Backworlds – Análise

O mundo dos puzzles e plataformas em videojogos são quase tão antigos quanto a própria indústria. Desde cedo que o exercício da mente e a coordenação foram estimulados por criadores e apreciados por jogadores, ao contrário do que uma pequena franja da sociedade pensava e ainda pensa o contrário, mantendo aquela ideia vulgar e ultrapassada de que esta arte apenas potencia a violência e o desperdício de tempo.

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Tendo isso em conta certamente e uma vastíssima experiência na área, a Logic Ember, um estúdio que engloba alguns veteranos da produção deste estilo distinto de videojogos criou Backworlds, que se destina a espicaçar as mentes mais curiosas do mundo das plataformas e dos puzzles, aliando-lhes visuais interessantes.

A portabilidade para a Nintendo Switch era o próximo passo natural, sendo esta a casa da maioria deste tipo de obras. Será Backworlds um quadro mal pintado ou uma obra-prima?

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A cor…

Backworlds é um jogo de plataformas com puzzles no qual exploramos um mundo alegre e colorido com uma personagem que se assemelha a um gato verde que tem o poder de usar pincéis que alteram a cor dos cenários. O vislumbrar de uma paisagem bonita contrasta rapidamente com a escuridão de uma outra dimensão, revelando caminhos alternativos e obstáculos que podem ser deslindados. Utilizando o D-Pad, usa-se o pincel que vai ter o tamanho que o jogador desejar, tendo em conta o que se pretende ultrapassar.

Existem plataformas, inimigos que estão colocados de forma estratégica, mas pacífica para travar a progressão, obstáculos naturais com o som mais tranquilo que se pode ouvir… Até parece que o jogo provoca quem o joga com este panorama idílico, para o frustrar com os puzzles mais difíceis.

Claro que nada é demasiado difícil, mas como bom jogo que envolve uso de massa cinzenta, o jogador vai ter que se preparar para perder algum tempo a pensar numa possível solução. E eis que Backworlds apresenta uma liberdade que não se está habituado a ver neste tipo de jogo: é-nos permitido deambular pelo cenário, escolhendo livremente qual o puzzle que queremos atacar, fazendo inclusive uso das propriedades físicas que o mesmo apresenta

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Esta não linearidade acaba por dar uma sensação de permissão investigativa, que pode providenciar ao jogador um desanuviar depois de um puzzle que se apresenta demasiado difícil, para depois lá se voltar, evitando aqueles sempre pouco apetecíveis desligares de consola em frustração. E há ainda uma função de redefinir a posição da nossa personagem, uma espécie de reset no puzzle.

À medida que cada puzzle se torna mais difícil e desafiante,  mais os ensinamentos dos puzzles anteriores são postos em prática para progredir. Backworlds recompensa a aprendizagem e estimula a criatividade, permitindo que haja variadas formas de superar os desafios.

 Pontos positivos para o gato verde!

… E o negro.

O grande problema de Backworlds pode ser o facto de emanar aquela aura de jogo demasiado fofo e bonito. Não há qualquer tipo de narrativa que explique o que quer que seja e tinha sido uma boa inclusão nesta obra. Há de certa forma uma passividade no jogo que pode por vezes desviar a atenção do comum jogador para outras coisas mais movimentadas e com mais enquadramento de história.

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O jogo acaba por centrar a sua ação na descoberta de pequenas poças de cor flutuantes que, quando juntas, formam uma grande poça flutuante de cor, abrindo um caminho para o nível seguinte. Não é mesmo a forma mais entusiasmante de marcar a progressão. Existem também os “confrontos” com os inimigos e bosses em que pouca ou nenhuma consequência é atirada para o jogador: os inimigos normais não infligem qualquer dano ou perda de vidas ao nosso gato verde, e quando esse contacto acontece com os bosses, o jogador é atirado para o início desse nível. Bem se sabe que o foco do jogo é o pensar e executar o que fazer para ultrapassar o nível, mas há um nível de pasmaceira que se atinge que pode desmotivar os menos pacientes.

Considerações finais

 Backworlds vence o prémio de jogo mais fofinho do ano, com as suas criaturas adoráveis, cenários com uma beleza muito bem conseguida e música condizente com tudo o que rodeia.

Para além disto, Backworlds é um jogo de plataformas bem realizado, com puzzles que desafiam e premeiam a experimentação, dando ainda a ideia de liberdade na sua exploração, tal como a dicotomia dos mundos que são apresentados com um simples passar de pincel revelando as soluções.

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Os maiores defeitos desta obra serão mesmo a ausência de narrativa, que daria um belo enquadramento a este mundo e ao leque de personagens, bem como os seus controlos difíceis que requerem bastante adaptação.

Backworlds é mais um port do PC para a Switch que utiliza um mundo pintado à mão e com criaturas fofas para nos desafiar com puzzles em diferentes dimensões e que vai recompensar e satisfazer os fãs do género.


+ Cenário e música belos
+ Puzzles inventivos
+ Jogo recompensa a criatividade

– Controlos difíceis
– Sem narrativa

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A análise a Backworlds foi realizada numa Nintendo Switch com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Evolve PR.

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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