A série lendária da Square Enix tem mais um capítulo, Final Fantasy XVI, e desde que foi anunciado, os fãs deliraram com os primeiros trailers pela qualidade gráfica e também pela premissa que seria um jogo mais obscuro (fala-se na inspiração em Game of Thrones), trazendo até nós um mundo de intrigas, política e traições.
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Todos os Final Fantasy são diferentes entre si e este não é exceção, adicionando dos momentos mais espetaculares que já vi num videojogo, mas retiraram muitas coisas que têm sido habituais na série, o que pode ser controverso.
Ponto a Ponto:
Não percam o fio à meada
A história deste jogo pode ser bastante complexa derivada às longas cinemáticas que despejam informação e complexidade política inerente ao mundo de Valisthea e luta pelo seu poder, mas também por um bem maior.
Em Final Fantasy XVI somos Clive Rosfield, seguindo-o durante 18 anos, equanto se transforma de aristocrata a revolucionário e salvador deste mundo. Mundo esse em que alguns humanos chamados de Dominants têm poderes e se podem transformar em Eikons, criaturas massivas com poderes de Deuses. Já os Bearers podem usar magia, mas são brutalmente subjugados pelo controlo dos seus dons e existe um mal chamado de Blight, que rapidamente está a tornar os continentes em zonas áridas e inóspitas.
A série sempre foi definida pelas suas histórias e narrativas, e este título equilibra várias das influências pelo qual é conhecida. A justaposição entre o bem e o mal, encontramos criaturas fantásticas como chocobos e moogles, também temos um Cid, que é um dos melhores da série bem como um antagonista bastante cativante que nos mantém agarrados até ao fim.
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Fala-se muito da influência de Game of Thrones e o próprio produtor Naoki Yoshida mencionou esse facto, mas o que vi foi um tema mais adulto em Final Fantasy. Temos todo este mundo de fantasia, mas temos sangue, palavrões, cenas de nudez e um tom bastante obscuro nas relações entre algumas personagens.
FFXVI toma o seu tempo a caracterizar as personagens principais e fá-lo de maneira brilhante, com o seu guião e o trabalho dos atores que se destaca nas vozes, principalmente Clive e Cid.
A par da história e da sublime maneira que esta é contada em FFXVI, existem mais virtudes que os fãs estão habituados a tomar atenção nestes jogos, gostando ou não das mudanças implementadas pela equipa.
Combates épicos e impressionantes
Como amante de combates por turnos, tenho visto um decréscimo de jogos que usem esta maneira de lutar, mas Final Fantasy XVI é um puro RPG de ação e foi inquestionavelmente a melhor decisão para este jogo, dado o estilo de Clive.
O combate é um dos pontos positivos que mantém o alto ritmo que o jogo tem. Claramente tem a influência de Devil May Cry 5 porque o diretor de combate é Ryota Suzuki, o mesmo de DMC5 e Dragon’s Dogma. Pode não ser tão complicado com no jogo da Capcom, mas é gratificante, vistoso e muito divertido, principalmente do meio para a frente, o que torna convidativo para os fãs de jogos de luta entrarem no género RPG de ação. Semelhante a jogos de ação pura, Clive pode juntar vários ataques que se transformam em combinações explosivas. Obtemos várias habilidades durante a aventura que mantêm o jogo fresco e adaptamo-nos a várias abordagens e a vários combates de modo a desbastar o mais possível da barra de energia dos inimigos. Ocasionalmente temos batalhas contra Eikons, as bestas mitológicas de Final Fantasy e alter-ego dos Dominants e estas em termos de comandos são muito mais simples, mas estas lutas são o ponto alto de Final Fantasy XVI.
