Esqueçam tudo o que jogaram até agora…
Control definitivamente não é um jogo para todos a nível narrativo, mas é algo que todos deviam experienciar se gostam de equipas que arriscam e tentam levar os videojogos um pouco mais além. Não é isento de falhas, mas para fazer o que a Remedy Entertainment fez com este título… Foi preciso ter coragem.
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Foram precisas apenas algumas horas para nos habituarmos aos corpos flutuantes. Em Control, o mais recente jogo do estúdio que nos deu Alan Wake e Quantum Break, Remedy Entertainment, esses corpos estão absolutamente em toda parte. Entramos numa sala e lá estão eles, formas sem vida, vestidas com trajes de escritório, capacetes laranja e coletes de segurança.
Uma visão destas é no mínimo perturbadora no início, mas quanto mais exploramos o ambiente paranormal do jogo, menos perturbadores se tornam. São apenas um elemento da paisagem, como escadas, cubículos ou canteiros de plantas, mas enquanto nos acostumamos a vê-los, nunca nos sentimos confortáveis ao ouvi-los: Um burburinho constante de palavras sem sentido que constantemente ecoam nos corredores e salas por onde passamos… mesmo depois de horas a jogar, é algo que nos vai pondo em sentido durante todo o nosso percurso porque não sabemos o que virá a seguir.
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O ambiente perturbador e atmosférico de Control é incrível. Está cheio de mistérios e pequenas nuances… pequenas histórias paralelas que vamos encontrando, e não só em missões secundárias, mas nas centenas de colecionáveis que apanhamos… documentos, áudios e até pequenos vídeos feitos por Dr. Darling, uma das personagens principais do jogo.
Mistérios esses que só ficam mais estranhos e interessantes quanto mais mergulhamos na narrativa, tudo isto acaba por criar um jogo de ação interessante. Cria também uma ação emocionante porque iremos lutar contra todos os tipos de criaturas estranhas enquanto utilizamos uma variedade de habilidades sobrenaturais.
É muito gratificante flutuar no ar enquanto usamos poderes psíquicos para lançar extintores de incêndio na direção dos inimigos. Há momentos que o combate é bom e por vezes nem tanto, mas as habilidades que vamos aprendendo fazem com que este jogo em terceira pessoa seja uma experiência muito interessante.
Em controlo
Em Control jogamos na pele de Jesse Faden, que, no início do jogo, aparece no Federal Bureau of Control – uma entidade governamental que estuda e documenta o paranormal e se torna a diretora da agência por fatos que acontecem nesse dia. Nessa altura, uma força paranormal hostil conhecida como Hiss começou a assumir a Oldest House, o nome assustador da sede da FBC em Nova York. Os funcionários foram transformados em monstros parecidos com zombies e as áreas do edifício foram invadidas por fenómenos inexplicáveis. Mesmo para uma organização que explora o desconhecido, é tudo muito estranho… Principalmente sendo o nosso primeiro dia no escritório, e o início do jogo… Não estávamos preparados para um início assim.
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Toda a narrativa acontece dentro da Oldest House, uma estrutura maciça que rapidamente passa entre o banal e o bizarro. Existem escritórios, amplas salas de conferências e laboratórios de investigação paranormal. É tudo muito estranho, mas ao mesmo tempo normal e credível graças a todos esses pequenos detalhes.
Lembram-se dos colecionáveis que mencionámos anteriormente? Estes ajudam a manter toda essa credibilidade no mundo que foi criado para Control. É uma narrativa complexa, mas onde tudo se junta e completa de maneira a nos tentar dar a tal experiência surreal e paranormal.
Oldest House
Control também é uma experiência muito aberta. É um tipo de Metroid bem conseguido quando o mapa é apenas a sede do FBC, mas que tem variedade de cenários. Temos muita liberdade para explorar, mas algumas áreas são fechadas até que consigamos desbloquear a habilidade certa ou atingirmos a próxima parte importante da história.
Pode ser frustrante encontrar portas trancadas porque ainda não estamos no nível de segurança certo, mas na ficção do jogo faz sentido, temos de obter uns cartões de segurança que nos permitem também chegar a áreas escondidas. Durante o decorrer da narrativa temos acesso a um mapa, mas que nem sempre é fácil de usar.
