos 1800 (bem antes da poluição existente no mundo moderno) para conhecer novas personagens, algumas com apelidos bem conhecidos ao jeito de easter egg, e outras que nos fazem lembrar vilões do futuro.

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Apresenta-se como um RPG para os fãs deste universo, mas também para qualquer pessoa que goste de mundos fantásticos. Com lançamento marcado para o dia 10 de fevereiro no PC, PlayStation 5 e Xbox Series X | S (PlayStation 4 e Xbox One terão o jogo a 4 de abril e a Nintendo Switch no dia 25 de julho) está na hora escolher a casa à qual querem pertencer (o Sorting Hat ajuda).


Alohomora, Hogwarts Legacy

Começar por abrir a porta daquele que é o mundo criado para Hogwarts Legacy. Para além do castelo, que só por si é gigantesco e com muitos recantos por explorar, temos ainda zonas conhecidas como a Forbidden Forest ou a vila de Hogsmeade. Para além disto, contamos ainda com toda uma imensidão de locais que rodeiam Hogwarts e toda a sua região.

Se a vila e o Castelo são cheias de vida e quase que nos conseguimos sentir seguros, sem medo de ser atacados sem aviso, a floresta e o restante território podem ter menos vida (leia-se NPCs), mas existem inimigos ou criaturas prontas a atacar a qualquer momento. Tal contraste faz com que a imersão no mapa seja ainda maior, fazendo com que consigamos jogar horas a fio, sem qualquer cansaço ou aborrecimento, enquanto aprendemos tudo o que o jogo tem para nos oferecer.

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Umas das coisas que mais me agradou nas horas passadas por Hogwarts foi toda a exploração que o jogo nos convida a fazer: Estar em Hogsmeade e ter que ir até ao castelo, ou estar no castelo, mas ter que viajar para sul e assim conseguir continuar a história. No entanto, as dimensões do mapa e a necessidade de exploração levam também a um dos problemas do jogo criado pela Avalanche Software: A forma como o fast travel foi implementado.

Quem conhece a lore de Harry Potter sabe que é possível viajar através da Floo Network, uma rede criada por lareiras e Floo Powder que permite a qualquer feiticeir@ viajar de um ponto ao outro de forma quase instantânea. Este pedaço de lore foi usado para implementar o fast travel, mas ao descobrir estes pontos onde existem as “Floo Flames” não precisamos de os visitar para os usar. Basta abrir o mapa, selecionar o local para onde queremos ir, e depois de um ecrã loading sem qualquer animação, lá estamos nós. A facilidade com que conseguimos viajar de um ponto até ao outro quebra a imersão que a exploração nos dá, teria sido muito mais interessante obrigar os jogadores a ir até um destes locais (bastante abundantes no jogo) para conseguir, depois, viajar para outro.

Sobre tudo o que nos rodeia em Hogwarts Legacy resta-me dizer que o vilão que existe em mim ficou triste por não conseguir interagir com os NPCs e fazê-los “voar” com um Leviosa. Grande parte das personagens estão no mundo, interagem com o mundo, falam entre si, mas a nós? A nós não nos dizem nada.


Transformarion

Como em quase todos os jogos do género, Hogwarts Legacy começa por nos pedir para escolher e criar a nossa personagem, um aluno que vai entrar para Hogwarts já no avançado 5º ano. Mudar a cara, o cabelo ou até os óculos são alguma das coisas que podemos fazer… no entanto, caso não gostem da roupa com que começam, não se preocupem. Ao avançar no jogo vão descobrir peças de vestuário com propriedades mágicas capazes de vos dar melhor HP, mais ataque ou mais capacidade defensiva.

Ao utilizarem estas peças de roupa o vosso aspeto vai mudar ao ponto de algumas das combinações conseguirem ser cómicas. Para além das skill trees existentes que nos ajudam a ter mais sucesso nas batalhas, quer seja através de táticas defensivas, ao aumentar a quantidade de feitiços disponíveis ou até com o apoio das Dark Arts, estas mudanças de visual também oferecem algumas vantagens, embora sejam apenas possíveis de sentir passado algum tempo… os primeiros upgrade pouca diferença fazem.

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Na verdade, a roupa e acessórios que vamos apanhando servem principalmente para equilibrar um sistema económico que considero quebrado. O dinheiro é necessário para comprar encantamentos, receitas, poções, arranjar o cabelo, comprar upgrades ou até sementes… para muita coisa, ou quase tudo, o que existe em Hogsmeade. Acontece que para ganhar dinheiro existem duas formas: encontrar cofres e sacos com moedas espalhados pelo mundo, ou então vender as roupas que vamos encontrando em alguns destes cofres. Dei por mim a precisar de um encantamento que custava 2000 galeões e, sem outra forma de ganhar dinheiro, lá tive eu que andar a abrir cofres em busca de umas moedas douradas ou de um cachecol que valesse alguma coisa.

Já que temos a possibilidade de cultivar as nossas próprias plantas ou fazer as nossas poções, porque não conseguir vender tais criações? Já que não existe, a única coisa que me ajudou neste grinding excessivo foi mesmo andar a “gritar” revelio, o feitiço mostra-nos alguns dos objetos que temos que ir apanhando para completar as coleções, mas dá-nos também a possibilidade de localizar cofres e outros objetos que nos podem dar acesso a esta moeda tão difícil de arranjar.


