Quando em 2014 a HP apresentou o portátil Omen, o entusiasmo foi geral: a tecnológica, que na altura tinha perdido algum fulgor nos computadores, trazia algo completamente diferente para o mercado. Todos viram no Omen traços de criatividade da Voodoo, uma empresa de gaming que se destacou pela beleza dos seus computadores e que a HP tinha comprado em 2006.
Muitos pensavam que o ADN da Voodoo se tinha perdido por completo na estrutura gigante da HP, mas aquele Omen trazia esperança. No ano seguinte, em 2015, foi lançada uma versão melhorada do portátil, mas que não acrescentava muito em termos estéticos – nem precisava, na altura o Omen foi uma pedrada no charco.
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A HP sentiu a confiança do mercado e o mercado sentiu a confiança da HP. Pareciam estar reunidas as condições para que tudo corresse bem daí para a frente e em certa medida foi isso que aconteceu. No ano seguinte a HP decidiu pegar na marca Omen e transformá-la oficialmente na sua submarca de gaming.
Um dos resultados mais espetaculares desta transformação foi o Omen X, um desktop deslumbrante em termos de estética. Por outro lado, a linha de portáteis Omen desse ano, ainda que interessantes do ponto de vista da relação qualidade-preço, era demasiado genérica em termos de aspeto – demasiado desinspirada para sermos sinceros.
Ao mesmo tempo a Asus continuava a conquistar jogadores com os seus portáteis ROG, verdadeiros símbolos do gaming, e a Acer tinha escalado a concorrência neste segmento ao apresentar portáteis da linha Predator muito interessantes. Quando comparados com estas submarcas, os portáteis da marca Omen pareciam meninos de coro.
Estava instalada a confusão – justamente na altura em que a HP estava a apresentar os seus portáteis mais bonitos, como é que a empresa foi vacilar na área dos videojogos, uma na qual a personalidade do equipamento é uma característica essencial?
O ano de 2017 trouxe uma nova abordagem da HP ao segmento dos portáteis de gaming e os resultados são substancialmente melhores. O novo HP Omen 15 transpira pormenores de gaming e apresenta um desempenho bastante sólido em termos de jogabilidade. Olhamos agora com maior detalhe para a proposta de valor que este computador pode representar para os consumidores.
O modelo testado pelo FUTURE BEHIND é o que custa 1.500 euros e vem equipado com um ecrã de 15,6 polegadas Full HD, processador Intel Core i7-7700HQ, gráfica GTX1050 Ti com 4GB de memória dedicada, 16GB de memória RAM, 128GB de armazenamento em SSD e 1TB de armazenamento em HDD.
De volta ao caminho certo
O HP Omen 15 é um bloco maciço de computação. Quando pegamos nele para tirá-lo da caixa sentimos de imediato que é grosso, pesado e que é um equipamento de linhas vincadas. Quando lhe tiramos a proteção e passamos a mão na tampa, notamos de imediato que a HP decidiu prestar maior atenção aos pormenores.
A parte superior do portátil está dividida em dois grandes padrões, um que tenta imitar alumínio escovado e outro que é composto por pequenas saliências em zigue-zague que dão textura ao equipamento. O jogo de tons escuros destes materiais contrastam bem com os pormenores avermelhados que caracterizam a linha Omen.
Quando abrimos o computador encontramos uma dobradiça central bastante grande, acompanhada nas laterais por dois frisos geométricos. Estes frisos são os melhores pormenores de design do computador: na parte frontal funcionam como o sistema de som do HP Omen 15 e na parte traseira funcionam como o sistema de ventilação. Visto de trás estes dois elementos parecem até saídos de um carro topo de gama, ao estilo Lamborghini.
Temos depois um teclado preto, retroiluminado a vermelho e também com o lettering das teclas a vermelho. A HP decidiu destacar as teclas WASD de tudo o resto, por serem teclas essenciais na maioria dos jogos de computador. Esta é uma opção que até pode fazer sentido de um ponto de vista prático, mas que está pouco conseguida do ponto de vista visual, destoando do restante equipamento.
A base que acompanha o teclado é feita em metal, o que acaba por ser um elemento que enriquece um pouco o portátil enquanto peça de hardware e que enriquece bastante a experiência de utilização. O metal escolhido está escovado ao ponto de ser bastante suave, o que permite deslizar as mãos pelo teclado sem qualquer atrito.
