Nos primeiros 10 títulos numerados de Final Fantasy houve um que se destacou em popularidade e que marcou não só o rumo da empresa SquareSoft, como anos mais tarde também viria a marcar a indústria tal como hoje conhecemos. Final Fantasy VII conseguiu atingir a popularidade que o seu título antecessor sempre pretendeu, e embora muitas comunidades ligadas à série o considerem superior de diversas formas, a verdade é que a narrativa do sétimo capítulo deu um passo gigante em frente não só no mercado oriental, mas também no Ocidente. Mais: Final Fantasy VII marca também a mudança de exclusividade de sistema, deixando os laços da série principal que até então tinham sido monopolizados pelas consolas Nintendo, mas pelas limitações dos cartuchos que até então vinham sendo utilizados pela empresa, a ambição excessiva da SquareSoft acabou por avançar para a exclusividade de vários anos da saga para as consolas da Sony Playstation, e alimentando os seus projetos com CD-ROM dividindo-os em várias partes. Final Fantasy VII foi ainda mais longe em termos de impacto na indústria, e para muitos jogadores (principalmente para os europeus), foi a primeira experiência com um JRPG.
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A SquareSoft (que anos depois viria a ser Square Enix) rapidamente percebeu o potencial de Final Fantasy VII e mesmo com o lançamento de mais títulos numerados da saga, a fama do sétimo jogo nunca esmoreceu, e por isso depressa tratou de realizar prequelas e sequelas do sétimo título, distribuídos tanto em filmes como em jogos de consola. Porém, embora esses complementos fossem bem recebidos de uma maneira geral pelo mercado, a satisfação dos fãs nunca ficou completa. Os visuais poligonais da versão original do jogo nas consolas 32 bits da Sony, começaram a envelhecer mal e tornou-se datado visualmente em poucos anos. Embora Final Fantasy VII seja um título que ainda hoje é bastante acarinhado pelos fãs da saga, os apelos para um remake do jogo foram-se tornando cada vez mais evidentes. Permanecendo praticamente meia-dúzia de anos em desenvolvimento (segundo os rumores), e anunciado em 2015, Final Fantasy VII Remake, depois de vários anos de fabrico afincado, de inúmeros rumores de problemas de desenvolvimento e várias trocas de elementos de equipa, chega finalmente ao mercado um dos jogos mais aguardados dos últimos 20 anos e com a complicada missão de respeitar o legado original sem machucar o carinho dos fãs. Vinte e três anos depois, o mercado recebe o tão desejado remake de Final Fantasy VII.
Para novos jogadores e para os fãs do jogo original
Embora Final Fantasy VII Remake seja evidentemente um jogo pensado e produzido especialmente para os fãs do jogo original, a verdade é que a Square Enix vê também neste título a oportunidade de captar novos jogadores, e, portanto, convém desde já frisar que nenhum Final Fantasy numerado da série principal, precisa de ser complementado com a história dos outros títulos. Cada jogo da série possui uma história independente, e Final Fantasy VII Remake não exige que quem o queira jogar, tenha de jogar os seis jogos anteriores ou até mesmo o original, contudo, convém desde já esclarecer que este remake não finaliza a história, visto que a Square Enix fez questão de neste primeiro jogo apenas incluir a jornada com foco total na cidade de Midgar, capital e base da Shinra Electric Power Company. O que, só por si, pode dar a sensação de ser um jogo com pouco conteúdo e de se tratar de uma aventura curta, mas a verdade é que os complementos e a expansão do enorme território obscuro da cidade de Midgar são muito satisfatórios. O curso da história principal deste Remake pode levar até às quarenta horas de jogo, isto tendo em conta obviamente que irá variar conforme o estilo de jogo de cada jogador, e considerando que se trate de um jogador que goste de intercalar o curso da história principal com missões paralelas e outras atividades como minijogos, aí o número de horas de entretenimento poderá claramente disparar. E sem esquecer o desafio de vencer os super-inimigos clássicos de Final Fantasy, claro!
