Fallout 76 é a mais recente iteração do universo Fallout, feito pela Bethesda Game Studios mais uma vez leva-nos para uma Wasteland, neste caso Appalachia que seria no estado de West Virginia. Fallout 76 passa-se no ano de 2102, o que faz deste novo título, cronologicamente, o primeiro de todos os jogos da série. Com esta premissa podemos tentar explicar algumas das lacunas presentes no jogo e também dar um olhar diferente do que foi a continuação da vida das pessoas, 25 anos depois da grande guerra. Iniciamos a nossa aventura no Vault 76, que é um dos bunkers que foram usados para albergar os sobreviventes.
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Como dissemos em o primeiro contacto com Fallout 76 BETA, somos fãs deste universo ao ponto de explorar tudo e tentar retirar todo o sumo da história, sendo em terminais, notas, missões, e assim sentirmo-nos totalmente imersos nas localizações e objetivos, e a partir daí conseguir usufruir de tudo que a Bethesda quer apresentar. O problema é que variadíssimas falhas no motor de jogo, apresentação, falhas de servidores e pequenas nuances que encontramos de 5 em 5 minutos arruínam a experiência imersiva que tanto queremos. Falhas em grafismo, animações, som, pontos de interesse que não aparecem no mapa ao fazer respawn, holotapes que não se ouvem (temos de ir ao menu para as fazer funcionar de novo…), missões em que o item com que temos que interagir não aparece ou simplesmente não aparece o ícone de interação do comando (até chegar a nível 15, já tinha 3 missões que não conseguia terminar).
Missão quase impossível
Existem vários tipos de missões no jogo, sendo as principais as que contam a narrativa que nos levam a sair do Vault 76. Para mim é esta uma das maiores falhas que Fallout 76 apresenta. São missões banais, aborrecidas, basicamente vamos de ponto A para ponto B para ouvir holotapes e assim vamos progredindo sem grande vontade de as completar. Entretanto, vão-nos aparecendo missões secundárias, essas bem mais interessantes porque contam outras realidades de quem viveu em Appalachia.
Estes objectivos e missões secundárias são para mim o melhor que temos em Fallout 76, digo isto porque nos leva a querer explorar o mapa, levando também à contínua progressão do nosso personagem em armamento, armaduras e mesmo os nossos atributos pois estes melhoram ao subir de nível. As missões chegam até nos de diferentes formas… por notas, terminais, robots e ao entrar em localizações secundárias, já que não existem NPC’s humanos. Esta para mim é a pior falha do jogo, a nossa exploração parece muito solitária porque nem sempre temos feedback de outros NPC’s ou companheiros como havia em Fallout 4. Temos missões em que nos permitem entrar em facções, mas não há humanos para nos dar o background necessário à causa deles. É tudo por texto e holotapes e por esta razão parece que neste mundo, as nossas decisões por via de algumas missões não nos serem dadas por NPC’s, parece desprovido de sentido.
Texturas, performance ou nenhuma das anteriores?
Um dos maiores problemas dos jogos da Bethesda, quase sem exceção, é a parte gráfica. Não a arte gráfica, que essa sim chega a ser linda de se ver em algumas zonas, mas a qualidade dos mesmos. Sabemos que o Creation Engine tem sido usado quase desde sempre no software lançado pela produtora e tem mostrado que não se consegue equiparar a outros jogos no mercado. Sabemos que são jogos difíceis de programar por serem de mundo aberto e a complexidade de tudo o que envolve uma produção deste tamanho, mas nada neste jogo sai beneficiado. Foram tantos os problemas que tivemos, mesmo em sessões curtas, que sentimos frustração em continuar a jogar.
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Texturas que não carregam, inimigos que nos aparecem à frente sem saber de onde, quebra constante de framerate, péssimas e datadas animações, tanto do nosso personagem como dos inimigos. Não conseguia jogar 5 minutos sem ter um problema. Em Skyrim ou Fallout 4 ainda conseguimos perdoar, mas pensamos realmente que com mais tempo de trabalho, este Fallout 76 poderia ao menos vir polido… mas não veio. E não ficou mesmo depois de uma atualização de 47GB que instalamos a meio desta análise. Melhorou em alguns aspectos, principalmente no que toca a missões e alguns bugs que não nos deixavam progredir, mas em grafismo e apresentação, como o carregamento de texturas, não melhorou muito.
A nível de qualidade de som, a banda sonora é excelente. Tanto nas rádios que podemos ouvir como a música que nos acompanha criando alguns momentos de tensão nos combates e suspense quando nos aproximamos de alguma área duvidosa, os sons da floresta quando exploramos tranquilamente e a voz dos atores que nos relatam tudo o que se passou antes de sairmos do Vault 76.
Jogabilidade? A mesma de sempre
A jogabilidade, para quem está habituado, não se alterou. Mostra principalmente os pontos fracos que tem, tanto em primeira como em terceira pessoa, não é fácil o movimento da personagem nem o combate. A falta de fluidez aliada às animações erráticas dos inimigos, torna, por vezes, combates fáceis numa complicação desnecessária. Nem o sistema VATS ajuda porque é totalmente diferente, o que se percebe pela natureza online deste título mas que em Fallout 4 ajudava neste capítulo. O mundo não abranda à semelhança de outros jogos e os VATS apenas servem para ver se temos inimigos à nossa volta e tentar acertar o mais automaticamente possível. Aqui ainda podemos escolher a parte do corpo a atingir (caso tenhamos o atributo necessário), mas por vezes mesmo com o inimigo aos nossos pés e o VATS a indicar 95% de probabilidade de atingir, falamos repetidamente o alvo.
