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Análise Kingdom Hearts 3: Uma chapada de nostalgia

Estávamos no ano de 2002, e eu sendo um miúdo, a compra de um jogo era um momento especial acontecendo apenas no meu aniversário ou no Natal, sempre dependente das notas claro! Sendo este um momento tão especial que ansiava durante todo o ano, no momento de escolher um jogo, a escolha era feita olhando para a capa do jogo e as imagens que se colocam na contra-capa. Chegando o momento, há um título que me chama à atenção… aparece o Pato Donald, o Pluto e outras personagens que desconheço num ambiente misterioso… e assim a escolha foi feita, Kingdom Hearts era o meu novo jogo.

Foi impossível ficar indiferente a este título na altura, e é impossível ficar indiferente agora. Passados 17 anos desde que o primeiro  Kingdom Hearts foi lançado a Square Enix, em colaboração com a Disney, consegue trazer-nos um novo capitulo desta saga que continua a deslumbrar e a levar o jogador numa aventura mágica pelos universos Disney.

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Kingdom Hearts é um RPG japonês (ou JRPG), mas com um grande foco no combate fluido e na história. Não se prende tanto às características clássicas de um JRPG, conta com componentes muito fortes de customização de personagens ao nível do stats e skills, grandes áreas para exploração e missões secundárias que acrescem o jogo de horas e horas de conteúdo. Kingdom Hearts tem uma história original, mas inclui um dos maiores crossovers que existe no mundo dos videojogos, inclui personagens e mundos do universo Disney assim como da saga Final Fantasy. Ao longo dos anos foram lançados vários títulos na saga Kingdom Hearts onde foram sendo introduzidas novas personagens e novos mundos de ambos os universos.

KH3 Frozen 2

Este novo título começa no mundo de Hércules, já conhecido pelos fãs da saga pois já aqui tivemos nas primeiras entradas de Kingdom Hearts. Mas logo a seguir partimos para um novo mundo que nunca tinha sido abordado. Falamos de Toy Story, onde Sora, Donald e Pateta vão ter o prazer de partilhar o campo de batalha com Woody e Buzz Lightyear, sempre ao som de uma interpretação fantástica de You got a friend in me. Novos mundos rapidamente aparecem  que nos deslumbram completamente, mas não vamos estragar a surpresa para quem ainda vai jogar!

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A melhor forma de descrever a experiência de jogar Kingdom Hearts 3 é comparando a mesma com uma viagem à DisneyLand/DisneyWorld, pois realmente entramos por uma janela que nos transporta para um universo imersivo Disney cheio de cor, animação e sempre acompanhado de uma das melhores bandas sonoras de videojogos que tivemos o prazer de ouvir. Esta banda sonora merece ser mencionada pois é realmente algo que une todos os elementos do jogo de uma forma orgânica. Contém temas dos filmes Disney presentes no jogo bem como temas originais, sempre interpretados por uma orquestra.

“Uma chapada de nostalgia!”

Para fazer justiça a este universo mágico da Disney, a Square Enix traz-nos um jogo com uma fidelidade cinemática excelente. Estas cenas, que parecem ser retiradas dos filmes que todos nós gostamos, contam com a fantástica surpresa de ter os atores da versão original dos filmes a dar voz a grande parte das personagens presentes na nossa história. Alinhado com esta “chapada de nostalgia” temos um jogo com uma jogabilidade excelente, muito intuitiva e fácil de aprender, mesmo para alguém que nunca tenha jogado um título desta saga.

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A nova entrada na saga não tenta ser tímida nos poderes que dá ao jogador para o ajudar na sua aventura. Com a introdução de novas mecânicas de combate como keyblade formchange que modifica o nosso keyblade numa arma alternativa, team skills que aparecem durante o combate para juntar os poderes do nossos três heróis principais em sequências animadas cheias de cor e luz, simulando diversas atrações do parques de diversões que todos nós adorávamos quando éramos miúdos. Adicionalmente temos o regresso de todas as outras mecânicas já nossas conhecidas como os combos intermináveis com o nosso keyblade, as nossas magias que usam os elementos, a habilidade de chamar personagens extra em nosso auxílio e também o regresso do shotlock que nos permite disparar projéteis a inimigos.

“Por falar em projéteis… e a Gummi Ship?”

É verdade, a infame Gummi Ship faz o seu regresso no Kingdom Hearts 3. Para quem não conhece, esta é a nave que os nossos três heróis usam para navegar entre mundos. À boa maneira de um filme de animação, esta nave é construída com os gummi blocks que em muito se assemelham a Legos, e é exatamente dessa forma que construímos a nossa nave. Neste novo título temos ainda mais opções, planos de naves onde nos podemos inspirar, sendo a nossa propria imaginação o limite. As Gummi missions fazem também o seu retorno assim como as batalhas e navegação entre mundos de forma livre. Em muitos dos mundos que vamos encontrar, iremos ter de enfrentar um boss com a nossa Gummi Ship para conseguir aterrar a primeira vez. Sem querer estar a criticar o facto da Square Enix se manter fiel às características originais da saga, todo este “jogo dentro do jogo”  tem a sua graça e conta com o fator de ser um elemento “diferente” que faz parte de Kingdom Hearts desde o primeiro título mas deixou-nos o  sentimento que hoje em dia toda esta parte deveria ser opcional. Em comparação com a velocidade e imersividade do jogo propriamente dito, ter de fazer uma sequência de 10-15 minutos para navegar para um novo mundo na Gummi ship não acrescenta valor ao jogo, pelo contrário. Na nossa opinião teria sido mais benéfico que esta componente fosse uma espécie de mini-jogo opcional, para quem tivesse o interesse de o fazer.