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A luta pela sobrevivência do planeta Gaia
Final Fantasy VII Remake começa com um grupo de ecoterroristas que se auto-denominam de Avalanche, com o auxílio de um mercenário chamado de Cloud Strife, antigo membro de elite da Shinra, em busca de impedir a exploração de Mako – o fluxo vital para o funcionamento do Planeta Gaia. No início, a narrativa centra-se no grupo de ativistas ambientais, tratando-se de uma espécie de luta de David contra Golias e vai crescendo e moldando-se, ganhando corpo com temáticas de ética, problemas existenciais e empíricas, com base em ficção científica. O grupo é coeso e as mudanças de personalidade são evidentes, o que tornam para além de toda a atmosfera obscura, de um planeta a cair para a escuridão, causado pela da exploração de recursos naturais da grande corporação – Shinra Electric Power Company. O ambiente vivido é sentido com intensidade e a sensação de estar tudo a colapsar é transmitido com mestria. Em comparação com a história original, Final Fantasy VII Remake oferece uma história dentro dos mesmos moldes, mas com mais ênfase em personagens que no original não tinham tanto destaque. Há também mais foco na cidade de Midgar como já foi dito, explorando e tendo uma maior dimensão e perceção dos seus habitantes. Claro que, há algumas peças de história que são agora melhor esclarecidos e mais preenchidos pelas sequelas e prequelas que o jogo original foi recebendo. Ou seja, a Square Enix soube lidar bem com os acrescentos à história original e soube implementá-los no remake, alguns de forma bem subtil e outros bem mais evidentes
Um sistema de combate diferente, mas com assentos do original
Final Fantasy VII Remake ao contrário do jogo original dispõe de três tipos de dificuldade, e aí também entra um novo sistema de batalha. Dentro do lote de dificuldade estão então o modo clássico, onde o ataque normal e a defesa funcionam automaticamente, dando ao jogador um maior foco apenas para determinar que habilidade e magias irá utilizar. O modo fácil, é tal como o nome diz, claramente a pensar nos jogadores casuais que apenas queiram desfrutar da história do jogo e sem se preocuparem com uma dificuldade acrescida. Já o modo normal, introduz um sistema de batalha mais de ação, com a dificuldade padrão idealizada pelos produtores do jogo. Todos os ataques, habilidades, esquivas e defesas são determinados pelo jogador. Há liberdade total. Embora este novo sistema de batalha nada tenha a ver com o sistema feito em 1997, a verdade é que nos moldes atuais faz todo o sentido. A liberdade com que todos os golpes são efetuados e a forma como cada embate se dá início são claramente produtos de uma nova geração, da geração atual. E funcionam bem. Todas, obviamente, ao seu estilo e capazes de se enquadrarem para qualquer tipo de jogador. Mas no geral todas as opções são fluídas, longe dos combates por turnos clássicos dos principais jogos da série, mas ainda com algumas sensações do tão nostálgico ATB – Active Time Battle.
Dentro ainda dos combates é possível selecionar várias personagens e utilizá-las nos momentos oportunos, como, por exemplo, se os inimigos forem voadores, Barret poderá ser a melhor opção, ou se os inimigos forem mais de combate corpo a corpo, então aí Cloud ou Tifa podem ser as escolhas perfeitas. E o jogo dá essas mesmas pistas para que o jogador utilize a melhor estratégia para derrotar cada inimigo, mostrando logo de imediato a escolha dessas decisões após os danos causados de cada ataque. Tirar proveito das fraquezas dos adversários com magias opostas também serão bem recebidas, pois vão resultar em encher uma barra de atordoamento dos inimigos, deixando-os com as defesas vulneráveis durante um pequeno período de tempo. O sistema não é novo, pois os últimos lançamentos da série já vinham trazendo um estilo semelhante, mas com a fluidez presente e num estilo de combate mais de acção como é presente em Final Fantasy VII Remake é novo.
