Lara Croft apareceu pela primeira vez nas consolas e computadores em 1996 com Tomb Raider. Lançado originalmente para a Sega Saturn e para a PlayStation e publicado pela Eidos Interactive, empresa que foi responsável pelo lançamento dos jogos da franquia até que em 2010, a Square Enix pegou em Tomb Raider e a transformação começou.
Com a marca Tomb Raider o primeiro jogo a ser publicado pela Square Enix chegou ao mercado em 2013 sendo seguido de Rise of the Tomb Raider em 2015, título esse que foi um exclusivo temporário para as consolas da Microsoft. No entanto, ao chegar à PlayStation 4 foi apresentado numa edição relativa ao 20º aniversário da exploradora e trouxe ainda conteúdo exclusivo para a consola da Sony.
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Agora, em 2018, chega-nos o último título da triologia. Shadow of the Tomb Raider chega a ambas as consolas [PlayStation 4 e Xbox One] e aos computadores Windows ao mesmo tempo.
A continuação de Rise of the Tomb Raider
A história do novo título da exploradora mais conhecida do mundo dos videojogos passa-se alguns meses depois do fim de Rise of the Tomb Raider, e continuamos a seguir as aventuras de Lara Croft e o seu amigo Jonah enquanto tentam parar a organização Trinity [uma organização ao bom estilo dos livros de José Rodrigues dos Santos, que tenta controlar o mundo através de artefactos ligados a civilizações antigas]. A história começa com um acidente de avião e logo a seguir faz-nos viajar duas semanas no passado para percebermos como chegamos àquele momento. Estamos então na cidade mexicana de Cozumel durante o conhecido feriado Dia de los Muertos e Lara descobre, em túmulos também investigados pela Trinity, referências a uma “cidade escondida” e um punhal rodeado de avisos apocalípticos. Durante estas descobertas, Lara Croft encontra ainda referência a uma Caixa Prateada e a uma suposta “Limpeza”, um mito apocalíptico da civilização Maia que depois de várias catástrofes acabará num eclipse permanente.
Mesmo com todos estes avisos, e para impedir que Trinity ficasse com ele, Lara acaba por tirar o punhal e logo depois é apanhada pelo antagonista Dominguez que fica com o punhal e conta-nos que quer refazer o mundo à sua imagem e que as ações de Lara acabaram por fazer com que a tal “Limpeza” começasse. Com uma onda de grandes dimensões a destruir a cidade, Lara e Jonah escapam à fúria da natureza e… Lá estamos no avião, prontos a despenhar-nos enquanto vamos a caminho da Hidden City no meio da Amazónia. Será que Lara e Jonah conseguem parar Dominguez e a organização Trinity de seguirem com os seus planos e refazerem o mundo à sua imagem? Cabe a cada um de vós, como jogadores, descobrir a resposta a esta pergunta.
Tal como no jogo anterior também aqui podemos visitar um das fogueiras [Base Camp] que funcionam como check point e onde podemos aumentar as skills [existem skills de Seeker, Warrior e Scavenger] de Lara e das suas armas.
Seeker – Aqui pode evoluir mais de 20 habilidades diferentes que vão fazer com que o acumular de recursos seja mais fácil. Nunca se esqueça, mesmo nos espaços mais fechados podem existir recursos, estas skills vão ajudá-lo a encontrá-los.
Warrior –20 habilidades para aprender novas táticas e técnicas que o vão ajudar a ser um/uma mestre na arte do combate. Aqui dependendo das habilidades que escolhe também o seu tipo de combate vai ser alterado.
Scavenger –20 habilidades que vão fazer com que controle com mais facilidade o mundo à sua volta. Já imaginou conseguir eliminar possíveis fontes de ruído antes de atacar silenciosamente um inimigo? Se escolher as habilidades certas vai conseguir fazê-lo.
Podemos também mudar a vestimenta de Lara, e seguindo a edição de aniversário de Rise of the Tomb Raider, podemos também mudar a aparência da exploradora para a antiga mas tão amada Lara Croft dos primeiros jogos da franquia. Também é aqui que vamos ouvindo partes da história de Shadow of the Tomb Raider, mal chegamos a um dos Base Camps Lara acende a fogueira e partilha connosco os seus pensamentos.
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O novo título da Square Enix é sem dúvida uma continuação da história que nos foi apresentada em 2015 com Rise of the Tomb Raider. Mas se o plot e a qualidade gráfica do jogo estão no ponto, o gameplay deste novo título pode deixar um pouco a desejar quando comparado com o anterior mas já lá vamos.
