Análise Sea Salt

Sea Salt já se encontra disponível para Windows PC, mas nesta análise temos uma surpresa para vocês. A análise a Sea Salt é também a que marca o nosso regresso ao YouTube e às análises em vídeo, esperamos que gostem e contamos convosco para nos apoiar neste novo caminho.

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O início da história

Oh grande Dagon, temível deus primordial, dizei-me o que pretendeis e farei tudo para garantir que essa vontade seja satisfeita. – diz o Bispo para o portal com água salgada.

Quero sacrifícios. – diz a voz que ecoa das profundezas do portal, tão terrível e tenebrosa, capaz de gelar o sangue a qualquer mortal.

Dizei-me senhor, os nomes desses sacrifícios para que as suas almas sejam as apaziguadoras do vosso apetite. – continuou o Bispo da forma mais serventil que foi capaz de dizer. Das profundezas do portal começaram a ecoar os nomes: O escrivão. O padre. A professora.

Assim será feito senhor, irei garantir que sejam encontrados… – diz o Bispo, com uma leve vénia, quando fora interrompido pela voz: O bispo.

E… eu? Mas… mas eu sou vosso servo… eu sou a igreja… não posso morrer. – disse com a voz a tremer e o sangue a gelar.

Eu sou o terror dos mares. O deus temível. Todos irão perecer perante mim. Tu não serás exceção. – disse a voz, sempre profunda, sempre temível.

N… não pode ser senhor. Eu não me posso sacrificar. Eu existo para guiar o meu rebanho. – disse o Bispo enquanto fugia da sala, cheio de terror tão profundo que quase lhe fazia parar o coração.

Ninguém foge de mim. A minha vontade será cumprida. Os sacrifícios serão feitos. – terminou a voz enquanto as forças do mal começavam a ser invocadas das  profundezas do oceano.

Aqui não há heróis.

Sea Salt é um jogo de ação e estratégia, com uma grande inspiração no mundo do escritor Lovecraft. A história tem início quando um Bispo, servente de Dagon, um dos deuses de antigamente, se recusa a fazer a vontade de ser um dos sacrifícios. Esta insubordinação do Bispo faz com que sejam invocadas criaturas das profundezas do mar a fim de fazerem a vontade de Dagon. Caberá aos habitantes e heróis das cidades e aos soldados da igreja derrotarem a ameaça que avança das profundezas.

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Aqui o jogador não tem como função ser o herói da história, mas será sim um dos apóstolos de Dagon, controlando grupos de criaturas que irão invadir as cidades e causar destruição e caos por todo o lado que passem.

O grupo de criaturas é guiado através de uma mira, controlada pelo jogador, que indica para que local do mapa se devem deslocar. Adicionalmente, o jogador tem ainda a hipótese de colocar as criaturas em modo de frenesim fazendo com que estas ataquem tudo o que encontrarem à frente.

O grupo de criaturas terá de atravessar um mapa dividido em secções que representam cada um dos níveis do jogo. Por sua vez, cada nível encontra-se dividido em subsecções que terão de ser erradicadas de vida para ser possível passar à secção seguinte. No final de cada nível existe ainda um adversário mais poderoso, geralmente com a capacidade de destruir o grupo todo com um só ataque. Isto obriga o jogador a pensar bem no que terá de fazer não sendo possível basear-se simplesmente na quantidade de criaturas que tem para vencer o nível.

Colecionar criaturas

No início, o jogador só terá disponível um apóstolo que determinará quais as criaturas com que começa cada nível. Com o avançar do jogo e com o desbloqueio de certas condições, novos apóstolos ficarão disponíveis. Estes disponibilizam novas formas de jogar, seja por permitirem começar o nível com grupos diferentes de criaturas, seja por habilidades especiais que conferem certas vantagens. Por exemplo, reduzir o número de cartas disponíveis nas invocações, mas apresentando cartas mais poderosas, ou então a habilidade de tornar as criaturas mais fortes quanto mais pequeno for o grupo.

