Tem um amigo que gosta de tecnologia, quer dar-lhe um presente a condizer, mas ainda não sabe ou não encontrou ‘o tal’? Talvez os auscultadores Qilive Q.1007 possam ser uma opção – o dispositivo de som, relativamente desconhecido do grande público, acabou por revelar-se uma boa surpresa sobretudo pelo equilíbrio muito justo entre qualidade e preço.
A Qilive é a marca de produtos de eletrónica que pertence ao grupo Auchan, retalhista que em Portugal é mais conhecido pela cadeia de hipermercados Jumbo e pelo grupo de lojas de eletrónica Box. A marca que há alguns anos era conhecida acima de tudo pelos televisores, nos anos mais recentes deu o salto para outras categorias de produto como o segmento de áudio, tablets e câmaras de ação.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Os auscultadores Qilive Q.1007 são um dos mais recentes produtos desta aposta e podem de facto ajudar a potenciar a marca como um todo: por 60 euros este equipamento consegue entregar uma qualidade de som bastante consistente, uma autonomia generosa e uma qualidade de construção satisfatória. Ah, já dissemos que são Bluetooth e podem funcionar sem fios?
Olhámos agora com mais detalhe para estes ascultadores.
Discreto is the new sexy
Por força da marca norte-americana Beats, durante alguns anos assistimos à massificação dos auscultadores – não só no número de utilizadores que usam estes equipamentos na rua, mas mesmo ao nível do próprio design dos dispositivos. Headphones grandes, grossos, alguns com acabamentos em cores garridas e outros com luzes LED – os auscultadores passaram a ser feitos para darem nas vistas.
Aos poucos esta moda parece estar a perder alguma força e os Qilive Q.1007 pertencem à nova geração de equipamentos que apostam num visual mais sóbrio. Nada é excessivamente garrido nestes auscultadores: são construídos maioritariamente em plástico, a estrutura que permite ajustar o tamanho é feita em metal e cada auscultador está protegido com uma almofada generosa.
São auscultadores que apostam em linhas arredondadas e simplistas, algo que ganha outra camada de sobriedade se escolher o modelo preto – aquele que o FUTURE BEHIND testou -, ainda que o mesmo modelo esteja disponível noutras cores.
Mesmo sendo construídos em plástico, os auscultadores não transmitem um ar ‘barato’ e têm a seu favor o facto de não serem muito pesados – o peso ronda os 250 gramas. Vai poder usá-los durante algumas horas que não vai sentir aquela presença desconfortável na cabeça.
As almofadas laterais dos auscultadores ainda que confortáveis, talvez pudessem ser um pouco maiores para acondicionarem melhor as orelhas dos utilizadores. Sendo este um aspeto que pode ser melhorado em versões futuras, não é um elemento que arruíne a experiência de utilização dos Qilive Q.1007.
Cada um dos auscultadores está equipado com uma saída multimédia: do lado esquerdo temos uma entrada microUSB para fazer o carregamento dos auscultadores e do lado direito temos uma entrada de áudio de 3,5 milímetros para quando não queremos usar o modo Bluetooth do dispositivo. A saliência do lado direito também funciona como botão dedicado para aumentar o volume ou para trocar de faixa – basta rodar esse botão para a esquerda ou para a direita.
O emparelhamento Bluetooth funciona bem, ainda que possa não ser totalmente fácil de perceber à primeira tentativa. Por norma quando ligamos um aparelho de áudio sem fios, ele dá um sinal sonoro de que está ativo e isso significa que a ligação Bluetooth pode ser feita.
Nos Qilive Q.1007 é um pouco diferente: o utilizador precisa de continuar a carregar no botão de energia mesmo depois de ouvir o primeiro aviso sonoro, pois só ao segundo é que o Bluetooth fica ativado. Quem ler o manual de instruções antes de ‘brincar’ com o equipamento não terá esta dificuldade, mas aqueles que gostam de saltar diretamente para a utilização poderão sentir-se um pouco perdidos.
Depois de estar emparelhado, seja com o smartphone, seja com o PC, as ligações futuras são estabelecidas de forma muito rápida e não sentimos qualquer quebra na ligação mesmo estando a quatro ou cinco metros do smartphone.
