Rowena foi traída e pagou o preço maior por um crime que não comete: a morte. Deixa na vida terrena um filho que é atirado para a prisão, pagando pelos supostos crimes da sua mãe falecida. Mas o amor de mãe é o amor mais forte que existe, e o seu espírito volta à vida numa demanda de justiça para o seu filhote. Unindo-se ao político espirituoso Lucien, há que lutar contra Ivor, a figura assustadora que toma conta da prisão e aparentemente o responsável pela transformação de todos os monstros que ameaçam a paz e o bem-estar de Welkin… Interessados nesta novela histórica e cheia de fantasia?
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O dom da palavra
Podemos dividir Fallen Legion Revenants em dois jogos dentro do mesmo cartucho. Há um que é travado pelo político artífice Lucien, que com o seu dom de oratória influencia as escolhas de outros e o desenvolvimento e destino de algumas das personagens, espalhando a sua influência. Todas as escolhas, todos os caminhos tomados terão consequências na luta contra Ivor.
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Não se espere é clareza nos resultados das ações tomadas; há até momentos em que a toma de partidos por parte de Lucien, ou mesmo a ele admitir crimes cometidos por outros para tentar ganhar a sua confiança, acabarão por resultar num automático ecrã de Game Over. O contrário pode acontecer: quando a influência é conquistada de forma correta pelo político arguto, essas decisões influenciam de forma positiva o desempenho nos combates. A ligação entre os dois mundos acaba por ser muito bem conseguida, quando o jogador sente de forma incerta que o que foi feito pode vir a mudar o destino de outros, de Rowen ou dele próprio. Esta parte com uma narrativa complexa assemelha-se a uma boa novela gráfica bem intrincada, mas cativante.
Combate vertical cheio de horizontalidade
Na frente de batalha, Rowena lidera uma série de espíritos chamados Exemplars a que se junta amiúde Lucien para combater uma terrível ameaça em forma de miasma que corrompe todos os habitantes do reino e os transforma em monstros desfigurados.
É um tipo de combate que difere dos mais tradicionais a que o comum jogador possa estar habituado a ver e a dominar, tornando-se este um verdadeiro desafio de dominar e que pode até tornar-se bastante repetitivo.
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Os heróis encontram-se à esquerda numa grelha com quatro quadrados, opondo-se os hediondos inimigos à direita. Como é óbvio, o objetivo é combinar ataques que demoraram diferentes períodos de tempo a recarregar sempre que forem lançados contra os subordinados de Ivor. Quanto mais poderoso for o ataque, maior será obviamente o seu tempo de carregamento. Os Exemplars terão sempre um papel preponderante nas batalhas que se podem prolongar durante longos minutos, pois os seus ataques podem ter consequências devastadoras, mas também podem servir para defender Rowen e Lucien, bem como fazer crescer os seus depauperados níveis de HP.
Há que ter ainda em conta os níveis de mana de cada um dos intervenientes, que pode ser essencial no desenrolar final de uma batalha intensa.
Curiosa é a forma de reavivar qualquer uma dos Exemplars. Ao caírem valorosamente numa batalha, estes espíritos guerreiros são reavivados num carregar de botão de forma rápida a fim de completar uma barra que vai permitir a sua ressurreição. O problema é que a cada “morte” em batalha se torna mais difícil encher essa mesma barra. E se os três ajudantes de Rowen caírem em simultâneo… O jogo termina aí.
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Há imensos Exemplars por onde escolher no fim de cada batalha, os três que o jogador achar mais úteis na sua demanda contra o dono da prisão Ivor, todos com utilidades diferenciadas. Muito diversificado e coloca o jogador a pensar sobre o que será mais importante ter como suporte no próximo boss.
Fácil demais, até ser difícil demais…
É aqui que talvez se identifica um dos pontos menos positivos de Fallen Legion Revenants: A curva de aprendizagem. O jogador pode passar facilmente por um nível, dilacerando com mestria e facilidade os nefastos monstros, criando uma falsa sensação de segurança que é completamente destruída pelo inimigo que se encontra antes de poder progredir na demanda.
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Os bosses exigem muito tempo, ataques e jogadas na rede de combate bem agilizados, porque tudo pode acabar em três ou quatro movimentos mal calculados ou ataques mal escolhidos. Isto vai certamente frustrar o jogador com menos paciência e menos habituado a estas andanças dos RPGs táticos, mas pode criar alguma resistência até no mais experimentado dos jogadores. O nível sobe de forma exacerbada nestes momentos e pode ser algo que retraia o jogador de voltar a mais uma tentativa de ajudar o espírito de Rowen a resgatar o seu filho.
Considerações finais
Fallen Legion Revenants tem emoção, uma narrativa de vingança envolvente cheia de diálogos estimulantes e um nível de combate estratégico que será um desafio para todos os jogadores, com uma curva de aprendizagem e adaptação bastante elevada que poderá frustrar os menos pacientes ou menos envolvidos com o jogo, ou o estilo de combate. A dicotomia diálogo político/ combate pensado fica por vezes desconexa e pode afastar o jogador menos investido numa destas duas facetas essenciais desta obra. Não há o necessário equilíbrio.
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O envolvimento com os protagonistas Rowena e Lucien e a intriga política que envolve pode não ser para todos, com uma estória que pode ser difícil de acompanhar logo de início devido à multitude de informações que chegam em poucos minutos. E o combate naquela grelha horizontal pode também não ser para todos, pois de simples tem apenas a sua estrutura. E o que dizer das lutas com os bosses? É estar preparado para ficar frustrado, respirar fundo… e voltar a Fallen Legion Revenants.
Com uma escrita envolvente e cheia de pormenores e com um combate cheio de desafios partindo de uma premissa aparentemente simples, Fallen Legion Revenants vai dar ao jogador de RPGs estratégicos aquela dose de dores de cabeça boas de que necessita.
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N.R.: A análise a Fallen Legion Revenants foi realizada numa Nintendo Switch com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Nis America.
