Análise HP Envy 13 (2017): Quando premium não significa demasiado caro

Durante muito tempo a HP foi a marca que reinou no mercado dos computadores, liderando as vendas a nível mundial. A hegemonia terminou no segundo trimestre de 2013 quando a Lenovo, que já há algum tempo mordia os calcanhares da HP, passou para a frente. Foi um momento importante, pois não só consolidou a estratégia agressiva que a tecnológica chinesa tinha colocado em marcha, como abriu um novo capítulo no mercado dos computadores.

Olhando para os dados disponíveis em Statista.com, foi preciso esperar até ao segundo trimestre de 2017, quatro anos no total, para que a HP voltasse a ser a marca número um a nível mundial.

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Muitos disseram que por causa dos smartphones os computadores estavam acabados. Quem fazia computadores sabia que isso não seria totalmente verdade e que não o vai ser nos tempos mais próximos. A segunda posição que ocupou durante anos fez bem à HP, obrigando a empresa a redobrar os seus esforços neste sector que tanta importância representa nas suas contas.

Depois da queda ao segundo lugar assistimos a uma transformação notória na forma como a marca desenha, constrói e vende computadores, algo que é visível a cada novo modelo que sai para o mercado. É o que acontece com o HP Envy 13 na sua versão para 2017: um computador premium em quase todos os sentidos e que por mil euros apresenta-se como uma excelente opção para quem procura estilo e produtividade. Esta é a prova de como um portátil de gabarito não precisa de ser excessivamente caro.

Linhas industriais

Um dos pontos nos quais a HP mais tem brilhado é sem dúvida no design. Os computadores da marca são uma verdadeira lufada de ar fresco visual e isso é acima de tudo visível quando visitamos uma loja de eletrónica e há portáteis de diferentes marcas lado a lado.

Com o Envy 13 a HP conseguiu construir mais uma joia para a sua coroa. O design minimalista do portátil é contrastado pelas suas linhas vincadas e industriais, sobretudo na parte traseira. O computador tem um friso reto, polido e ‘cortante’ que funciona como elemento estético quando está fechado e que tem um lado funcional quando está aberto.

Quando o utilizador levanta a tampa do computador, este friso vincado vai rodar para a parte inferior do computador, fazendo com que este eleve um pouco a base. Além de dar solidez e fixação ao equipamento, faz com que quase não exista espaço vazio entre a base do computador e o ecrã, criando assim um equipamento visualmente forte.

Contudo, este friso de linhas industriais que a HP decidiu usar também tem pontos negativos. Quando passamos a mão ao longo do friso, sentimos como é aguçado, algo que transmite aqui uma sensação de impessoalidade num equipamento com o qual vamos criar uma relação. Este friso tem ainda duas borrachas duras e salientes que evitam que o metal entre em contacto com as superfícies nas quais está pousado. O nosso conselho? Se trabalhar numa mesa de madeira, evite abrir o computador diretamente sobre a mesa, pois pode acabar por riscar o tampo de madeira devido à rigidez dos elementos do computador.

Alumínio escovado, logotipo espelhado, sistema de som ladrilhado, teclado retroiluminado e ecrã de margens reduzidas, são tudo elementos que contribuem para que o HP Envy 13, na sua versão de 2017, tenha um aspeto soberbo. É um computador visualmente apelativo, bem construído e que vai certamente atrair muitos olhares, tal como atraiu a nossa unidade de testes ao longo de três semanas.

Apesar de ter uma espessura bastante fina, o que é ótimo em termos de portabilidade, a HP conseguiu colocar boas especificações no seu modelo de 1.000 euros para garantir um desempenho que chega e sobra para a esmagadora maioria dos utilizadores.

Um portátil para as ocasiões

Rapidez, fluidez, boa capacidade de resposta na execução de aplicações e boa autonomia. Estes são em linhas gerais os elementos que configuram aquilo que os consumidores procuram num computador – ninguém gosta de um portátil lento, que está sempre a encravar, que execute bem umas aplicações e não outras, e que provoque ansiedade por causa da baixa autonomia.

O Envy 13 junta especificações técnicas suficientes para garantir uma utilização ótima para a maior parte das tarefas que fazemos sentados em frente a um computador. Neste portátil com menos de 1,5 centímetros de espessura encontramos um processador Intel Core i5-7200U com placa integrada Intel HD Graphics 620, 8GB de memória RAM e 256GB de armazenamento em SSD.