Os Qilive Q.1007 têm ainda conexão NFC, mas aqui a experiência foi mista: num equipamento conseguimos fazer emparelhamento logo à primeira, num outro smartphone acabámos por não conseguir fazer o emparelhamento por NFC. O Bluetooth está sempre lá para ‘salvar’ o dia, mas só é vantajoso ter NFC nuns auscultadores se este funcionar sem falhas, caso contrário é um extra sem grande sentido.
Bom $om
Quem compra uns auscultadores como os Qilive é porque vai à procura de uma qualidade de som superior àquela que pode ser conseguida, por exemplo, com os earphones que vêm de origem com os smartphones. Tendo em consideração o preço dos Qilive, 60 euros, a qualidade sonora é bastante satisfatória.
Os auscultadores conseguem atingir bons níveis de volume, ao ponto de deixar de ouvir aquilo que está a acontecer à sua volta – e nem é necessário estar no máximo. A espessura considerável das almofadas dos auscultadores também desempenha um papel importante na contenção do som e no isolamento de barulhos externos, pelo que a experiência sonora é agradável.
Nos níveis mais altos de volume os headphones aguentam-se bem, não cedendo aos agudos e reproduzindo com limpeza todos os sons. Mas quem gasta mais de 50 euros num equipamento dedicado de áudio também vem à procura de melhor qualidade nos graves, pois é aí que a maior parte dos sistemas de som low-cost se esbarram.
Podemos dizer que os Qilive Q.1007 correspondem de forma satisfatória a esta tarefa e não desiludem no campo dos graves. Conseguimos sentir as batidas mais profundas das músicas ou aqueles sons mais intensos de um filme ou série. Os sons não são profundos ao ponto de sentirmos o feedback háptico dos sistemas com bons sistemas de graves, mas tendo em conta que estamos a falar de uma experiência que se quer acima de tudo sem fios e não muito dispendiosa, então boa nota para os Qilive.
Também existe uma boa independência entre os canais de áudio, algo que só se sente se o som for desenhado para tirar partido desse elemento – é algo que poderá experimentar, por exemplo, com a banda sonora do filme Blade Runner 2049.
Por fim mais um ponto positivo, desta vez na área da autonomia. A ficha técnica do equipamento fala em 20 horas de tempo útil de utilização – ainda que não tenhamos chegado cientificamente a esta marca, podemos dizer pelo menos que estamos bem encaminhados.
Desde o dia em que tirámos os Qilive Q.1007 da caixa que nunca os carregamos – depois disso já passaram várias horas de música, dois filmes e uns quantos episódios de séries. Nem sequer ouvimos qualquer aviso de que a bateria está a entrar nos seus últimos resquícios.
Este é um aspeto de bom valor, pois as pessoas não estão habituadas a ter de carregar os auscultadores com a mesma frequência que carregam os smartphones. O ideal é carregá-los apenas uma vez por semana ou nem isso. Claro que tudo vai depender do seu perfil de utilização – se for daqueles que passa oito horas por dia no computador a ouvir Spotify enquanto está no trabalho, então terá de carregar os Qilive sensivelmente duas vezes numa semana, algo que mesmo assim é satisfatório para um dispositivo Bluetooth deste tamanho.
Considerações finais
Os Qilive Q.1007 foram uma surpresa agradável no sentido em que entregam uma boa experiência de utilização para o investimento que exigem. É um equipamento com um preço justo e pode ser ideal para aqueles que querem fazer um upgrade sonoro, mas não querem investir muito mais do que 50 euros.
Claro que por este preço leva um dispositivo simples e pragmático: cumpre bem as suas funções essenciais e não vem equipado com grandes extras. Não há tecnologias de ponta de cancelamento de ruído, não existem algoritmos específicos para direcionar da melhor forma o som e não ostenta uma construção luxuosa.
Temos por outro lado um microfone integrado que nos permite atender chamadas e falar ao telemóvel, mesmo sem que este esteja por perto. Não é um elemento extraordinário, mas pode ser bastante útil.
No geral os Qilive Q.1007 são um bom investimento e um passo perfeitamente executável para aqueles que querem começar a degustar com mais calma e qualidade diferentes experiências sonoras. O facto de serem Bluetooth e de terem uma boa autonomia são factores que por si só valorizam o equipamento.
Os auscultadores são por isso um investimento a considerar para quem está à procura de um equipamento de som neste nível de preço e podem ser especialmente interessantes se ainda está à procura daquele presente de Natal para o amigo ou familiar tecnológico.