Resumindo, notou-se aqui um esforço da HP para endereçar aquela que foi uma das principais críticas do Omen 15 na sua edição de 2016. Apesar da melhoria considerável, a HP pode e consegue fazer melhor se tiver ambição para isso. Basta considerar que em termos de estética e design o novo Omen é, por exemplo, muito parecido com o Lenovo Legion Y520. Se por norma nenhuma marca gosta que os seus equipamentos sejam apelidados de ‘parecidos’ com outro qualquer outro dispositivo, no segmento do gaming isso aplica-se a dobrar.
Ainda assim os potenciais compradores levam para casa um portátil que é bonito, está bem conseguido do ponto de vista estético, transpira robustez e garante uma performance que vai agradar aos jogadores.
Desempenho sólido
O HP Omen 15 está longe de ser a maior bomba do mercado no que diz respeito a poder de computação bruto. Basta ter em consideração que nem sequer vem equipado com as placas gráficas de topo de Nvidia, as GTX1070 e GTX1080. Se tal acontecesse, também seria impossível ostentar um preço de 1.500 euros tendo em conta as restantes especificações.
A GTX1050 Ti cumpre perfeitamente o seu desígnio: permite jogar os títulos mais recentes com definições honrosas. Por exemplo, um Middle Earth: Shadow of War consegue executar sem problemas neste portátil com todas as definições gráficas do jogo em High.
Tendo em conta que este é um portátil que vem equipado com um ecrã 1080p – ou seja, não há qualquer ganho palpável em executar jogos em Ultra HD -, o Omen 15 está perfeitamente à altura dos jogos atuais mais exigentes. Deixamos aqui em baixo um conjunto de imagens retiradas do jogo a executar no portátil da HP para ter uma noção da definição e das texturas que pode conseguir extrair desta máquina.
Em termos de compatibilidade com sistemas de realidade virtual, o HP Omen 15 consegue garantir total suporte para os Oculus Rift e algum suporte para os HTC Vive. Levanta-se aqui exatamente a mesma questão que se levantou com o Lenovo Legion Y520, que vem igualmente equipado com uma gráfica GTX1050 Ti – nos HTC Vive uma parte das experiências de realidade virtual serão compatíveis com esta placa gráfica, mas as mais exigentes poderão não ser ou poderão ter um desempenho abaixo daquilo que é aconselhado. Considere-se portanto avisado em relação aos HTC Vive e avance por sua conta e risco neste campo.
Em termos de desempenho geral enquanto computador, o HP Omen 15 entrega uma experiência bastante sólida. É rápido a executar todas as tarefas, seja o streaming de conteúdos, seja a navegar pela internet, seja em videoconferência ou com vários programas a executar em simultâneo na barra inferior do Windows.
No final de contas não há grandes surpresas neste campo – um computador que se quer bom para jogos tem de ser muito bom ou excelente a realizar quase todas as outras tarefas.
A boa velocidade de resposta do computador está muito ligada ao facto de este ter um disco SSD de 128GB. Não é muito espaço segundo os padrões de consumo atuais, mas é um espaço suficiente para ter as principais aplicações do Windows e um jogo ali alocados. Tudo o resto pode ir para o disco de um terabyte.
Parte da boa experiência que o computador transmite também está diretamente relacionada com o teclado que a HP escolheu para este seu modelo. Está bem distribuído, as teclas têm um tamanho razoável, têm uma distância de viagem curta e rápida – o que é bom para quem necessita de precisão e para quem precisa de carregar várias vezes no mesmo botão.
Gostamos particularmente do facto de a HP ter colocado botões dedicados e que garantem um bom feedbackno trackpad, não tendo caído na tentação de integrar os botões diretamente no painel. Às vezes simples é sinónimo de melhor.
O Yin e o Yang deste computador
O elemento menos entusiasmante deste computador é o ecrã. Sim, tem 15,6 polegadas e uma resolução Full HD, o que à partida garante condições mínimas ideias para desfrutar de uma boa sessão de videojogos. Acontece que o ecrã do HP Omen 15 não é particularmente forte no capítulo do brilho, o que por sua vez faz com que também não seja particularmente forte no capítulo do contraste e da reprodução de cores.
Diríamos que é um ecrã assim-assim – também não pense que é um sacrilégio para os olhos -, mas tendo em conta que estamos perante uma máquina com um bom desempenho gráfico, o ecrã é o outro componente que deveria brilhar obrigatoriamente em termos de experiência multimédia. É o ecrã que nos puxa para o mundo do jogo, que nos pode ou não deixar encantados com os diferentes cenários digitais. Um ecrã que é assim-assim pode acabar por influenciar negativamente a nossa relação com um jogo.