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Equipar e selecionar as várias Materias (habilidades mágicas), evoluir cada equipamento, personalizar armas, combinando elementos, foram algumas das características que marcaram o jogo original, e essas opções ainda se mantém em Final Fantasy VII Remake. As barras de Limit, que vão enchendo após cada dano sofrido também, embora com animações não tão especiais como aconteciam no original, continuam a fazer todo o sentido e notar-se claramente a diferença de quando são utilizados. Invocar os summons continua a ser um bom momento de se presenciar, e os seus auxílios ao fim de alguns minutos em frente a poderosos bosses são por vezes essenciais. As animações são muito boas, e ver Ifrit ou Shiva no campo de batalha com moldes de 2020 é simplesmente incrível.
Performance de peso e de registo de maturação de final de geração
Final Fantasy VII Remake expõe todo o poderio gráfico visual de um fim de geração. Em termos de ambientes e sensações, a forma como todas as animações foram criadas são de uma qualidade muito acima do que geralmente se vê a sair no mercado. Tal como no passado, Final Fantasy VII Remake não se acanha no que toca a oferecer uma experiência visual fora de série, com detalhes em cada canto, com zonas povoadas e preenchidas com moldes bem feitos. Embora se note muitas influências do que foi feito em Crisis Core: Final Fantasy VII, as limitações da PSP na altura foram exprimidas ao máximo e não permitiram tal detalhe existente neste jogo. Contudo, ao contrário do original, Final Fantasy VII Remake é jogando praticamente em corredores, com um mini-mapa com indicações de para onde é que se deve seguir para missões secundárias ou para o rumo da história principal, tal como já vinha sendo feito também nos jogos mais recentes de Final Fantasy. Há, contudo, algumas limitações nos espaços. Há casas fictícias, lojas que não se têm forma de lá entrar, alguns figurantes com frases genéricas. Ainda assim, é compreensível que assim seja, não deixando de lado por vezes alguns desajustes de visuais ao longe dos cenários ou alguma latência na construção de fundos de cenários.
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Já a banda sonora que acompanha este embrulho renovado de Final Fantasy VII, é também de alto calibre. Nobuo Uematsu, criador da banda sonora original, deixou um legado de excelência e a equipa de produção de Final Fantasy VII Remake não ficou aquém das expectativas na modelação da maioria das músicas, colocando em alguns casos um novo toque e orquestrando todas as faixas. As músicas que acompanham cada momento foram selecionadas com extrema precisão e o resultado sente-se após cada cena forte. Há também um trabalho de dobragem de grande qualidade, estando inclusive disponíveis vários idiomas, entre eles a dobragem japonesa.
Considerações Finais
23 anos depois do lançamento do título original, o remake de um dos Final Fantasy mais populares da história da série está finalmente no mercado, depois de vários anos de desenvolvimento, de muito desassossego, bastante entusiasmo e muita expectativa. A arte rejuvenescida, a jogabilidade aprumada e enquadrada com os tempos atuais, a história moldada e preenchida com os acrescentos de vários lançamentos de sequelas e prequelas do jogo original, os visuais e músicas renovados, fazem com que Final Fantasy VII Remake seja o produto digno de qualidade esperado pelos fãs.
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A escolha de Yoshinori Kitase para produzir Final Fantasy VII Remake trouxe um pouco de tudo o que tem saído nos últimos títulos da série Final Fantasy. A jogabilidade virada para a ação está no ponto e a história como foi contada está bem encaminhada para as próximas sequências que se avizinham. A escolha de limitar este primeiro lançamento unicamente a Midgar faz sentido, e pedir um remake com a escala do jogo original hoje, com os altos valores de produção, é simplesmente irrealista, e, portanto, o trabalho feito pela Square Enix é, acima de tudo respeitoso para a obra original. Tal como vem sendo comum nas produções de Kitase, a fraca exploração de espaços é evidente e os inúmeros corredores por vezes sem grandes acrescentos fazem-se sentir, contudo a execução global está bem feita. As missões secundárias poderiam ser um pouco mais interessantes, mas os complementos às personagens secundárias com histórias paralelas do título original preenchem algum vazio que se poderia fazer notar. Contudo, Final Fantasy VII Remake é um produto realista e que não desmancha a expectativa criada durante os vários anos de desenvolvimento.
N.R.: A análise a Final Fantasy VII Remake foi realizada numa Playstation 4 com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela Ecoplay