Análise Death Stranding

Esta análise é completamente livre de spoilers.

Mostrado ao mundo pela primeira vez em 2016, durante a feira de videojogos E3 (Electronic Entertainment Expo), o primeiro título da Kojima Productions enquanto estúdio independente conta com nomes como Norman Reedus, Mads Mikkelsen, Emily O’Brien e Léa Seydoux, tendo estreia anunciada para 8 de novembro de 2019, por enquanto em exclusivo para as consolas da família PlayStation 4.

Hoje estamos aqui para vos contar o que achamos da nova obra de Hideo Kojima, Death Stranding, sem entrar em detalhes sobre a história e claro, sem revelar nada que possa vir a estragar a vossa experiência de jogo. Fazemos isto porque acreditamos que todos merecem, gostem ou não, seja esta análise positiva ou negativa, ter a experiência de jogo como nós a tivemos… sem influência do mundo exterior, sem contaminação e acima de tudo de forma genuína.

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Se o jogo é realmente bom ou está a viver do hype gerado desde o momento da sua apresentação é algo que fica para o decorrer da análise, por agora fiquem com o trailer de lançamento de Death Stranding. Se ainda não o viram, vejam até ao fim e só depois continuem a ler a nossa análise ao novo título de Hideo Kojima, prometemos que no fim terão uma ideia sobre aquilo que o jogo é… Uma obra de arte ou um produto de todo o hype gerado?

Se acompanharam o desenvolvimento de Death Stranding desde a sua apresentação muito provavelmente têm uma ideia daquilo que se trata, mas se caíram aqui de paraquedas ou simplesmente não quiseram consumir qualquer tipo de conteúdo sobre um dos jogos mais aguardados de 2019 deixamos aqui uma pequena introdução ao título.

Estamos num mundo pós-apocalíptico, um mundo onde a fronteira entre os vivos e os mortos é muito ténue, seres sobrenaturais habitam na mesma dimensão que os Humanos, ou melhor, aquilo que resta da humanidade e da sociedade. Estamos na pele de Sam, um porter da empresa Bridges, e a nossa função é entregar encomendas. Mas, quem é que no seu perfeito juízo aceitaria caminhar quilómetros atrás de quilómetros por um mundo onde até a chuva é perigosa só para entregar encomendas? A resposta é simples: quem sabe que tem o futuro da sociedade nas mãos.

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A sociedade está fragmentada, pouca gente vive à superfície… desde o Death Stranding que aqueles que sobreviveram vivem em bunkers para se manterem abrigados não só dos BT’s (os tais seres sobrenaturais que vivem na mesma dimensão que nós) mas também da Time Fall (chuva que acelera o passar do tempo em todos os objetos ou organismos em que toca). O papel da Bridges passa por conseguir conectar essas mesmas pessoas, que estão dispersas pelo mundo criado por Hideo Kojima. Os responsáveis pela UCA (United Cities of America) acreditam que só assim conseguirão manter a sociedade de pé.

Entregas, conexões e combate

Com esta premissa, Sam parte à descoberta do mundo de entrega em entrega… de conexão em conexão. Sim conectar é das coisas mais importantes em Death Stranding, e cedo o percebemos. A empresa para além de entregar os recursos necessários para a manutenção e sobrevivência de determinados locais, tenta também ligar esses mesmos locais a uma rede avançada que permite, para além da transferência de certos produtos, que os diferentes pontos no mapa estejam ligados entre si, partilhando assim um dos seus mais importantes recursos: informação.

Esta rede (Chiral Network) é quase como uma evolução daquilo que hoje conhecemos como Internet e permite-nos ter acesso a diferentes informações sobre o que conseguimos encontrar no mapa para nos ajudar na nossa viagem. Sem entrar em muitos detalhes: as zonas fora da Chiral Network estão verdadeiramente desconectadas, não existindo qualquer tipo de informação sobre o que podemos ter à nossa disposição no mapa do mundo aberto de Death Stranding.

Claro que para ligar o local à rede têm também que fazer entregas, e o mundo das entregas é bastante complexo. Se temos entregas que são simples existem outras que são bem mais complicadas, seja pelo terreno, pelos inimigos que encontramos pelo caminho ou mesmo porque escolhemos um percurso um pouco mais demorado e o limite de tempo para determinada entrega está a chegar ao fim.

