Análise The Last of Us Parte II

A análise que se segue é completamente livre de spoilers ou qualquer outro tipo de conteúdo que possa estragar a vossa experiência. Porque, acima de tudo, queremos que tenham a melhor experiência possível com The Last of Us Parte II.

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Foi em 2016 que a Naughty Dog melhorou os dias dos fãs de Joel e Ellie ao anunciar a continuação de The Last of Us através da sua segunda parte. Estamos em 2020 e, depois de alguns adiamentos, podemos finalmente dizer que temos a aventura nas nossas mãos. The Last of Us Parte II tem data de lançamento para daqui a uma semana, dia 19 de junho, e a expectativa dos fãs é muita, mas será que o estúdio Norte-Americano conseguiu criar um jogo que viverá acima das expectativas?

A premissa do jogo é simples, Ellie parte numa viagem de vingança onde terá que enfrentar alguns inimigos. Uns já conhecidos outros nem tanto. Uma história de amor, odio, rivalidades, mas acima de tudo uma história forte onde acabamos a combater os nossos próprios demónios.

Mecânicas e encontros mais adultos

The Last of Us Parte II é um jogo que se mostra mais adulto, mais maduro, não só na sua narrativa, mas também nas mecânicas que vai apresentado à medida que avançamos na sua história. Ao começar somos levados a melhor conhecer os controlos do jogo e, ao bom estilo da Naughty Dog, a conhecer a premissa para o que aí vem.

A partir daqui o título convida-nos a explorar cada recanto, cada pedaço de mapa, num mundo que embora não seja aberto transmite essa sensação a cada passo dado. Ao explorar vamos encontrando colecionáveis e claro loot. Este loot encontra-se dividido em três categorias:

Partes mecânicas – Usadas para melhorar as nossas armas, e sim, embora The Last of Us Parte II não seja um jogo demasiado focado nas batalhas armadas, a verdade é que ao melhorar as armas que possuímos vamos sentir alguma diferença, ficando mais fáceis de usar. Isto traduz-se em encontros controlados de melhor forma, principalmente se usarmos a arma certa para tal encontro.

Medicamentos – Estes servem para melhor as nossas próprias habilidades, desde a capacidade que temos para ouvir inimigos à distância até à nossa resistência em encontros com um confronto mais direto, e acreditem… estes são inevitáveis.

Outros objetos – Este conjunto de objetos já é bem conhecido dos fãs de The Last of Us. Inclui laminas, álcool, panos ou até fita adesiva. Com isto poderão fazer craft de kits de primeiros socorros, setas para o vosso arco, silenciadores para uma das vossas pistolas, minas e até balas para umas das vossas armas. Sim, isto é uma novidade relativamente ao primeiro The Last of Us… mas já lá vamos.

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Como já dissemos anteriormente, em The Last of Us Parte II é importante explorar cada pedaço do mapa, talvez mais importante que na primeira parte, isto acontece porque neste segundo jogo existem mais ramificações das habilidades que podemos desenvolver, sendo que algumas vamos encontrando em formato de manual ou revista ao longo da nossa aventura, ou sejam se por acaso passarmos a correr por algum local, sem prestar atenção ao que nos rodeia, poderemos acabar por perder a possibilidade de incorporar uma nova habilidade há nossa personagem.

Uma das habilidades que vamos encontrar é a possibilidade de fazer craft de balas para algumas das nossas armas ou até flechas explosivas para o nosso arco. A verdade é que tanto as balas como as flechas explosivas podem ser essenciais ao ter um encontro com um dos inimigos mais agressivos, e cuidado porque alguns inimigos são mesmos agressivos, por isso, embora estejam a contar os minutos para avançar na narrativa, percam o vosso tempo na exploração pois ao explorarem vão estar a trabalhar para que seja mais fácil avançar na história de The Last of Us Parte II. Além disso vão estar a descobrir mais elementos da história pois existem muitos diálogos, muitas interações, que acrescentam pedaços importantes ao enredo criado pela Naughty Dog que só serão descobertos se estiverem prontos para explorar o jogo e aquilo que o mesmo tem para oferecer.

