F1 2021 – Análise

O Fórmula 1 tem ganho muitos adeptos nos ultimos anos. Muito por culta da série da Netflix, Drive to Survive, que nos mostra um pouco de cada uma das temporadas do Campeonato do Mundo da modalidade de forma mais dramática, ideal para atrair publico. É normal que F1 2021, o jogo da Codemasters (agora parte da EA), aproveite essa popularidade do desporto e ganhe também mais uns milhões de fãs.

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F1 2021, o jogo, trouxe um pouco desse espírito “netflix” até às mãos dos jogadores com a adição do modo Breaking Point. Este modo é uma espécie de modo carreira, mas ainda mais dramático. Aqui seguimos uma história bastante linear, com algumas surpresas no meio, mas será que a série que agora está de volta à EA continua a dar prazer de conduzir?

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Tenho que ser sincero, foi a minha primeira experiência F1 no PC. Todos os outros jogos da série que tenho jogado, horas e hora a fio, entraram cá em casa através de uma das consolas. Este ano, o primeiro com um PC capaz de aguentar carros a 300km/h, entrou através da Steam e posso começar por dizer que fiquei surpreendido, não só com o jogo, mas também com as capacidades da placa gráfica.

Jogado com um AMD Ryzen 7 3700X 8-Core Processor a 3.60 GHz, 16Gb de RAM e uma NVIDIA GeForce RTX 3060 (12GB). DLSS ativo e definições no “high” foi-me possível jogar com 60fps estáveis a 3840 x 2160. Nada mau para a placa de entrada de gama da série 30 da NVIDIA.

Entrar no carro e começar a conduzir

Claro que à primeira vista as coisas pareceram muito melhores, afinal de contas estou a jogar em 4K a 60fps pela primeira vez. Parecendo que não faz a diferença, principalmente tendo em conta que o F1 2020 foi jogado numa PlayStation 4. Mas calma, foi ao entrar no carro que tudo realmente mudou. Sentado confortavelmente numa cadeira que imaginei ser feita à minha medida, tal e qual o cockpit de um dos monolugares da Fórmula 1, parti para a pista: a primeira foi Silverstone, uma das minhas favoritas e que este ano até esteve nas bocas do mundo

Depois de mexer aqui e ali para tentar ter um setup mais à minha medida (algo que o jogo nos deixa fazer de forma surpreendente, mas já lá vou) segui numa volta lançada e com os settings como usava o ano passado, bastou chegar à primeira curva para perceber que tinha que voltas às boxes e rever as coisas: o carro estava mais instável à saída das curvas, não aguentava tão bem o pé pesado no acelerador. Para explicar: geralmente jogo de volante, sem assistência de travagem e sem assistência na tração, mas este ano, durante as primeiras centenas de voltas tive que meter o controlo de tração no mínimo para me conseguir adaptar às diferenças do jogo.

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Volante com alguns ajustes e controlo de tração revisto e lá fui eu novamente. Desta vez a primeira curva correu muito melhor, e segui viagem. A nível gráfico posso dizer que a viagem foi bastante agradável, o primeiro run com cerca de 50 voltas deu para perceber que o asfalto parecia mais asfalto e que fora de pista também os elementos pareciam mais próximos da realidade. Esta aproximação era feita não só através da visão, mas também através do tacto. A cada saída de pista mais agressiva, a cada cortar de curva (mesmo que de forma ligeira), era possível sentir o carro a perder controlo ao mesmo tempo que sentia as vibrações em cada um dos pneus que saiam do asfalto… isto tanto de volante como de comando.

Acredito que F1 2021 ainda não se aproxime dos simuladores de topo, mas a verdade é que está a fazer um excelente trabalho ao trazer a simulação, cada vez mais próxima da realidade, ao grande público. Referir ainda que durante a primeira corrida com outros carros, ainda num dos modos de “treino”, encontrei alguns artefactos, ao usar a visão por cima do capacete do piloto, quando olhava para trás. Para além dos carros dos adversários parecerem sofrer de soluções era ainda possível ver uma espécie de motion blur no meu carro… algo estranho e que em nada foi alterado quando desci para 2160p ou mesmo para 1080p.

F1 2021 traz uma história demasiado linear

O novo modo de F1 2021, Breaking Point, é quase como que um estender do modo de carreira, mas com um maior foco na narrativa, apelando ao desejo de histórias dramáticas que existe em quase todos nós. Aqui acompanhamos uma jovem promessa do desporto automóvel, enquanto dá os seus primeiros passos na prova rainha.