Um pormenor que está indiretamente relacionado com o ecrã, mas que acaba por ser um apontamento positivo, é o facto de a HP ter colocado seis borrachas em torno do ecrã para evitar que o mesmo fique em contacto direto com o teclado quando o portátil está fechado. Pode parecer um apontamento sem grande importância, mas vai ajudar a manter o ecrã muito mais limpo ao longo da sua utilização.
Se o ecrã é o Yin deste computador, a autonomia é o Yang. Vai conseguir extrair até duas horas e meia de jogo neste computador, o que não é mau tendo em consideração que há portáteis de gaming que pouco mais de hora e meia conseguem aguentar.
O que acabou por surpreender no HP Omen 15 é a gestão que faz da energia quando não está a ser usado para jogos. Ao contrário do que acontece noutros portáteis de gaming, nos quais o consumo energético continua em ‘altas rotações’, neste caso ficou a ideia de que é possível quase chegar às quatro horas de autonomia em utilização normal.
Não é uma autonomia brilhante, mesmo entre portáteis de gaming, mas é uma autonomia sólida e que deverá garantir uma resposta satisfatória para os seus utilizadores.
Vamos considerar isto como um aspeto positivo, pois um portátil de gaming não deixa de ser um portátil para muitas outras tarefas, o que por norma torna os portáteis de gaming em autênticas máquinas de stress para os seus utilizadores. ‘Oh não, lá se vai a bateria, será que trouxe o carregador?’. Com o HP Omen 15 não sentimos esta pressão e isso é um elemento positivo.
Considerações finais
Resta referir dois últimos aspetos que podem ser importantes na sua tomada de decisão: o som e as entradas multimédia do computador.
Relativamente ao som a HP fez um bom trabalho, pois consegue garantir uma boa experiência sonora no Omen 15. O computador atinge bons níveis de volume, faz uma boa reprodução de graves e agudos, e nota-se que o som emitido pelo computador consegue ser envolvente, pois as colunas têm um bom direcionamento. É verdade que os gamers jogam acima de tudo com auscultadores, mas quem paga 1.500 euros por um portátil gosta de levar tudo a que tem direito e com qualidade.
Já em termos de conectividade o computador também está bem apetrechado. Temos mini-DisplayPort, HDMI, entrada Ethernet, três portas USB 3.0, uma porta USB-C, entrada para microfone, entrada de áudio de 3,5 milímetros e entrada para cartões microSD. Está bom assim?
A HP produziu o Omen 15 de forma a que ele possa ser um todo-o-terreno para o seu utilizador: existe um bom equilíbrio entre design, performance e até autonomia.
Louvamos o trabalho de evolução feito pela HP na sua linha de portáteis Omen, o que prova que a marca ouve os seus clientes. Mas para nós não chega – já vimos que a HP consegue fazer mais e melhor, sobretudo no que toca a distinguir os seus computadores da restante concorrência. Façam o Omen X dos portáteis!
Enquanto testámos o HP Omen 15 não conseguimos deixar de pensar no Lenovo Legion Y520. São ambos portáteis de gaming, têm o mesmo processador e a mesma placa gráfica. Ainda assim o computador da HP é 300 euros mais caro.
Se em termos de desempenho estão ela por ela, o HP tem como elemento extra uma combinação de armazenamento SSD e HDD, aquilo que faz mais sentido em portáteis de grande poderio – os SSD sozinhos não chegam, mas ficar confinado a um HDD também seria um tiro nos pés.
Além disso o HP também garante o dobro da memória RAM, o que podendo não ser completamente crítico neste momento, pode acabar por assegurar melhores condições e melhores desempenhos no futuro, à medida que os jogos vai ficando mais ‘pesados’.
Claro que naquilo que importa – a placa gráfica – os computadores estão equilibrados, terá portanto de olhar para outros factores como o ecrã, a autonomia e o som, para tomar uma decisão final.
No geral sentimos que se o HP Omen 15 custasse menos 150 euros, esse teria sido o ‘ponto de rebuçado’ para o seu valor. Não que 1.500 euros por um portátil que entrega uma boa performance de videojogos seja excessivamente caro, mas também não vemos na máquina aquele toque de ‘midas’ que nos faça investir 1.500 euros sem procurarmos primeiro outras alternativas.