Se ao início fazem as entregas a pé, apenas auxiliados por cordas e escadas para subir ou descer locais mais íngremes, com o evoluir da narrativa também a vossa forma de jogar vai evoluindo. Death Stranding faz isto de uma forma impressionante, tudo no jogo evolui ao mesmo ritmo da narrativa: seja a capacidade de carga, como fazemos as entregas, os recursos à nossa disposição, a nossa conexão com as outras personagens ou mesmo o combate… tudo evolui de forma constante à medida que entramos neste mundo que Hideo Kojima idealizou.

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Num título que se mostra ao mundo como sendo um jogo de ação com nuances de sobrevivência não podíamos deixar de falar nos inimigos que vamos encontrando pelo caminho. Como já referimos, vão encontrar pelo mundo criaturas sobrenaturais, os BT’s. Sam tendo “habilidades” DOOMs consegue sentir a presença destas criaturas, mas não as consegue ver, para isso tem o auxílio de um BB (Bridges Baby). 

Mesmo com estas criaturas no vosso campo de visão, principalmente nas primeiras horas de jogo (ainda sem armas), é importante conseguirem passar despercebidos. Caso sejam apanhados terão um encontro imediato com uma outra criatura, esta com dimensões gigantescas e não tão amigável quanto os primeiros. Não tenham medo da morte, acreditem em vocês mesmos, mas protejam a order com a vossa vida, pois para além de viverem numa época em que os recursos são limitados, se estragam uma encomenda lá volta o jogo para o último momento de save. 

No decorrer das entregas vamos também ser obrigados a passar por territórios controlados por um grupo dissidente, os MULES, que vive do vício de roubar a carga a outros Porters. Aqui, caso queiramos, podemos passar despercebidos, mas podemos também entrar em confronto. O combate corpo a corpo mostra-se bastante básico, mas depressa evolui para algo mais refinado (sem nunca se tornar muito difícil) assim que conseguirmos meter mãos às primeiras armas.

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Mas não pensem que é só chegar ao destino, depois de todos os percalços que podem encontrar pelo caminho, fazer a entrega e ligar o local  à rede. Cada NPC tem a sua história, e essa história vai influenciar a forma como conseguimos interagir com cada um deles. Se uns, basta receberem a encomenda em boas condições para rapidamente aceitarem fazer parte da Chiral Network outros vão dar um pouco mais de trabalho, levando-nos mesmo a completar várias encomendas para então aceitarem juntar-se à UCA. No limite, a forma como tratamos os NPCs pode influenciar como vimos o mundo à nossa volta e que recursos temos disponíveis.

Nem todos os monstros são BTs

À medida que vamos viajando pelo território, seja em missões (leia-se entregas) principais ou secundárias existem vários recursos que podemos utilizar para facilitar a nossa vida. O jogo tem uma componente social nunca antes vista: à medida que vamos evoluindo conseguimos criar estruturas como cacifos, pontes, abrigos ou mesmo quartos para conseguirmos relaxar, tomar um duche e assim recuperar energia. Até aqui nada de novo, o que surpreende é que todas estas estruturas vão poder ser usadas por outros jogadores que estejam a jogar na mesma “dimensão” que nós, dando a Death Stranding um cheirinho de co-op, mas sem interação direta.

A interação que temos com outros jogadores é através de sinais que podemos ir deixando um pouco por toda a parte, que podem ser uma indicação, uma forma de motivar ou importantes avisos sobre perigos que podem estar à espreita. Com estas estruturas e sinais podemos receber likes, que para além de nos darem uma motivação extra enquanto jogadores, para continuar a contribuir para a sociedade de Death Stranding, fazem com que a nossa reputação de porter suba (algo que é importante para a nossa evolução, mas que podem descobrir durante as vossas horas de jogo), principalmente quando são dados por NPCs depois de uma entrega.

Como já referimos podem construir aposentos, que são réplicas do quarto que conseguem encontrar em cada centro de distribuição (local onde podem receber/entregar encomendas). Também já vos dissémos que neste quarto podem dormir e assim recuperar a vossa estâmina, o que ainda não vos dissemos é que existem outras formas de recuperar:

  • Encontrar um local calmo, com uma boa vista, sentar e apoiar as costas na vossa mochila, não tarda nada e estão a dormir.  Quanto mais tempo dormirem mais descansados ficam e mais recuperam.
  • Beber Monster Energy. Sim leram bem, podem utilizar a bebida energética Monster Energy para recupera a vossa energia. Num mundo pós-apocalíptico, onde os recursos são bastante limitados a sociedade lá encontrou forma de manter uma produção constante de uma bebida energética. É caso para dizer… prioridades.

