Análise WRC 9

Há dentro de qualquer um de nós uma memória mais longínqua no tempo ou mais próxima do coração que envolva uma competição motorizada em que somos espetadores. Seja o Tio Zé a brincar com o seu Bolinhas serra acima, fazendo mais barulho do que realmente anda, ou então a assistir um rally à séria, onde se respira de instante em instante, a cada passagem rapidíssima daquelas viaturas quase aladas que parecem voar em quatro rodas.

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De espetador a jogador, a transformação foi rápida e cheia de novos títulos e sagas anuais, que satisfazem quem os joga. E no meio de vários novos jogos que açambarcam todos os tipos de corridas automobilísticas, a Kylotonn Entertainment tem reforçado o seu poderio num dos estilos que mais encantam, por exemplo, o povo português, com a sua adoração ao Rali de Portugal. WRC 9 terá tudo para deixar os concorrentes diretos a comer o seu pó, ou será que vai ficar atascado no meio dos seus problemas literalmente mecânicos? Metam os capacetes e vamos acelerar a fundo!

Senhor jogador, ponha o pé no acelerador!

WRC 9 é uma experiência single-player muito bem conseguida e isso advém de um Modo Carreira que nos permite começar lentamente no mundo secundário das corridas WRC, onde o mesmo carro de tração frontal é conduzido por todos os pilotos, que serve como modelo adaptativo da experiência que virá, algo como um prelúdio automobilístico. À medida que avançamos, vamos testando carros mais potentes, onde podemos impressionar os chefes dessas equipas, podendo surgir novas oportunidades de contratos e de progressões na carreira, até se chegar ao tão cobiçado mundo do Campeonato WRC. Os carros apresentam as suas diferenças e a nossa adaptação permite-nos tomar as melhores decisões aquando de assinar. Esta progressão no Modo Carreira não apresenta grandes novidades, mas acaba por motivar o jogador nas suas escolhas e é extremamente recompensador.

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Mas este modo tem muito mais quilómetros de opções que são apresentadas ao jogador. As finanças, contratação de pessoal, a definição de objetivos e gestão de expetativas e o próprio descanso da equipa, tudo é definido em menus inicialmente confusos e com aparente demasiada informação, mas a que o jogador rapidamente se molda. Há que entrar em diferentes tipos de corridas no planeamento da época, pois as recompensas são também variadas: dinheiro, moral para a equipa e a mais recompensadora, a possibilidade de estar carros históricos que ficaram nos anais da história deste desporto, como o favorito de todos, o Lancia Delta Integrale.

O Modo Carreira é exigente, mas é, ao mesmo tempo, extremamente recompensador devido à variedade de desafios que são apresentados.

A simulação confunde-se com a realidade

WRC 9 assume-se claramente como um simulador. E isso pode servir como agregador ou divisor. As diferentes classificativas que compõem cada uma das catorze provas são variadas, respeitando os verdadeiros ambientes, climas, tipos de piso e os seus elementos presentes nesses países. Manobrar de forma correta o carro em cada curva, por mais acentuada que seja, será sempre um desafio que envolve estudo, tentativa e erro. Toda a envolvência que circunda cada classificativa permite uma imersão total na prova que estejamos a realizar, bem como a câmara dentro do cockpit, que deverá ser usada o maior número de vezes possível para a melhor experiência de jogo. Porém, existem algumas texturas que estão bastante mal idealizadas e realizadas, mas que não atrapalham a beleza intrínseca da experiência. O jogador raramente terá tempo para avaliar estes pequenos defeitos.

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O som, apesar de variado, tendo em conta os veículos que são manobrados, peca por vezes por ser menos potente do que se exigiria, falando também das indicações que o copiloto vai fornecendo, que são por vezes completamente obliteradas pelos sons exteriores. Falta potência onde se exige e há demasiada onde não faria falta. Picuinhices que não prejudicam a experiência de jogo que se quer ruidosa e espampanante.

Multiplayer em casa ou online?

O ecrã dividido em WRC 9 promete tornar este título num dos preferidos para desafiar um amigo na outra ponta do sofá, respeitando as regras vigentes de distanciamento. É extremamente exigente, mas divertido lidar com um adversário na outra metade da televisão, vivenciando os erros um do outro e celebrando-os, enquanto duas máquinas velozes ecoam pela sala ou pelo quarto. É diversão garantida.

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Para os mais preocupados com terem gente em casa ou simplesmente aqueles que preferem ter uma experiência online mais tradicional, o título da Kylotonn Entertainment tem muito por onde optar, onde se destaca o modo Clubs, que permite ao jogador criar os seus próprios desafios e lançá-los aos jogadores dispersos por este mundo aficionado pelas quatro rodas. Tudo pode ser customizado: os carros que se podem usar, as classificativas que serão percorridas, o tempo atmosférico e cronológico que decorrerão no desafio. Claramente o modo mais interessante lançado no modo online de WRC 9.

Considerações finais

Mesmo tendo alguns problemas, sendo fã deste desporto que move multidões em todo o mundo, é impossível ficar indiferente a WRC 9. Toda a experiência de jogo não parece ser apenas uma recauchutagem de entradas em anos anteriores, conseguindo captar a essência do que é vivenciar este desporto automóvel na sua plenitude.

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O som por vezes não corresponde à vibração que esperamos de um jogo de automóveis e não convém olhar para muito longe da pista, pois algumas das texturas são medíocres, mas a alma nervosa da condução, um Modo Carreira sólido e cheio de opções e a promessa da presença em breve do rali português são mais que motivos para fazer de WRC 9 um vencedor neste segmento de videojogos.

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WRC 9 não é apenas mais uma entrada anual no mundo dos rallies e que deixa a sua marca positiva na estrada num competitivo segmento do mundo dos videojogos.

+ Variedade de corridas

+ Modo Carreira imersivo

+ Verdadeira simulação

– Audio sem a potência exigida

– Sensibilidade elevada

– Alguns ambientes exteriores pouco conseguidos

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N.R.: A análise a WRC 9 foi realizada numa PlayStation 4 com acesso a uma cópia do jogo antes do seu lançamento, gentilmente disponibilizada pela Upload Distribution.

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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