The Ultimate Marvel “Mashup”
Felizmente para os fãs da Marvel, estamos a viver um período abençoado pelas criações da Marvel Studios, onde a quantidade de filmes de alta fidelidade visual com super-heróis marcaram uma geração. Os leitores um pouco mais velhos, certamente irão lembrar-se de um período onde era raro haver um filme de super-heróis, e os que haviam, não era muito bons.
Como se não chegassem os filmes de heróis individuais, Iron-Man, Spider-Man, etc. A Marvel consegue apanhar o mundo de surpresa ligando a história de todos estes heróis, e trazendo-as cada vez mais próximas, para um final, um clímax, que bateu todos os recordes de bilheteiras recentemente (Avengers:Endgame).
Marvel Ultimate Alliance 3: Black Order não podia ver em melhor altura. A quantidade de fãs está no seu máximo, todos estes heróis estão super presentes na memória de todos. Mesmo aqueles heróis menos conhecidos (anteriormente só conhecidos a quem seguia os comics), são atualmente parte da cultura geral da pop-culture de 2019.
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O original Marvel Alliance chega ao mundo em 2006, e encontra um cenário muito diferente do atual. Apesar de maior parte dos heróis serem conhecidos por maior parte da comunidade, não deixava de ser um nicho em comparação com o cenário que nos encontramos atualmente. Mesmo assim este título deixa uma marca positiva na história do mundos dos jogos, criando uma comunidade de seguidores deste franchise. Este título é desenvolvido pelo estúdio Raven Software, que atualmente será mais conhecido pelo seu trabalho em recentes títulos da saga Call of Duty. Porém, antes da Raven criar Marvel Alliance, já vinha com o momentum de dois títulos muitos semelhantes, X-Men Legends (2004) e X-Men Legends 2 (2005).
Marvel Ultimate Alliance 3 consegue criar uma variação da história que temos seguidos nos cinemas há quase uma década. Estão presentes todos os personagens que aparecem no grande ecrã, e não acaba por aí. O estúdio japonês Koei Tecmo’s Team Ninja consegue trazer vários franchises juntos na mesma história, juntando X-Men e outros a todo o plantel dos Avengers. Afinal de contas, quem não gostaria de ver Wolverine costas com costas com o Iron-Man enquanto lutam contra o Green Goblin?
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Este título consegue juntar na mesma história 36 personagens jogáveis, mais 17 heróis não jogáveis e ainda 26 personagens inimigas. Só por estes números facilmente conseguimos perceber o ritmo acelerado do jogo, onde a cada minuto que passa, a história está a fazer uma curva e novos heróis e inimigos aparecem. Uma boa iniciativa que nos faz chegar boas adições à nossa lista de heróis é a incorporação de personagens que se tornaram mais conhecidos recentemente em séries de TV, especialmente no Netflix. Falamos de DareDevil, IronFist, Luke Cage e outros…Sem esquecer os vilões da Hydra e o Red Skull.
Grande “salada de heróis”
Para quem é fã incondicional destes franchises acaba sempre por desfrutar dos momentos que Marvel Ultimate Alliance 3 (MUA3) tem para oferecer. Apesar da história ser razoável fica muito aquém do standard atual para um título AAA. Andamos a saltar por todo lado de uma forma um pouco aleatória, e nem as ditas “justificações” que o jogo dá para lá estarmos são as mais convincentes. E o mesmo se passa com a apresentação de novos heróis, sem querer estar a dar spoilers de acontecimentos específicos, dizemos apenas que alguns heróis aparecem em zonas de outros franchises, sem grande contexto ou razões para lá se encontrarem.
Com o ritmo acelerado do jogo, o que no início é uma boa cadência para se apresentar alguns heróis de forma a mudarmos a nossa equipa de quatro, passado umas horas de jogo estamos já a lidar uma “salada de frutas” de heróis. O jogador sente-se um pouco forçado a jogar com os últimos heróis que se juntam à nossa causa, não só para os experimentar mas também porque geralmente o seu nível é um pouco superior em relação a nossa equipa atual.
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Sendo MUA3 um action-rpg o nível dos heróis é uma grande componente no nosso progresso. Com dois modos de dificuldade inicialmente disponíveis, este título não propriamente fácil. Nós optámos pelo o modo normal ou “não-fácil” que está disponível inicialmente e durante o jogo fomos sempre desafiados a ter de dar o nosso melhor em todos os combates.
Quando completamos estes combates vamos ganhando experiência e a nossa equipa de 4 heróis vai subindo de nível, o que faz com que haja um grande desfasamento de níveis para outros personagens. Por exemplo, uma das primeiras personagens a ser desbloqueada é Iron-Man a nível 3 (um exemplo), e decidimos não colocar este herói na nossa equipa. Mais tarde, estamos agora perto do fim do jogo, e estamos com uma equipa nivel 40, e até queríamos experimentar trocar a equipa, mas rapidamente vamos ver que o Iron-Man ainda se encontra a nível 3, tornando-se inútil. Quem diz Iron-Man, diz 80% da lista de heróis disponíveis, pois na realidade só conseguimos ter 4 de cada vez na equipa e eventualmente há heróis que vão ficando para trás.
Como dissemos em cima, o jogo não é fácil, então vamos querer tentar sempre maximizar o nível dos nossos heróis. Numa parte final do jogo, é melhor ter uma equipa de 4 que estamos habituados onde o nível médio é 35+, do que ter vários heróis por onde escolher, todos com nível 20. Idealmente, todos os heróis deviam evoluir ao mesmo ritmo, dando a possibilidade ao jogador de ir alternando sempre que quisesse.