Em termos práticos isto significa que navegar na internet, assistir a vídeos no YouTube em Ultra HD, criar e editar documentos, editar imagens, participar em videoconferências ou ter várias aplicações abertas em simultâneo – como email, reprodutor de música, redes socais e browser – são tarefas que não representam desafio para este computador.

Quando a utilização está a ficar mais intensiva as ventoínhas do equipamento disparam, mas nota-se que são ‘levezinhas’, pois o som é discreto e muitas vezes poderá nem ouvi-lo se ouvir ruído de fundo.

Além de fazer tudo de forma rápida, nunca mostrou sinais de travamentos, nem mesmo quando o navegador de internet acumulava vários separadores em aberto. O conjunto de especificações escolhidas já fazia prever isto: um desempenho que privilegia a velocidade e a usabilidade, mas não tanto uma utilização mais intensiva em termos gráficos.

Pela falta de uma unidade gráfica dedicada já percebeu que este não é um portátil para quem vive de conteúdos multimédia, como edição de vídeos, motion graphic ou para jogar os videojogos que são ricos em termos de visual. Mesmo não estando equipado com uma gráfica Nvidia ou AMD, a gráfica discreta da Intel é suficiente para conseguir jogar League of Legends e outros jogos de exigência gráfica semelhante, o que acaba por não ser mau de todo.

O HP Envy 13 posiciona-se assim como uma boa ferramenta de lazer e produtividade, pelo que pode ser perfeitamente o seu computador pessoal e aquele que também usa em ambiente empresarial, garantindo um desempenho fluído que vai beneficiá-lo nestes dois cenários.

Mesmo garantindo um bom comportamento em termos práticos, é um computador que não drena a bateria de forma louca. Foi um dos nossos equipamentos durante a cobertura do Web Summit, por exemplo, e por pouco que era possível deixar o carregador em casa. Se utilizar a opção de desempenho máximo não estando ligado à corrente, então vai conseguir extrair entre quatro a cinco horas de utilização. Se optar por modos de utilização um pouco mais modestos, então vai conseguir extrair mais de sete horas de utilização neste portátil.

Menção final para as ligações multimédia: o portátil está equipado com duas portas USB 3.1, duas portas USB-C 3.1, uma entrada de áudio de 3,5 milímetros que também dá para microfones e tem ainda uma ranhura para cartões microSD. Este último elemento é, na nossa opinião, uma das pequenas falhas deste computador – porque não colocar uma ranhura para cartões SD? Também teria sido interessante ver uma porta HDMI, mas graças ao USB-C está preparado para as ligações multimédia do futuro.

Dupla vencedora

Por muito ou pouco que um portátil tenha para dar em termos de desempenho e de autonomia, há dois aspetos que são fundamentais: ecrã e teclado. São os elementos com os quais mais interagimos ao longo da vida útil do equipamento e por isso devem ser aqueles onde a qualidade deve estar garantida.

No caso específico do HP Envy 13 a qualidade está claramente acima da média. O ecrã de 13,3 polegadas é um regalo para os olhos. Em primeiro lugar porque apresenta um conjunto de margens muito reduzidas, o que ajuda a otimizar de forma positiva o espaço físico deste computador – mesmo sendo pequeno, é generoso em termos de tamanho para visualização de conteúdos.

A HP aplicou um dos seus painéis BrightView com resolução Full HD neste computador, o que se traduz em imagens muito límpidas e muito bem recortadas em termos de definição. Um dos pontos fortes deste ecrã é a boa dinâmica de contrastes que consegue garantir, mesmo sem que os tons pretos sejam muito profundos devido ao carácter mais brilhante do ecrã.

Por falar em brilho, o painel do HP Envy 13 garante de facto bons níveis de brilho, mas que podem não ser suficientes se estiver fora de casa ou do escritório. O ecrã acaba por ter o seu lado reflexivo, o que sob luz natural considerável pode dificultar a experiência de visualização.

Em termos de cores, este ecrã consegue garantir uma boa experiência multimédia, reproduzindo tons com bastante vividez. Imagens ou vídeos que sejam ricos em termos de tonalidades vão traduzir-se numa boa experiência de visualização neste portátil.