O menu continua igual, ou seja, difícil de gerir numa situação de aperto num mundo que não dá para pausar onde temos de gerir melhor o nosso atalho de preferidos. Com estes atalhos, rapidamente conseguimos trocar de arma, equipar itens explosivos, usar itens de comida e de saúde e usar os nossos emojis de comunicação com membros de equipa e outros jogadores.
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Em equipa ou solo?
A componente online deveria ser vista como a forma principal de jogarmos Fallout 76 dado que o título faz-nos estar sempre online e é bastante virado para o multijogador, no entanto a componente online é apenas uma outra maneira de jogar. É fácil perdemo-nos no mundo e explorarmos sozinhos como em todos os Fallout até agora, mas também é bem-vinda esta opção de jogar com amigos ou apenas criar uma breve equipa com outros jogadores que encontramos no mapa. A interação é muito fácil e torna o jogo menos solitário, mas ao mesmo tempo a componente de equipa não é profunda o suficiente para querermos sempre jogar acompanhados. É-nos facilitada alguma interação em forma de eventos espalhados pelo mapa que requer, mas nem sempre, algum trabalho de equipa para concluir de modo a receber loot. Estes eventos não vêm trazer nada de novo nem são requeridos para terminar nenhuma missão em particular, cada evento é uma missão separada. Existem as missões diárias e semanais que aumentam de complexidade à medida que se sobe de nível. Sente-se que existe o esforço para que os jogadores tentem estar em equipa mas, como disse anteriormente, o sistema ainda não é profundo o suficiente para que o jogador de Fallout, que está habituado a jogar sozinho e no seu ritmo de exploração, seja atraído para jogar regularmente em equipa. Mas cada jogador é como é, e pode querer explorar o mundo com amigos ou aliar-se a outros jogadores do mapa (24 por servidor). Podemos ainda atacar ou ser atacados por outro jogador/equipa, que fica como procurado e podemos reclamar vingança.
Com a subida de nível ganhamos atributos que são distribuídos pelo nosso sistema SPECIAL de modo a poder personalizar o nosso personagem em pontos, mas estes atributos são nos dados pouco ao acaso. Trata-se de um sistema de cartas que podemos sobrepor de maneira a melhorar e adicionar mais percentagem às vantagens que temos. Podemos fazer variadíssimas builds da nossa personagem, capitalizando numa característica em especial. Aqui o sistema é semelhante ao de Fallout 4, mas em vez de selecionarmos o atributo a desbloquear, temos de escolher entre os que nos saem, de forma aleatória. no pacote de cartas.
Engenhocas
Como falámos na antevisão, crafting é uma parte importante deste jogo, talvez mais do que em Fallout 4, até porque podemos partilhar itens com os colegas de equipa. Podemos apanhar quase tudo no mundo e desmantelar em materiais que podemos usar de formas diferentes. Podemos criar artigos para o nosso acampamento (C.A.M.P) tanto para decoração como para criar bancadas de criação de armaduras, armas, cozinha e outros itens importantes para a nossa aventura. Ter um acampamento recheado destas bancadas é meio caminho andado para o sucesso. Por algumas CAPS, a nossa moeda de jogo, podemos alterar a localização do nosso acampamento para qualquer lugar e assim criar ou levantar stock guardado. A cozinha e a bomba de água por exemplo, são de extrema importância, já que temos, para além de restabelecer os pontos de vida, não podemos ficar com fome nem sede.
Podemos ainda ganhar ATOMS, uma moeda virtual que podemos também comprar com dinheiro real, mas apenas para comprar itens em que nada vão aumentar as nossas vantagens dentro do jogo. São apenas bens estéticos para o acampamento e personagem, molduras para o modo fotográfico, emojis e afins. Estes ATOMS são-nos dados quando fazemos pequenos desafios dentro de jogo, algo que é fácil de cumprir à medida que vamos jogando.
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Considerações finais
Não é fácil ser fã de Fallout. Nunca foi um jogo para toda a gente independentemente do sucesso que tem tido. Nem sempre é fácil jogar um RPG deste tamanho e ao mesmo tempo estarmos preocupados com todos os problemas que apresenta. Fallout 76 não é exceção… torna-se até um pouco pior por não ser virado totalmente para a aventura de um só jogador, parecendo perder um pouco da sua identidade. Mesmo após o primeiro patch, o jogo continua complicado de jogar, com muitos problemas. Alguns deles que nos tiram do jogo por erro de servidor, o que nos leva a ter que começar as missões de novo ou fazer respawn no Vault 76 pois para além dos erros de servidor, existe um bug no mapa que nos impossibilita de fazer fast travel para a nossa última localização ou para outro ponto do mapa. Esperemos que a Bethesda continue a trabalhar no jogo de forma a atrair novos jogadores e a melhorar as condições de quem quer continuar a investir o seu tempo nesta aventura.
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Mesmo com todos estes problemas e mais alguns, somos fãs da história de Fallout e vamos continuar a jogar e a explorar Appalachia, porque mesmo assim queremos explorar tudo que este mapa tem para contar sobre toda esta gente que viveu na Wasteland.
Fallout 76 está disponivel desde 14 de novembro para PlayStation 4, Xbox One e Windows PC.
N.R.: A análise a Fallout 76 foi realizada numa Xbox One S com uma cópia da versão final do jogo disponibilizada pela EcoPlay.