CreatorCrate

CreatorCrate – Análise

A produção independente ganha força à medida que a descentralização da cena dos videojogos se torna uma realidade e a facilidade com que se pode lançar um jogo hoje em dia com a ajuda de uma multitude de ferramentas e plataformas faz do indie uma tendência que se saúda.

CreatorCrate é um perfeito exemplo disso, sendo uma obra de um homem só, que dedicou os últimos a produzir um jogo em que acreditava e onde ditou as suas regras e direções.

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Com várias ideias inovadoras saídas deste espírito independente, mas com a desvantagem do trabalho isolado em algo aparentemente megalómano, será CreatorCrate um novo astro de videojogo ou estará destinado a vaguear sem rumo e sem sucesso por esse universo que é a Steam? Apertem os cintos, que vamos ao espaço! Imprimir cenas. Pois.

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Impressões aleatórias

CreatorCrate tem como protagonista um pequeno protótipo em forma de caixa que consegue produzir quase todos os objetos no seu interior, como uma impressora 3D. Mas esta pequena máquina inventiva ganha consciência e aquilo que mais deseja é ser livre. Então, está formado o objetivo do jogo: conduzi-lo à liberdade, tendo que sair de uma enorme estação espacial circular. E não se prevê ser nada fácil, pois quando o jogador vê o mapa percebe a densidade da tarefa que o espera. É também aqui que surge o aspeto roguelite do jogo, pois cada vez que a nossa pequena máquina de fazer armários, cadeiras e armas é derrotada, a ação vai ser retomada num outro ponto da enorme base espacial circular.

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Tendo em conta que CreatorCrate não conta com muitas informações, é uma boa forma de dar um novo objetivo ao jogador para que o consiga ultrapassar, embora esta premissa interessante caia rapidamente num bocejo, pois apesar da localização ser diferente, os níveis e locais são todos muito semelhantes e isso leva rapidamente a um desapego para o jogador mais sedento de variedade. Parece que a máquina que produziu estes níveis tinha apenas uma planta e repetiu-a até à exaustão, com perigos físicos e inimigos incluídos…

É preciso ter carta de impressora para manobrar?

CreatorCrate e o seu pequeno herói libertário têm uma arma muito importante a seu favor: a impressão 3D. Isto é, desde que tenha a sua planta e energia, todos os objetos, desde armas, materiais de escritório e até pessoas, podem ser produzidas para desbloquear qualquer dificuldade e usadas de forma livre, o que permite várias soluções para cada caso. A mobília bloqueia os lasers inimigos, pode-se arremessar tudo o que se encontra, facas que cortam fios, ácidos que derretem paredes, armas que disparam… A originalidade impera aqui e é a característica mais inventiva deste jogo independente. Isto aliado à randomização da localização, faz de CreatorCrate um jogo cheio de potencialidades… Até lhe tocarmos.

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Os seus controlos são o pesadelo de qualquer jogador. Seja usando a tradicional combinação teclado e rato, ou até com um comando, tudo é demasiado responsivo e as obrigatórias combinações de controlos fazem de uma ação tão simples como saltar ou arremessar um objeto material de pesadelos. Avançar nos níveis torna-se completamente impraticável mais para frente da progressão quando a gravidade é alterada, tornando tudo ainda mais complicado e a frustração parece ser a única coisa fácil de atingir.

Demasiado fora da caixa…

CreatorCrate não é um portento visual e faz da repetição de modelos e ambientes o seu hábito, embora seja um esforço incrível de alguém para o produzir. Mas para um jogo que se pretende com a temática da impressão 3D, todos os modelos e estruturas parecem bastante unidimensionais.

É um jogo com bastante humor, apesar de não se esperar, e tem nas suas cut-scenes os momentos mais inspirados, enquanto vamos sabendo mais de tudo aquilo que envolve aquela base espacial e a missão da pequena caixa de impressão.

Considerações finais

CreatorCrate ganha na originalidade com os seus níveis sempre diferentes a serem gerados e apresentando um herói improvável, com algumas mecânicas que transmitem alguma loucura salutar a um jogo de plataformas desafiante. Mas o desafio torna-se rapidamente num suplício, pois os comandos estão longe de estarem otimizados, sejam eles com rato e teclado ou com comando, frustrando rapidamente.

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Contém um humor característico que se saúda em cut-scenes, mas que contrasta com a banalidade dos níveis que são apresentados, sendo recorrente o jogador ter de voltar para trás, pois pouca ou nenhuma informação é dada.

CreatorCrate vê-se e sente-se que é um verdadeiro jogo independente, mas que precisa ainda de bastantes melhoramentos para poder demonstrar aquilo a que se propõe: um roguelite espacial cheio de imaginação.

CreatorCrate é um roguelike cheio de ideias originais, mas que é traído pela dificuldade que os seus controlos apresentam e pela sua produção em série de níveis e elementos.

+ Randomização de níveis

+ Boas ideias com execução

+ Cut scenes divertidas

 

– Controlos muito complicados e demasiado sensíveis

– Níveis enormes e com pouca informação

– Depois do fator novidade se extinguir, pouco resta

N.R.: A análise a CreatorCrate foi realizada em Windows PC com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Plan of Attack.