É tudo uma questão de pormenores
As primeiras horas de jogo mostram-nos um jogo bastante simples e com ações bem definidas acabando apenas por se andar na direção pretendida, sem nunca termos muita dificuldade em encontrar o nosso alvo ou destino, até porque tal como no título anterior temos a preciosa ajuda da tecla R3 [a análise foi feita numa PlayStation 4 Pro], que nos indica o caminho que temos que seguir ou mesmo para onde temos que ir. Ao longo do caminho, vamos encontrar diferentes tipos de plantas ou mesmo caixas e artefactos que convém apanharmos pois é com eles que vamos conseguir fazer novas flechas ou mesmo curativos para a nossa protagonista. Algumas destas caixas têm também moedas que nos vão fazer falta na hora de comprar novas armas ou munições nos mercados locais dos sítios que visitamos. Vamos também encontrar grupos de pessoas armadas com o objetivo de nos dificultar a vida, e a verdade é que o sistema de mira do jogo poderia ser mais afinado, principalmente quando tentamos acertar em alvos mais rápidos. Depois de alterarmos a sensibilidade da mira no menu de jogo, esta situação fica melhor mas mesmo assim longe da perfeição. Ainda na mira, ao pressionarmos o analógico do lado esquerdo podemos colocar Lara do lado direito do ecrã ou do lado esquerdo mas a posição original [esquerda] é reposta após sairmos do modo de mira. Já ao pressionar o analógico do lado direito ficamos com uma vista mais aproximada do nosso alvo, podendo ser benéfico para situações de combate a longas distâncias.
Nem só pessoas se vão colocar no nosso caminho. Nos primeiros momentos do jogo vai logo encontrar um par de felinos que prometem deixar algumas cicatrizes e cuidado ao mergulhar em águas mais profundas que alguns dos seus habitantes não são tão amigáveis como seria de esperar.
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Para além destes inimigos que vamos encontrar para nos dificultar a vida vamos também encontrando, com alguma regularidade como seria de esperar, puzzles que teremos de completar para entrar ou sair de uma determinada área e assim prosseguir na história de Shadow of the Tomb Raider.
No meio de muita escalada, saltos acrobáticos, puzzles e paisagens fantásticas com um nivel de detalhe surpreendente este Tomb Raider tem alguns pontos que podiam ser afinados. Desde puzzles que acabam por não fazer muito sentido (embora se tornem melhores e mais difíceis com o avançar do jogo) ou a facilidade com que Lara lê e traduz figuras em ruínas como se estivessem escritas em inglês moderno, adicionando detalhes por vezes demasiado complexos. Neste caso específico, faria mais sentido seguir a mesma linha que o título anterior, já lançado pela Square Enix, onde Lara teria que adquirir Skills de Linguagem para conseguir perceber alguns dos murais encontrados em ruínas ou mesmo pistas que ia descobrindo no desenrolar da história. Em Shadow of the Tomb Raider tal só acontece mais tarde na história e não se torna essencial para avançar na narrativa principal.
Outro detalhe que nos chamou a atenção (percebemos que isto vos possa parecer um preciosismo, mas numa época cheia de jogos a roçar a perfeição todos os detalhes contam) foi ao entrarmos na cidade de Paititi [uma das maiores áreas exploráveis alguma vez criadas para o universo Tomb Raider] e percebermos que todos os seus habitantes falam inglês. Mesmo estando no meio da Amazônia, sendo uma civilização escondida e sem ligação ao mundo exterior os habitantes conseguem falar um inglês perfeito, seguindo assim a aptidão linguística de Lara Croft neste jogo. Mais estranho foi ao seguirmos a líder dos rebeldes, Untatu, pela cidade um dos habitantes falou numa língua local mas a resposta dada pela líder rebelde foi em inglês.
Há também pormenores que trazem aspectos positivos ao jogo. O melhor exemplo será mesmo o facto que nas atividades como escalada, saltos ou mesmo em corrida para nos esquivármos de ataques inimigos temos que ter um timing perfeito ou acabamos por ser atingidos, cair de um precipício ou mesmo falhar a parede onde queremos ficar agarrados. Este nível de realismo aumenta também a dificuldade do jogo o que tem que ser bem visto dado que a vida de explorador / herói que vai salvar o mundo não me parece algo que consigamos levar em frente sem dificuldades.
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Considerações finais
Neste Shadow of the Tomb Raider, Lara mostra-se mais adulta, demasiado calma e com convicções mais fortes, determinada a acabar com a atividade da organização Trinity de forma a vingar a morte do seu pai, Lara Croft vai percorrer túmulos nunca antes descobertos cheios de situações que podem acabar com a sua vida. O título vai manter-vos ocupados por algumas horas, com puzzles que vão aumentando de dificuldade ao longo que o jogo se vai aproximando do fim e com uma história, como já estamos habituados, que nos vai deixar agarrados ao ecrã à espera de saber como acaba.
Há algo que é importante que todos percebam, principalmente os criadores do novo título de Tomb Raider. Lara Croft nunca vai ser Nathan Drake mas isso não faz da exploradora britânica melhor ou pior que o herói de Uncharted, apenas a faz diferente. Jogos como Uncharted, ou mais recentemente Marvel’s Spider-Man, deixaram a fasquia muito elevada no que toca às animações gráficas ou mesmo à narrativa, mas é importante que os estúdios se concentrem no seu próprio trabalho de forma a conseguir evoluir sem se focarem demasiado na evolução do vizinho. Shadow of the Tomb Raider pode ter competição forte pois foi lançado num ano recheado de bons títulos, mas não lhes fica nada atrás. O novo título da Square Enix transporta-nos para o mundo de Croft numa história cheia de suspense e de muita acção. Este regresso de Lara Croft não nos desiludiu e não vos vai, certamente, desiludir.
Shadow of the Tomb Raider está disponivel para Xbox One, PlayStation 4 e computadores
Windows.
N.R.: A análise de Shadow of the Tomb Raider foi realizada numa PlayStation 4 Pro com uma cópia do jogo disponibilizada pela EcoPlay