Análise Cuphead

Decorridos praticamente 40 anos desde o lançamento dos primeiros jogos de plataformas, as possibilidades de o mercado receber novidades verdadeiramente significativas neste género vão sendo cada vez menores. Já praticamente tudo foi inventado e as ideias que vêm surgindo com o passar dos anos não passam de ideias recicladas do que já foi feito no passado. O que não significa que tenham saído maus jogos ou que o género se tenha esgotado. As fugas que os developers têm encontrado para apresentarem propostas frescas e diferentes, têm partido essencialmente por irem buscar ideias aos principais títulos de rouguelike e mesclar com ideias vencedoras doutros tempos com o género de plataformas.

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O resultado neste momento está à vista: o mercado está saturado com o género. Contudo, aquilo que a StudioMDHR Entertainment fez com Cuphead em 2017, ao surpreender tudo e todos com um estilo clássico e característico de jogo de plataformas, sem fugir literalmente em nada do que foi presenciado nos anos áureos do género, em todos os sentidos, ainda não foi replicado.

Cuphead chega finalmente à Playstation 4, três anos depois do seu lançamento original, mas a sua chegada é muitíssimo bem-vinda. A ideia originária que se destacou desde a sua primeira aparição, com um lado visual e artístico inspirado nos desenhos animados da década de 1930, em movimento controlado pelo jogador, foi durante bastante tempo muito desejado pelos principais jogadores aficionados pelo género de plataformas. A proposta é bem simples, não inova em praticamente nada, mas o aspeto visual apela à nostalgia, e isso não dá tréguas a quem não tenha a mínima resistência a esse sentimento.

Simples e nostálgico

Tal como já foi referido, Cuphead é, portanto, um jogo de plataformas, onde é possível disparar, esquivar e realizar ataques para além dos já muitíssimos conhecidos saltos em cima dos inimigos. Em Cuphead é possível equipar habilidades, tornando a personagem mais forte, mais flexível e mais de encontro com o estilo do próprio jogador. É possível equipar armas que disparam de forma teleguiada contra os inimigos, ou equipar outras mais fortes, mas sem o auxílio do autocontrolo dos disparos que tanto facilitam a tarefa do jogador. Cuphead tem história, e embora seja bastante simples é dotada de algum humor e se não fosse o lado infernal dos níveis que esperam o jogador, até se poderia afirmar que daria uns bons momentos de diversão de puros desenhos animados. O jogo oferece duas personagens: cuphead ou mugman, ambas são dignas de serem utilizadas, pois possuem visuais altamente atrativas e carismáticas, embora as formas de controlo de ambas sejam iguais.

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Cuphead apesar de possuir um visual simples e de grande apelo nostálgico, tem uma característica que se destaca praticamente ao mesmo nível, que passa essencialmente por infernizar a tarefa de ultrapassar qualquer nível ao jogador. Contrariamente ao que se costuma assistir geralmente no género, em Cuphead é possível levar dano dos obstáculos, dos inimigos ou do que quer que seja, pois, todo o dano é regulado através da vida da personagem, e que permite que o jogador seja atingido mais do que uma vez. Contudo, a quantidade de inimigos, de estruturas, e de todo o ambiente muitíssimo bem montado, e estrategicamente bem aprimorado, não facilita a vida nem dá um único momento de descanso a quem o está a jogar.

Cuphead possui um mapa onde o jogador poderá selecionar o nível que quer, percorrendo à medida que vai avançado na aventura, mas sente-se à medida que o mapa vai alargando a ausência de um teleporte que permita andar por entre os mundos de uma forma mais rápida. Cuphead não é um jogo muito longo e pode ser ultrapassado com uma dezena de horas, sem ser completado a cem por cento, mas a dificuldade embutida nele não permite que um jogador ultrapasse qualquer nível de forma leviana logo à primeira. O jogo é justo, e o jogador terá de conhecer bem todos os movimentos de cada inimigo, ou todos os cantos de cada cenário para conseguir sair bem no final de cada estágio. Os desafios são compostos por lutas contra os chefes ou pelos simples e clássicos níveis de passar do princípio até ao final da meta. No final de cada estágio, serão mostrados os resultados da prestação.

Todos os cenários são bem preenchidos não só com inimigos, mas também com animações lindíssimas e recheadas de vida. Todo o ambiente é animado com música de jazz que acompanham o ritmo e incorporam o ambiente de uma forma simplesmente sensacional, dando ritmo e deixando o jogado entretido não só com tudo o que se está passar em frente ao ecrã, como também altamente compenetrado com as faixas musicais que são reproduzidas.

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Cuphead possui dois tipos de dificuldade que podem ser selecionadas nos encontros contra os bosses– fácil e normal. Embora a diferença possa parecer óbvia, em Cuphead o fácil não significa exatamente fácil, e é provável que um jogador que não tenha tanta habilidade para jogos de plataformas tenha de insistir e transpirar um pouco mesmo com a escolha da dificuldade mais fácil. Ainda assim, Cuphead é bem claro na proposta que quer oferecer, não se tornando injusto, mas sim em oferecer desafio a quem está disposto a cumprir tudo sem um grande número de falhas.

Considerações Finais

Cuphead é um simples e fascinante jogo de plataformas que exige, a qualquer jogador que lhe meta as mãos, perícia, controlo, disciplina e acima de tudo, que não tenha medo de perder, e de repetir por vezes níveis e batalhas contra os chefes vezes sem conta. A proposta de oferecer um jogo com visuais de desenhos animados dos anos 30 com ambiente sonoro a combinar da mesma forma, é simplesmente deliciosa. Tudo junto resulta numa proposta muito consistente, altamente bem feita, divertida, mas fundamentalmente rigorosa. É um desafio que não está ao alcance de qualquer jogador, mesmo com a possibilidade de escolha de dificuldade em embates contra bosses. Tirando isso, é do melhor que se vez nos últimos anos no género, sem inovar nem fugir para subgéneros.

+ Não oferece piedade aos jogadores

+ Visualmente deslumbrante

+ Jogabilidade perfeita

+ Embates contra os chefes vividos de forma sempre diferente

– Actividade pouco flexível no mapa

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N.R.: A análise a Cuphead foi realizada numa Playstation 4 com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela Popagenda

 

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