Análise [1º Impacto] – Don’t Die, Minerva!

Minerva é uma criança entre outras, mas Minerva não é uma criança como as outras. Aos onze anos, fica sozinha no mundo, devido ao desaparecimento dos seus pais. Apenas com uma mochila e a sua fiel lanterna, acaba por encontrar no meio de um bosque sombrio e horripilante uma mansão que não inspira confiança alguma. Outros ficariam atemorizados com esta conjugação nefasta de fatores ingratos, mas já tinhamos avisado que Minerva não era igual a todos os outros. Com confiança, entra nesta decrépita mansão e descobre que vem com a missão de destruir hordas infindáveis de animais e espíritos do além sedentos do seu sangue. E nas palavras do mordomo da mansão: Don’t Die Minerva!

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E está lançado o mote para este roguelike isométrico da Xaviant Games, que tem potencial para agradar a muitos públicos diferenciados, bem como de espantar outras almas penadas…

A luz te salvará… E o macaco também??

A arma principal nesta luta infindável de Minerva contra estes seres do mal é uma simples lanterna. Ao apontarmos a luz para quem nos quer mal, a sua barra de vida irá diminuindo consoante a dificuldade do inimigo que queremos aniquilar. Mas não se deixem enganar pela sua aparente fragilidade, esta lanterna irradia muito mais que luz, tornando-a o inimigo número 1 de fantasmas, monstros e outros seres do mal. Há diferentes tipos de luz, como, por exemplo, uma espécie de raio ou até grandes bolas de luz que destroem tudo aquilo em que tocam. A lanterna pode ainda ter gemas associadas que podem ser angariadas em cofres ou quando derrotamos algum inimigo, fazendo com que ganhem diferentes poderes. Passando pela possibilidade de ataques críticos, danos de fogo, gelo, veneno… as possibilidades são imensas. É interessante ver que a própria luz da lanterna tem a cor da gema! É um pormenor giro, um de muitos que Don’t Die, Minerva! nos apresenta.

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No entanto, temos outras armas que nos auxiliam nesta luta aparentemente desleal. Podemos ter como companheiros diferentes animais, que podem ser lançados a qualquer altura dos combates. Estes companheiros improváveis são fundamentais na ajuda que providenciam à nossa menina, desde que os inimigos se dirijam à sua zona de ação limitada. Por vezes acabamos a não atacar os maus da fita, mas simplesmente a fazê-los seguir-nos até à zona em que o nosso querido macaco os atacou visceralmente com… bananas. Lá está, podia ser considerado humor gratuito, mas é sim mais um pontinho extra que o jogo ganha. Os nossos animais selvagens de estimação têm também um curto tempo de duração, após o qual desaparecem e respeitam um período de cooling off até poderem ser chamados de novo para o combate.

Por favor, não morras!

Ao bom estilo do roguelike, todos as itens, moedas e auxílios que obtivemos em mais uma investida na mansão assombrada são-nos imediatamente retirados aquando de mais um falecimento da nossa pequena anti-heroína. Então é bom não nos ligarmos muito às coisas que podemos possuir, porque mais cedo ou mais tarde elas ser-nos-ão retiradas num ápice. Filosofia, lição de vida, ou simplesmente um belo pontapé no estômago, interpretem como quiserem. Quando derem por vocês junto de Mr. Butterworth, o mordomo da mansão, que se apresenta na sua entrada com a própria cabeça numa bandeja, é sinal de que estão despojados de todas as vossas posses terrenas, excetuando a vossa lanterna. Preparem-se então para um ou outro comentário do mordomo em que fala da crueldade do seu Senhor, sempre envoltos em mistério… É também com Mr. Butterworth que tratamos de evoluir certas estatísticas, entregando-lhe essência, que se adquire escarafunchando cada recanto de cada uma das salas. Não são fáceis essas evoluções dos stats, mas é fundamental trabalhar para as obter, pois, cada pequena ajuda que tenhamos pode ter um papel preponderante no final da nossa próxima invasão à mansão.

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Há também a possibilidade de adquirirmos alguns itens, sempre a preços exorbitantes, numa espécie de realidade paralela a que podemos aceder em cada nível, atirando uma moeda para uma fonte onde corre sangue a jorros…

Fofinho noir

Don’t Die, Minerva! é graficamente muito agradável. As cores escuras que não podiam faltar num jogo desta temática contrastam com todos os objetos que emanam uma luz fraca, mas que se enquadra na perfeição. As salas estão bem apetrechadas de pequenos pormenores que as enriquecem e que quase nos fazem esquecer que todas estas salas são muito semelhantes. Os inimigos também se encontram muito bem construídos, com variedade, cor e panóplia variada de ataques.

Outro ponto de destaque é o som. Desde o simples trovão, que muitas vezes inicia uma luta contra os minions do mal, às pequenas intervenções de Minerva quando se encontra parada durante algum tempo. São pormenores que se tornam claramente “pormaiores”.

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A música segue a temática terror leve de todo o jogo. É extremamente ritmada, divertida e leva-nos a trauteá-la. Tem claramente uma inspiração Família Addams, e isso traz boas recordações. Consegue tornar o combate mais intenso, como se isso fosse possível.

É sem dúvida a cereja penada no topo deste bolo demoníaco.

Considerações finais

Don’t Die, Minerva! é uma bonita homenagem ao terror mais tradicional de Goosebumps que líamos ou víamos na televisão em pequenos. O mundo é adoravelmente escuro e sombrio, as personagens parecem saídas do mundo da Família Addams e as mecânicas de jogo são tão desafiantes como divertidas.

Mas não acredito que seja um jogo que vá agradar a toda a gente. Certo, a imagética aprumada e a sua música e ambiente podem fazer de muitos fãs, mas este é um jogo que não perdoa; é justo e nunca nos sentimos enganados; se morremos é porque falhamos. O que é certo é que este caminho traçado pelos developers poderá afastar muitos em afamados rage quits.

A queda do framerate pode ser algo enervante, pela quantidade de vezes que acontece. Chega a provocar um ou outro crash do jogo, mas não nos podemos esquecer que Don’t Die, Minerva! está ainda em fase de produção, sendo o acesso ao jogo realizado através early access. 

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Quem for paciente e preferir um jogo desafiante, a que gostem de voltar uma e outra vez, em porções moderadas para o nível de azia não causar desconforto estomacal, é uma boa opção para que gosta de desafios munidos de powerups, animais, mochilas, gemas com poderes e uma lanterna, em vez de um singelo aspirador. Só não morram, porque tal como diz o mordomo – Don’t Die, Minerva!

N.R.: A análise a Don’t Die, Minerva! foi realizada em Windows PC com uma chave de acesso antecipado ao jogo, gentilmente cedida pela Evolve PR.

 

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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