Desde o início da aventura da Google no hardware é a segunda vez que temos a oportunidade de vos contar o que achamos dos telemóveis da marca norte-americana. Tudo começou em 2023 com a chegada ao mercado nacional dos Google Pixel 8 e agora, em 2024, a Google apresenta, em Portugal, os modelos Google Pixel 9, Google Pixel 9 Pro e Google Pixel 9 Pro XL… deixado de lado o Google Pixel 9 Pro Fold.
Durante o último ano o meu telefone diário tem sido o Google Pixel 8 Pro, mas a semana passada tive a oportunidade de fazer upgrade para o novo Google Pixel 9 Pro XL, um telemóvel ainda mais focado nas suas capacidade de Inteligência Artificial [IA] onde o Google Assistant é claramente deixado de lado e entra em palco o Gemini, o novo modelo de IA da Google.
A análise que se segue vai estar focada nas diferentes características do telefone, incluindo as de IA, mas tenham em atenção que nem todas elas estão disponíveis em Portugal na altura de lançamento do telemóvel e não sabemos se virão a estar. Por aqui tive a oportunidade de testar o telemóvel no seu potencial máximo, unicamente porque vivo, atualmente, no Reino Unido.
Onde comprar:
Ponto a ponto:
O novo design é claramente vencedor
Digam o que disserem, ao comparem um telemóvel vão sempre olhar para o aspeto. Mesmo que digam que não importa, vai importar sempre. Ninguém vai querer comprar um telemóvel que ache feio. Os Pixel 8 não eram telemóveis feios, pelo contrário, mas os novos Google Pixel 9 levam o aspeto da família de smartphones da Google para um novo nível.
A ilha traseira com as câmaras continua bem presente, mas agora com um aspeto mais limpo. Mais incorporado no restante telemóvel onde continua a chamar à atenção e a ser a forma mais fácil de identificar um Pixel, mas de forma mais subtil. A ilha está agora centrada, em vez de ir de uma ponta à outra do aparelho, e tem a mesma altura em todo o lado… dando ao equipamento um ar mais elegante.
O restante design do Google Pixel 9 Pro XL também foi alterado por completo, enquanto que os aparelhos anteriores tinham um aspeto mais arrendado nas extremidades do telemóvel, a família Pixel 9 chega com ângulos mais retos, tornando o telemóvel mais confortável na mão e com um aspeto mais atual, até mais capaz de sobreviver ao tempo.
Mas melhor que vos falar do aspeto do telemóvel, é mostrar-vos com detalhe este Pixel 9 Pro XL:
Um editor de bolso com excelentes câmaras
Desde que a Google começou a apostar em força na fotografia mobile que os Pixels sempre tiveram na luta para as melhores câmaras do mercado. Com o Google Pixel 8 Pro a evolução foi boa, mas com o Google Pixel 9 Pro a evolução faz com que mais que um telemóvel, este equipamento seja um editor de bolso, com excelentes capacidades de IA e que, como bónus, traz câmaras de boa qualidade agarradas ao smartphone.
Em condições de luminosidade decentes as câmaras portam-se muito bem em qualquer um dos zooms óticos (0.5x até 5x). Os detalhes são bem transportados para o mundo digital e as cores, embora um pouco frias (algo que pode ser facilmente alterado em cada disparo ao ajustar a temperatura dos brancos de forma manual), aproximam-se da realidade. No zoom digital, agora até 30x em fotografia e 20x em vídeo, o processamento feito pelo aparelho faz com que as fotografias fiquem com um nível de detalhe superior aos Pixels do passado e a primeira vez que experimentei fiquei impressionado pela positiva, já que não esperava conseguir ir buscar tanto detalhe a objetos que estão a uma distância considerável.
Neste exemplo importa ainda referir que a janela está fechada e ainda tem uma rede depois do vidro, e mesmo assim os detalhes são surpreendentes:
O novo modo panorama é fantástico, mais fácil de usar através de pontos de referência onde temos que parar por breves instantes para tirar uma nova foto, e o processamento da foto, mesmo em panoramas mais longas, faz com que aquela curvatura característica deste tipo de fotos acabe por desaparecer quase na totalidade, não existindo distorção visível.
Entre as novidades da câmara está o modo “Add Me” [Adiciona-me] que permite que, em fotografias de grupo ninguém fique esquecido, nem mesmo que tirou a foto. A fórmula é simples: Alguém tira a primeira foto ao grupo e depois basta que, numa segunda foto se posicione ao lado do local onde o grupo estava e já está… o Pixel faz magia e junta ambas as fotos para que o resultado seja uma única imagem onde todos estão presentes. Assim:
A inteligência artificial do telemóvel permite ainda fazer edições onde o fundo das fotos é alterado ou detalhes são adicionados fazendo com que passe, cada vez mais a ser complicado distinguir o que é real e o que é algo editado com recursos IA. Nos exemplos que se seguem podem ver fotografias que foram editadas com IA criando assim uma imagem impossível de reproduzir no mundo real, e abrindo as portas à imaginação de cada um para criarem o que quiserem.
Importa apenas referir que esta edição foi feita através da app “Photos”, já que o Pixel Studio não se encontra disponível em Portugal. E ainda que a IA do Pixel 9 não tem capacidade para alterar imagens de pessoas:
A profundidade de campo das fotos, o que dá o efeito bokeh, mesmo sem usar o modo de retrato é muito boa. O telemóvel consegue dar profundidade a cada uma das vossas fotos, fazendo com que os resultados se aproximem cada vez mais dos conseguidos numa DSLR e não pareçam tão “flat” quanto pareciam há pouco mais de 3 ou 4 gerações de smartphones.