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Nota-se que o maior investimento deste jogo foram as cinemáticas e as lutas entre Eikons porque se nota a mestria de artistas e programadores nestas sequências que chegam a durar 30 minutos e são tão impressionantes que nem quis acreditar o que via. Sem grandes spoilers, mas a luta com Titan é capaz de ser dos momentos mais espetaculares que vi num videojogo. Faz parecer que a Square Enix quis homenagear os épicos encontros de Dragon Ball ou de Asura’s Wrath com a magnitude que estes combates atingem. Todas as lutas com Eikons são assim, e é algo que nos move, atingir o próximo ponto de boss para sermos impressionados com espetacularidade.
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Mas o contraste entre os passos principais da campanha principal e as missões secundárias é gritante. As pequenas histórias que vamos encontrando nestes jogos deveriam adicionar ao lore, ao quadro geral do mundo em que estamos. Em Final Fantasy XVI senti que estas quests, tirando uma ou outra, são incrivelmente sub par. Não espelham a qualidade impressionante que o resto do jogo tem. Com objetivos super simples e sem sumo, fiz skip a muitas das conversas por serem uma perda de tempo. Se o jogo já não tem muita exploração por serem zonas semiabertas, ao menos estas missões poderiam ser mais interessantes para atrair o jogador para o end game caso quisesse acabar a aventura primeiro.
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A Square Enix poliu muito bem Final Fantasy XVI e nota-se bastante. Joguei maioritariamente em modo qualidade e vaguear pelas áreas semiabertas de Valisthea, navegar pelos menus e equipar habilidades, a experiência é suave e sem problemas de maior, não vi nenhum bug nem nenhuma situação que me retirasse da imersão. Em modo performance a conversa é outra. Algumas quebras de frames nas áreas semiabertas, texturas que contrastam bastante na sua qualidade e aqui sim, parece um produto inacabado pelo tempo que o demoraram a polir e depois de dizerem que não ia ter day one patch. Mas levou.
JRPG puro, Action RPG ou apenas um jogo de ação?
Para quem é fã e já jogou vários Final Fantasy é difícil contextualizar que tipo de jogo é.
É acima de tudo extremamente simples em tudo o que faz e há coisas que gosto e outras que preferia que se mantivesse semelhante às referências anteriores.
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Existe crafting, mas é bastante simples, bem como equipar armas e acessórios o que nos deixa focar no combate e na história, mas existem poucas variedades de itens para o que estou habituado. Para nos curarmos, apenas existem potions, hi potions e elixir. Não há magias como o cure, cura ou curaga. Não existem assim tanta variedade de inimigos e criaturas, mas o que mais me fez confusão é que ao contrário de outras entradas na série, não nos infligem status, como confuse, silence, curse e por aí fora. Acho que iria completar ainda mais as batalhas, podendo alterar de um momento para o outro as nossas hipóteses.
Considerações finais
Algumas decisões que foram feitas não me agradam muito, mas sem dúvida que é o jogo ideal para quem se quer iniciar em Final Fantasy. Simples e acessível, o jogador não tem de pensar muito em andar em menus constantemente a afinar a sua build para se divertir com o jogo. Há que goste desse desafio, mas temos de respeitar a visão da Square Enix porque se focou na experiência e aí Final Fantasy XVI brilha nos momentos principais da história.
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Nas missões principais podem contar com um dos jogos mais impressionantes das vossas vidas, onde o momento a momento é brilhante, tenso e com algumas batalhas que sustive a respiração dada a intensidade das mesmas. Com altíssimos níveis de produção, grafismo e banda sonora estonteantes, podem contar com uma viagem incrível.
Tudo o que está entre essas missões pode não ser tão excitante e quebrar muitas vezes o ritmo do jogo, mas é um mal necessário que apenas não está com a mesma qualidade do resto.
Final Fantasy XVI pode não ser o meu Final Fantasy, mas vão-se divertir imenso (e chorar uma lágrima) com a última entrada da série da Square Enix que eleva mais uma vez a qualidade nos videojogos.
N.R.: A análise a Final Fantasy XVI foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo disponibilizada pela Square Enix.