O mundo dos jogos indie tem sido inundado por títulos de enorme valor, grande parte deles apresentam-se como jogos de plataformas onde os puzzles são importantes para a nossa progressão no jogo. Ageless, publicado pela Team17 e desenvolvido pelo estúdio Malaio One More Dream Studio, chega à Nintendo Switch e a Windows PC [Steam] com vontade de surpreender.
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Bala Vicknesh, responsável pelo estúdio agora com três elementos, lançou Dive em 2018, um jogo 2D de plataformas onde controlamos um mergulhador. Agora, em entrevista à IGN SA, explica que Ageless foi influenciado por Ori and the Blind Forest e que aprendeu Pixel Art através de tutoriais de YouTube feitos por Pedro Medeiros, um dos responsáveis pelo estúdio Extremely OK Games que nos trouxe Celeste.
Com tão boas influências, será que Ageless consegue fazer o que quer e ganhar uma posição de destaque no universo indie?
Em Ageless temos o controlo de Kiara, uma personagem triste com o desenrolar da sua vida e que procura, sem descanso, um propósito para a mesma. Antes de encontrar um sentido para a sua vida descobre o Gate of Gifts que lhe concede a habilidade de controlar a idade da fauna e flora do mundo em seu redor. Para ficar com este poder terá que sair com vida do mundo de Pandora e, claro, enfrentar os seus próprios demónios numa jornada que por vezes nos pode fazer pensar sobre a nossa própria vida.
Pixel velho, pixel novo
Ageless dá-nos a habilidade de controlar o tempo, seja o nosso ou o de animais e plantas à nossa volta. Ao manipular o tempo dos animais conseguimos transporta-los para outras zonas do mapa, para que assim consigamos ultrapassar determinados puzzles, ou ainda fazer com que os mesmos possam partir obstáculos que nos impedem de progredir. Mas, tenham cuidado, os pequenos javalis que amigavelmente comem as plantas que acabaram de “criar” depressa se transformam em jovens rebeldes que partem tudo o que têm à frente… mesmo a, por agora, indefesa Kiara.
Para além dos javalis, podemos ainda alterar a idade das plantas. Neste caso a utilidade prende-se no facto de estas plantas servirem perfeitamente de elevadores ou até de pedaços de parede extra… e claro, podemos sempre atrair pequenos javalis para o local onde queremos. Afinal de contas ninguém resiste a um bom petisco.
A fauna tem 4 fases, sendo a última a morte. Neste ultimo vemos os, agora enormes, javalis a desfazer-se em pó, e a verdade é que a partir do primeiro momento que isto aconteceu demos por nós, depois de passar um puzzle, a voltar a repor o javali na sua forma mais jovem, para que também ele conseguisse ter mais tempo de vida depois de nos ajudar.
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Controlamos a idade das coisas através de um arco e das suas flechas, esta arma mística faz com que possamos disparar setas roxas para deixar a planta ou o animal mais jovem, ou setas amarelas para acelerar o processo de envelhecimento do alvo. Também nós podemos ficar Ageless e com isto usar a força vital dos Seres à nossa volta para conseguir um impulso extra ou quase que planar de uma plataforma para a outra. Ao utilizar o arco que nos dá poderes ficamos ainda suspensos no tempo, o que é ótimo para conseguir calibrar a mira de forma mais precisa enquanto viajamos ao bom estilo de Max Pain, mas em 2D e com uma arte deliciosa.
Por fim, importa referir que falamos de javalis, mas que cada um dos mundos desenhados à mão apresentam plantas e animais novos para ser descobertos e ainda, que existem relíquias para serem descobertas caso queiram aproveitar o jogo ao máximo. Atenção, estes tesouros podem estar muito bem escondidos e se não estiverem atentos podem ficar com a coleção por completar.
Dificuldade no ponto
No PC, onde trabalhamos nesta análise, existe a possibilidade de controlo do jogo com teclado ou com comando. Ambos os sistemas apresentam as suas vantagens, enquanto no comando fica mais intuitivo passar de coluna para coluna, de plataforma para plataforma, já com o auxílio do teclado e do rato o sistema de mira está muito mais apurado pelo que, dependendo do local onde nos encontramos ou do boss que temos que ultrapassar, quase que dá vontade de andar a trocar de comando para teclado e vice-versa.
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A construção dos níveis está agradável e os primeiros momentos de jogo acabam por funcionar quase como um tutorial, tanto para nós como para a nossa personagem, à medida que vamos aprendendo a controlar os nossos novos poderes e o que podemos fazer com eles. Morrer é inevitável, existe sempre aquele puzzle mais complicado que nos faz morrer uma ou outra vez, mas para além dos check-points serem constantes, o que faz com que nunca recuemos muito no nosso progresso, o jogo consegue fazer-nos perceber que quando morremos a culpa é nossa. E isto ajuda a que o sentimento de frustração raramente tenha aparecido.
Considerações Finais
Ageless bebe muito de Celeste, principalmente na sua arte e na forma como se apresenta aos jogadores. O jogo volta a trazer uma temática forte para os nossos computadores e consolas já que desde o início que percebemos que Kiara, a nossa personagem principal, não está de todo contente com a sua vida e de como a mesma tem corrido, faltando-lhe propósito… uma razão para viver. Agora, cabe-nos a nós, puzzle a puzzle, ajudar Kiara a melhorar a sua vida, ou pelo menos a forma como olha para ela.
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Um jogo que vai agradar aos amantes de plataformas e de puzzlers, e que é impossível ficar indiferente, principalmente se gostarem de Pixel Art e do seu aspeto gráfico. Claro que Ageless tem alguns problemas, a mira nem sempre é ajustada da melhor forma ou, por vezes, a mecânica que nos permite “planar” de forma mais rápida não funciona a 100% fazendo com que acabemos por perder a vida e ter que recomeçar o puzzle. Importa referir que o estúdio está a trabalhar numa patch de lançamento para corrigir estes e outros problemas, encontrados principalmente na versão Nintendo Switch.
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N.R.: A análise a Ageless foi realizada em computador através de uma cópia pré-lançamento do jogo, gentilmente disponibilizada pela Team17