Foi há nove anos que vimos chegar à Wii o segundo título da franquia No More Heroes – No More Heroes 2: Desperate Struggle – e os fãs já se questionavam se um novo título veria ou não a luz do dia.
Goichi Suda, o criador da franquia e mais conhecido por Suda51, surpreendeu tudo e todos quando após quase uma década afastado da direção de jogos anunciou, há cerca de um ano e meio atrás, numa apresentação da Nintendo, a criação de um novo jogo da série.
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Contudo, será este o jogo pelo qual os fãs de No More Heroes aguardaram?
Assassino de bugs
Travis Strikes Again: No More Heroes passa-se sete anos após Desperate Struggle. Desta vez, o regresso de Travis Touchdown, um otaku americano que se torna assassino após comprar uma beam katana, vem acompanhado por uma vingança. Badman quer vingar a morte da sua filha, Badgirl, que foi morta por Touchdown no primeiro jogo.
Quando Badman descobre o paradeiro de Travis, ambos envolvem-se numa luta e são sugados pela exclusiva consola de Touchdown, a Death Drive Mk II. A Death Drive tem apenas seis jogos, ou Death Balls, e reza a lenda que é concedido um desejo a quem conseguir terminá-los e, assim, angariar as seis Death Balls. Claro que Badman vê esta situação como uma oportunidade para trazer a sua filha de volta ao mundo dos vivos, por isso ele e Travis juntam-se para ultrapassar os vários jogos corrompidos por bugs e controlados por Juvenile, um bizarro game developer.
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A história vai sendo contada à medida que vamos avançando no jogo através de uns diálogos entre Travis e outras personagens, como a sua gata Jeane, e por vezes tão extensos que o próprio jogo goza com a situação.
Travis e Badman juntos por uma causa
De nível para nível vamos assistindo a algumas diferenças no que respeita à câmara e à jogabilidade. Tanto jogamos numa câmara top down, como numa câmara lateral; ou tanto é um jogo de ação, como um puzzler ou platformer.
Esta troca constante acaba por ser positiva, pois confere alguma dinâmica ao jogo. Ainda assim, tendo em conta o aspeto visual do mesmo e dos vários NPCs inimigos, que são muito semelhantes, acabamos por sentir que os níveis mudam, mas são mais do mesmo.
Tratando-se de um beat-‘em-up no seu core, a jogabilidade é bastante simples em Travis Strikes Again. Temos três tipos de ataques possíveis: um leve, um pesado e um especial. O ataque especial irá depender das habilidades que adquirirmos e equiparmos, sendo que podemos ter até quatro habilidades equipadas em simultâneo.
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A nossa beam katana perde energia com os ataques, por isso temos que estar constantemente a recarregá-la. Até aqui tudo bem, não fosse esta mecânica bastante estranha e até lhe ganhar o jeito confesso que demorei metade do jogo.
No início do jogo podemos selecionar um de três modos de dificuldade, sendo que há um quarto ainda mais desafiante, mas que só será desbloqueado depois de terminarmos o jogo pela primeira vez. A dificuldade dos adversários, no modo normal, é bastante aceitável e vai tornando-se mais difícil à medida que vamos evoluindo no jogo.
Travis Strikes Again pode ser jogado a solo ou em modo multiplayer co-op, em que um jogador assume a personagem de Travis Touchdown e o outro jogador a de Badman. A experiência é divertida, acima de tudo quando somos atacados por hordas de inimigos e desatamos a esmagar desenfreadamente os botões do comando. Contudo, a câmara fixa acaba por ser um ponto fraco do modo co-op e, inclusivamente, tende a estragar a experiência, quando de um momento para o outro deixamos de conseguir seguir no ecrã uma das personagens.
Uma ode à cultura pop
Para um título de uma franquia que foi imaginada aquando de uma ida de Suda51 à casa de banho (isto é verídico), Travis Strikes Again traz-nos momentos deliciosos de nostalgia.
O jogo está repleto de easter eggs, entre os quais referências a filmes de culto como “Terminator”, a bandas de música pop, como os “Bugstreet Boys”, até o realizador “Spielbug” não é esquecido neste jogo.
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Para além disso, todas as moedas que vamos coletando ao longo das cerca de 8-10 horas de jogo servirão depois para serem trocadas por t-shirts colecionáveis, que também fazem referência a jogos indie mais antigos, como Hotline Miami, ou a outros mais atuais, como Dead Cells.
Até a mítica SEGA não ficou de fora – podemos facilmente ver semelhanças entre a Death Drive e a Mega Drive ou reconhecer o som intro da SEGA quando o ouvimos durante o jogo mascarado por uma marca cujo nome não se percebe, mas não seria preciso. Todas estas referências são intemporais e trazem-nos à memória longínquas, mas felizes, reminiscências dos anos 80 e 90.
Considerações Finais
Travis Strikes Again: No More Heroes não é a sequela direta a No More Heroes 2, mas também não é apenas um spin-off. Há muito de No More Heroes neste título, mas a promessa de que um terceiro título da franquia irá chegar se Travis Strikes Again vender bem foi feita.
A ideia de Suda com este jogo foi desviar Travis do seu caminho normal para que a personagem, que o CEO da Grasshopper Manufacture considera ser a essência do jogo, pudesse crescer e preparar-se para a sua próxima aventura.
Assim sendo, não é fácil chegar a um consenso sobre este jogo. Se por um lado, todas as referências à cultura pop e até parte da jogabilidade me chamavam para continuar a jogar, por outro, dava por mim saturada com os NPCs e a repetição das mecânicas.
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O humor, as referências, a própria narrativa suis generis deste título fazem de Travis Strikes Again um jogo muito singular e muito próprio, completamente afastado de tudo o que temos jogado até agora e isso é bom. Mas há algo que falha. Ainda assim, não é todos os dias que temos a oportunidade de fazer ataques com o nome de “Choco Banana Crepe With Caramel Ice Cream” e isso irá, com certeza, fazer as delícias de alguns fãs.
Travis Strikes Again: No More Heroes já se encontra disponível em exclusivo para a Nintendo Switch.
N.R.: A análise a Travis Strikes Again: No More Heroes foi feita numa Nintendo Switch com uma cópia digital do jogo gentilmente cedida pela Nintendo Portugal.