Análise Marvel’s Spider-Man: De teia em teia por Manhattan

Dado a conhecer pela primeira vez em 1962 no livro de banda-desenhada Amazing Fantasy #15, Peter Benjamin Parker começou a ser chamado para a ribalta e deu por si a ser a estrela de livros de banda-desenhada, desenhos animados, filmes e até jogos. E de quem é que estamos a falar? Obviamente que não podia ser outro que não o nosso “friendly neighborhood” Spider-Man.

No universo gaming arriscamos a dizer que a primeira aparição foi, 20 anos depois, em 1982 para a Atari 2600, com o título Spider-Man, na altura publicado pela Parker Brothers e desenvolvido pela própria Atari. Desde aí que os títulos do super-herói da Marvel têm vindo a multiplicar-se pelas mais diversas plataformas passando pela velhinha SNES com The Amazing Spider-Man: Lethal Foes ou mesmo pelo GameBoy Advance com o título Spider-Man: Mysterio’s Menace. Nos últimos anos, e com o desenvolvimento da indústria gaming, os jogos começaram a ter uma narrativa possível de se confundir com Hollywood. Em 2014 a Activision publicou aquele que foi o primeiro jogo da franquia Spider-Man ­para as consolas de última geração, na altura desenvolvido pela Beenox. Agora em 2018 é a vez da Insomniac Games nos presentear com Marvel’s Spider-Man, o novo exclusivo PlayStation 4 que chega às consolas no dia 7 de setembro e nós estamos prontos para vos contar o que achamos do novo menino de ouro da marca japonesa.

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Jogo, ficção interativa ou ambos?

Marvel’s Spider-Man para a PlayStation 4 é-nos apresentado como um jogo em mundo aberto onde podemos interagir com maior parte do ambiente à nossa volta. O título leva-nos a percorrer a cidade de Nova Iorque como nunca o fizemos. Na pele do nosso super-herói, temos a possibilidade de explorar a Big Apple de uma ponta à outra passando por localizações que certamente reconheceremos,  como é o caso de Central Park ou mesmo do Empire State Building. Para ser honesto, tenho que vos dizer que foi uma das primeiras coisas que fiz, mal meti mãos no novo título da Insomniac Games, subir ao topo daquele que já foi o edifício mais alto do mundo e desfrutar da vista. Depois de apreciar o pôr-do-sol lá meti as teias ao caminho e comecei a defender os habitantes de Nova Iorque como se não houvesse amanhã.

Não me canso de dizer que cada vez mais, muito à custa do desenvolvimento da indústria e das novas tecnologias disponíveis, os jogos estão a ficar com narrativas ao nível dos filmes mais carismáticos de Hollywood. Só este ano, e unicamente para a consola da Sony, já tivemos God of War e Detroit: Become Human, dois títulos que são a prova que cada vez mais a indústria dos videojogos está a caminhar na direção de narrativas de deixar qualquer pessoa agarrada ao ecrã e sempre na esperança de ver anunciada uma sequela. Estes títulos não são os únicos e a biblioteca de exclusivos da Sony PlayStation está cheia de bons exemplos… Desde The Last of Us passando pela história dos irmãos Drake em Uncharted até ao terror de Until Dawn. Todos estes são títulos que certamente ninguém diria que não a uma sequela possibilitando assim mais 20 horas de jogo emergidos num mundo criado para nós por mentes brilhantes.

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Mas não nos ficamos por aqui, comecem a arranjar espaço no meio dos exclusivos, porque vem aí mais um daqueles títulos que nos faz ficar agarrados ao comando da consola, sem querer soltar até saber como acaba. E quando acaba ficamos sempre com vontade de jogar mais, de saber mais.

Em Marvel’s Spider-Man, vamos ter a possibilidade de, como qualquer super-herói, viver uma vida dupla. Na pele de Homem-Aranha mas também na nossa vida como Peter Parker vamo-nos ver envolvidos numa narrativa única onde teremos que encontrar o balanço certo entre a nossa vida como super-herói e trabalho que mantemos como Peter Parker. Dado que até um humano mutante com sentidos de aracnídeo precisa de um sítio para dormir teremos que passar algumas horas sem o fato de super-herói e vestir a bata branca de assistente de laboratório. Durante este tempo teremos alguns puzzles para concluir, puzzles esses que vão aumentando a dificuldade à medida que avançamos no jogo. 