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Apesar de Kingdom Hearts ser um RPG simplificado, não quer dizer que não dê importância a esses aspetos. Como já falamos em cima, o equipamento que vamos apanhando ajudam-nos a aumentar os stats das nossas personagens, e conseguimos focar se queremos um personagem mas virado para combate corpo a corpo ou para uso de magia. Este novo título traz-nos agora a habilidade de apanhar ingredientes ao longo da nossa aventura, e depois transformá-los em refeições que aumentam os nossos stats temporariamente. Esta confeção de comida é auxiliada nem mais, nem menos, pelo o “grande” chef Ratatouille. Na Twilight-town o Tio Patinhas decide abrir um restaurante e contratar este “grande” chef. A Square Enix surpreende-nos com um mini-jogo bastante divertido para conseguir confeccionar estas deliciosas refeições. O chef Ratatouille sobre para cima da cabeça do Sora, e tal e qual como no filme, vai controlar os gestos como se de uma marioneta se tratasse.

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“Som, luz…ação!”

Apesar de Kingdom Hearts 3 ser um espetáculo autêntico onde o jogador perde a noção do tempo quando está imerso no mundo de fantasia que foi criado, não deixa de ser um título de uma saga que está perto de fazer 20 anos. Durante este período, desenrolou-se um enredo original da saga que dificulta a experiência para quem nunca jogou Kingdom Hearts. Temos de dar crédito à Square Enix, pois sabendo perfeitamente isso, criou uma funcionalidade chamada memories. Através do menu, e desde que se começa o jogo, está disponível um conjunto de diários que tentam resumir e dar a conhecer ao jogador o que se passou neste enredo antes de chegarmos a este título. Mais uma vez temos uma surpresa, quando esses diários foram todos feitos em forma de vídeo, com clips de diálogos importantes dos jogos anteriores, e sempre acompanhado de uma boa banda-sonora à Kingdom Hearts. No entanto, o enredo de Kingdom Hearts é tão complexo que para quem nunca ouvi falar em nada, estes videos pouco ajudam.

Não queremos estragar a surpresa a ninguém, e devem descobrir o que Kingdom Hearts 3 vos reserva jogando o jogo, mas para abrir o apetite podemos dizer que a história de Sora renasce, é dada continuidade a muitas pontas soltas voltadas para trás e a Organization XIII volta à carga como novos planos maléficos. Será que os Guardians of Light irão conseguir travar as novas ameaças?

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Considerações finais

Depois de uma longa espera a Square Enix finalmente entrega um dos títulos mais esperados da última década. Este título foi anunciado e des-anunciado uma série de vezes, mas 17 anos depois do primeiro título da saga Kingdom Hearts, chega Kingdom Hearts 3. Foi uma espera longa, mas se valeu a pena…

O jogo consegue trazer para os dias de hoje aquilo que gostávamos e que fez o jogo um sucesso à quase 20 anos. Cria um universo imersivo, uma história cativante, e um combate fora de série, e tudo isto acompanhado de uma das melhores bandas sonoras que tivemos o prazer de ouvir em algum tempo.

Os universos Disney apresentados ficam cada vez melhores, e com os gráficos das gerações atuais tornam-se autênticos eye candy. Este título fica também marcado pela ausência de grandes adições no que diz respeito à saga Final Fantasy, que para os grandes fãs da mesma pode ser um ponto negativo.Este título apenas peca pelo o complexo enredo em que está envolvido, após quase 20 anos de jogos na saga Kingdom Hearts, muito se passou. E como isso não bastasse, a própria história é complexa, com diferentes timelines e universos paralelos. Para os verdadeiros amantes da saga isto não será um problema, mas para novos jogadores poderá ser um fator crítico. De qualquer das formas, não há nada como experimentar Kingdom Hearts 3… não se vão arrepender.

N.R.: A análise a Kingdom Hearts 3 foi realizada numa PlayStation 4 com acesso a uma cópia da versão final do jogo cedida pela EcoPlay

Kingdom Hearts 3
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Imersividade do universo Disney
Banda sonora incrível e interpretada sempre por orquestra
Todas as personagens são voice acted
Combate super fluido e com grande potencial de combos e habilidade especias
Boa continuação da história
Enredo muito completo para novos jogadores
Sequências obrigatórias e demoradas da Gummi Ship que não se equilibram com ritmo rápido do resto do jogo
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