Se nas mecânicas já percebemos que existem evoluções que fazem com que as mesmas pareçam mais maduras e, de certa forma, também mais importantes para o jogo pela forma como estão desenvolvidas, os encontros com inimigos vão pelo mesmo caminho. Mostram-se mais adultos, maduros e, dependendo da abordagem escolhida, mais violentos. Tudo isto faz com que tenhamos que pensar duas vezes antes de entrar num edifício cheio de clickers ou de atravessar aquela rua cheia de inimigos com armas de fogo e muita vontade de nos desfazer com auxílio de um martelo.

Pensar duas vezes. Sim, porque os encontros com os diferentes tipos de inimigos são um dos aspetos mais importantes do jogo, a forma como estão construídos faz com que ao passar 10 vezes por um mesmo encontro a nossa experiência seja completamente diferente. Isto acontece, em parte, devido à forma como abordamos tal encontro, mas também à IA dos inimigos que está muito bem desenvolvida, tendo comportamentos diferentes em cada uma das experiências nesse mesmo encontro específico.

Este comportamento dos inimigos em conjunto com um level design de topo e o facto da exploração ser um fator importante no jogo, fazem com que seja completamente normal que no fim de acabar The Last of Us Parte II pela primeira vez tenham vontade de voltar a pegar no comando e correr o mundo criado pela equipa da Naughty Dog novamente.

Impressionante

Se o primeiro The Last of Us é visto como um dos jogos que marcou uma geração, não só pela sua história, mas também pelas qualidades técnicas do título a verdade é que The Last of Us Parte II não lhe fica atrás e será certamente um jogo que marcará de forma impressionante o fim desta geração de consolas PlayStation.

O que faz do novo título uma criação impressionante não é apenas um bom trabalho a nível gráfico, um bom trabalho a nível sonoro ou tampouco um excelente trabalho ao nível do level design ou da construção da narrativa. O que faz desta aventura de Joel e Ellie um título impressionante é a forma encontrada pela Naughty Dog para ligar todos estes aspetos e como isso transporta os jogadores para a aventura que estão a viver.

A nível gráfico foi impossível encontrar problemas de animação, ou quebras da frame rate, durante o decorrer de todo o jogo o que só por si faz com que tenha valido a pena esperar por este segundo capitulo de The Last of Us, mesmo com os atrasos que foram ocorrendo ao longo dos últimos meses. Para além disso, as paisagens detalhadas e a forma como o mundo está criado dão a sensação que nos encontramos num jogo em mundo aberto, mundo esse que podemos correr de uma ponta à outra… tudo isto faz com que nos sintamos dentro do jogo desde o minuto inicial da história ao último segundo dos créditos.

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Não é a primeira vez que dizemos que The Last of Us Parte II apresenta-se de forma mais madura, mais adulta, mas também mais agressiva. O trabalho feito com a banda-sonora e efeitos sonoros do jogo contribuem em muito para isto.

Imaginem-se numa sala bem iluminada, mas cheia de clickers e um stalkers à mistura.

Agora imaginem-se na mesma sala, com os mesmos infetados, mas sem luz. Só com a vossa lanterna.

Agora imaginem-se nessa sala, com esses inimigos, apenas com a vossa lanterna, e onde sabem que ao dar um passo na direção errada vão fazer com que um pedaço de madeira faça barulho, ou com que um objeto caia e isso faça com os vossos inimigos corram na vossa direção.

A qualidade do trabalho gráfico, o level design e sem esquecer o ambiente sonoro criado para o jogo, fazem com que alguns encontros sejam agressivos, intensos, claustrofóbicos e ao mesmo tempo sejam das coisas mais gratificantes que alguma vez passaram num videojogo. Isto porque todo o ambiente deste The Last of Us Parte II consegue transportar os jogadores para aquela situação de uma forma tão “real” que no fim, a única coisa que conseguimos fazer, ainda com as mãos a suar, é respirar de alívio e continuar até ao novo encontro.

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Calma, não se preocupem, se o suor for muito podem sempre baixar o nível de dificuldade a qualquer altura do jogo e reverter ao original sempre que quiserem. Sim, o intensidade vai continuar lá, mas muito provavelmente vão conseguir passar aquele encontro mais rapidamente para no fim respirar de alívio.

Por fim, importa referir que a Naughty Dog fez um excelente trabalho para tornar o jogo possível de jogar por quase todas as pessoas que assim o desejem fazer. A disponibilidade de software de acessibilidade, bem como estas pequenas alterações à dificuldade do jogo, fazem com que  The Last of Us Parte II seja um jogo extremamente inclusivo.

