Análise The Raven Remastered – O polícia, o ladrão e o mistério

Certa noite, no museu…

Certa noite, em 1964, tão calma como qualquer outra, uma sombra desliza silenciosamente pelo museu de Londres procurando o seu próximo alvo, o olho da Esfinge, uma de duas pedras preciosas de valor incalculável. Os guardas andam à sua procura, mas a sombra agilmente consegue roubar a pedra preciosa e colocar-se em fuga. Os guardas seguem a sombra mas esta ativa uma explosão que os deixa inconscientes, facilitando a sua fuga. Será este vulto o herdeiro do famoso ladrão Raven, morto à cinco anos? Ou será que a história do passado não é aquela que as pessoas acreditam?

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Revelando o mistério

The Raven Remastered é uma versão remasterizada do jogo de 2013, The Raven: Legacy of a Master Thief, publicado pela THQ Nordic e desenvolvido pela King Art Games.

O jogador começa a sua aventura num comboio, vivendo a história do polícia Anton Jakob Zellner que foi destacado para auxiliar um famoso investigador francês que está a transportar algo bastante valioso. Visto que nos tempos recentes um hábil ladrão tem realizado diversos roubos de tesouros valiosos, é dada bastante proteção a este transporte. Dado as suas capacidades de dedução e a sua enorme paixão por histórias de detetives, Zellner decide ajudar ainda mais a perceber se está tudo em ordem na viagem. Conforme o vai fazendo vai percebendo que algo se passa.

O jogo, uma aventura ao estilo point-and-click, está composto em três capítulos cada um deles com uma história recheada de mistérios, desconfianças e com bastantes pontos para investigar. O jogador controla os movimentos da personagem, andando com ela pelos diferentes cenários interagindo com diferentes objectos e questionando outras personagens, tentando deduzir qual a próxima ação que deverá tomar.

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Os diálogos dão diversas opções para escolher a forma como queremos interrogar as personagens sendo que, na maioria das vezes, existe a possibilidade de se escolher as opções todas, tornando um pouco irrelevante quais as opções escolhidas ou a ordem com que se escolhe. No entanto, é possível perder bocados da história caso certas opções não sejam feitas ou na eventualidade de não se resolver o puzzle antes da história avançar. No entanto, na maioria dos casos a informação em falta não é relevante para o enredo global da história não havendo grande incentivo em repetir-se o nível para perceber o que se falhou.

Para além dos diálogos, existe um enorme conjunto de puzzles de dedução que, na sua maioria, são simples o suficiente para se perceber o que é necessário fazer. Contudo, existem várias situações em que é claro aquilo que se pretende, mas que o jogador só tem a hipótese de o fazer após executar uma determinada sequência de ações. Isto poderá causar alguma frustração ao jogador, mas não acontece com frequência.

Tal como um livro, mas com música

A história certamente não será do agrado de todos mas é surpreendentemente interessante, principalmente para quem gosta de histórias de mistério e detetives como Poirot ou Agatha Christie. Conforme o jogador vai explorando o mundo a mesma vai-se revelando, respondendo a várias questões que o jogador terá (ou assim pode parecer) e adicionando uma nova quantidade de questões. Adicionalmente, a fantástica banda sonora do jogo ajuda a aumentar a imersão na história sendo muito fácil uma pessoa ficar absorvida naquele mundo.

No que diz respeito à apresentação gráfica do jogo, a diferença da versão original para a versão remasterizada é pouco notória, tendo havido uma melhoria no motor de iluminação e as animações foram aperfeiçoadas tornando-se bastante mais naturais e agradáveis.

Apesar do jogo ter uma estrutura algo linear, a sua componente de história interactiva é bastante boa e muito cativante. No entanto, os poucos pontos negativos que realmente se podem apontar ao jogo são demasiado notórios e um deles chega a tirar a diversão da exploração.

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A primeira versão deste jogo foi lançada na plataforma Steam, tendo sido feito com o rato em mente. Sem ser necessário mover o personagem, o jogador teria simplesmente de usar o ponteiro do rato para descobrir os itens com os quais se podia interagir. Após o click o personagem move-se até ao local e, se for o caso, realiza a interação correspondente.

Para as versões de consola a equipa de desenvolvimento decidiu dar a opção ao jogador de controlar os movimentos do personagem revelando os objectos com que se pode interagir quando este se aproximava deles. Este ponto não seria um problema caso o movimento do personagem não fosse tão errático como é. Em várias situações não é possível andar mais e fica sempre a dúvida se tal se deve ao facto de não ser mesmo possível avançar para aquele local ou se está a ser detectado um ponto de colisão que pode ser ultrapassado contornando o obstáculo.

A equipa de desenvolvimento também optou por não suportar o uso do d-pad, sendo necessário o uso do joystick para tudo, incluindo a utilização dos menus, o que não é de todo natural. Dado que o d-pad não tem qualquer tipo de utilização durante o jogo, a falta de configuração parece dever-se a um esquecimento e não a uma limitação de implementação.

No entanto, são os tempos de carregamento que levam o título de pior defeito do jogo, pelo menos na versão testada. Os tempos de carregamento são demasiado longos dada a frequência com que aparecem. De cada vez que o jogador vai para uma próxima zona é obrigado a esperar entre 15 a 30 segundos para que esta carregue. E dada a necessidade de alternar entre cenários com bastante frequência estes segundos vão somando tornando a exploração bastante aborrecida.

Elementar meu caro

The Raven Remastered é um jogo com uma jogabilidade bastante simples chegando quase a tornar-se um filme interactivo. A história cumpre todos os requisitos de uma boa aventura cheia de mistério, personagens muito interessantes e muitos segredos. Com o extra da fantástica banda sonora tinha-se tudo para se ter algo bastante bom.

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No entanto, mesmo aceitando as escolhas feitas em termos dos controlos, o tempo dos carregamentos é demasiado longo, rompendo a imersão da história podendo ainda tirar a vontade de continuar a explorar.

Apesar disso, se o jogador tiver a paciência de suportar os tempos de carregamento terá uma fantástica história cheio de momentos tensos e com muitos mistérios para resolver.

N.R.: A análise a The Raven Remastered foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia digital do jogo gentilmente cedida pela THQ Nordic

The Raven Remastered
Reader Rating2 Votes
6.65
História emocionante
Banda sonora imersiva
Ideal para jogadores que gostem de explorar
Tempos de carregamento demasiado longos
Movimento do personagem erráticos
Não é possível utilizar o d-pad
7
EM 10
Maio: Amante de tecnologia e fotografia, adoro explorar os diferentes mundos dos videojogos, gastando demasiado tempo a andar de um lado para o outro.
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