A forma mais simples que tenho de explicar o que senti nas primeiras duas horas deste modo (acabam em cerca de 5 horas) foi que me imaginei dentro da série da Netflix. Se conduzir acaba por ser igual a qualquer outro modo, as cut scenes antes, depois ou até durante cada uma das corridas estão sempre carregadas de drama e muita emoção, algo que me fez vibrar ao ponto de festejar o resultado de um destes momentos.

Mas se é este o modo que pode atrair novos jogadores também é este o modo que pode deixar muitos jogadores de pé atrás. A história está feita para jogar no modo mais díficil de todos ou para quem é “rookie” nestas andanças da F1 virtual. Digo isto porque ao jogar na dificuldade intermédia encontrei alguma dificuldade em dar seguimento à história… seja porque depois de uma vitória dizem que fiz um excelente trabalho em ficar nos pontos, ou porque depois de um pódio conseguem dizer que fui um dos melhores a meio da tabela.

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Isto acontece porque existem certos objetivos que temos que cumprir na corrida e ao ultrapassar tais objetivos a história não é alterada, apenas assume que os alcançamos. Acabando por tornar as coisas um pouco anti-climáticas. Imaginem, uma vitória com a Williams e vem o assistente e diz “excelente trabalho no meio da tabela”… desculpa?!? Bem sei que é a primeira, ou das primeiras, tentativas para trazer algo do género até ao F1, mas seria interessante, muito interessante até ver uma história menos linear. Algo que alterasse mais de acordo com os nossos resultados e que nos deixasse vibrar nos momentos entre corridas tal e qual como foi possível vibrar durante as corridas.

Outro aspeto parvo, sim parvo, de F1 2021 durante este Breaking Point é a falta de atenção, ou preguiça (não deve ser falta de budget, certo EA?), por parte da equipa responsável pelos assets a usar. Começamos na F2 e na nossa primeira época de F1 ainda a Alpine é a Renault, a Aston Martin é a Racing Point e os carros estão todos com o aspeto da época passada. Ou vá, quase todos, o safety car escolhido é nada mais nada menos que um Mercedes AMG GT R vermelho… que na verdade só foi usado pela primeira vez já a Racing Point se chamava Astron Martin.

O modo Breaking Point em F1 2021 tem os seus problemas, mas acaba por ser uma boa forma de entrar no jogo, de sentir a paizão pelo desporto automóvel e pelo simulador. Ideal para quem é novo neste mundo ou para quem quer uma experiência diferente, eu vou continuar a preferir treinar no modo “time trial” e testar os meus atributos de condutor nos modos online, seja com amigos ou em salas abertas… até agora os servidores têm-se aguentado.

Prefiro jogar desta forma porque o modo online tem uma vantagem: não precisam de lidar com a Inteligência Artificial do jogo, que embora esteja um degrau acima quando comparado com o ano passado, continua a ter alguns problemas a abordar curvas… talvez esteja demasiado real.

Considerações Finais

F1 2021 traz mais realismo, principalmente no comportamento dos carros ao cortar uma curva ou a tentar volta a pista depois de alguns momentos de off-road. Adiciona ainda um novo modo que, mesmo com os seus problemas, acaba por ter a capacidade de levar o jogo a um novo público. Breaking Point não é o meu modo favorito, mas é o modo de jogo que mais quero ver a ser revisto e ainda mais desenvolvido para o ano.

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É-me simples recomendar este jogo, sou apaixonado por desporto automóvel e tenho um carinho muito especial por Fórmula 1. Por isso, caso sejam como eu, ou tenham apenas vontade de experimentar um simulador da melhor competição automóvel que existe à face do planeta, este F1 2021 é para vocês. Nem vale a pena pensar duas vezes. Caso não saibam onde se estão a meter, e não confiam no que vos digo, experimentem a edição do ano passado, fiquem a morrer de amores pela Fórmula 1 e depois juntem-se a mim num qualquer circuito por este mundo fora.

Ah, uma última coisa: em F1 2021 vai ser possível correr em Portimão… mas só lá para a frente!


+ Mais realismo durante a corrida
+ Inteligência artificial um degrau acima quando comparado com o ano passado
+ Muito bem otimizado para PC
+ Modo Breaking Point tem alguns problemas, mas é uma boa adição

– História de Breaking Point é muito linear
– Alguma motion blur em câmeras especificas

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N.R.: A análise a F1 2021 foi feita em PC com acesso a uma cópia do jogo gentilmente cedida pela PlayNxt.

André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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