Possibilidade de fazer novo mapeamento dos botões do Dualshock 4
A forma como o audio pode ajudar na exploração

Uma pequena nota secundária: Se o jogo já se comporta assim na PlayStation 4 e com o seu “normal” Dualshock 4, não conseguimos deixar de imaginar como será voltar a jogar esta aventura quando a mesma estiver disponível para a PlayStation 5 com o seu Dualsense. Sentir cada passo, cada ranger do chão ou até a força da natureza que vamos encontrando ao longo do jogo… sentir tudo isto nas mãos fará com que esta aventura se torne ainda mais especial.

As emoções em The Last of Us Parte II

Não vamos, de forma alguma, revelar qualquer parte da história de The Last of Us Parte II, vamos sim tentar colocar em palavras aquilo que sentimos ao pegar no comando e viver este novo desafio. A narrativa agora criada é uma montanha-russa de emoções, de sentimentos. Imaginem um jogo, que dentro da mesma hora de gameplay, vos faz sentir felizes, aliviados, tristes, furiosos, desiludidos e, até, conformados.  Tudo isto é possível, tudo isto é possível elevado à potência em The Last of Us Parte II.

Preparem-se, pois existem momentos no jogo, que ao fazer uma qualquer missão em que a vossa personagem está sozinha, se vão, sem duvida alguma, sentir sozinhos, com medo… medo de avançar e ver o que aí vem, medo de ter que fazer uma escolha, medo de virar naquela esquina ou de entrar naquele edifício que aparenta estar vazio. Todo este medo é seguido de uma enorme sensação de alívio, alegria ou tristeza, quando chegam ao fim do dia e estão de novo acompanhados… nem que seja por mais uma, impressionante, cutscene.

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E se os ambientes dentro de edifícios podem parecer claustrofóbicos e até fazer com que o ritmo cardíaco aumente, não fiquem a pensar que a vida está facilitada ao andarem na rua. A verdade é que a beleza do mundo é inegável, mas essa beleza traz também uma falsa sensação de segurança. Existiram momentos em que estávamos tão maravilhados com o esquilo a passar, com coelho a saltar à nossa frente, ou até mesmo com um fim de dia de meter inveja às mais belas  fotografias do nosso mundo, que acabamos por não perceber que estávamos a entrar na toca do lobo, estávamos frente a frente com quem nos queria mal e sem tempo para reagir. Isto é The Last of Us Parte II e o seu mundo, belo mas perigoso.

Considerações Finais

The Last of Us Parte II é muito mais que um jogo, é muito mais que uma história que nos vai sendo contada à medida que abrimos caminho por partes de um mundo que estamos a explorar pela primeira vez… é uma experiência. Uma experiência que nos levará a combater os demónios que habitam aquele mundo e os que habitam na nossa cabeça. Uma experiência que nos faz viajar por um mundo que tem tanto de fascinante como de perigoso, mas acima de tudo, uma experiência que nos faz pensar sobre o nosso mundo, a nossa sociedade e as nossas escolhas.

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O trabalho criado pela Naughty Dog leva-nos numa viagem entre o amor e ódio. É uma história recheada de personagens, de momentos, que rapidamente entram na nossa cabeça e nos fazem perceber que a sociedade onde vivemos, ainda que sem infetados, está fragmentada e que cabe a cada um de nós, e às nossas escolhas, fazer com que esses fragmentos desapareçam e consigamos viver, todos juntos, sem preconceito, sem ideias pré-concebidas e, sobretudo, em paz com nós próprios e com o mundo que nos rodeia.

É por tudo isto que The Last of Us Parte II se mostra mais maduro, mais cru, algo que cada jogador deve viver à sua maneira, sem influências externas. É também, por toda esta experiência que proporciona ao jogador, um marco na história dos videojogos e será lembrado como o melhor jogo da sua geração.

The Last of Us Parte II ficará disponível, em exclusivo para PlayStation 4, no próximo dia 19 de junho.

+ Ambiente visual e sonoro impressionante

+ Level design de grande qualidade

+ Narrativa única 

+ Naughty Dog conseguiu melhorar o que já era bom 

N/A

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N.R.: A análise a The Last of Us Parte II foi realizada numa PlayStation 4 com acesso a uma cópia do jogo antes do seu lançamento. Cópia gentilmente disponibilizada pela PlayStation Portugal.

André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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