Para além das criaturas disponibilizadas no início por cada apóstolo existem ainda outras formas de se adicionar criaturas ao grupo. Uma delas através de altares que se encontram espalhados pelo nível e que permitem ao jogador fazer uma invocação. A outra forma de invocação ocorre conforme se vão colecionando moedas ao longo do nível que, quando encherem o medidor, permitem fazer uma nova invocação sem a necessidade de se utilizar um altar.

Todas as invocações são feitas através de cartas de criaturas que se vão colecionando ao longo do jogo. Cada uma dessas cartas tem a informação da criatura, assim como as suas características e a quantidade de criaturas que serão invocadas com essa carta.

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Espalhando destruição e deixando pixeis sangrentos

Tendo este jogo uma inspiração no mundo de Lovecraft, não é de surpreender que a música e o áudio sejam sombrios. A música consegue transmitir a tensão que se estaria a sentir caso estivéssemos naquela situação que, aliado aos grunhidos arrepiantes de cada criatura, aos gritos das pessoas e aos sons viscerais de cada morte, criam uma ótima experiência imersiva neste mundo de terror.

Em termos de grafismo, a equipa optou por um estilo de pixel art que se adequa bastante bem ao ambiente negro do jogo. No entanto, são frequentes as situações em que se notam as limitações do estilo escolhido, especialmente quando o ambiente fica cheio com criaturas, aldeões e partículas, tornando-se difícil perceber o que está a acontecer e onde estão as criaturas dificultando as tomadas de decisão do jogador.

O terror com falhas e extras

Este jogo tem uma premissa incomum e com bastante potencial. Contudo, a sua execução acaba por ter falhas que afetam negativamente o gosto pelo jogo.

Cada nível tem uma duração relativamente longa que associada à sua natureza repetitiva e ao aumento abrupto de dificuldade, tornam-se algo frustrantes não havendo muito incentivo para se tentar várias vezes o mesmo nível.

São frequentemente apresentados novos adversários com novos ataques e padrões de movimento que ajudam a atenuar um pouco essa sensação de repetitividade. No entanto, após cada apresentação, passam a ser uma presença constante durante todo o nível criando rapidamente a mesma sensação de repetição.

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Uma outra causa de frustração diz respeito ao controlo das criaturas. Em níveis mais abertos é relativamente fácil controlar o grupo de forma a aproximarem-se e afastarem-se dos adversários e executarem os ataques quando pretendido. No entanto, em níveis mais densos, torna-se bastante complicado indicar com precisão para onde queremos que o grupo de criaturas se desloque, pois cada uma delas decide qual o caminho que pretende seguir, não sendo incomum perderem-se pelo mapa ou colocando-se em situações onde serão facilmente derrotados pelo adversário.

Mas, mesmo com algumas destas falhas frustrantes, o jogo continua a ser divertido principalmente no modo extra de Arena.

Aqui temos disponíveis vários mapas, desbloqueados ao longo da história, tendo cada um deles diferentes objetivos e compostos por várias rondas, sendo que no final de cada uma delas o jogador tem a hipótese de invocar novas criaturas para enfrentar as que se seguem.

O destino final

Sea Salt é sem dúvida um jogo diferente, interessante e com muito potencial, mas algumas falhas acabam por o prejudicar com alguma gravidade, não permitindo que todos o aproveitem da forma que merece.

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Mesmo assim, todos aqueles que gostem de um jogo difícil, que gostem de um mundo Lovecraftiano e queiram experimentar estar do lado das trevas, terão momentos divertidos e desafiantes num mundo que terão de encher de destruição e terror.

N.R.: A análise a Sea Salt foi realizada em Windows PC com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Popagenda

Sea Salt - Muito potencial, mas com falhas
Reader Rating0 Votes
Premissa interessante
Modo de Arena
Criaturas variadas
Controlos de difícil precisão
Estrutura longa e repetitiva dos níveis
Alguns cenários demasiado confusos
3
Maio: Amante de tecnologia e fotografia, adoro explorar os diferentes mundos dos videojogos, gastando demasiado tempo a andar de um lado para o outro.
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