O trabalho estratégico que a Sony Interactive Entertainment desenvolveu ao longo dos últimos anos ao criar boas relações com estúdios de grande talento e com crescimento em ascensão, deu finalmente frutos de qualidade e de prestígio. Entre eles, e com forte destaque de produção nos últimos anos estão a Insomniac Games, a Naughty Dog e a Sucker Punch Productions, sendo já considerados como o trio maravilha da Sony, não só pela indústria como também pelos jogadores mais entusiastas. Posto isto, de forma a encerrar o ciclo da Playstation 4, a Sony Interactive Entertainment não deixou margem para dúvidas: a carne teria de ir toda para o assador. Depois de Marvel’s Spider-Man e de The Last of Us Part II, ambos considerados pela crítica especializada como jogos de grande qualidade, e que ficarão no catálogo como os melhores títulos da plataforma, chega Ghost of Tsushima para fechar a porta dos lançamentos mais aguardados do ano e para assinalar o final de vida da Playstation 4 de uma forma honrada e cheia de pujança.
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Ghost of Tsushima é um jogo de ação que nos remete até aos finais do século XIII que decorre na ilha de Tsushima, no período feudal xogunato, no Japão. É um título de mundo aberto que está preparado para abrir as portas ao jogador e oferecer-lhe panoramas de natureza de uma forma sublime e com um detalhe fora do comum, juntamente com um contraste triste e altamente desolador de cenários de devastação provocados pelas várias invasões dos mongóis. O ambiente de guerra é notável e a aventura começa precisamente aí. No ponto alto da tensão.
A história de Ghost of Tsushima é o rompimento de tradições, de costumes e do bem contra o mal. Há um herói – Jin Sakai, um jovem que foi treinado pelos trilhos duros dos samurais, que se vai deparando com vários dilemas de código e conduta e qual o caminho que irá seguir ao longo de toda a jornada. O seu objetivo é proteger o seu povo e libertar a ilha de Tsushima da invasão mongol, liderada pelo general Khotun Khan que não olha a meios para atingir fins. Ghost of Tsushima tem uma narrativa simples e de traços claros, que não deixa espaço para dúvidas nem para questões suplementares.
Artisticamente é um dos jogos mais belos do mercado
Visualmente Ghost of Tsushima é seguramente um dos jogos mais bonitos que chegaram ao mercado nos últimos anos, com planos de fotografia e de câmera absolutamente fenomenais. A arte, as cores e todo o ambiente moldado dentro de uma atmosfera livre, ambiental e inspirador, é inteiramente digno de ser sentido, explorado e vivenciado. O mundo aberto é amplo, diversificado e com vida.
Vida, é exatamente a palavra que descreve todo o ambiente vivido dentro de cada parte da ilha de Tsushima, ora com folhas, ou com as alterações climatéricas ao serem variáveis, ou ainda com os movimentos em simultâneo das árvores, provocados pelo vento. Todas estas características ganhariam ainda mais se existissem mais elementos que fizessem o jogador ter de interagir com os vários obstáculos inseridos no ambiente. Ainda assim, a interação existente passa por ser o comum em jogos de ação de mundo aberto. O som que o acompanha também é de grande qualidade, não pelas melodias, ou pelas faixas musicais, que curiosamente não ficam no ouvido, mas pela qualidade de todos os sons e pela forma sublime como foram inseridos que acabam por fazer parte do ambiente e das batalhas do jogo. As músicas que surgem durante os embates, transportam o jogador literalmente para aquele período. E isso é feito com perícia.
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Há imenso por onde explorar e imenso para fazer. Existem inúmeros pontos de interesse e vários espaços secretos que vão sendo mostrados através de pistas de animais selvagens. As viagens a cavalo são agradáveis e acessíveis de serem feitas, e mesmo durante as viagens mais extensas, a monotonia geralmente é interrompida por pedidos de ajuda de habitantes de Tsushima, por perseguições de animações selvagens ferozes ou por grupos de assaltantes mongóis que geralmente terminam em confrontos. O mundo é enorme, por isso, apesar de as viagens serem um genuíno convite a apreciar cada zona da ilha, a opção da viagem rápida torna tudo mais prático.
Combate com mecânicas maduras e altamente punitivo
Um dos pontos fortes de Ghost of Tsushima é o combate, que pede que o ataque e defesa estejam completamente alinhados durante todo o embate, e caso não estejam, qualquer falha será altamente punitiva e o jogo faz questão que isso seja bastante claro desde o início. Para se dominar o combate, é necessário dominar as emoções e há imensos sinais de quando inimigo abre brechas, mas os oponentes não são todos iguais, o que faz com que o jogador tenha de saber lidar com as fraquezas de cada um, esperando pelo momento certo e utilizando as várias posturas que Jin vai aprendendo, de modo tirar benefício de cada situação.
Para além do manuseamento de espada, Jin também vai aprendendo a dominar outras armas de arremesso, que por vezes se mostram altamente úteis. A inteligência artificial dos inimigos está bem feita, e estes não se tratam de meros fantoches durante os embates, ou quando ouvem ou se apercebem que existe alguma coisa fora do normal, principalmente a partir da dificuldade média e difícil. Os equipamentos também se vão tornando obsoletos com o avançar da aventura, e a opção de melhorar ou de personalizar os equipamentos ao gosto do jogador, tanto das armas como das armaduras, é bem-vinda. Essas preferências estão disponíveis graças a ferreiros e a vendedores espalhados pelos vários acampamentos da ilha de Tsushima.
