O primeiro contacto que tive com Astro Bot foi em Astro’s Playroom, o jogo que acompanha a PlayStation 5 e na altura já referia na minha análise que queria mais Astro e que o jogo era curto. Claro que era um jogo/demo da consola e do Dual Sense e isso tinha a sua razão de ser, mas como não peguei no título original para PS VR, não estava à espera da surpresa que tive no lançamento da PS5.
Astro’s Playroom rejuvenesceu o meu amor por bons jogos de plataformas (que cada vez temos menos) e Astro Bot tem um lugar no panteão do género.
A Team Asobi provou mais uma vez a sua mestria com Astro num jogo cheio de charme, easter eggs e muito fan service. Se gostaram do que esta equipa vos trouxe em Playroom, parem o que estão a fazer e joguem Astro Bot.
Quer dizer, leiam até ao fim e depois podem ir.
Nesta aventura, a nossa nave, uma PS5, é destruída e os nossos amigos bots são inadvertidamente espalhados por várias galáxias e o herói de sempre tem de os resgatar, a eles e às peças da nave mãe que sem elas não a podemos reparar e seguir o nosso caminho. Entre cinco galáxias (mais umas surpresas), para cima de cinquenta planetas e desafios que vos vão levar ao desespero, com Astro a ultrapassar tudo e todos para levar a sua avante.
Lá em cima, há planetas sem fim…
Cada nível/planeta é um regalo para os olhos, mostrando não só a beleza, mas a criatividade da equipa da Team Asobi em mostrar todos os pormenores da cultura PlayStation, o tema já evidenciado em Playroom e que aqui atinge o expoente máximo. Ultra coloridos, os níveis exploram diversos temas evidenciando o trabalho artístico que este jogo merece, pondo-nos a olhar para tudo ao nosso redor, contemplando a arte gráfica, mas também a ver se não nos escapa os colecionáveis, peças de puzzle e salvar os nossos amigos.
Depois de arrumar com o boss da respetiva galáxia, temos de resgatar a peça necessário para reparar a nossa nave em níveis muito especiais, inspirados em séries de sucesso como Uncharted, God of War e mais não digo para não estragar a surpresa. Nestes níveis temáticos tornamo-nos nos personagens desses jogos, armas incluídas, acompanhados de remisturas dos temas originais e até troféus específicos para ações nesses níveis, relacionados com os jogos originais. Tudo pensado, tudo extremamente bem realizado, um prazer para quem está a jogar.
Para além dos planetas chamados “normais”, em cada galáxia podemos descobrir outros pequenos níveis que são mais desafios que outra coisa. Entre eles, como eu lhes chamei, desafios Sacred Symbols. São quatro desafios em uma de quatro galáxias com os símbolos representativos da marca PlayStation, triângulo, círculo, cruz e quadrado e estes níveis são o conteúdo mais difícil que Astro Bot traz. Mais exigentes, mas nunca injustos.
São trezentos bots para salvar dos quais quase metade são personagens ou representações de jogos e produtos Sony PlayStation. Para quem for bem versado nos produtos da marca, tem em Astro Bot, centenas de easter eggs, incluindo também detalhes nos níveis, sons e animações. Muito do charme do jogo é alavancado por esta relação direta e a PlayStation não se esquiva do conceito.
Ao resgatar os bots e todos os colecionáveis, estes são enviados para o Crash Site, o nosso hub onde a nossa nave está a ser reparada. Para além de pequenos momentos de exploração, este hub serve como mostruário que temos vindo a angariar na nossa aventura, como se de um museu se tratasse.
Dual Sense é mais uma vez a estrela
Num jogo de plataformas a jogabilidade tem de ser rainha independentemente do resto e Astro Bot controla-se na perfeição. Os saltos milimétricos, desvio de projéteis, o uso das várias habilidades ao nosso dispor, tudo é perfeito. Não é propriamente difícil, mas a jogabilidade é divertida e interessante, principalmente quando usamos as mais variadas habilidades, necessárias para passar o nível em questão.
Desde galinhas e buldogues às costas para nos propelir mais alto e mais longe, passando por umas orelhas de rato que nos reduz o tamanho sempre que precisarmos e assim aceder a todas as zonas do nível, a nos transformarmos numa bola de aço e sermos imunes a alguns perigos, todas as mecânicas transformam toda a maneira que seguimos em frente. É simplesmente imaculado na conceção e na realização, o que resulta em controlos perfeitos com algo novo de planeta em planeta.
Se a jogabilidade é um sonho, o comando que jogamos também adiciona e muito à experiência Astro Bot. Se Playroom era a demo perfeita para o Dual Sense, podem esperar tudo elevado a nesta nova aventura. Todas as qualidades deste comando são aproveitadas e brilham mais que nunca. Feedback háptico, gatilhos adaptativos, altifalante integrado, tudo ajuda na imersão de Astro nos mundos que atravessa.
É o primeiro jogo, para além de Astro’s Playroom, que vos digo para jogarem sem auscultadores. Isto porque o som que sai na coluna do comando complementa a ação que passa no ecrã e, aliado à vibração háptica, dá-nos a sensação que engana o nosso cérebro e sentimos que estamos mesmo a patinar no gelo, ou a andar nos vários pisos disponíveis. É realmente impressionante a maneira que o Dual Sense é aproveitado nos jogos Astro e nunca o foi tanto noutros jogos.
Se há algum aspeto de Astro Bot que não me impressionou tanto, e que pensei que me fosse transformar a vida, foi a banda sonora. As composições de Astro’s Playroom são fenomenais e ainda ando com a GPU e a SSD na cabeça, para além de estarem nas minhas playlists. Em Astro Bot, nenhuma me agarrou como as anteriores. A SSD ainda dá um ar de sua graça, mas nenhuma das novas a ultrapassa ou sequer iguala.
Mas atenção que não são nada más, servem bem o propósito do género e as que acompanham os formidáveis bosses, resultam muito bem.
Considerações Finais
Astro Bot é um monstro de jogo, é para mim um dos jogos a observar quando se produz um jogo de plataformas e tirar as ideias certas. Charmoso, brilhante, com excelente jogabilidade e mais uma ode (em conjunto com Astro’s Playroom) à história da PlayStation e quem estiver familiarizado com ela, vai olhar para o ecrã estupefacto com todas as referências e easter eggs que a Team Asobi introduziu neste título.
Num mundo onde quase não existem mascotes de marcas de consolas, olho para Astro e digo, é o personagem perfeito para representar a Sony PlayStation e é o jogo perfeito para que esse conceito volte e para mim é candidato a jogo do ano.
Obrigado Team Asobi por me terem posto um sorriso nos lábios.
N.R.: A análise a Astro Bot foi realizada numa PlayStation 5 com uma cópia do jogo cedida pela PlayStation Portugal.