Análise Call of Duty: WW II

Análise Call of Duty: WWII: Um regresso às origens

Desde 2003 que Call of Duty, enquanto franquia, já conheceu muitas plataformas, desde as mais avançadas consolas da atualidade até aos sistemas operativos que nunca chegaram a ganhar expressão, como foi o caso de Call of Duty: World at War lançado em 2008 e disponibilizado para Windows Mobile. 

Os primeiros títulos da franquia apostaram em cenários desenvolvidos em torno da Segunda Guerra Mundial e só a partir de Call of Duty 4: Modern Warfare, lançado em 2007, é que começámos a ter cenários de guerra em ambientes mais modernos e até mesmo futuristas. Títulos como Call of Duty: Ghosts e Black Ops trouxeram outras narrativas à série de videojogos e com Advanced Warfare e Infinite Warfare foi dado um salto que colocou os jogadores no futuro, um futuro que não agradou a todos.

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Call of Duty: Infinite Warfare foi um dos títulos mais importantes da franquia, não por ter arrasado nas críticas, nem pela evolução que apresentou. Foi importante porque mostrou claramente que aquele não era o melhor caminho a seguir e porque acabou por ser acompanhado de uma versão remasterizada de um dos mais bem-sucedidos títulos da Activision, Call of Duty: Modern Warfare estava de volta, desta feita para as poderosas PlayStation 4 e Xbox One.

O sucesso desta versão remasterizada, a fraca adesão aos cenários futuristas e o hype gerado em torno do grande rival, Battlefield 1, fizeram com que as miras fossem apontadas para a direção em que nos encontramos hoje: Call Of Duty: WWII chegou e mostrou ser o regresso às origens que tantos esperavam.

Algumas novidades e uma historia envolvente 

O modo de campanha de Call of Duty: WWII começa no ‘Dia D’, o importante dia em que as tropas aliadas desembarcaram nas praias da Normandia, a norte de França, e começaram a reclamar a Europa que estava sob domínio Nazi. No jogo estamos na pele de Ronald ‘Red’ Daniels, um inexperiente soldado acabado de chegar do Texas que se alistou no exército para continuar o legado do seu irmão mais velho. À medida que vamos avançando na campanha, a história é-nos sendo contada na perspetiva de Daniels e é com ele que jogamos durante maior parte o jogo, embora tenhamos algumas missões onde controlamos outras personagens, como é o caso de Camille ‘Rousseau’ Denis, que se junta aos nossos heróis como uma das protagonistas da resistência francesa.

A narrativa está criada de uma forma que nos transporta para os ambientes hostis da Europa em 1944, alguns momentos da história do novo título da Activision conseguem ser ricos no detalhe ao ponto de nos sentirmos suficientemente envolvidos para desviar o corpo de árvores ou de outros objetos de maiores dimensões que, a certa altura, vêm na nossa direção.

Estes momentos de tirar o fôlego acontecem pela junção de dois fatores, uma narrativa de nível superior e algo que não víamos desde os tempos da expansão Call of Duty 2: Big Red One, ainda para as velinhas PlayStation 2 e a Xbox original – quando somos atingidos por um inimigo não recuperamos o nível de vida de forma automática, temos que procurar kits de primeiros socorros espalhados pelos terrenos que temos que explorar no decorrer da campanha e usá-los com conta, peso e medida, pois são limitados. Outra forma de conseguir estes kits de primeiros socorros leva-nos a falar de outro aspeto positivo no modo de campanha, o nosso pelotão.

Análise Call of Duty: WW II
Modo campanha em Call of Duty: WWII

Quando vamos para a guerra não vamos sozinhos e em Call of Duty: WWII não é exceção. Durante toda a campanha somos acompanhados pelos nossos companheiros de pelotão que, para além de nos ajudarem a combater Nazis, têm algumas habilidades especiais que se vão revelar bastante úteis. Senão vejamos:

Zussman – Talvez um dos nosso companheiros com uma das habilidades mais importantes para a nossa sobrevivência. Zussman pode dar-nos um kit de primeiros socorros de vez em quando, o que pode ser útil quando estamos entre a espada e a parede.

Pierson – O líder. Pode indicar-nos a posição dos inimigos, os mais próximos da nossa posição vão ficar com uma silhueta branca para que os possamos identificar facilmente.