Nesta nova aventura dentro do universo Marvel, vamos ter o papel de ajudar o nosso super-herói a livrar Nova Iorque do crime enquanto lutamos contra pequenos gangues ou mesmo contra inimigos bem conhecidos, como é o caso de Mister Negative ou de Shocker. Teremos também ajuda de algumas personagens tão familiares como a carismática MJ ou a doce Tia May. O mundo aberto, criado pela Insomniac Games em parceria com a Sony PlayStation e a Marvel Games, permite-nos ter acesso a centenas de ruas para explorar onde vamos encontrar missões secundárias ou mesmo pequenas atividades, como medir a poluição nos céus da cidade, encontrar as mochilas que Peter Parker deixou espalhadas pela cidade nos seus tempos de High School ou mesmo encontrar as pequenas estatuetas em forma de gato deixadas pela nossa inimiga / crush / aliada Black Cat. Todas estas pequenas missões servem para que consigamos acumular tokens necessários para desbloquear cada um dos 25 fatos disponíveis, evoluir as capacidades desses mesmos fatos ou mesmo criar gadgets que nos ajudam a combater os nossos inimigos.

Nem só de Peter Parker ou do nosso Spidey é feita esta história. Muitas outras personagens vão ter uma influência direta no desenrolar da história e, spoiler alert, vamos poder jogar com algumas delas. Já agora experimentem ir a um dos quiosques espalhados pela cidade, ler as notícias e manter-nos informados é sempre algo bastante importante.

Mas já chega, até porque não nos queremos alongar muito sobre a história de Marvel’s Spider-Man, preferimos falar do quão emocionante foi jogar este título e garantimos que vamos voltar a pegar no comando em breve. Até porque já existe conteúdo adicional a ser desenvolvido para o novo título da consola da Sony. O primeiro DLC, Marvel’s Spider-Man: A cidade que nunca dorme, ainda não tem data de lançamento mas já está disponível para aquisição através da compra da edição Digital Deluxe do novo jogo de Spider-Man.

Nova Iorque explorada de teia em teia

Movimentar-nos pela cidade é bastante simples, e deveras intuitivo (principalmente se optarem pelos transportes públicos). Embora este Marvel’s Spider-Man faça uso de quase todos os botões disponíveis no DualShock 4 estes são bastante fáceis de dominar depois de alguns minutos de jogo. Analógico esquerdo para nos movimentarmos, direito para mover a câmera, X para saltar (ou para impulsos enquanto estamos em voo), R2 para lançar as teias e assim balançarmos de edifício em edifício e ao pressionar L2 temos acesso à mira, que quando estamos a movimentar-nos pode ser usada em conjunto com o R2 para chegarmos mais rapidamente à ponta de um edifício ou mesmo para nos deslocarmos de carro em carro no trânsito de Nova Iorque. Neste último exemplo, passamos por um acontecimento um pouco estranho, durante uma das missões secundárias conseguimos apanhar boleia do táxi que íamos a perseguir, qual não foi o nosso espanto quando o táxi da frente simplesmente desapareceu quando o carro em que nós seguíamos não mostrou vontade de parar num sinal vermelho.

O combate embora seja um pouco mais complexo também não é difícil de perceber: Quadrado para atacar (múltiplas vezes para combos ou manter pressionado para ataques aéreos), círculo para nos esquivarmos dos ataques, triângulo para atacarmos o inimigo com uma das nossas teias, R1 para usarmos um dos muitos gadgets (8 no total) disponíveis e L1 para selecionar o gadget que desejamos usar (cuidado, o número de utilizações destes gadgets é limitado e terão que esperar algum tempo para os voltar a usar). Com estas teclas vamos ter dezenas de combinações que vão fazer com que os nossos ataques se tornem mais complexos, mas também mais eficazes contra os inimigos mais fortes. O TouchPad dá-nos acesso ao mapa e aos menus de jogo onde podemos desbloquear novos fatos, criar novos gadgets, evoluir o nosso amigo aranhiço ou mesmo ficar a conhecer melhor as personagens com quem nos vamos cruzando.

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Temos ainda acesso a uma câmera, ao carregar na seta superior do comando, que nos permite fotografar quando e onde quisermos com um realismo impressionante, principalmente quando temos acesso a um ecrã com definição 4K. Aqui o único senão que colocamos no jogo é a impossibilidade de encontrar as fotos que vamos tirando na pele de Homem-Aranha, talvez este entrave seja revertido com o lançamento do Day One Patch que, entre outras coisas, terá disponível um Photo Mode.  E já agora, lembram-se das pequenas missões que falamos anteriormente? Uma delas é mesmo dar uso a câmera.

