O Partido Pirata da Islândia pode estar perto de fazer história: lideram as intenções de voto numa altura em que o país vive uma crise política, agravada pelo caso dos Panama Papers. A líder do partido, Birgitta Jónsdóttir, pode tornar-se dentro de meses na primeira líder de um governo nacional através do Partido Pirata.
O secretário-geral do Movimento Partido Pirata Português, André Rosa, diz que é “uma excelente notícia”. Num email enviado ao FUTURE BEHIND o líder do movimento ‘pirata’ em Portugal explica porquê.
“Por várias razões, para já por se fazer história e porque a exposição do trabalho do Partido Pirata islandês vai beneficiar os vários Partidos Piratas a nível internacional porque vai chamar a atenção para os mesmos. É também importante porque é um passo em frente na implementação das várias matérias que os vários Partidos Piratas defendem como a democracia líquida”.
Este é um conceito diferente pois numa democracia líquida os cidadãos são muito mais interventivos, na teoria pelo menos. As pessoas podem delegar o seu voto em alguém para uma matéria específica através da Internet.
Só que em vez de delegar a tarefa na pessoa ou num partido durante quatro anos, ficaria vinculado apenas durante a discussão dessa matéria. Quando o assunto for outro, segue-se outra discussão e votação com intervenientes diferentes.
É um meio termo entre democracia direta e democracia representativa, havendo a ideia de maior fluidez na forma como as pessoas participam na discussão pública. Em alguns casos delegariam o seu voto em políticos ou profissionais em quem depositam a sua confiança, noutros casos funcionaria um pouco como na Grécia Antiga onde os cidadãos votavam de forma direta nas medidas que teriam impacto nas suas vidas. É como se cada cidadão fizesse parte do Parlamento – e fazem, mas é um Parlamento virtual.
Os Partidos Piratas querem introduzir o conceito de democracia líquida de forma experimental e não fazer uma transição total. Pode resultar, pode não resultar. Poderemos estar apenas a meses de observar um exemplo prático.
A hipotética chegada ao poder do Partido Pirata islândes vai ao que tudo indica beneficiar outros movimentos semelhantes noutros países, acredita André Rosa. “Acredito que pelo menos traga mais pessoas para o movimento e com isso tenho a esperança que pelo menos consigamos as assinaturas para oficializar o PPP”.
Sim, o Partido Pirata Português é apenas movimento político, pelo facto de ainda não ter conseguido as assinaturas suficientes para que o Tribunal Constitucional faça o reconhecimento do partido. Quando tal acontecer estarão prontos para ir a eleições.
Mas será que podemos esperar algumas mudanças concretas com o possível facto de o PP islandês assumir o governo? “Vai depender muito do trabalho desenvolvido e principalmente do resultado desse trabalho depois de ganhar as eleições, mas sim tenho esperança que mesmo que não seja uma grande mudança, mas que pelo menos ponha as pessoas a pensar ‘fora da caixa’”.
Para André Rosa a ascensão dos Partidos Piratas é uma prova de como as pessoas querem cada vez mais políticos que estejam ligados e percebam as reais necessidades de uma sociedade que vive embrenhada em tecnologia.
“Sem dúvida, aliás mais do que ligados a uma sociedade das novas tecnologias, políticos que não sejam profissionais, mas sim pessoas comuns que se juntaram num partido global, os Piratas”.