Turner – Baixo em munições e com alguns inimigos pela frente? Nada a temer, sempre que possível Turner vai enviar-nos umas munições extra.

Stiles – Talvez o mais explosivo de todos, Stiles tem a habilidade de encher o nosso stock de granadas, o que pode ser bastante útil em momentos de aflição.

Aiello – Rodeado de inimigos por todos os lados e sem grandes possibilidades de escapar com vida? É aqui que Aiello entra em ação ao dar-nos uma granada de sinalização para que em 5 segundos um ataque de morteiros nos ajude a escapar de situações mais complexas.

Note-se que os nossos companheiros estão sempre lá, mas nem sempre estão à nossa disposição, é preciso usar a sua ajuda de forma regrada, caso contrário poderemos encontra-nos em situações de aflição e sem qualquer ajuda. Call of Duty: WWII pode ser um first-person shooter (FPS) no sentido mais lato destas palavras, mas requer estratégia para passar algumas das missões, e também habilidade para conduzir jipes, tanques e até pilotar aviões.

Agora uma novidade: no decorrer das campanhas, muito ao estilo de Uncharted, temos objetos que precisamos de recolher para ganhar o troféu correspondente (Pedaços de História) e temos ainda missões secundárias que nos vão aparecendo no decorrer da narrativa principal e que nos permitem estender o tempo de jogo. É sem dúvida uma boa adição para quem gosta de passar algum tempo a explorar os jogos e prefere degustar os seus modos de campanha.  

Online renovado, mas falta mais imaginação

O modo online está recheado com todos os modos de jogo que todos os fãs de Call of Duty conhecem, como Team DeathMatch, Search and Destroy ou mesmo Free-For-All. É aqui que se nota a falta de imaginação, no decorrer do modo campanha e com a necessidade de recorrer aos nossos companheiros de pelotão para conseguirmos recuperar o nosso nível de vida, seria de esperar o mesmo em alguns dos modos online. Em Team Deathmatch, como o nome indica, jogamos em equipa. Porque não recorrer aos nossos companheiros de equipa para conseguir mais vida ou mesmo mais munições? Seria bem mais interessante para tornar a jogabilidade mais realista.

A nossa análise foi feita com acesso a uma PlayStation Pro e um ecrã 4K, mas mesmo assim conseguimos reparar em algumas arestas pouco limadas no modo online, um aspeto que talvez acabe por ser corrigido em futuras atualizações. Em ambientes de pouca luminosidade ou com algum fumo, quando fazemos movimentos rápidos e disparamos a nossa arma ao mesmo tempo, conseguimos reparar que a zona à volta da mira fica pixelizada de uma forma que não seria de esperar num jogo de categoria AAA. Aqui é importante referir que todo o ambiente do jogo parece antigo e não tão limado como Call of Duty: Infinite Warfare, mas isto feito propositadamente para nos dar um melhor ambiente de época.

Análise Call of Duty: WW II
Modo online em Call of Duty: WWII

Algo que não julgamos ser possível num título com a qualidade de Call of Duty e que acontece com alguma regularidade, é ter objetos físicos sobrepostos a outros objetos. Por exemplo, ao acabarmos com a vida de um inimigo junto a uma porta, existe uma grande probabilidade de termos metade do copo de um lado e outra metade do outro, como se a porta nem estivesse lá.

Ainda no modo online é importante referir que embora já exista um DLC agendado para janeiro de 2018, a quantidade de mapas disponíveis é muito reduzida, por enquanto temos 9 mapas acessíveis, mas que parecem bem menos, pois de todas as vezes que começámos um novo jogo online fomos presenteados quase sempre com os mesmos quatro mapas.  

A grande novidade no modo online de Call of Duty: WWII é o Headquarters (Quartel General). Um quartel-general dos aliados onde podemos encontrar quem está a jogar connosco e até interagir uns com os outros. Depois de fazer o jogo introdutório de Team Deathmatch somos automaticamente colocados neste espaço social e mal chegamos temos uma lista de objetivos a cumprir para ganharmos pontos de experiência – os objetivos vão depois sendo atualizados de tempo a tempo.

O Headquarters apresenta-nos mais funções que um mero espaço social. Aqui podemos encontrar uma lista de localizações que nos vão ajudar na nossa evolução no modo online de Call of Duty: WWII:

Major Howard – Aqui podemos ser informados das nossas missões diárias, podemos escolher três por dia e quando as completamos, recebemos recompensas bastante úteis para o nosso progresso.