Aquele grind à boa maneira japonesa
Existem formas de conseguir subir o nível dos heróis sem ser na campanha, e aqui a Team Ninja criou um bom conceito. Temos os nossos heróis, com os seus níveis e itens e estes são transversais a todos os modos de jogo. Existe um modo de jogo chamado Infinity Rifts, que não são nada mais desafios com diferentes patamares de recompensas consoante a nossa prestação. Estes dividem-se em (para já) em quatro conjuntos, mas dá ideia de que vão expandir em DLCs futuros. Cada conjunto tem cerca de 15 desafios todos diferentes e para níveis diferentes. Ao completarmos estes desafios a equipa de 4 heróis vai ganhar experiência, e também recompensas adicionais.
Estas recompensas podem-se dividir em dois tipos diferentes, boosts de experiência e pedras ( ISO-8) que podem ser equipadas individualmente em cada herói para aumentar os seus stats de ataque e defesa. Apesar de todo este conceito ser muito bom em teoria, na prática obriga o jogador a horas de “grind”. Para conseguir subir um personagem de nível baixo até estar a par da equipa principal, seria necessário repetir várias vezes estes desafios, ou capítulos iniciais da campanha. Como atividade “post-game” e para quem ainda quer jogar mais MUA3, é aceitável, mas para quem está jogar a campanha pela primeira vez, é acaba por não ser uma alternativa viável.
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Em MUA3 cada herói tem um conjunto de 4 poderes e dois tipo de ataques básicos. Estes poderes podem ser melhorados à medida que vamos subindo o nível deste herói, mas também dependente de materiais que vamos apanhando pelo o caminho ou em Infinity Rifts. De uma forma geral, à medida que o jogador vai jogando, vai ganhando pontos, que em conjunto com o dinheiro que acumulado, pode desbloquear aumentos de ataque e defesa e também alguns efeitos passivos para toda a equipa de 4. Estes efeitos não estão ligados a nenhum herói, dando ao jogador uma evolução persistente ao longo do tempo. Quando terminamos a campanha estávamos longe, muito longe, de desbloquear todos os pontos. Isto vem ao encontro da premissa presente em todo o jogo que é longevidade através da repetição de conteúdo, grind puro e duro…à boa maneira japonesa.
KA-POW! BANG! WHAAM! BAAAM!
Porém quando temos uma equipa de 4 heróis que já tem desbloqueados os seus quatro poderes e já conhecemos como usar cada um deles, o jogo começa-se a mostrar onde pode brilhar. Existe uma mecânica excelente de sinergia entre os personagens, quando dois personagens se juntam para fazer um combo com os seus poderes. Estas sinergias são uma das ferramentas mais importantes ao longo do jogo pois são das formas mais eficientes de atacar o adversário, mas também necessárias para desbloquear áreas secretas que vão aparecendo ao longo do nosso percurso. No entanto, nada mostra o nosso poder como libertar o poder especial de cada personagem. Para os jogadores de jogos tipo MOBA, podem pensar como se fosse um ultimate. Cada herói tem o seu poder, e visualmente fazem justiça a imaginação de um miúdo quando lê os seus comics de super-heróis.
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Maior parte dos heróis têm poderes únicos, mas há alguns com poderes bastante semelhantes, que parecem ser praticamente o mesmo apenas com um efeito diferente. Mas com a quantidade de heróis e vilões com poderes únicos, é muito difícil reparar nisso. O campo de batalha e de tal forma caótico que em momentos mais apertados a Nintendo Switch não consegue resistir ao poder, e a certo ponto estamos a assistir a uma apresentação de diapositivos. Será que a potência limitada desta consola começa a ser um problema para estúdios dispostos a fazer títulos AAA exclusivos para a mesma? Ou terá a Team Ninja cortado algumas curvas, entregando ao consumir um jogo que não teve a dose necessária de otimização para não falharem a data de lançamento?
Considerações finais
Há entusiastas que tiveram 10 anos à espera de MUA3, e para quem espera tanto tempo por uma sequela, merecia melhor. Este título ambiciona muito, e depois não consegue estar ao nível de tudo que lhe é exigido. Quando olhamos individualmente para cada uma das componentes que constituem MUA3, temos elementos para fazer um jogo de nota 10. Um elenco de personagens invejável com uma permissão nunca antes vista por parte da Marvel ao deixar todos estes personagens entrarem num único jogo. Mapas de vários franchises que nos tocaram quando éramos crianças, como X-Men…Um combate que faz justiça ao a saga Marvel Ultimate Alliance, com muita ação e poderes que nos fazem sentir super-heróis.
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No entanto, a ligação destas componentes falhou de alguma forma durante o desenvolvimento do jogo. A ordem e escolha dos mapas parece muito aleatória, os heróis aparecem de uma forma pouco orgânica, e o sentimento que deixa é que o jogo está um pouco por todo o lado e desorientado. Para quem tiver intenção de jogar este jogo para além da campanha deverá tirar mais prazer que alguém que se satisfaça com a conclusão da mesma. O núcleo do jogo é bom, e com patchs e DLC só vai melhorar… depois de passar a tempestade que é a campanha, quem se focar em fazer Infinity Rifts ou a jogar em co-op com amigos, vai conseguir desfrutar de tudo que MUA3 tem de bom.
N.R.: A análise de Marvel Ultimate Alliance 3: Black order foi realizada com acesso a uma cópia da versão final do jogo gentilmente cedida pela Nintendo Portugal.