Alex Kidd in Miracle World DX – Análise

Se um dia o leitor acordar com uma sede de vingança sobre a petrificação massiva da sua aldeia, com luvas de boxe em vez de mãos e acabar a decidir todos os grandes confrontos da sua vida com um jogo de “Pedra, Papel ou Tesoura”, tente acordar novamente. A sério. Isso não é normal. É apenas sinal que voltou a sonhar com  Alex Kidd in Miracle World, o original da Sega Master System, que surgiu como uma espécie de duelo contra o mais bem conseguido canalizador da Nintendo.

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É neste contexto que surge mais de trinta anos depois  Alex Kidd in Miracle World DX, uma remasterização desse jogo que tenta dar nova vida a esta saga, fazendo uso de hardware desta geração. Mas será que tinha esta nova presença do puto Alex no mundo bem diferente dos videojogos é bem-vinda ou o cartucho original tinha ficado bem era a ganhar pó naquela estante do sótão? É calçar as luvas, preparar para andar por mares, céus e vulcões… Mas primeiro acorde. E procure ajuda. Sonhar com um jogo com mais de trinta anos revela algum recalcamento devido ao facto de provavelmente ser fanboy ou fangirl da Sega dos antigos…

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Camada de tinta pixelizada anti-idade

 Alex Kidd in Miracle World DX é um portento de beleza com pixeis e sprites de grande beleza, dando uma vida nova ao reino de Radaxian, seja nos níveis originais, bem como nos novos que foram acrescentados. As personagens, com destaque do protagonista Alex, são bastante expressivos, enfatizando o bom trabalho feito pelos produtores neste sentido. É uma remasterização de um clássico ao qual é acrescentado valor, seja pela beleza contemporânea que lhe é dada, mas também de certa forma pelo respeito pelo original. E é aqui que os socos correm menos bem?

Houve demasiado respeito pelo que foi feito há tanto tempo atrás? Haveria espaço para inovar, transformar, sem faltar ao respeito ao jogo base? Dá claramente essa ideia, sem ter a necessidade de profanar os fãs puristas da saga, pois toda a gente sabe como desafiar os saudosistas pode ser um problema.  Alex Kidd in Miracle World DX é um jogo simplista de uma época com outros recursos que merecia alguns melhoramentos no que diz respeito ao mapa, à conceção de níveis e ao preenchimento dos mesmos que, tal como o original, parecem vazios e repetitivos de ambientes por vezes reciclados e de inimigos iguais, uns atrás dos outros. Será fidelidade ao original ou uma oportunidade perdida para acrescentar valor ao jogo? Seja qual for a resposta, a pergunta fica no ar…

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Para quem aprecia a nostalgia, não liga muito à nova estética ou quem tem curiosidade de como se jogava numa Master System, basta carregar no R2 e tem acesso imediato ao jogo original. Troca esta que se faz imediatamente e de forma bem conseguida.

É tão bom ter vidas, não foi?

 Alex Kidd in Miracle World DX, tal como o seu original, não é um jogo fácil. Excetuando se o jogador estiver a conduzir uma série de veículos, como um carro ou uma espécie de bicicleta voadora, o mínimo toque equivale imediatamente a uma vida perdida e ao visionamento constante da animação em que alma de Alex Kidd voa em direção ao seu criador. O mínimo erro num salto ou num contacto com um inimigo significa perda de vida, e elas não são muitas.

A temporização com que se tenta acertar num inimigo é fundamental para não se ver muitas vezes a alminha penada esvoaçar, mas como o raio de ação do soco da personagem é tão curto e por vezes pouco responsivo… Adeus, Alex. Até ao próximo ecrã de Game Over. Esta característica foi identificada pelos criadores e acrescentaram a possibilidade de acionar um modo que providencia vidas infinitas, que é muito bem-vindo ao jogador menos paciente. E ao mais paciente também.

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Há ainda modos de jogo que acrescentam valor ao mesmo, mas que só estão acessíveis após completar o jogo uma primeira vez: Boss Mode, onde encontraremos diferentes níveis de dificuldade nos mini bosses que nos aparecem a cada par de níveis e também os confrontos de final de nível, em que o jogador se digladia munido da sua esperteza num jogo de Jan Ken Pon (Pedra, Papel ou Tesoura) e ainda um Classic Mode que deixa o jogador apreciar a obra no seu esplendor nativo.

Considerações finais

 Alex Kidd in Miracle World DX é uma obra que volta do passado para tentar captar novos e velhos, experimentados e inexperientes, com os seus visuais estéticos muito bem conseguidos e com um ambiente sonoro que respeita o seu legado. É simplista, mas não significa que seja fácil, pois o jogador irá morrer imensas vezes, devido aos problemas com o salto e /ou o mínimo toque no inimigo.

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É uma cópia mais bonita e trabalhada do que o original, mas que mantém as suas virtudes e defeitos, e talvez merecesse um pouco mais de inovação para que se pudesse revelar como um jogo de plataformas mais atrativo.

Alex Kidd in Miracle World DX é uma remasterização que descreve fielmente aquilo que foi o original: um jogo divertido e por vezes frustrante, com um toque de beleza retro que merecia melhoramentos que o trouxessem dignamente para esta geração.


+ Arte pixelizada
+ Modo Vidas Infinitas
+ Versões 8-bits de todas as músicas

– Dificuldade enorme
– Demasiado fiel ao original

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N.R.: A análise a Alex Kidd in Miracle World DX foi realizada numa Playstation 5 com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Evolve PR.

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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