Quartermaster – É aqui que podemos gastar os créditos que vamos acumulando ao longo do jogo, podemos comprar contratos ou itens de coleção que nos ajudaram a desbloquear, por exemplo, armas especiais.

Correio – Vai querer ver a sua caixa de correio, é aqui que os itens que vai ganhando ficam disponíveis.

Armeiro – Desça até a praia e aproveite para fazer um upgrade às suas armas.

Cinema – Aqui pode assistir a vídeos disponibilizados pelos canais oficiais de Call of Duty.

Bar – Não, não pode beber cerveja ou comer tremoços, mas pode pagar alguns créditos de jogo e apreciar alguns clássicos de 8-bits como Grand Prix, Pitfall 2 ou mesmo Kaboom.

Ainda nos HeadQuarters é possível entrar no outro modo de jogo pelo qual Call of Duty é conhecido, o modo Zombies.

Análise Call of Duty: WW II
Tenham medo, tenham muito medo…

2-em-1: Zombies e Nazis

O modo de Zombies de Call of Duty: WWII está como um modo Zombie deve ser: assustador. As armas que usamos são as mesmas, o ambiente continua a ser um ambiente que nos transporta para os anos 40 do século XX, mas temos algo pior que Zombies… Temos Zombies Nazis.

Este modo continua igual ao que era, os zombies vêm em vagas e cada uma que passa torna-se mais difícil. Quantos mais zombies matar mais pontos vai ganhar, pontos esses que podem ser usados para abrir novas zonas no mapa ou ainda para conseguir novas armas, armaduras ou algumas armadilhas importantes para aniquilar os inimigos.

Em títulos anteriores da franquia, ao jogar o modo Zombies era possível reparar janelas para dificultar a entrada dos monstros, algo que no novo título não é possível – terá sido algo que foi deixado de parte de forma propositada ou algo que vai ser reposto em futuras atualizações?

O poder do som

Sabe quando está no cinema ou na sua sala a ver um daqueles filmes que faz o coração bater mais forte e nota que a música quase que segue o batimento do coração, o que ajuda e muito a aumentar a adrenalina e toda a emoção em torno do filme? Bem, Call of Duty: WWII é um jogo, mas tem tudo isso até porque cada vez mais os jogos parecem dramas interativos e fazem-nos vibrar como se de um filme se tratasse.

Call of Duty: WWII está repleto de momentos de emoção que, como já dissemos, nos fazem desviar de objetos que voam na nossa direção ou mesmo de nos imaginarmos rodeados de fogo inimigo e a ‘temermos’ pela nossa vida. Mas não é só a narrativa e os gráficos de grande qualidade que contribuem para que o nível de suspense e de adrenalina esteja sempre em altas. A banda sonora do jogo contribui muito para que se consiga viver cada emoção. Podemos não notar, mas ela está sempre lá, com instrumentais de ritmos mais acelerados ou mais lentos e possantes, para que nos lembremos que os inimigos podem estar em qualquer lado e que a qualquer momento uma bala pode acabar com a nossa aventura.

Considerações finais

A pé, de carro, de tanque ou até de avião… Não interessa como vai explorar o modo campanha, pois seja como for Call of Duty: WWII está pronto para lhe entregar algumas horas de aventura enquanto liberta a Europa das forças Nazis que a ocupavam em 1944. E não se preocupe que depois de acabar com o modo campanha pode dedicar-se à vertente online do jogo, onde vai perder-se em muitas mais horas de diversão, de mira eficaz e de melhoramento de táticas.

O novo título da franquia até pode levar-nos de volta aos cenários originais de Call of Duty,  mas traz-nos também algumas novidades e uma história de qualidade. Isto e tudo aquilo que dissemos até aqui ajuda a fazer deste jogo um must have para os fãs da franquia e também para todos os apreciadores de first-person shooters que têm mais para oferecer que tiros e granadas – são envolventes e fazem-nos sentir mais perto de um cenário de guerra.

N.R.: Call of Duty: WWII foi analisado com uma cópia do jogo disponibilizada pela Sony Interactive Entertainment Portugal
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Call of Duty: WWII
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Narrativa Envolvente
Banda sonora
Regresso à Segunda Guerra Mundial
Falta originalidade ao modo online
Certas animações são pouco polidas
Poucos mapas para explorar
8.5
EM 10