Podem ainda mudar a foto para objetos ou pessoas que não se encontrem em primeiro plano ou até fazer lock a um determinado objeto, garantindo que o mesmo fica em foco mesmo que queiram alterar o enquadramento da fotografia.
É cada vez mais claro que, para os entusiastas de fotografia, que não querem ou não podem ter um telemóvel e uma câmara de algumas centenas de euros, o Google Pixel 9 Pro e o Google Pixel 9 Pro XL (que contam com as mesmas especificações) são excelentes escolhas.
Olhem-me bem este prego:
Mas nem tudo é fantástico. Algo que peca no Google Pixel 9 Pro, mas que acho que poderá ser revisto com uma atualização é a capacidade do telemóvel em processar fotos em ambientes mais escuros. Ao utilizar o telemóvel durante a noite, principalmente nos modos de 5x ou em Zoom digital é percetível que a tentativa de processamento que o aparelho faz a cada foto acaba por dar ao utilizador um resultado muito abaixo daquilo que seria esperado.
Não só pela fotografia ficar com pouco detalhe mas também porque os pretos ficam esverdeados e a necessidade que o Pixel tem de ir buscar luz a sítios onde ela não existe acaba por nos dar cores pouco naturais e resultados menos bons.
Talvez a capacidade de trabalhar com pouca luz não possa ser alterada, mas o processamento de fotos é algo que uma atualização de software possa resolver, tornando os resultados que em nada surpreendem em algo melhor, mais próximo dos seus rivais.
AI que não funciona… em Portugal
O grande ponto de venda dos novos Google Pixel 9 e Google Pixel 9 Pro é a sua capacidade ao nível da Inteligência Artificial e a verdade, como já conseguiram ver nos exemplos acima, é fantástico. Conseguem fazer coisas impressionantes tendo em conta que não é um supercomputador, mas sim um aparelho que cabe no vosso bolso.
E embora o Google Gemini esteja disponível em Portugal, apenas em inglês, e funcione bastante bem existem outras aplicações que infelizmente não vão estar disponíveis no nosso país. Por aqui tive a sorte de as conseguir experimentar, já que vivo atualmente no Reino Unido, e por isso vou-vos explicar de forma bastante resumida o que fazem e como é que foi a minha experiência em utilizar as mesmas:
- Pixel Studio – A imaginação (dos prompts) é o vosso limite. Esta aplicação permite-vos gerar imagens através de IA sem qualquer esforço. Todo o processamento é feito pelo telemóvel e demora apenas alguns segundos. É bastante divertido de usar e pode ser útil caso precisem de inspiração para uma qualquer criação. Por exemplo, imaginem que querem fazer um filme da famosa franquia Avengers, mas com cães e ainda não têm os atores escolhidos… simples:
- Screenshots – Uma das mais úteis aplicações do Pixel 9 e que infelizmente não está disponível em Portugal. Se forem como eu de certeza que têm centenas de screenshots guardados no vosso telemóvel, mas e depois como é que é quando querem encontrar um deles? É uma dor de cabeça.
Com a aplicação Screenshots tudo fica mais fácil, cada vez que fazem uma destas capturas podem adicioná-la a uma biblioteca específica para facilitar encontrar tal imagem através do seu tema, ou podem ainda usar as capacidades de IA do telemóvel para encontrar uma morada, uma conta ou até uma mensagem que se lembram minimamente do conteúdo. São minutos recuperados e menos uma dor de cabeça cada vez que querem encontrar uma imagem.
Pela minha experiência na última semana, nota-se claramente que a aplicação está feita para a língua inglesa (pelo menos por agora) e que ao procurar material em português as coisas ficam mais compridas. Ao usar palavras em inglês os resultados são muito bons, e melhoram para screenshots que já estejam organizados por categorias.
No fim de contas a IA do Google Pixel funciona muito bem e faz com que o telemóvel que já é muito bom fique ainda melhor. É uma pena que algumas das aplicações não funcionem em Portugal e/ou em português, mas isso não faz com que o telemóvel deixe de ser menos interessante. Até porque esta falta de IA em Portugal pode muito bem se dever a restrições da União Europeia o que fará com que outras marcas acabam por sofrer com o mesmo tipo de impedimentos.
Considerações finais
O Google Pixel 9 Pro XL chega ao mercado nacional com um preço inicial de 1.219€, mas a verdade é que as campanhas de pré-compra são muitas, incluindo na loja Google, o que fazem com que o telemóvel possa ser adquirido a um preço mais baixo.
No mercado dos topos de gama é difícil encontrar um telemóvel melhor que este Pixel, e dependendo da utilização que lhe vão dar pode muito bem ser uma excelente escolha. Não escrevo isto de forma leve, mas desde do lançamento do iPhone 6 que tenho sido utilizador Apple, foram muitas as vezes que voltei por breves instantes para o mundo Android, mas nenhum telemóvel me conseguiu agarrar.
Com a chegada do Google Pixel 8 ao mercado nacional tudo mudou, a experiência Android ficou mais orgânica, mais natural. Muito devido à atenção que a Google deu ao software e hardware para funcionarem em conjunto… deste então que nunca mais tive vontade de voltar para o iOS e o Google Pixel 8 Pro passou a ser o meu telemóvel do dia a dia.
Agora com o Google Pixel 9 Pro XL está tudo ainda melhor, desde o design à fluidez do equipamento, ao ecrã OLED de 120Hz… o Pixel 9 tem tudo para conquistar mercado à concorrência Android e iOS.