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A sede do FBC tem muitas salas, andares e pode parecer um verdadeiro labirinto. Para tal situação, o mini mapa não está bem esquematizado de forma a nos ajudar mais rapidamente. Em algumas missões secundárias ou desafios de tempo que nos são apresentados (como matar uma quantidade de inimigos em tempo útil) onde temos de achar uma certa área que não conhecemos, damos por nós a tentar consultar o mapa e mesmo assim perdemo-nos com muita facilidade.
Super-heroína
O combate em Control não difere muito dos jogos em terceira pessoa que estamos habituados, temos apenas uma arma, mas que se “transforma” em várias. É sempre uma arma de fogo e até pode começar como uma simples pistola, mas depois poderá passar a ser uma caçadeira, sniper, metralhadora automática ou até um lança rockets. Não me façam explicar isto, não é fácil… Mas posso-vos dizer que encaixa muito bem no jogo.
O que torna Control um pouco diferente são os poderes que vamos desbloqueando ao longo da campanha. Na recta final do jogo, Jesse é uma espécie de super-heroína. Consegue voar, atirar objetos com a sua mente e controlar inimigos quando já os tivermos enfraquecido
. O grande divertimento do combate é intercalar todas estas habilidades com os nossos ataques armados. A grande variedade de poderes significa que podemos explorar constantemente novos estilos de jogo e improvisar em tempo real, brincar com os poderes e com os inimigos que nos aparecem à frente. Existe uma estrutura simples, bem ao estilo de RPG, para que possamos personalizar os poderes de Jess para se adequar melhor à nossa maneira de jogar.
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De referir ainda que algumas das habilidades estão ocultas em missões secundárias, então precisamos de sair do caminho principal para obter tudo.
Por falar em missões secundárias: Algumas das missões são estranhas, por exemplo, existe uma missão onde temos que perseguir uma TV voadora e acabar numa grande batalha. Sim as missões podem parecer estranhas (Ok, são estranhas), mas o contexto deste titulo assim o permite… vale tudo para nos por dentro desta história de forma bem intensa.
Fora do combate, existem excelentes quebra-cabeças ambientais e que nos mostram alguma da loucura da Remedy, o quanto deve ter sido divertido para a equipa construir este jogo de raiz. Infelizmente, esses momentos são relativamente raros, poderíamos ver mais desta loucura, já que, como referi anteriormente, o contexto ajudaria a isso.
Atmosfera e suspense
A análise foi realizada numa PlayStation 4, perdendo um pouco em relação à versão Windows PC, mas posso dizer que o jogo acaba por ter um desempenho aceitável, com alguns problemas, mas que ao início nem se notam muito. O verdadeiro problema foi mesmo o lançamento de um patch para correção de erros e estabilidade que depois de instalado faz… nada, os erros continuam lá.
Algumas situações de quebra de framerate em combates, o desaparecimento de parte no mini mapa e quando tiramos o jogo de pausa, os frames chegam a zero… Tudo isto permaneceu depois do patch.
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A nível gráfico Control está apelativo, uma palete de cores cinza e vermelho que dá uma certa atmosfera e tom ao jogo, e existem alguns locais e bosses que têm uns efeitos de partículas fora de série, impressiona mesmo.
O som está muito bem conseguido também, desde os momentos em que usamos os nossos poderes até ao burburinho dos Hiss que compõe todo o suspense ao entrarmos numa área que ainda não conhecemos.
Considerações finais
Tenho uma afirmação que vai causar burburinho, e que nem todos vão concordar: Control é um dos jogos do ano, mas é preciso jogar para entender.
Todo o esforço para criar um ambiente credível compensou e temos um título que surpreende pela coragem em arriscar num tema diferente do normal. Combate competente e divertido, boas personagens e antagonistas. Missões secundárias que nos levam para zonas inexploradas no decurso do nosso caminho principal, fazem com que seja possível continuar a jogar e explorar depois de o terminarmos.
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Control já se encontra disponível para Xbox One, PlayStation 4 e Windows PC (Epic Store) e merece ser jogado.
N.R.: A análise a Control foi realizada numa PlayStation 4 com acesso a uma chave do jogo, gentilmente cedida pela 505 Games.