Enquanto ainda estamos no tema dos recursos e estruturas é importante referir que até podem começar as vossas entregas a pé, mas ao encontrarem os primeiros veículos não vão querer outra coisa, pois tornam as entregas mais rápidas e aumentam a vossa capacidade de carga, sem falar que é quase impossível cair de uma mota, acreditem que tentamos.

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Também estes veículos vão evoluindo à medida que a história avança. Não nos cansamos de dizer: a forma como tudo evolui lado a lado com a narrativa dá a este titulo uma inteligência fascinante, que nos faz querer continuar a jogar não só devido ao desenrolar da narrativa mas também para descobrir que outros equipamentos vamos ter à nossa disposição para a próxima entrega.

Banda sonora e aspeto gráfico

A música escolhida para nos acompanhar nas nossas missões encaixa que nem uma luva em cada um dos momentos em que nos é apresentada. As músicas, como tudo o resto, vão-nos sendo apresentadas no decorrer da narrativa, e a partir do momento em que as ouvimos pela primeira vez podemos ouvir vezes sem conta no nosso quarto ou mesmo nas torres de vigia que podemos criar.

As músicas que compõem a banda sonora de Death Stranding vão sendo apresentadas em momentos chave do jogo: durante uma caminhada antes de avistarmos a primeira cidade, ou durante uma entrega que pode mudar o rumo da sociedade. Cada uma das músicas escolhidas entra na perfeição naquele momento, levando-nos a entrar de forma ainda mais imersiva no universo criado pela Kojima Productions.

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E se nestes momentos ficamos vidrados no jogo, o que dizer quando estamos num local alto, com uma vista impressionante e temos acesso a uma destas músicas através de uma torre de vigia que alguém criou? É absolutamente divinal.

O mundo criado por Hideo Kojima é de uma beleza extrema, notando-se que foi pensado ao pormenor. De zona para zona conseguimos perceber a mudança de ambiente e de paisagem, se temos zonas com ricas em verde ou mesmo florestas e quedas de água, temos também zonas mais próximas daquilo que é um deserto ou ainda zonas rochosas… cuidado com estas últimas, pois até a mais pequena pedra pode-nos fazer tropeçar. Num jogo em que tanto temos que andar o balanço é algo muito importante, e o vosso equilíbrio vai ser posto à prova, não só pelo terreno, mas pela quantidade de carga e pela forma como a transportam.

Considerações Finais

Death Stranding começa de forma lenta onde a única coisa que nos deixa com vontade de fazer mais uma entrega é a possibilidade de conseguirmos desvendar mais um pouco da história, daquilo que levou a sociedade até àquele ponto. Mas Death Stranding, como tudo no seu mundo, evolui e com ele evolui também a nossa vontade de jogar. Passamos de fazer entregas para conseguir descobrir a narrativa para momentos em que só queremos fazer entregas pelo desafio que isso apresenta.

Um jogo em mundo aberto, com ação, suspense e uma história que só podia ter saído da cabeça de um dos mais importantes nomes da indústria dos videojogos. Um jogo que merece estar presente na próxima geração de consolas, não só pela beleza gráfica do universo criado para Death Stranding, mas também pela forma que puxa pelo poder da PlayStation 4 Pro até ao limite.

Death Stranding merece ser jogado. Se estávamos perante um dos jogos mais antecipados de 2019, em muito devido ao hype gerado em torno do título, estamos agora perante um sério candidato a Jogo do Ano.

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Death Stranding chega às consolas da família PlayStation 4 no próximo dia 8 de novembro, tendo sido anunciado também o lançamento para Windows PC no verão de 2020.

Podíamos continuar aqui a falar sobre o jogo, há mais que queremos dizer, mas a análise já vai longa por isso finalizamos: recomendamos que daqui a uma semana, caso tenham oportunidade, joguem Death Stranding. É um jogo idealizado para as consolas PlayStation 4, onde até o DualShock 4 faz a sua parte.

N.R.: A análise a Death Stranding foi realizada numa PlayStation 4 Pro com acesso antecipado a uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela PlayStation Portugal.

 

Death Stranding - Absolutamente divinal
A forma como tudo evolui lado a lado com a narrativa
Beleza dos grafismos apresentados
Banda sonora
Narrativa envolvente
Tinha mesmo que recorrer a uma bebida energética?
5
André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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