Há por aqui fãs de jogos de estratégia militar? Agarrados à cultura chinesa e à sua tradicional literatura do “Romance dos Três Reinos”? E de porrada de um contra milhares? E de estratégia, também? Ainda bem. Dynasty Warriors 9: Empires tenta encaixar isto tudo em algo que não parece funcionar em mais do que a soma das suas partes.
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Dá por vezes ideia de ser uma obra compartimentada, filha de pais diferentes que tenta encontrar ali no meio um sítio de conforto que não irrite o papá dos jogos de ação frenética e a mãmã do lado administrativo militar. Mas será que funciona? Será que estas diferenças se conseguem unir com a cola mágica da Koei Tecmo que já parece funcionar há tantos com esta franquia? É ler, meus amigos.
Inimigos a voar, mal acabam de falecer, com os gritos a finar, ai ai ai!
O combate em si é onde Dynasty Warriors 9: Empires brilha como os outros jogos da saga, com os toques em diferentes botões na altura certa a permitirem combinações que resultam na aniquilação de centenas de adversários. E combinando isto com os ataques especiais, não há como uma vez por outra não nos sentirmos uns deuses da guerra!
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Os mapas de combate em Dynasty Warriors 9: Empires têm como objetivo a captura ou defesa do castelo de cada facção. No campo de batalha há que eliminar oficiais inimigos, tomar bases e até defender ou destruir algumas armas que podem rapidamente mudar a direção de uma batalha. É bom que existam este tipo de objetivos bem claros, pois com todo o caos espalhado em cada batalha, sabem bem termos onde ir buscar informação clara sobre o que temos de fazer. Mas os mapas em si são muito semelhantes: castelo de uma lado, bases do outro, sem grandes diferenças entre regiões, o que torna toda esta envolvência de uma batalha que se quer diversificada um pouco seca. O bonito caos não acontece.
É melhor combater do que pensar o combate
Acrescentar valor a uma saga que se definiu tão bem e durante tantos jogos nunca seria uma tarefa fácil. Dynasty Warriors é sinónimo de combate de um contra milhares, com a tarefa de conquistar a China, sejamos um simples oficial ou um herdeiro de uma das suas regiões que procuram essa supremacia. O hack and slash de mais inimigos que alguma vez vi na vida continua a ser a característica principal do jogo, pois foi esta que meteu a franquia no mapa.
Mas eis que agora se junta uma porção de RPG militar, onde temos uma série de decisões para tomar que fazem avançar um mês de cada vez até chegarmos a um conselho militar que nos incentiva a alcançarmos alguns objetivos, como conquistar certa região ou conseguirmos reunir mais alimentação ou até soldados para defender a nosssa causa. Vamos subindo na escada militar e podemos tomar mais algumas decisões que parecem fazer a diferença na abordagem estratégica que poderia entusiasmar até os fãs de Age of Empires… Mas não o faz. Este lado administrativo de um reino em ascensão restringe-se no fim de contas a um clicar incessante em menus intermináveis. Uma série de estatísticas good guy/bad guy é-nos apresentada depois de, por exemplo, decidirmos utilizar as colheitas para alimentar a população ou pilhar uma região adjacente, ou estabelecer relações comerciais, militares, pactos de sangue, até casar e ter filhos. Mas tudo isto tem que ser puramente imaginado, pois, lá está, tudo acontece apenas nos menus. Algumas das ações que podemos tomar são visualizadas através de uma pequena cena em FMV, mas que pecam por ser por vezes absurdas e com uma falta de qualidade gráfica que entristece o mais acérrimo fã da saga.
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Mas se quiserem ignorar estes menus aterradores e decidirem tomar o vosso reino conquistador pela próprias mãos, há a possibilidade de se encontrarem com os vossos generais, recrutarem novos e estabelecerem algumas novas companhias percorrendo os meandros circundantes do vosso reino. Parece giro, certo? Sim, o problema é que a qualidade gráfica destes momentos de passeio como o próprio jogo denomina são aterradores e nada têm a ver com o que encontramos nas fases de combate. É algo que simplesmente não se percebe. Ficamos no limbo de decidir entre menus atrás de menus ou fazer as coisas por nós próprios em visuais saídos da Playstation 2.
Não é bonito de ver
Não é muito a minha área de análise, mas não há como escapar a esta evidência: Dynasty Warriors 9: Empires é um jogo feio. As texturas, os ambientes nos campos de batalha, os próprios modelos de personagens estão feios que dói. O que vale é que por vezes a ação é tão rápida que podemos dar o benefício da dúvida e pensar que aquelas árvores, edifícios e pedras parecem bolhas de tinta espalhadas devido a ser tudo tão imediato e veloz. Mas se pararmos por um momento, vemos que não nos podemos continuar a enganar. Graficamente não é apelativo e não fosse a génese do jogo (o combate alucinante) e seria uma péssima opção para se gastar algum do dinheiro que tanto custa a ganhar.
Considerações finais
Dynasty Warriors 9: Empires cumpre o seu objetivo de dar mais do mesmo a quem venera estas obras: combate divertido, cheios de novas adições que fazem com que as batalhas tenham reviravoltas e não sejam tão planas de acontecimentos. Isto dá a quem gosta o suficiente para ter aqui umas horas de puro divertimento.
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Já o lado mais tático pode ser um fardo que muitos não querem simplesmente carregar, com os seus menus incessantes de decisões que parecem estéreis de influência e de genuíno interesse de quem joga.
O facto de graficamente não brilhar (e estou a ser simpático) aniquila as grandes hipóteses de ser algo que me arrebate, por mais amor à cultura que dá a conhecer que se tenha.
Dynasty Warriors 9: Empires tenta unir o sal e pimenta dos jogos de guerra, mas obtém água e azeite numa desagradável não mistura.
N.R.: A análise a Dynasty Warriors 9: Empires foi realizada numa PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Ecoplay.