“Logo depois de o trailer ter sido mostrado, o meu telemóvel morreu por causa de milhares de notificações. Foi um grande sucesso e parece que as pessoas sentiram uma ligação com aquilo que estamos a tentar fazer. Depois de vários anos a caminharmos sozinho, isto foi puro alívio”.
É assim que Tim Soret, diretor do estúdio Odd Games, descreve o momento que se seguiu à apresentação mundial do jogo The Last Night. Em apenas 75 segundos o projeto passou de um título desconhecido do grande público, mas já visto como promissor junto da comunidade indie, para aquele que é um dos jogos mais aguardados de 2018.
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The Last Night conseguiu aquilo que poucos conseguem numa Electronic Entertainment Expo (E3): ter destaque, ser muito bem recebido e prolongar a onda de entusiasmo muito para além daquilo que é a própria feira.
As visualizações do trailer nos seus dois canais de vídeo principais – da editora Raw Fury e da Xbox – angariaram pouco mais de um milhão de visualizações. The Last Night não conseguiu sequer chegar ao top 10 dos trailers mais vistos durante a E3 2017, ranking que foi encabeçado por Star Wars Battlefront II com 7,9 milhões de visualizações.
Mas quem viu a revelação de The Last Night sabe que viu um trailer vencedor, um trailer que é diferente, que mexe com o jogador que há dentro de nós, que nos leva a querer saber mais sobre aquele mundo, sobre aquelas personagens e sobre aquela missão que precisa de ser cumprida, seja ela qual for.
O mundo escuro, triste, animado apenas pelas luzes fluorescentes da cidade e das máquinas, provavelmente captou logo a atenção daqueles que gostam de tramas em ambientes distópicos e futuristas. Não há como não nos lembrarmos de Blade Runner ou de Ghost in the Shell, duas influências assumidas por Tim Soret para The Last Night. Ainda por cima a descrição do jogo acerta em cheio com o momento de definição que estamos a viver enquanto sociedade.
“Primeiro os humanos conheceram a era da sobrevivência. Depois conheceram a era do trabalho. Agora vivem na era do lazer. As máquinas superaram o trabalho humano não só em força, como em precisão, inteligência e criatividade. Estabilizada pelo salário universal, a população sente dificuldades em encontrar a sua vocação ou identidade e passa a definir-se pelo que consome em vez do que cria”.
É este o ponto de partida para The Last Night e, na opinião de alguns futuristas, pode ser justamente este o futuro que está reservado à Humanidade, muito graças à evolução da inteligência artificial e da robótica. Pela atualidade e pela sagacidade do tema, este é mais um ponto a favor em torno do hype do jogo.
A grande questão é: como é que com um vídeo de 75 segundos a Odd Games conseguiu passar tantas mensagens, provocar tantas sensações e deixar o mundo a falar de um jogo sobre o qual pouco ou nada se sabe?
A equipa sabia que tinha uma única oportunidade de brilhar e fez tudo o que esteve ao seu alcance para concretizar esse objetivo. Num vídeo para a publicação IGN, Tim Soret explica como é aqueles 75 segundos foram criados de forma meticulosa, cinemática e completamente intencional.
Houve um grande cuidado narrativo, houve uma divisão do trailer por segmentos de cores e até houve um controlo da provável taxa de entusiasmo que as pessoas sentiriam quando vissem o vídeo – nada foi deixado ao acaso. O vídeo em baixo, no qual Tim Soret explica tim-tim por tim-tim a produção do trailer, é uma verdadeira preciosidade.