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Análise Devil May Cry 5 Special Edition

O mundo está em perigo de ruir. Outra vez. A ideia de que seres demoníacos um dia vão invadir o nosso querido planeta, reduzindo a humanidade a pó, seres subservientes ou a a angariação de humanos para a causa dos monstros horripilantes é quase já considerado  um cliché. Seja no cinema, em séries e até no mundo dos videojogos, sempre houve um fascínio pelo horripilante, sobre a ideia de que há algo mais do que aquilo que vemos e que não é tão perfeitinho e angelical como julgamos. Eis que aparece a saga Devil May Cry, que começa a dar nas vistas com o seu combate completamente exagerado em 2001 na velhinha PS2. A Capcom cedo percebeu que podia ter aqui um êxito nas mãos e foi desenvolvendo as originais aventuras alegóricas de Dante com novas personagens, novos mundos e novos monstros.

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Será esta reedição especial do jogo já lançado para a agora quase reformada PS4 um tiro na direção certa, ou estamos perante o fim eterno para Dante, Vergil e seus companheiros? Acelerem a vossa espada(sim, é possível fazê-lo!), metam o tutu e as sapatilhas de bailarina e venhem salvar o mundo do assustador Urizen!

Nada mudou ou tudo mudou?

Em Devil May Cry 5 Special Edition não chega aniquilar os pérfidos monstros, mas sim há que acabar com eles com estilo, sendo atribuídas notas aos nossos bailados da morte. Podemos usar três personagens incríveis na diversidade que apresentam no seu estilo de combate: Dante, Nero e Vergil.

Percebe-se que o enredo está ligado ao jogo anterior da saga, mas não é por isso que o novo jogador não se vai sentir enquadrado. As tramas desta saga são conhecidas por serem intricadas, loucas e dadas a exageros, por isso não há que levar a mal se tudo não ficar claro desde o início. É apanhar o autocarro da morte a meio caminho e seguir viagem.

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Somos lançados para diversas missões, quase todas elas terminando com um combate com um boss que vai encantar os mais entusiastas ou assustar aqueles que não estão habituados ao que a franquia costuma oferecer. A potencialidade da nova PS5 fica já vincada com o nível de pormenor que é dada a todas as personagens, sem exceção. Os combates são rápidos, com alguma estratégia, para podermos alcançar o maior número de pontos e estilo que nos vão permitir adquirir novas armas e novos movimentos. Chame-se a atenção para o canhão do Mega-Man! Que belo tributo.

Beleza grotesca

Tudo está horrorosamente bonito em Devil May Cry 5 Special Edition. As personagens principais, bem como os inimigos movimentam-se com uma fluência impressionante, mesmo com ecrãs carregados como acontece constantemente a cada momento de batalha. Os visuais da cidade, bem como do interior de alguns edifícios onde a ação se desenrola são claramente bafejados pela capacidade da nova geração. Bem se sabe que tudo está ainda no início, que o badalado ray tracing tem ainda muitos passos para dar até se tornar algo realmente diferenciador na hora de escolher para que consola avançar. Mas nesta obra da Capcom há que estar atento aos pormenores, pois encontramos lindos e fiéis reflexos seja nas poças ou nas vidraças apresentadas neste mundo pós-apocalíptico, as sombras, principalmente nos inimigos bem conseguidos que andam entre a genialidade e a repulsa, sendo exatas, responsivas e servem até de aviso para quando estamos prestes a ser atacados por trás. As texturas e os jogos de luzes que nos são apresentadas são tão vívidas que parecem sair de um qualquer filme de Hollywood. Um luxo cheio de baba verde. Mas um luxo.