Para conseguirmos enfrentar os nossos inimigos, principalmente os mais fortes, teremos que ir evoluindo a nossa personagem como se de um RPG se tratasse. Temos três categorias de evolução, cada uma delas com características bem diferentes.

InnovatorAqui vamos evoluindo as nossas habilidades no uso das teias para combater os nossos inimigos, desde simplesmente os agarrar e arremessar contra paredes ou contra outro dos atacantes até ao ponto em que conseguimos intercetar rockets que venham na nossa direção e enviá-los de volta para os nossos inimigos.

DefenderNeste campo vamos evoluir as nossas habilidades de combate corpo a corpo, quer a nível defensivo quer atacante. Numa fase inicial vamos apenas conseguir esquivar-nos dos ataques mas com o evoluir da nossa personagem vamos também ter a possibilidade de aprender novos movimentos e contra-atacar quando nos desviamos das investidas dos gangues que vamos apanhando pelo caminho.

Webslinger  Como o nome indica aqui vamos conseguir evoluir as nossas habilidades de humano mutante com poderes de aranha radioativa. Desde movimentar-nos mais rápido ou dar saltos mais longos vai-nos ser possível fazer de tudo um pouco… até acrobacias.

A última coisa que vos queremos contar, para que percebam como funciona o novo exclusivo PlayStation 4, é a forma como está dividida esta cidade de Nova Iorque criada pela Marvel. Manhattan está dividido em 9 distritos diferentes, e cada um deles com vários objetivos para cumprir de forma a completar esse mesmo distrito. Desde fotografar marcos históricos, combater gangues, encontrar as mochilas que já referimos anteriormente, fazer as missões secundárias ou mesmo acabar com as bases inimigas são muitas as tarefas que vai ter que completar caso queira ver-se livre de todo o crime existente na cidade. Para ter acesso às side missions de cada um dos distritos vai ter que ajudar o departamento policial de Nova Iorque a desbloquear cada uma das torres de vigia espalhadas pelos diferentes distritos e assim ter acesso mais detalhado ao mapa da cidade.

Considerações finais

Durante a análise de Marvel’s Spider-Man encontramos alguns pontos que deveriam ser melhorados como a já referida impossibilidade de encontrar as fotografias que tiramos com a câmera de Spider-Man ou mesmo o estranho desaparecimento do táxi em plena perseguição pela cidade de Nova Iorque. No entanto, importa referir que a análise a este jogo foi efetuada com uma cópia disponibilizada antes do lançamento oficial do jogo, significando isto que o Day One Patch pode resolver alguns destes problemas. A Sony PlayStation informou que o patch estará disponível aquando do lançamento do jogo, no dia 7 de setembro, e trará o modo “Novo Jogo +”, um novo nível de dificuldade (neste momento estão disponíveis três), um modo de fotografia e ainda aprimoramentos adicionais e a resolução de pequenos erros que poderão existir.

Marvel’s Spider-Man é uma ode à cidade de Nova Iorque criada pela Marvel e, arriscamo-nos a dizer, o melhor jogo de super-heróis alguma vez lançado. O jogo consegue-nos prender de tal forma que as horas voam enquanto jogamos, sem nos apercebermos do passar do tempo vamo-nos encontrar emergidos no mundo de Spider-Man enquanto combatemos os mais variados vilões e vimos o nosso herói a progredir na sua própria história. Se banda-desenhada é arte, então Marvel’s Spider Man é uma obra-prima em formato digital com que teremos a sorte de interagir a partir de dia 7 de setembro.

 

N.R.: A análise de Marvel’s Spider-Man foi realizada numa PlayStation 4 Pro com uma cópia do jogo disponibilizada pela Sony PlayStation Portugal antes do lançamento final do mesmo. 

 

Marvel's Spider Man
Reader Rating5 Votes
8.4
Mapa de Nova Iorque completamente explorável
Narrativa envolvente
Grafismo que consegue tirar maximo proveito da PlayStation 4 Pro
Possibilidade de evolução e personalização da nossa personagem
Impossibilidade de encontrar as fotografias tiradas por Spider-Man
Objetos guardados por Peter desaparecem mesmo sem a personagem ter uma mochila
Para mudar o idioma do jogo é necessário alterar o idioma da consola
10
EM 10
André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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