Certa noite, no museu…
Certa noite, em 1964, tão calma como qualquer outra, uma sombra desliza silenciosamente pelo museu de Londres procurando o seu próximo alvo, o olho da Esfinge, uma de duas pedras preciosas de valor incalculável. Os guardas andam à sua procura, mas a sombra agilmente consegue roubar a pedra preciosa e colocar-se em fuga. Os guardas seguem a sombra mas esta ativa uma explosão que os deixa inconscientes, facilitando a sua fuga. Será este vulto o herdeiro do famoso ladrão Raven, morto à cinco anos? Ou será que a história do passado não é aquela que as pessoas acreditam?
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Revelando o mistério
The Raven Remastered é uma versão remasterizada do jogo de 2013, The Raven: Legacy of a Master Thief, publicado pela THQ Nordic e desenvolvido pela King Art Games.
O jogador começa a sua aventura num comboio, vivendo a história do polícia Anton Jakob Zellner que foi destacado para auxiliar um famoso investigador francês que está a transportar algo bastante valioso. Visto que nos tempos recentes um hábil ladrão tem realizado diversos roubos de tesouros valiosos, é dada bastante proteção a este transporte. Dado as suas capacidades de dedução e a sua enorme paixão por histórias de detetives, Zellner decide ajudar ainda mais a perceber se está tudo em ordem na viagem. Conforme o vai fazendo vai percebendo que algo se passa.
O jogo, uma aventura ao estilo point-and-click, está composto em três capítulos cada um deles com uma história recheada de mistérios, desconfianças e com bastantes pontos para investigar. O jogador controla os movimentos da personagem, andando com ela pelos diferentes cenários interagindo com diferentes objectos e questionando outras personagens, tentando deduzir qual a próxima ação que deverá tomar.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Os diálogos dão diversas opções para escolher a forma como queremos interrogar as personagens sendo que, na maioria das vezes, existe a possibilidade de se escolher as opções todas, tornando um pouco irrelevante quais as opções escolhidas ou a ordem com que se escolhe. No entanto, é possível perder bocados da história caso certas opções não sejam feitas ou na eventualidade de não se resolver o puzzle antes da história avançar. No entanto, na maioria dos casos a informação em falta não é relevante para o enredo global da história não havendo grande incentivo em repetir-se o nível para perceber o que se falhou.
Para além dos diálogos, existe um enorme conjunto de puzzles de dedução que, na sua maioria, são simples o suficiente para se perceber o que é necessário fazer. Contudo, existem várias situações em que é claro aquilo que se pretende, mas que o jogador só tem a hipótese de o fazer após executar uma determinada sequência de ações. Isto poderá causar alguma frustração ao jogador, mas não acontece com frequência.
Tal como um livro, mas com música
A história certamente não será do agrado de todos mas é surpreendentemente interessante, principalmente para quem gosta de histórias de mistério e detetives como Poirot ou Agatha Christie. Conforme o jogador vai explorando o mundo a mesma vai-se revelando, respondendo a várias questões que o jogador terá (ou assim pode parecer) e adicionando uma nova quantidade de questões. Adicionalmente, a fantástica banda sonora do jogo ajuda a aumentar a imersão na história sendo muito fácil uma pessoa ficar absorvida naquele mundo.
No que diz respeito à apresentação gráfica do jogo, a diferença da versão original para a versão remasterizada é pouco notória, tendo havido uma melhoria no motor de iluminação e as animações foram aperfeiçoadas tornando-se bastante mais naturais e agradáveis.
Apesar do jogo ter uma estrutura algo linear, a sua componente de história interactiva é bastante boa e muito cativante. No entanto, os poucos pontos negativos que realmente se podem apontar ao jogo são demasiado notórios e um deles chega a tirar a diversão da exploração.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
A primeira versão deste jogo foi lançada na plataforma Steam, tendo sido feito com o rato em mente. Sem ser necessário mover o personagem, o jogador teria simplesmente de usar o ponteiro do rato para descobrir os itens com os quais se podia interagir. Após o click o personagem move-se até ao local e, se for o caso, realiza a interação correspondente.
Para as versões de consola a equipa de desenvolvimento decidiu dar a opção ao jogador de controlar os movimentos do personagem revelando os objectos com que se pode interagir quando este se aproximava deles. Este ponto não seria um problema caso o movimento do personagem não fosse tão errático como é. Em várias situações não é possível andar mais e fica sempre a dúvida se tal se deve ao facto de não ser mesmo possível avançar para aquele local ou se está a ser detectado um ponto de colisão que pode ser ultrapassado contornando o obstáculo.
A equipa de desenvolvimento também optou por não suportar o uso do d-pad, sendo necessário o uso do joystick para tudo, incluindo a utilização dos menus, o que não é de todo natural. Dado que o d-pad não tem qualquer tipo de utilização durante o jogo, a falta de configuração parece dever-se a um esquecimento e não a uma limitação de implementação.
No entanto, são os tempos de carregamento que levam o título de pior defeito do jogo, pelo menos na versão testada. Os tempos de carregamento são demasiado longos dada a frequência com que aparecem. De cada vez que o jogador vai para uma próxima zona é obrigado a esperar entre 15 a 30 segundos para que esta carregue. E dada a necessidade de alternar entre cenários com bastante frequência estes segundos vão somando tornando a exploração bastante aborrecida.
Elementar meu caro
The Raven Remastered é um jogo com uma jogabilidade bastante simples chegando quase a tornar-se um filme interactivo. A história cumpre todos os requisitos de uma boa aventura cheia de mistério, personagens muito interessantes e muitos segredos. Com o extra da fantástica banda sonora tinha-se tudo para se ter algo bastante bom.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
No entanto, mesmo aceitando as escolhas feitas em termos dos controlos, o tempo dos carregamentos é demasiado longo, rompendo a imersão da história podendo ainda tirar a vontade de continuar a explorar.
Apesar disso, se o jogador tiver a paciência de suportar os tempos de carregamento terá uma fantástica história cheio de momentos tensos e com muitos mistérios para resolver.
N.R.: A análise a The Raven Remastered foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia digital do jogo gentilmente cedida pela THQ Nordic