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Mas apesar da beleza e do polimento a que o jogo foi sujeito como forma de justificar este lançamento de primeira semana de consola nova, houve sacrifícios que foram feitos. Tudo está fiel e representativo do cenário dantesco (get it?), em que sentimos que a cidade está sem vida, pois tudo o que era humano está reduzido a um estado de pré-pó. E aqui não ter vida, faz sentido. No entanto, a falta de qualquer interação com os elementos e com os locais por onde vamos passando retraem esse gosto de passear por este amontoado de ruas infestadas de bichos assustadores. Coisas bonitas pelos vistos são apenas se ver, não para serem destruídas. E é isso que falta: interatividade com o cenário, que torna a exploração, que por si só já muito limitada, seguindo a regra do ponto para o ponto B, ainda mais estranha. Parece uma oportunidade perdida.

Mais modos, mais monstros, mais frustração, mais Vergil!

Para além das diferentes personagens com as quais podemos desfazer monstros sanguinários numa campanha principal que por si só já exigente, tal a intensidade e dificuldade que alguns dos combates podem trazer, existem novos modos em Devil May Cry 5 Special Edition que vão ser o delírio dos mais masoquistas, malta que é a traída pelo complexo, pelo desafiante e pela compra incessante de novos controladores devido à frustração.

Bloody Palace, que é já um clássico na franquia, vai por à prova os consumidores de bebidas energéticas, pois promete levar o seu tempo, sendo um dos favoritos dos fãs. Há também Turbo Mode, que acelera a velocidade a que se joga e combate, prometendo uma carnificina voraz e opções literalmente nas pontas dos dedos mais rápidos em gatilhos e botões. Mas talvez aquele que vai ser o favorito dos fãs deste rei dos hack and slash (salvé, rainha Bayonetta!) será o modo Legendary Dark Knight, que faz aumentar exponencialmente o número de adversários quase ao ponto de entupir o ecrã de jogo, isto sem praticamente nunca haver uma redução de frames. É a loucura num jogo já por si só digno de estadia num qualquer hospício. Tão louco que pede sempre mais uma visita, mais uma tentativa, mais um grito de desespero por mais uma morte sem qualquer glória.

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Mas talvez a mais importante adição a esta versão especial de Devil May Cry 5 é a possibilidade de sermos Vergil, o arrogante solitário que acompanha a saga há anos e que se tornou um favorito do público. Apesar de se poder fazer a campanha principal controlando Vergil, não há a experiência cinemática das introduções e cut-scenes dedicadas à personagem e torna a progressão e a evolução da estória algo estranha. Mas tudo é compensado com a forma de combate deste sacana convencido e relaxado, que possibilita o jogador de encher uma barra de concentração e que permite realizar combinações de golpes impressionantes e devastadores. Isto tudo enquanto goza com os monstros que se atrevem a meterem-se no seu caminho. Isto só acontece com Vergil e os seus muchachos animais. E é tão bom.

Considerações finais

Devil May Cry 5 Special Edition é rápido, é entusiasmante, cria boas gargalhadas com o seu argumento exagerado e com as suas personagens irascíveis. É um ótimo hackn’slash, com temáticas alternativas e perfeito para libertar alguma da raiva acumulada ao longo deste ano tão difícil para todos.

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Com muito conteúdo para o jogador mais casual e para o veterano da saga, esta edição especial tem tudo para atrair novos jogadores que procurem a sua ligação ao oculto usando espadas, animais e pistolas, ou para os veteranos que procuram um desafio nos modos de jogos que só loucos conseguirão jogar. Diversão para todos!

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Devil May Cry 5 Special Edition estilhaça por completo a sua entrada na nova geração, com mais um jogo cheio de ação e combinações arrasadoras de pancadaria demoníaca, diálogos cheesy e já com vislumbres gráficos do que a saga pode continuar a trazer. O futuro do fim do mundo afigura-se entusiasmante, como sempre.

+ Vislumbres de ray tracing

+ Vergil! Vergil!

+ Novos modos de jogo

– O lock-on é meio trapalhão

– Sem interação com os ambientes

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N.R.: A análise a Devil May Cry 5 Special Edition foi realizada numa PlayStation 5 com uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela EcoPlay.