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Apesar de Ghost of Tsushima abusar do sistema de combate corpo a corpo, e de isso ser claramente um dos pontos fundamentais do jogo, muito da experiência vive também do modo stealth que passa por tornar Jin invisível, invadido acampamentos dominados por mongóis de forma sorrateira, sem ter de enfrentar amontoados de inimigos. Essa opção fica ao cargo do jogador na maioria das vezes, principalmente durante as missões opcionais, mas nem sempre isso acontece, sendo por vezes imposto durante algumas partes da história, mas a forma como ocorre é bem executada e o jogo está bem formado para esse efeito. O estudo e a estratégia de cada invasão a acampamentos dominados por mongóis também fazem parte da experiência, e nem sempre é uma boa opção seguir em frente, elevando a honra e a coragem perante uma chuva de flechas, sem qualquer regra. Embora, fazê-lo dessa forma, seja também altamente satisfatório.
Um mundo aberto com várias características de outros jogos
Ghost of Tsushima é um jogo sangrento, frio e bruto. Toda a narrativa é conduzida com um tom sério, sob um código de dignidade e de compromisso, ainda que todos estes elementos estejam inseridos dentro de uma conjuntura específica, num período perturbado por guerra, medo e horror. Nota-se que não houve o mínimo cuidado em ocultar a atrocidade, e a Sucker Punch Productions faz mesmo questão que o jogador não tenha misericórdia quando se depara com o inimigo. O ambiente sério, característico do povo japonês, especialmente durante o período feudal, reflete-se em toda a ilha, o que faz com que cenas de humor sejam algo raro de ser presenciado.
Tecnicamente é um jogo que mistura vários elementos de outros títulos de sucesso de mundo aberto e Ghost of Tsushima é seguro naquilo que oferece. Em termos visuais, quer de ambientes, quer mapeamento e disposição de cenários, e dentro do contexto em que se insere, não deixa margem para dúvidas que o trabalho desenvolvido pela Sucker Punch Productions está entre os melhores do mercado. Em termos de desempenho, as quebras de fluidez são raríssimas de serem presenciadas e quando acontecem, surgem de forma leve. Claro que, em períodos de maior movimento e com mais povoação, as alterações na fluidez de movimentos de imagem surgem com maior frequência, mas nada verdadeiramente significativo que afete a performance global da experiência. A jogabilidade apesar de ser admirável, especialmente durante os embates e em grande parte da exploração no mundo aberto, os saltos e as elevações de edifícios ou de muros, por vezes não correspondem bem. Dá a sensação que há pontos específicos que não são tão bem planeados para serem usados para tal efeito, mas tratando-se de um jogo de mundo aberto, tal não deveria acontecer. Outra situação que por vezes pode ser desagradável são as quedas e o dano que disso resulta. A penalização nem sempre é coerente com a altura da queda, e por vezes, de forma involuntária, surgem algumas quedas acidentais, por causa de algumas imperfeições nas físicas do jogo.
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Ghost of Tsushima tem imenso conteúdo e está preparado para oferecer imensas horas de jogo a quem estiver disposto a tal. A história principal tem uma duração aceitável, mas o que fica para se fazer depois da conclusão do jogo, caso o jogador tenha deixado para segundo plano, oferecerá muito provavelmente o triplo do tempo investido na narrativa principal. Há ainda várias missões opcionais e segredos de Tsushima que oferecem ainda mais onde podemos aprofundar o nosso conhecimento sobre a ilha. Para além disso, há ainda a opção de ajustar as dificuldades disponíveis, o que levará a um desafio extra para os jogadores mais corajosos. A opção de oferecer várias dificuldades é bastante sensata e permite que jogadores com vários graus de experiência consigam desfrutar do jogo, ainda que tenham de respeitar as mesmas regras de combate, mas que não sejam tão penalizados em caso de algumas imperfeições de habilidade.
Considerações Finais
De valores de produção elevadíssimos, Ghost of Tsushima já tem um lugar reservado como um dos melhores jogos Playstation 4. A forma como todo o enredo é feito e a maneira como a ilha de Tsushima é vivenciada, mesmo se tratando de uma narrativa fantasiada, embora inspirada em alguns factos verídicos daquele período do Japão, é feito de uma forma ímpar.
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Ghost of Tsushima tem um mundo aberto incrivelmente bem feito, lindíssimo, recheado de vida e de movimento, contrastando com os choques sangrentos das duras batalhas, sendo rude quando tem de ser e por vezes visceral. O sistema de combate é também um dos pontos fortes que completa o que é vivenciado durante o jogo, com forte apelo ao controlo da emoção do jogador no ataque e na defesa, com mecânicas maduras e bem desenvolvidas. Ghost of Tsushima possui ainda uma quantidade absurda de conteúdo num mundo aberto para ser desbastado e para ser reconquistado, o que atrairá certamente os jogadores mais arrojados e que não tenham receio do desafio.
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N.R.: A análise a Ghost of Tsushima foi realizada numa Playstation 4 com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela PlayStation Portugal