Accio

O melhor de Hogwarts Legacy é mesmo a beleza de um mundo que se vai transformando à medida que o nosso ano na escola de feitiçaria vai passando. Desde as salas de aulas cheias de detalhes, aos recantos mais escondidos do castelo, as ruas da pequena vila, os raios de luz a passarem pela densa floresta proibida, ou a luz das tochas e da nossa varinha em catacumbas que não tinham visitantes há muito tempo. Todos estes pormenores fazem com que desejasse um modo de fotografia e que, talvez, ainda sonhe com a implementação de tal modo numa atualização futura.

Outra das coisas que tiro o chapéu é à curva de aprendizagem do jogo. Geralmente gosto de jogos que me ensinam tudo nas primeiras horas e depois me deixam à mercê dos elementos, e inimigos, para terminar a campanha. Hogwarts Legacy faz o contrário, 15 horas de jogo e ainda havia coisas para aprender… algo que faz sentido quando se olha para quem somos: um aluno que está no seu primeiro ano (embora comece no 5º) em Hogwarts e, por isso, usa todo o ano para aprender novas habilidades.

Outra curva, que mais parece uma reta, é a da história principal. A forma como está contada pode levar jogadores com menos paciência a desistirem da escola, são horas e horas de quests secundários que acabam por ser obrigatórios para avançar meio metro em direção ao final da narrativa. E, mais uma vez, percebo perfeitamente que seja a aventura de um ano na escola e que, para além de ser o herói, temos que ter aulas, conviver com os colegas e aprender mais sobre a região onde estamos, mas seria bom (para alguns jogadores) ter a possibilidade de avançar na main quest de forma mais rápida. Outra solução seria a apresentação das quests principais de forma mais espaçada, em vez de aparecerem no jogo mesmo quando bloqueadas, dando sempre aquela sensação que somos obrigados a fazer partes secundárias para avançar na história.

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O combate contra feiticeiros, goblins ou criaturas diversas pode ser desafiante. Principalmente quando temos 10 inimigos à nossa frente, todos de varinha em punho a lançar raios de diferentes cores na nossa direção. Ao fazer quests, ir a aulas ou até conviver com outros estudantes vamos aprendendo novos feitiços, ou ganhando pontos que nos permitem avançar nas skill trees, e assim ter maior sucesso nas batalhas que temos que enfrentar.

Ainda no combate de Hogwarts Legacy, importa dizer que é bastante justo. Quando perdi uma batalha foi porque tomei as decisões erradas ou porque não tive atenção aos golpes que estavam para me atingir. Ao conseguir vencer cada uma das batalhas que fui encontrando respirei de alívio, ao mesmo tempo que fui inundado por uma sensação de orgulho… quase que me senti poderoso. O combate, mesmo no modo fidelity a 30fps, é fluido e não senti qualquer tipo de input lag durante as tarefas que envolveram mais destreza com o comando.


Depulso

Hogwarts Legacy conta com um modo de perfomance que leva o jogo a uma frame rate mais elevada, mas que infelizmente não consigo recomendar. O uso do modo perfomance faz com que as texturas ou até a fauna e flora do jogo sejam reduzidas, do nada parece que passamos para a versão do jogo que vai ser lançada em abril, a da geração passada. Quando se junta o facto deste modo fazer com que o mundo perca, em parte, a sua beleza ao bem que corre o modo fidelity a escolha só pode ser uma: joguem a 30fps.

Para além disto, o modo que corre a 30fps tem ainda a possibilidade de adicionar Ray tracing e deixar o jogo com mais uns raios de beleza sem, em nada, comprometer o desempenho deste segundo modo. Não pedia Ray tracing no modo perfomance, mas pedia que não se perdesse tanto quando comparado com o modo fidelity, queria ter alguma dificuldade em decidir qual dos modos utilizar.


Avada Kedavra (Como quem diz “o fim”)

Sim, o jogo apresenta três unforgivable curses (maldições imperdoáveis) entre os qusae 30 feitiços que podemos aprender. Existem ainda criaturas para encontrar, puzzles por completar, desafios secundários por fazer ou inimigos para conhecer. Tudo junto faz com que Hogwarts Legacy seja um jogo para muitas horas mesmo após completarem a história principal, e com o seu mundo gigantesco existem ainda oportunidades para criar mais conteúdo nos próximos meses.

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A Avalanche Software e a PortKey Games (Warner Bros.) criaram e lançaram um jogo que é, para mim como fã do universo de Harry Potter, aquilo que sempre quis na franquia. Um mundo aberto, com oportunidades de exploração que nunca mais acabam e o sentimento que sim, estou a ter aulas em Hogwarts ao mesmo tempo que me sinto a ver um dos filmes da saga. Isto devido ao, muito bem criado, ambiente sonoro.

Hogwarts Legacy tem coisas que podiam estar diferentes, outras que podiam estar mais trabalhadas, mas contas feitas apresenta-se como um jogo solido, sem problemas de maior e com um bom equilíbrio entre desempenho, mundo criado, combate e narrativa.

E sim, posso voar numa vassoura.


+ Mundo aberto de uma beleza impressionante
+ Combate desafiante, mas justo
+ Desempenho sem qualquer tipo de problema
+ Qualidade gráfica e componente sonora bastante imersivas

– Modo Perfomance retira muito à beleza do jogo
– A forma como a história e quests são apresentadas pode tornar-se aborrecida
– Menus pouco intuitivos
André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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