Resta salientar que o ecrã do HP Envy 13 não é sensível ao toque, pelo que se procura uma máquina com métodos de input mais modernos, então deverá olhar para outras categorias de produto, como os chamados 2-em-1.

Aliás, flexibilidade é elemento que não existe muito neste portátil da HP. O nível de inclinação do ecrã não é muito grande, fruto do sistema de repouso elevatório do computador, o que pode ser especialmente irritante quando precisámos de utilizar o computador em cima das pernas por exemplo. É um contra-tempo menor tendo em conta tudo o resto que nos apresenta enquanto máquina, mas é um contra-tempo de qualquer das formas.

Outro lado menos entusiasmante é o sistema de som: apesar da parceria com a Bang & Olufsen, esta parece ser uma área na qual a HP não tem feito uma grande evolução, pois o problema continua a ser o mesmo – os níveis de som estão lá, mas é preciso encontrar outra solução que ajude a criar melhores graves, sobretudo em computadores que são metálicos e frios em termos de sonoridade.

Quanto ao teclado a experiência garantida também é boa, ainda que este não seja o melhor teclado que já vimos num portátil HP. As teclas têm uma boa distância de viagem, pelo que garantem um bom feedback para quem gosta e precisa de escrever rápido.

A distribuíção do layout português não é totalmente pacífica, pois a tecla que nos dá acesso ao símbolo til está acima de uma muito discreta tecla de Enter, o que exige aqui alguma adaptação. Ainda assim o teclado tem uma boa distribuição geral e um tamanho generoso, querendo isto dizer que pode ter as duas mãos completamente abertas em cima do teclado para poder viajar o mais rápido possível até à tecla desejada.

A experiência do teclado é acompanhada de um trackpad de tamanho aceitável, com painel de vidro, que tem uma boa resposta ao toque, mas cujo feedback dos seus botões acaba por não ser muito agradável – o trackpad afunda muito e isso dá a sensação de que com o tempo vai acabar por ficar folgado.

Considerações finais

Se nos tivessem colocado este computador portátil em mãos, acompanhado da ficha de especificações técnicas ao lado e nos tivessem pedido para adivinhar o preço, nunca diríamos um valor abaixo dos 1.250 euros pela experiência que temos não só de outros portáteis da HP, como de outros computadores bem desenhados e com bom desempenho que existem no mercado. Ainda por cima, esta é uma máquina de 13,3 polegadas muito bem otimizada em termos de espaço, o que por norma costuma sair caro.

Acontece que a boa surpresa deste computador é a sua relação qualidade-preço. A HP não procura aqui rentabilizar em demasia a imagem de marca premium que tem construído ao longo dos últimos dois anos e pede aos utilizadores que paguem aquilo que este computador vale. Ainda para mais, a marca coloca este computador nos 999 euros, o que na cabeça de muitos consumidores vai ser suficiente para ajudar a quebrar aquela barreira psicológica dos quatros dígitos.

Talvez o ponto mais negativo deste computador é não apresentar a mesma flexibilidade de outras máquinas mais modernas – o ecrã não é touch e o próprio ecrã do computador tem uma inclinação pouco dinâmica. A questão é que para alguns consumidores isto não será de todo um problema – procuram apenas e só um portátil, e neste ponto de vista o HP Envy 13 é um portátil de grande qualidade.

Temos um ecrã de encher o olho, temos um teclado que não sendo best-in-class, cumpre muito bem a sua função, temos uma autonomia que afasta por completo a ansiedade de ter o computador ligado à corrente elétrica e temos um desempenho bom para utilizar em casa ou no escritório.

O HP Envy 13 parece trazer uma mensagem da marca norte-americana para os consumidores – ‘Sim, estamos a criar equipamentos premium e em níveis de preço mais caros, mas isso não significa que tenhamos ficado gananciosos – aqui está um bom computador a um bom preço‘.

Se quiser manter o título de marca que mais computadores vende a nível global, então esta é a mensagem que a HP precisa de manter e a empresa tem no Envy 13 um mensageiro super eficaz.

HP Envy 13 (2017)
Design e construção
9
Ecrã
8
Teclado
8
Performance
8
Autonomia
9
Conectividade
9
Som
8
Reader Rating2 Votes
7.45
Mil euros bem investidos
Boa autonomia
Ecrã vívido e cristalino
Arestas muito limadas
Som pouco envolvente
Para quando entrada para cartão SD?
8.4
EM 10
Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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