Análise Another Sight – Um outro olhar sobre o mundo

E se de repente acordássemos sem conseguir ver um palmo à frente e o nosso único ponto de contacto com o que nos rodeia fosse um gato?

Saído das mãos do estúdio indie italiano Lunar Great Wall Studios em colaboração com o Instituto Italiano para Cegos, Another Sight conta a história de Kit, uma menina que perde grande parte da sua visão quando o túnel que explorava se desmorona, e Hodge, o misterioso gato que irá ajudá-la na sua aventura para encontrar o seu pai e a saída do túnel. 

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Another Sight tem como pano de fundo a cidade de Londres, no final da época Vitoriana, mais precisamente em 1899. A história começa com o desmoronamento do túnel, no metro de Londres, em que Kit e Hodge se encontram presos e ambos terão de colaborar juntos para saírem de lá o mais depressa possível e encontrarem o pai da menina. Durante a sua aventura, Kit encontra personagens famosas como o pintor Monet, Nikolas Tesla e Thomas Edison, que além de tornarem a história bastante curiosa, irão revelar-se importantes no desenrolar da mesma. 

Cenários e mecânicas repetitivos

Neste jogo 2.5D de plataformas/puzzle, o jogador é levado a interagir com as duas personagens alternadamente, tal como já vimos em jogos como “Brothers – A Tale of Two Sons”, a fim de resolver os quebra-cabeças, pois cada uma tem as suas características especiais: enquanto que Hodge consegue subir paredes e passar por caminhos mais estreitos, Kit consegue abrir portas, subir escadas, acionar botões ou até ativar alavancas que abrem o caminho para o gato Hodge. É também Hodge que ao miar consegue guiar o caminho de Kit, pois a menina é sensível aos sons e apercebe-se do espaço através do som.

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No entanto, o controlo das personagens não é o melhor, principalmente o de Hodge em que, desde muito cedo, percebemos o quão difícil é levar o gato até onde se quer. Os controlos são desajeitados, o gato ora anda demasiado depressa ou demasiado devagar e é difícil conseguirmos acertar com a altitude dos saltos e com as plataformas a que queremos que ele se agarre. Já Kit, talvez porque tenha a visão reduzida, mexe-se de forma bastante lenta e, principalmente quando já encontrámos a resolução para o quebra-cabeças, o facto de não conseguirmos imprimir velocidade ao jogo é algo que se torna frustrante.

É certo que neste tipo de jogos a velocidade não é o mais importante, mas muitas vezes termos que repetir o mesmo caminho duas vezes – uma com Kit e outra com Hodge – acaba por ser bastante aborrecido para o jogador. Mas para quem conseguir aguentar e seguir o desenrolar da história, com certeza ficará satisfeito com o que vai encontrar. 

Design artístico interessante mas…

Another Sight conta com muitos e variados puzzles aos quais os fãs deste género já estão habituados, como puzzles de espelhos e de alavancas, cujo nível de dificuldade varia entre muito simples e médio. Já a duração, tendo em conta que é um jogo indie e com um modo único de história, encontra-se na média dos jogos deste género – entre 6 e 7 horas de jogabilidade. 

A nível de colecionáveis, o estúdio presenteou os jogadores com umas esferas espalhadas pelo cenário, que evocam memórias a Hodge, e que dão mais informação sobre os personagens do jogo. Na nossa opinião, acaba por não acrescentar muito ao jogo e na versão Switch, uma vez que não dispõe de sistema de troféus, é algo perfeitamente dispensável.

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Graficamente, Another Sight tem um design artístico muito apelativo que faz jus ao universo para qual o jogo remete e que os fãs de Neil Gaiman poderão reconhecer, pois o mesmo foi inspirado no livro e também série de TV, “Neverwhere”. Mas como nem só de designs bonitos vivem os jogos, a constante quebra de framerate durante grande parte do jogo, acaba por transtornar bastante a fluidez que é mandatória num jogo de plataformas.

Apesar de contar com um voice acting bom para todas as personagens e em língua inglesa do Reino Unido, a nível musical e sonoro todo o jogo é bastante pobre e os efeitos sonoros são muito repetitivos e pouco acrescentam ao desenrolar do jogo.

Considerações Finais

O estúdio Lunar Great Wall foi bastante ambicioso na criação deste jogo e a ideia, em traços gerais, era muito boa. A execução, contudo, deixou bastante a desejar. 

Esta teria sido a oportunidade perfeita para se fazer um jogo cuja história iria remeter para um mundo mágico, ao estilo de Alice no País das Maravilhas, e com uma protagonista que conseguiria criar laços únicos com o jogador no desenrolar da história devido à sua condição física e à medida que encarava desafios e os ultrapassava com sucesso. Mas não foi o que aconteceu. 

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Em vez disso temos um mundo ora bonito ora entediante, com dois protagonistas que apesar de serem complementares não conseguem passar para fora essa relação de dependência e de amizade e mecânicas simples que falham pela lentidão e falta de rigor no desenvolvimento das mesmas. Parece-nos apenas uma amostra do que poderia ter sido.

Another Sight, que já tinha sido disponibilizado em 2018 para Windows e MacOS, encontra-se agora também disponível para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

 

N.R.: A análise a Another Sight foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia digital gentilmente cedida pela Toplitz Productions

Another Sight - Uma amostra do jogo que deveria ter sido
Reader Rating2 Votes
História e conceito muito bons
Personagens interessantes
Design artístico bonito
Mecânicas desajeitadas
Ritmo de jogo muito lento
Quebras de framerate
3
Ana Morais: Digital Marketer de profissão e gamer desde os anos 80. Gosta de todo o tipo de jogos, mas prefere JRPGs, jogos de acção e plataformas.
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